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O Museu Paraense Emilio Goeldi é um instituto de pesquisas e estudos científicos dos sistemas naturais e culturais da região amazônica que possui três bases físicas, sendo o Parque Zoobotânico um dos principais pontos turísticos de Belém, capital do Estado do Pará. Está plantado em uma área verde, localizada no meio da cidade, que abriga uma grande diversidade de fauna e flora.

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O museu tem 150 anos e é uma das mais antigas instituições do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Suas atividades estão divididas entre a pesquisa, a comunicação científica e a formação de recursos humanos. As pesquisas estão organizadas em quatro coordenações: Ciências da Terra e Ecologia, Botânica, Zoologia e Ciências Humanas. O instituto também produz dois jornais científicos que estão disponíveis on-line: “Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas” e o “Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais”.

Há também quatro programas destinados à formação científica em diferentes níveis de ensino: Programa Institucional de Iniciação Científica Júnior (PIBIC-Jr.), destinado a estudantes do ensino médio e fundamental; Programa de Estágios, para estudantes do nível médio e de graduação; Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC), destinado aos estudantes de graduação; e o Programa de Capacitação Institucional (PCI), voltado para a fixação de pesquisadores graduados e pós-graduados. Esses programas oferecem mais de 200 bolsas anualmente. 

O primeiro núcleo do museu foi fundado em 1866, por Domingos Soares Ferreira Penna, com o nome de Associação Philomática. Em 25 de março de 1871 foi então criado oficialmente o Museu Paraense, e Domingos ficou como seu primeiro diretor. Após a morte do diretor, o museu foi fechado, devido a falta de apoio e de pessoas para manter o trabalho. Em 1893 o museu foi reaberto e quem assumiu a direção foi o zoólogo suíço Émil August Goeldi (Emilio Goeldi). Ele transformou o museu em um centro de pesquisa da região amazônica. Em 1895, foi então criado o parque zoobotânico como forma de pesquisa e lazer para os paraenses. O nome Emilio Goeldi foi dado em homenagem ao zoólogo.

Emilio Goeldi foi responsável por dar fama nacional e internacional ao instituto de pesquisas, abrigando espécies raras de fauna e flora, inclusive que corriam riscos de extinção. Alguns animais chegaram a ser produzidos em cativeiro, principalmente répteis e peixes. Atualmente, o Museu Emilio Goeldi possui, ainda, uma base avançada na Floresta Nacional de Caxiuanã, ao sul do Marajó.

Tradição e memória afetiva

O Museu Paraense Emilio Goeldi faz parte da história dos paraenses. É um ponto de lazer para muitas familias e uma parada obrigatória para os turistas que visitam Belém. Além de sua importância para a comunidade científica, há também um lado que não se pode esquecer: o museu é um espaço de construção de memórias afetivas.

Nas manhãs de domingo as famílias costumam se reunir para um passeio regado a conhecimento, contato com a natureza, brincadeiras e apresentações infantis. Com 150 anos de histórias, esses passeios atravessam gerações.

Quem nunca tirou ou viu alguma foto de criança no famoso cavalinho do museu? Ou se encantou com os peixinhos do aquário? Ou mesmo subiu no castelinho imaginando ser encantado? E até ficou com medo do jacaré ou namorou perto das vitórias-régias? Com sua paisagem repleta de flores e verde, o Goeldi é um espaço ideal para quem gosta de fotografia. 

O museu também se tornou fonte de renda para alguns vendedores ambulantes que passam os domingos vendendo comidas tipicas, água de coco ou os famosos brinquedos de madeira, bolas e balões na porta de entrada do prédio centenário. Dona Onila Silva, funcionária do Banco da Amazônia, conta que sempre levou os sobrinhos e agora acompanha os filhos em passeios no museu. E ainda dá uma dica: “Eu acho que deveriam fazer mais coisas, tipo uma lojinha de suvenir, dentro do museu, que todo mundo que vem aqui não tem onde comprar nada. Por aí, todos os lugares têm loja de suvenir. Acho que deveriam investir nisso também”.

Iniciação científica desde a infância

O museu Goeldi também busca incentivar o interesse pela pesquisa desde a infância. O projeto “Pesquisadores Mirins”, que existe desde 1997, dá oportunidade para crianças e jovens entrarem em contato com algumas pesquisas que são realizadas no instituto.

Para participar, os jovens precisam estar matriculados do 4º ano do ensino fundamental até o 2º ano do ensino médio. As pesquisas ficam expostas na biblioteca Clara Galvão e podem ser utilizadas como fontes de estudo, além de serem apresentadas em ações educativas que frequentemente são realizdas no museu.

O pesquisador mirim Marlon Daniel, de 13 anos, faz parte do projeto há dois anos e fala sobre as atividades que desenvolve. “O trabalho do pesquisador mirim é conhecer a Amazônia e falar sobre o bem para as pessoas. Desde o ano passado estou conhecendo mais um pouco sobre a nossa região.”

Abraço para salvar o museu

No dia 4 de setembro de 2017, o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, divulgou uma carta aberta ao público em que anunciava o provável fechamento do Parque Zoobotânico e da Estação Científica Ferreira Penna. O motivo: falta de verba para manter os espaços funcionado, devido a cortes orçamentários ocorridos no ano de 2017.

