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Moradores do entorno do Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife, participaram na manhã desta segunda-feira (25) de uma audência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), onde foi debatida a situação das famílias, de cerca de 50 imóveis, que receberam ordem de desapropriação no início do mês pelo Governo do Estado. O grupo não concorda com a decisão de sair das suas moradias e pedem que o presídio mude de local. Durante a audiência, os moradores fizeram um apelo ao governador Paulo Câmara para que a despropriação seja cancelada.
##RECOMENDA##A audiência foi solicitada pelo deputado estadual Joel da Harpa e teve presença dos também deputados estaduais Priscila Krause (DEM) e Edilson Silva (PSOL), e do deputado federal Silvio Costa Filho (PRB), da vereadora Isabella de Roldão (PDT). Para Daniele Rodrigues, integrante da comissão de moradores que lutam pela permanência no local, o decreto do governador não respeita a história de quem vive ali com plena legalidade. "Não consigo dormir sabendo que a minha casa e dos meus vizinhos irão ser demolidas. Onde fica a nossa história?", questionou.
O deputado Edilson Silva, presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe, falou que não existe valor que indenize essa desapropriação e criticou a falta de diálogo da gestão estadual com as famílias."Nao se trata de uma invasão, nao é um assentamento provisório de poucos meses. São famílias que estão ali por muito tempo, mesmo antes do presídio, são laços de fraternidade, de sustentabilidade. O governo é demagógico e quer tratar de forma truculenta essas pessoas", pontuou.
Edilson Silva ainda fez duras críticas ao secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, que não compareceu à audiência, apesar do convitte. " É um sujeito ausente e parece que está na Secretaria apenas para fazer trambicagem. Se nega a falar com as comunidades que querem um diálogo pacífico", argumentou. Durante a audiência, Priscila Krause também criticou a gestão e denunciou o governo de incapaz. Ela também falou que o valor do pagamento é muito pequeno. "Não é assim que se fortalece a cidadania. Era importante um diagnóstico da área antes de se ter a construção de um complexo. Tinha que ser levado em conta a situação dos moradores, que estão ali há 50, 40 anos, durante uma vida inteira", falou.
Andrea da Silva, que mora nas proximidades do presídio desde que nasceu e é diretora da Escola Municipal Maria da Paz Brandão Alves, localizada nas redondezas do Complexo do Curado, explicou que é preciso mudar o local do presídio. "Apesar da minha casa não está na lista das desapropriações, não acho justo meus vizinhos sofrerem por isso. O presídio não tem condições de continuar onde ele está e precisa ser retirado daquele local", explicou. Ela falou que as crianças e os adolescentes estão muito expostos a tudo de ruim que o Complexo pode trazer, se continuar no bairro.
O decreto do governador Paulo câmera foi publicado no Diário Oficial do dia 7 de abril. De acordo com a gestão estadual, as famílias serão removidas em três ruas: Santana de Ipanema, Maria de Lurdes da Silva e parte da Orfeu do Carnaval. Segundo a publicação, o objetivo é ampliar o perímetro de segurança uniforme para toda a área próxima das três unidades prisionais do complexo, que vem sendo alvo de rebeliões, fugas e bombas. Os moradores, no entanto, não concordam com a decisão e afirmam que o perigo é de dentro pra fora, não ao contrário, e querem a saída do Complexo Prisional.
Além da problemática da remoção das famílias, o deputado Silvio Costa Filho também falou sobre a "falência" do sistema prisional do Curado. "O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) já tinha sinalizado para o fechamento daquilo ali. O número de detentos foi ampliado e o Estado não tomou providência nenhuma. Não nos é apresentado nenhuma solução. Queremos fazer uma audiência pública com a presença do secretário", concluiu. A moradora Andrea reiterou que a situação é urgente. "É uma insegurança enorme, de não saber se em uma fuga eles vão invadir nossas casas, se vão entrar na escola. É um risco real para todos nós. Queremos que a gestão estadual nos ouça. Vamos lutar por um direito que é nosso!".
Nenhum representante da Prefeitura do Recife compareceu à audiência. Apesar de não ter ido à cerimônia, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, enviou a chefe de gabinete, Marta Lima. Em uma breve fala, Marta informou que a secretária receberia uma comissão com representantes dos moradores na próxima quinta-feira (28), às 10h, na sede da Secretaria, na Avenida Cruz Cabugá, 1211, em Santo Amaro, para debater a situação.
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