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O Museu Paraense Emilio Goeldi é um instituto de pesquisas e estudos científicos dos sistemas naturais e culturais da região amazônica que possui três bases físicas, sendo o Parque Zoobotânico um dos principais pontos turísticos de Belém, capital do Estado do Pará. Está plantado em uma área verde, localizada no meio da cidade, que abriga uma grande diversidade de fauna e flora.
##RECOMENDA##O museu tem 150 anos e é uma das mais antigas instituições do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Suas atividades estão divididas entre a pesquisa, a comunicação científica e a formação de recursos humanos. As pesquisas estão organizadas em quatro coordenações: Ciências da Terra e Ecologia, Botânica, Zoologia e Ciências Humanas. O instituto também produz dois jornais científicos que estão disponíveis on-line: “Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas” e o “Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais”.
Há também quatro programas destinados à formação científica em diferentes níveis de ensino: Programa Institucional de Iniciação Científica Júnior (PIBIC-Jr.), destinado a estudantes do ensino médio e fundamental; Programa de Estágios, para estudantes do nível médio e de graduação; Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC), destinado aos estudantes de graduação; e o Programa de Capacitação Institucional (PCI), voltado para a fixação de pesquisadores graduados e pós-graduados. Esses programas oferecem mais de 200 bolsas anualmente.
O primeiro núcleo do museu foi fundado em 1866, por Domingos Soares Ferreira Penna, com o nome de Associação Philomática. Em 25 de março de 1871 foi então criado oficialmente o Museu Paraense, e Domingos ficou como seu primeiro diretor. Após a morte do diretor, o museu foi fechado, devido a falta de apoio e de pessoas para manter o trabalho. Em 1893 o museu foi reaberto e quem assumiu a direção foi o zoólogo suíço Émil August Goeldi (Emilio Goeldi). Ele transformou o museu em um centro de pesquisa da região amazônica. Em 1895, foi então criado o parque zoobotânico como forma de pesquisa e lazer para os paraenses. O nome Emilio Goeldi foi dado em homenagem ao zoólogo.
Emilio Goeldi foi responsável por dar fama nacional e internacional ao instituto de pesquisas, abrigando espécies raras de fauna e flora, inclusive que corriam riscos de extinção. Alguns animais chegaram a ser produzidos em cativeiro, principalmente répteis e peixes. Atualmente, o Museu Emilio Goeldi possui, ainda, uma base avançada na Floresta Nacional de Caxiuanã, ao sul do Marajó.
Tradição e memória afetiva
O Museu Paraense Emilio Goeldi faz parte da história dos paraenses. É um ponto de lazer para muitas familias e uma parada obrigatória para os turistas que visitam Belém. Além de sua importância para a comunidade científica, há também um lado que não se pode esquecer: o museu é um espaço de construção de memórias afetivas.
Nas manhãs de domingo as famílias costumam se reunir para um passeio regado a conhecimento, contato com a natureza, brincadeiras e apresentações infantis. Com 150 anos de histórias, esses passeios atravessam gerações.
Quem nunca tirou ou viu alguma foto de criança no famoso cavalinho do museu? Ou se encantou com os peixinhos do aquário? Ou mesmo subiu no castelinho imaginando ser encantado? E até ficou com medo do jacaré ou namorou perto das vitórias-régias? Com sua paisagem repleta de flores e verde, o Goeldi é um espaço ideal para quem gosta de fotografia.
O museu também se tornou fonte de renda para alguns vendedores ambulantes que passam os domingos vendendo comidas tipicas, água de coco ou os famosos brinquedos de madeira, bolas e balões na porta de entrada do prédio centenário. Dona Onila Silva, funcionária do Banco da Amazônia, conta que sempre levou os sobrinhos e agora acompanha os filhos em passeios no museu. E ainda dá uma dica: “Eu acho que deveriam fazer mais coisas, tipo uma lojinha de suvenir, dentro do museu, que todo mundo que vem aqui não tem onde comprar nada. Por aí, todos os lugares têm loja de suvenir. Acho que deveriam investir nisso também”.
Iniciação científica desde a infância
O museu Goeldi também busca incentivar o interesse pela pesquisa desde a infância. O projeto “Pesquisadores Mirins”, que existe desde 1997, dá oportunidade para crianças e jovens entrarem em contato com algumas pesquisas que são realizadas no instituto.
Para participar, os jovens precisam estar matriculados do 4º ano do ensino fundamental até o 2º ano do ensino médio. As pesquisas ficam expostas na biblioteca Clara Galvão e podem ser utilizadas como fontes de estudo, além de serem apresentadas em ações educativas que frequentemente são realizdas no museu.
O pesquisador mirim Marlon Daniel, de 13 anos, faz parte do projeto há dois anos e fala sobre as atividades que desenvolve. “O trabalho do pesquisador mirim é conhecer a Amazônia e falar sobre o bem para as pessoas. Desde o ano passado estou conhecendo mais um pouco sobre a nossa região.”
Abraço para salvar o museu
No dia 4 de setembro de 2017, o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, divulgou uma carta aberta ao público em que anunciava o provável fechamento do Parque Zoobotânico e da Estação Científica Ferreira Penna. O motivo: falta de verba para manter os espaços funcionado, devido a cortes orçamentários ocorridos no ano de 2017.
Após a divulgação, os paraenses se mobilizaram para tentar impedir o fechamento do museu. No domingo, 17 de setembro, a travessa Nove de Janeiro foi tomada por pessoas que se reuniram para um ato de abraçar o museu. "A mobilização partiu da Associação dos Servidores, de uma conversa com a diretoria, onde a diretoria colocou a transparência dos gastos públicos. Colocou que com a quantidade de recursos que se tinha haveria a possibilidade de fechar e os servidores da associação começaram a se mobilizar, colocaram em redes sociais e isso tomou outra proporção. O intuito desse abraço é mostrar a grandiosidade e a diversidade do Museu Goeldi, enquanto instituição de pesquisa para a ciência brasileira”, conta Roseni Mendonça, vice-diretora do museu.
O ato teve também apresentações culturais, show de artistas paraenses como Fafá de Belém, Lucinnha Bastos, Marco Monteiro, Nilson Chaves, estande dos pesquisadores mirins e venda de comidas. A ação reuniu centenas de pessoas que se solidarizaram para impedir o possível fechamento do museu. O principal momento foi quando os manifestantes deram as mãos para abraçar a instituição. “Essa instituição, de 150 anos, tem gerado conhecimento que contribui pra saúde, que contribui para a tecnologia, que contribui para as culturas e para a sociobiodiversidade brasileira. Então, fica museu e fora, Temer!”, assinalou a pesquisadora Regina Oliveira.
Por Luana Cantanhede, Cristiane Coelho, Sue Anne Calixto, Livia Alencar e Trayce Melo.