Após a divulgação, os paraenses se mobilizaram para tentar impedir o fechamento do museu. No domingo, 17 de setembro, a travessa Nove de Janeiro foi tomada por pessoas que se reuniram para um ato de abraçar o museu. "A mobilização partiu da Associação dos Servidores, de uma conversa com a diretoria, onde a diretoria colocou a transparência dos gastos públicos. Colocou que com a quantidade de recursos que se tinha haveria a possibilidade de fechar e os servidores da associação começaram a se mobilizar, colocaram em redes sociais e isso tomou outra proporção. O intuito desse abraço é mostrar a grandiosidade e a diversidade do Museu Goeldi, enquanto instituição de pesquisa para a ciência brasileira”, conta Roseni Mendonça, vice-diretora do museu.

O ato teve também apresentações culturais, show de artistas paraenses como Fafá de Belém, Lucinnha Bastos, Marco Monteiro, Nilson Chaves, estande dos pesquisadores mirins e venda de comidas. A ação reuniu centenas de pessoas que se solidarizaram para impedir o possível fechamento do museu. O principal momento foi quando os manifestantes deram as mãos para abraçar a instituição. “Essa instituição, de 150 anos, tem gerado conhecimento que contribui pra saúde, que contribui para a tecnologia, que contribui para as culturas e para a sociobiodiversidade brasileira. Então, fica museu e fora, Temer!”, assinalou a pesquisadora Regina Oliveira.

Por Luana Cantanhede, Cristiane Coelho, Sue Anne Calixto, Livia Alencar e Trayce Melo.

 

Até meados do século 20, capoeira era assunto de polícia. Os praticantes eram perseguidos, presos, tidos como marginais e precisavam praticá-la escondidos, em virtude de sua proibição. Hoje, a capoeira é reconhecida como símbolo identitário da cultura afrobrasileira, tendo sido, inclusive, tombada como Patrimônio Imaterial da Humanidade, pela Unesco.

Com o passar dos séculos, a capoeira subdividiu-se em alguns estilos. Os principais são a Angola e a Regional e, agora, um ‘novo’ tipo de capoeira, a gospel, vem ganhando espaço e adeptos entre os fiéis da religião evangélica. Sendo usada como instrumento de evangelização, a Capoeira de Cristo tem dividido opiniões entre os capoeiristas mais tradicionais que alegam uma apropriação cultural das tradições de matriz africana.

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‘Capoeira, ora por mim’

"Salve, capoeira! A paz do Senhor". Assim se cumprimentam os capoeiristas antes da roda começar. Atabaques, pandeiros e berimbaus entoam o que parece ser uma 'ladainha' mas, na verdade, o que se ouve é um louvor cristão. O grupo Capoeiristas de Cristo, da cidade de Olinda, trabalha há 18 anos usando a capoeira como instrumento de evangelização. Eles garantem praticar a mesma capoeira feita em qualquer outro lugar, sem mudar suas tradições.

Pastor Jorge Santana, o Mestre Papa-Légua, é o responsável pelo grupo pioneiro no Estado. Praticante há 32 anos, convertido há 18, ele explica o que é a Capoeira Gospel: “Nós não somos mais capoeiristas. Eu sou um pescador, e a capoeira é a isca para atrair os jovens.” O mestre garante ensinar a mesma capoeira praticada em qualquer outro lugar, mas com algumas adaptações.

As músicas não podem mencionar algo que remeta ao candomblé, e a graduação dos alunos é feita a dois níveis: espiritual - o praticante precisa aprender alguns versículos da Bíblia para passar de nível - e o físico. Papa-Légua afirma que, além do cuidado com o corpo, através do esporte, a busca, em seu grupo, é pelo “cuidado com o humano”, afastando os jovens das ruas e das drogas.

Sobre as acusações de apropriação cultural, o mestre é taxativo: “A capoeira não tem religião. A religiosidade existe em mim, não na capoeira”. Ele até menciona o célebre Mestre Bimba, ao dizer que: “Na Capoeira Regional, você vê que já não tem muito o místico. A capoeira contemporânea é mais esporte mesmo”. José Paulo da Silva, o Mestre Duvalle, capoeirista há 43 anos, endossa: “As pessoas colocam que a capoeira tem coisa com o Candomblé e a Umbanda, mas isso não tem nada a ver. Isso é muito arcaico, as pessoas deveriam primeiramente conhecer a arte e a cultura.”  Demonstrando não concordar com a discussão, o Mestre Papa-Légua é conclusivo: “Quem faz essa polêmica quer apenas uma pretensão para discutir, mas não vemos nisso uma problemática. Capoeira é capoeira, religião é religião.”

 

 ‘De Angola veio no navio negreiro’

"Para mim, a capoeira é um ritual. Desde a música, desde quando a gente está no salão treinando, na roda...". Quem fala é Eduardo Albuquerque, o contramestre Baygon. Ele é capoeirista angoleiro, professor na Escola de Capoeira Angola, localizada no centro do Recife, onde desenvolve o trabalho iniciado pelo Mestre Cláudio, do grupo Angoleiros do Sertão. Praticante desde 1988, Baygon se refere à capoeira com reverência: "Para mim é uma filosofia de vida. Ela me faz viver mais, me faz ser feliz. Eu vivo capoeira".

O contramestre garante não ser contra o movimento da capoeira gospel, mas afirma que a ancestralidade tem um valor que não pode ser ignorado: "A gente vem de matrizes africanas. Eu não vou esquecer de onde eu vim, eu tenho que levantar minha cabeça e dizer: 'eu sou angoleiro'. Eu prezo pela raiz".

Sobre as adaptações feitas para a prática no meio gospel - como mudanças em alguns fundamentos e músicas - o capoeirista se posiciona: "A capoeira não pode perder sua musicalidade tradicional. Cada canto tem um significado, a música da capoeira é muito forte no jogo". O professor também comenta sobre o uso de cordas que indicam a graduação do aluno e que são recebidas no 'batismo' da capoeira regional, termo refutado entre alguns praticantes evangélicos: "A corda representa as cores dos orixás, então, como é que vão mudar isso?".

Já para 'Speedy Gonzales', o capoeirista Eudes Marques, aluno da escola de Baygon, o uso da capoeira em outros contextos é algo natural: "É muito difícil manter a tradição da capoeira em um mundo moderno como o de hoje. É uma tradição muito antiga e vai se renovando com o tempo". Para ele, o importante mesmo é manter a prática: "Sempre é a capoeira na frente, não importa se é regional, se é gospel ou angola". 

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Serra Talhada será ponto de encontro para os apreciadores do xaxado, no mês de novembro. No dia 1º inicia-se, na cidade, a programação do 13º Encontro Nordestino de Xaxado que, até o quinto dia do mês, promove apresentações, oficinas de dança, palestras, feira de artesanato e mostra gastronômica, entre outras atividades.

Nesta edição, o evento celebra o bicentenário da Revolução Pernambucana e os 120 anos do nascimento de Lampião. Por isso, os locais onde acontecerão os espetáculos serão espaços emblemáticos da batalha em Serra Talhada, como a Estação do Forró e o Museu do Cangaço.  Dentre as atrações, estarão os Grupos de Xaxado Gilvan Santos, a Cia. de Dança Raízes da Paz, o Grupo Parafolclórico Frutos do Pará e as bandas As Severinas, Forró 1000 e Assisão.

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Serviço

13º Encontro Nordestino de Xaxado

1º a 5 de novembro

Serra Talhada

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A tradicional procissão do Recírio encerrou, na manhã desta segunda-feira (23), em Belém, a quadra nazarena de 2017. Nas primeiras horas da manhã, milhares de devotos lotaram a Basílica Santuário para acompanhar o retorno da Imagem Original de Nossa Senhora de Nazaré ao Glória. A cerimônia foi conduzida pelo arcebispo metropolitanode dom Alberto Taveira Corrêa. Em seguida, teve início a última romaria da 225ª edição do Círio.

Fiéis participaram, na Praça Santuário, de missa presidida pelo arcebispo dom Alberto Taveira Correa e concelebrada pelos bispos auxiliares dom Irineu Roman e dom Antônio de Assis Ribeiro. Após a celebração, todos saíram em procissão, que é a mais curta e uma das mais antigas do Círio. A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré foi conduzida em um andor por integrantes da Diretoria da Festa e contornou a Praça Santuário até o Colégio Gentil Bittencourt, na avenida Magalhães Barata.

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No domingo (22), foi realizada a missa de encerramento do Círio 2017, presidida por dom Bernardo Johannes, bispo de Óbidos, na Basílica Santuário de Nazaré. Após a missa, a programação seguiu na Concha Acústica com a apresentação do musical do Canto das Irias, da Comunidade Católica Shalom.

Este ano, o público apreciou um encerramento cheio de novidades. Foi apresentado o Círio de Luz, um projeto da produtora paraense Mekaron Filmes. Trata-se de um espetáculo de Vídeo Mapping com projeção audiovisual na fachada da Basílica. A projeção usou tecnologia 3D e foi composta por ilustrações que narram a história do Círio, acompanhadas de uma trilha sonora original, composta exclusivamente para este momento. Foram reproduzidos personagens, lugares, símbolos e fatos históricos, a partir de um profundo trabalho de pesquisa sobre a festa nazarena, criação e animação de imagens.

Nesse momento, foi anunciado ao público o tema do Círio 2018: “Uma jovem chamada Maria”. O fim da apresentação foi integrado à tradicional queima de fogos. O Círio de Luz foi uma realização da Arquidiocese de Belém, padres barnabitas e Diretoria da Festa de Nazaré, e contou com o patrocínio do Grupo Líder através da Lei Semear de Incentivo à Cultura.

Na mesma noite de domingo, na Casa de Plácido, ocorreu a cerimônia íntima de encerramento com a presença de religiosos. Nessa ocasião foi anunciado o novo Casal Coordenador da Festividade para o biênio 2018/19, Cláudio e Lilian Acatauassú.

Com informações da Ascom Basílica Santuário.

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Em Belém, o mês de outubro é o mais aguardado pelos católicos. É tempo do Círio de Nossa Senhora de Nazaré e de histórias de amor e devoção pela Mãe de Jesus. Uma dessas histórias vem sendo escrita há 41 anos pela família Silva Bezerra, que acompanha todos os anos, na Trasladação, a passagem da Santa na frente do impostômetro, localizado na avenida Presidente Vargas.

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Albertina Silva Bezerra tem 75 anos, acompanha o Círio desde os seis anos e é devota de Nossa Senhora de Nazaré. Ela conta que a tradição de se reunir na noite da Trasladação começou quando seus filhos ainda eram pequenos. Na época, ela, a mãe, os filhos e o marido esperavam a passagem da Santa em um bar localizado na rua Gaspar Viana com a avenida Presidente Vargas. “São 41 anos naquele lugar. Lá foi a minha mãe, foram meus irmãos solteiros e agora, que estão casados, vão os filhos, fora os agregados que encostam lá com a gente”, diz Albertina. “Essa é a nossa tradição. Quando chega no sábado nos encontramos lá, esperamos meus netos, meus irmãos e meus sobrinhos que vão na corda até a Sé; e todo mundo só se dispersa depois que todo mundo se encontra”, conta a devota.

A professora Wellenice Silva Bezerra é a filha do meio de dona Albertina. Ela considera a tradição um encontro de fé ao recordar dos parentes falecidos. “A minha família tem essa fé mariana desde sempre. Eu recordo, quando a gente está lá, as pessoas que não estão mais lá, mas já estiveram. É como se ali tivesse capturado a energia da minha avó, que esteve lá por muitos anos, e do meu pai. Ao me reencontrar com a Santa, me reencontro também com eles. Isso é muito forte em mim, sempre foi desde que eles partiram”, lembra. “É o encontro palpável da fé. Quando a gente pega na mão do outro, quando a gente deseja 'Feliz Círio', quando a gente dá o abraço. Acho que ali a gente sai inteiro, é como se juntasse os pedaços do ano todo; a gente se reintegra, é como se o mosaico fosse todo reestruturado para que a gente siga e enfrente um ano novo”, afirma Wellenice.

O estudante de 19 anos Allec Bezerra é um dos netos de dona Albertina e promesseiro da corda de Nossa Senhora de Nazaré na noite da Trasladação. Ele conta que acompanha a procissão na corda desde 2015, quando pediu a interseção da Nazinha para passar no vestibular. Hoje, Allec cursa Tecnologia de alimentos em uma universidade pública e pede a Ela que consiga se formar. Para Allec, é indescritível o sentimento no dia da Trasladação. “Eu realmente não sei explicar. É uma sensação de conforto, passa uma paz pra gente. Quando eu a vejo chegando eu me sinto leve, parece que eu estou em outro lugar, os problemas todos se resolvem, a gente se sente fora de si.”

Outro promesseiro na corda da Trasladação é Aerlon Bezerra, neto mais velho de dona Albertina. Ele e o namorado, Yuri Magalhães, moram em São Paulo e vieram acompanhar a procissão na corda agradecendo a Santa pelas preces alcançadas. Aerlon conta que acompanha a procissão na corda desde 2007, quando ainda era uma criança, com pequenas promessas. Depois de ter alcançado todas as graças, a corda tem um outro significado. “Hoje eu não tenho nenhuma promessa específica, só tenho a agradecer. É um agradecimento infinito”, diz Aerlon.

Já Yuri ficou doente durante um mochilão pelo Brasil realizado em 2016. Ele conta que precisava terminar o mochilão em 20 dias, tendo que passar pelas regiões Norte e Centro-Oeste. Ao chegar em Belém, foi levado por Aerlon para se encontrar com a santinha na Basílica. “Eu conheci vários outros lugares, mas foi aqui que me conquistou, foi aqui que brilhou meus olhos, me senti mais confortável e acolhido. Foi aqui que eu disse ‘eu não consigo mais seguir acreditando só em mim, eu preciso acreditar em alguma coisa além disso, uma divindade espiritual. É aqui que eu vou pedir porque eu acho que vou ser bem atendido’”, diz Yuri. “Ali eu fiz a promessa. Se eu melhorasse com o problema de pele que eu tive e conseguisse terminar a viagem. Nas circunstâncias de não ter dinheiro, não ter estrutura, de estar cansado e doente, eu provavelmente não conseguiria. E eu consegui”, conta Yuri.

A família ainda se reúne na passagem da Santa pela Cidade Nova na romaria dos ciclistas, onde presta homenagem entregando 120 rosas e água aos romeiros. No sábado de manhã, todos participam da romaria fluvial. No domingo do Círio, há 30 anos vão no Carro dos Anjos. “Eu desejo de coração que Nossa Senhora cubra com seu manto todas as pessoas e que me dê força e resignação. E que possamos nos reunir todos em um só pensamento e em um só coração”, deseja Albertina a todos os devotos. Veja vídeo abaixo.

Por Irlaine Nóbrega e Jamyla Magno.

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A partir do dia 18 de outubro, o Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu dá início aos ensaios para o segundo ano do 'Bloco Alafia'. Os encontros serão no Mercado da Ribeira, localizado no Sítio Histórico de Olinda, às quartas-feiras, sempre às 20h.

Os ensaios serão abertos para batuqueiros e amantes do maracatu de baque virado. A ideia é promover a interação e a participação de mulheres na percussão do Estrela de Igarassu, pois a tradição da nação não permite figuras femininas em seu batuque.

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"A ideia é agregar as pessoas e brincar todo mundo junto. Lá é permitido mulher tocar. Se alguém também quiser dançar no maracatu, no Carnaval, melhor ainda. Toca no Alafia e dança na nação", explica Gilmar Santana, mestre e presidente da agremiação.

Serviço

Abertura dos ensaios do Bloco Alafia - Nação Estrela Brilhante de Igarassu

Quarta-feira (18)| 20h

Mercado da Ribeira (Sítio Histórico de Olinda)

Gratuito

Festividade, música e muito tomate. As ruelas da pequena Buñol, cidade a 320 km de Madrid, na Espanha, recebe nesta quarta-feira (30) mais uma edição do tradicional festival Tomatina. A famosa 'guerra de tomates' atrai cerca de 45 mil pessoas ao local. 

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Após os últimos eventos terroristas registrados no país, a segurança foi reforçada para garantir a tranquilidade do público presente. Ao todo, aproximadamente 125 toneladas do fruto são literalmente destruídos durante o festival. 

Para participar do evento, é preciso desembolsar uma certa quantia. De Madrid, a excursão com direito a passagem de ida e volta em ônibus, camiseta do evento, entrada, banho de chuveiro (após a enxurrada de tomate) e uma janta não sai por menos de 85 euros (equivalente a cerca de R$ 320). 

A Tomatina é realizada desde 1945, quando um grupo de adolescentes - durante uma briga - utilizaram tomates como armas. No ano seguinte, sem motivos para rixas, os jovens repetiram o episódio apenas por farra. Em dois momentos, na década de 50, a prefeitura baniu o evento, mas os cidadãos foram às ruas e conseguiu incluir a festa no calendário oficial de Buñol.

 

Diante toda a tecnologia atual, muitas vezes as brincadeiras de hoje em dia têm se limitado a um quarto, uma sala e só. Os olhos ficam fixados em uma grande tela, ou em uma que cabe nas mãos. A companhia dos amigos passa, de física, para a virtual. As brincadeiras de rua - incluídas as peladas de futebol - parecem cada vez mais perder espaço entre os passatempos da meninada.

Mesmo com tanta mudança, quem nunca jogou barrinha? Isso mesmo, barrinha, a brincadeira derivada do futebol tradicional não morreu. Com diferentes nomes pelo Brasil, como caixote, o jogo mais espontâneo que há no futebol de rua resiste como uma tradição. Nas ruas da Região Metropolitana do Recife ainda é possível observar quem joga e também quem se utiliza do futebol de barrinha pra viver.

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Nesta modalidade, não existe regras premeditadas. Cada grupo joga do seu jeito. Mas, na maioria das vezes, são dois times, ambos sem goleiros, que precisam fazer a bola entrar no pequeno gol. O time que marcar o número de gols previamente determinado elimina o outro time e continua jogando até ser eliminado.

Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

A barra é pequena, tanto em largura, quanto em altura. Pode ser de ferro ou de PVC, mas chinelos, tijolos, pedaços de pau e qualquer coisa que esteja à mão pode ser usado para se demarcar a meta. O que importa é sinalizar onde está o gol. O tamanho da barra precisa estar igual para os dois times, e para medir vale contar os passos de uma trave para a outra.

Na Praça Paulo Freire, que fica no bairro da Madalena, todo dia, faça chuva ou faça sol, tem uma turma de amigos que se reúne nesse período de férias durante as tardes para jogar barrinha.

Ao chegar, o LeiaJá encontrou uma típica cena do futebol de rua. Durante um dos jogos, a bola foi parar no restaurante vizinho ao parque, e por causa disso o segurança do estabelecimento a confiscou e afirmou que só devolveria à noite. Depois de muita conversa, a bola foi devolvida. Antes de o jogo começar, Ana Clara, de 10 anos, explicou as regras: eram dois times jogando, e um do lado de fora esperando a sua vez. Não existe pênalti, mas as faltas eram marcadas. O time que levasse 10 gols saía e dava lugar a equipe que estava esperando; no mais, tudo era igual ao futebol tradicional.

Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

Ana Clara era a única menina jogando barrinha entre os meninos. Segundo ela, outras meninas jogam vez ou outra. “Elas vêm às vezes. Mas quase sempre só eu que quero jogar. Hoje mesmo elas não vieram, mas mesmo assim eu vim”, conta. A menina afirma também que vem porque gosta de futebol. E que os meninos – dois deles eram de sua família – não viam problema na participação dela. Ao ser questionada sobre qual em posição prefere jogar, Ana mostra certeza: “Atacante. Gosto de ficar na frente e fazer gols”.

Brincadeira é também fonte de renda

Mas nem só de diversão se resume o futebol de barrinha. A rede da barra, propriamente dita, é considerada artesanato. Com isso, a brincadeira, além de ser imortal entre adultos e crianças, também é fonte de renda para muitas pessoas.

Astrogildo Silva, de 72 anos, mais conhecido como ‘Gildo das barras’, trabalha há 43 anos no bairro das Graças, no Recife, vendendo barrinhas. Gildo trabalhava com venda de plantas, e depois de perder tudo em uma enchente, sentiu a necessidade de recomeçar e descobriu com um pedido do filho, ainda pequeno, que sabia fazer as barras de futebol.

Thayná Aguiar/LeiaJá Imagens

“Depois que eu perdi tudo, eu aprendi a ser artesão. Eu comecei há muito tempo. A primeira barrinha que fiz foi para o meu filho. Depois que eu consegui fazer, veio a ideia de continuar. Fiz uma de ferro. Daí veio, além da barra, a cesta de basquete e a rede de vôlei”, conta Gildo.

Ao LeiaJá, Gildo afirma que as vendas diminuíram, mas ele ainda recebe muitas encomendas de colégios, escolinhas de futebol e de condomínios. “A venda é regular. Mas diminuiu bastante. Na verdade, diminuiu em todo o lugar. Mas pelo menos eu não deixo de vender. É pouco, mas eu vendo. Eu sou muito conhecido. O pessoal me conhece há muito anos”, explica.

De acordo com o artesão, o público que compra as barras é bem variado, mas na maioria das vezes são crianças. “Quem mais compra é criança. Alguns adultos ainda compram também. Mas quando são meninos pequenos, eu sempre digo: 'leve a barrinha, mas quando for pra Seleção lembre de mim'”, brinca.

Gildo trabalha na esquina de um colégio tradicional e muito conhecido, no bairro das Graças. Segundo ele, o ex-jogador da seleção brasileira Juninho Pernambucano usou suas barrinhas: “Juninho Pernambucano estudou aqui, nesse colégio, e jogou com as minhas barrinhas”.

Além vender suas barras, Gildo consegue renda também fazendo redes para clubes de futebol de campo. “Eu faço rede oficial pro Santa Cruz, pro Náutico. E de qualquer tamanho. Pro Sport só foi uma vez”, relembra, com orgulho.

A tradição da fabricação das redes tem passado de pai para filho. Segundo Gildo, a rede atual do clube tricolor foi o seu filho quem fez. E dois de seus filhos trabalham com ele.

Mesmo com as vendas em baixa, 'Gildo da barrras' garante que dá pra sobreviver apenas fazendo as barrinhas e redes. “Eu vendo uma barrinha ou duas. Mas dá pra viver, mesmo que devagarzinho. Hoje em dia é tudo mais difícil. Ninguém vende muito não. Há muitos anos já foi muito bom. Hoje está fraco demais, mas mesmo fraco dá pra viver”, revela.

“Eu não fiquei rico porque não expus o meu trabalho, mas é o meu jeito de viver”, conclui.

Junho chega ao Nordeste trazendo uma das festas mais esperadas pelo seu povo, o São João. A festividade traz diversas tradições e celebrações que são vivenciadas, durante o mês inteiro, com muita vontade e alegria dos brincantes e, claro, muita comida de milho e fogueira acesa. Entre as brincadeiras tradicionais deste período, as quadrilhas juninas são um capítulo à parte. Elas enchem os arraiais das cidades de colorido, dança e música através da dedicação de seus integrantes.Robson Lourenço da Silva, o Abóbora, de 38 anos, é uma destas pessoas. Ele é conferente de cargas, de profissão, e brincante de cultura popular, de coração, desde 1995. Abóbora já atuou em algumas quadrilhas como matuto, rei, noivo, coreógrafo, diretor e marcador. Hoje, ele integra a junina Chiclete com Banana, do bairro de Vila Rica, Jaboatão dos Guararapes (PE), e ocupa a posição de colaborador cultural e de fomentos.Abóbora conta como é o trabalho da Chiclete antes dos arraiais: \"Fomentamos com o grupo de apoio e com a comunidade. Fazemos feijoada beneficente, rifas, bingo e shows, tudo para arrecadar fundos, uma vez que a maior parte do elenco não trabalha e outra parte arca com suas despesas\". A preparação para o São João começa cedo, no ano anterior, em setembro. É quando os integrantes começam a ensaiar os passos para o próximo espetáculo. Em média, dançam cerca de 28 casais, outras 12 pessoas ajudam na produção.A Chiclete com Banana, assim como outras quadrilhas em todo o Nordeste, participam de concursos que elegem o melhor grupo do São João a cada ano, cada uma em seu município e, também, a nível estadual. O esforço e empenho para se sobressair na competição podem ser vistos nos figurinos luxuosos, roteiro e coreografias cuidadosamente elaborados. Alguns mais conservadores questionam a legitimidade desta manifestação atualmente sob o argumento de terem perdido sua \'raiz\', mas isso não parece incomodar o brincante: \"Com o passar do tempo, os grupos foram se modernizando e muitas (quadrilhas) já viraram verdadeiras empresas do entretenimento. Agora a cultura atende ao momento de nossa juventude. Às vezes, o formato do concurso faz com que haja uma preparação mais aprofundada nos temas a serem apresentados. Se inscreve quem quer pois todas já são verdadeiras campeãs só pelo enorme trabalho de colocar na rua para abrilhantar as comunidades\".ResistênciaVindos das comunidades periféricas da Região Metropolitana do Recife, e de outras cidades, as quadrilhas precisam enfrentar inúmeras adversidades para fazer o São João. Dentre elas, Abóbora lista a falta de ajuda da esfera pública: \"As maiores dificuldades são a falta de apoio dos nossos governantes e a falta de políticas públicas para com a cultura local. Na nossa cidade (Jaboatão dos Guararapes) tínhamos 28 grupos e hoje, por resistência, só existem três\".Mas, ele garante que, apesar dos obstáculos, o resultado final do trabalho desenvolvido ao longo de quase um ano inteiro compensa e traz grande satisfação pessoal: \"A sensação é maravilhosa. Primeiro porque nos divertimos bastante, conhecemos novas pessoas, novos lugares, aumentamos nosso conhecimento cultural com a sensação de dever cumprido ao mostrar um trabalho de 10 meses e de muito amor por esta manifestação.\"Por Paula Brasileira, publicado originalmente em https://www.uninassau.edu.br

Continua a programação do 1° Circuito Regional do Cordão de Pássaro Colibri de Outeiro, iniciada no dia 3 de junho e que segue até dia 1º de julho, encerrando suas apresentações em Vigia e São Caetano de Odivelas, no interior do Pará. Neste sábado (10), a partir das 17 horas, o Colibri vai iniciar o Cortejo com todos os Pássaros e Bichos Juninos de Belém, em frente à Praça Santuário, encerrando a apresentação na Casa das Artes (antigo IAP). Já no domingo (11), às 11 horas, a apresentação do Cordão de Pássaro Colibri de Outeiro será no Teatro Waldemar Henrique, com entrada franca e classificação livre.

O Circuito é um projeto aprovado pelo edital do Banco da Amazônia e pretende levar a cultura do teatro popular – ou ópera cabocla, como é conhecida por estudiosos de grupos de pássaros e bichos juninos – para vários lugares da capital e interior. “Nós fazemos de tudo para não deixar essa cultura de resistência morrer. Inclusive, já estamos em fase de aprovação do projeto para realizar o II Festival de Pássaros e Outros Bichos. O primeiro fizemos ano passado. Contemplamos todos os grupos da capital e dos distritos de Outeiro e Icoaraci”, conta a guardiã do Colibri, Laurene Ataide, idealizadora do Circuito.

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No dia 20, terça-feira, o Teatro Margarida Schivasappa (Centur) recebe o Pássaro Colibri, às 20 horas, com entrada aberta ao público. Crianças de todas as idades podem prestigiar a peça “Nas asas, a liberdade”. E, no Dia de São João (24), a partir das 16 horas, o Ponto de Cultura Ninho do Colibri vai promover um arraial com direito a comidas típicas, brincadeiras, além das apresentações dos grupos Tangará, Bigodinho, Pipira, Uirapuru, Rouxinol, Boi Ametista, Misterioso. O Ninho do Colibri está situado à Rua Tito Franco, 183, em Outeiro.

Para saber a programação completa acesse Cordão de Pássaro Colibri de Outeiro.

Serviço

1° Circuito Regional do Cordão de Pássaro Colibri de Outeiro.

Revoada dos Pássaros – Cortejo com todos os Pássaros e Bichos Juninos.

Dia: 10/06/17. Hora: 17h. Local: Praça Santuário/ encerramento na Casa das Artes (antigo IAP).

Apresentação no Teatro Waldemar Henrique.

Dia: 11/06/17. Hora: 11h. Local: Teatro Waldemar Henrique (Praça da República – Belém /PA).

Apresentação no Arraial da Fundação Escola Bosque de Outeiro – FUNBOSQUE.           

Dia: 16/06/17. Hora: 16h. Local: FUNBOSQUE (Av. Nossa Sra. da Conceição – Outeiro).

Apresentação no Teatro Margarida Schivasappa – CENTUR.

Dia: 20/06/17. Hora: 19h. Local: Teatro Margarida Schivasappa (Av. Gentil Bitencourt, 650 - Batista Campos – Belém /PA).

Arraial do Pássaro Colibri + Pássaros: Tangará, Bigodinho, Pipira, Colibri, Uirapuru, Rouxinol, Boi Ametista e Misterioso.

Dia: 24/06/17. Hora: 16h. Local: Ponto de Cultura Ninho do Colibri (Rua Tito Franco, 183 – Outeiro).

Apresentação no Arraial de Outeiro

Dia: 25/06/17. Hora: 19h. Local: Praça da Água Boa de Outeiro.

Apresentação no Lar dos Idosos

Dia: 28/06/17. Hora: 16h. Local: Lar dos Idosos (Av. Almirante Barroso).

Apresentação em São Caetano de Odivelas

Dia: 30/06/17. Hora: 19h. Local: Praça dos Poderes (São Caetano de Odivelas – Pará).

Apresentação em Vigia

Dia: 01/07/17. Hora: 19h. Local: Praça Matriz (Vigia – Pará).

Por Vivianny Matos, da assessoria do Colibri.

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Não são apenas os prédios antigos que proporcionam uma volta ao passado a quem percorre os bairros do Centro do Recife. O cenário não estaria completo sem alguns profissionais tradicionais que resistem ao tempo, seja nas calçadas, nas ruelas ou em pequenos estabelecimentos. Ofícios de décadas, muitas vezes passados de pai para filho, que se mantêm fiéis às raízes, se reinventando pouco ou quase nada. E, sobretudo, contrariando um plausível processo de extinção.

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Vinil de volta à moda

Desde 1986, um ponto embaixo da marquise do edifício Pernambuco, na Avenida Dantas Barreto, é o local de trabalho de José Freitas Pereira, de 73 anos. “Comecei a vender discos de vinil depois que me aposentei, porque não conseguia mais emprego”, conta. Para encontrá-lo é só passar lá durante o dia, de segunda à sexta-feira. Aos domingos, ele leva seus produtos para a feirinha do Recife Antigo.

Na contramão de serviços como Spotify, músicas em MP3 ou do quase já obsoleto CD, Freitas encontrou um novo filão para que seus discos continuem sendo procurados. “A moda está voltando. Vem colecionador comprar aqui e também gente que quer passar o som para o computador”, explica. De acordo com ele, a época de ouro foi nos anos 80 e 90.

A paixão de Freitas pelo comércio de vinil vai além de faturar uns trocados (entre R$ 70 e R$ 80 reais por semana). Ele é quase um arqueólogo de discos. “Eu coleciono também, tenho muitos em casa. Saio por aí comprando de quem guarda ou vai jogar fora. Hoje o que mais se procura é MPB e rock”, revela.

Nem tudo são flores

Cícera Maria, 56 anos, divide a calçada da Avenida Guararapes com mais duas bancas de flores. O ponto é bom, mas já viveu dias mais floridos. “Antigamente tinha muita vantagem, mas hoje em dia só dá pra se arrastar. Caiu muito por causa da Ceasa. Eles tiram cliente da gente porque vendem pelo mesmo preço. Não vivo mais disso aqui e sim da minha pensão”, revela.

Se hoje é ruim, o comércio de flores já rendeu muito. “Criei três filhos com o que consegui aqui. Uma é psicóloga e os outros dois são administradores”, se orgulha. Dona Cícera está na Guararapes há dez anos, mas seu ofício já vem de três décadas. “Comecei a trabalhar para os outros e resolvi abrir meu negócio. Gostei do ramo”, conta. Sobre a época mais lucrativa, ela não pensa duas vezes para responder: “Dia dos Namorados”.

Engraxate e sapateiro

A mesma calçada das bancas de flores pode ser considerado uma “engraxatódromo” do Recife. São 11 profissionais trabalhando diariamente, na Avenida Guararapes. Um deles é Cícero Santana, 54 anos, morador do Ibura. “Engraxo, boto solado, colo, remendo. Aqui eu só não fabrico o sapato”, brinca. São duas décadas no mesmo lugar.

Ele jura que aprendeu sozinho, tanto a função de engraxate como a de sapateiro. Tentou ensinar aos filhos, mas nenhum quis. “Isso é um dom, não é todo mundo que tem paciência para esse trabalho”, explica, enquanto mostra como se costura um sapato de couro. “Mas conserto tênis e chuteira também”, complementa.

Sobre a pouca clientela de hoje, Cícero não culpa o desgaste do seu ofício e sim o momento econômico do País. “Você não está vendo essa crise não? Eu compro uma lata de graxa e ela dura oito dias”, reclama. Durante a entrevista algumas pessoas apareceram para consertar cintos e bolsas. Nenhuma para engraxar sapatos.

"Alfaiate acabou. Não tem mais"

Talvez umas das profissões mais ameaçadas de extinção seja a alfaiataria. Foi-se o tempo da roupa por encomenda, cortada sob medida. Ela foi trocada pela praticidade das lojas de departamento. Saturnino Xavier concorda. No alto dos seus 88 anos, ele fala com autoridade. “Alfaiate acabou. Não tem mais”, declara, porém, com serenidade, sem pessimismo algum.

Mesmo assim, uma carreira que perdura desde a infância é quase impossível de se abandonar. O ponto onde Saturnino trabalha (Rua Matias de Albuquerque, Santo Antônio) está fechando, por causa dos problemas de saúde do seu chefe e proprietário do lugar. Mas engana-se quem acha que ele vai parar. “Não vou deixar de trabalhar nunca, não consigo ficar em casa. Vou procurar um lugar pra mim”, garante.

Saturnino aprendeu seu ofício ainda criança, quando morou na cidade de Barreiros, na Mata Sul de Pernambuco. Seguiu a carreira para a vida toda, chegando a se aposentar como alfaiate da loja Arapuã, que qualquer recifense com mais de 30 anos deve se lembrar. Para ele, a maior satisfação é ver alguém bem vestido. “Somos nós que fazemos a elegância da cidade”, orgulha-se.

Puxando da memória, ele cita alguns profissionais com quem trabalhou: “Maurício, Eulino, Valentin”. Saturnino recorda dos antigos colegas como se falasse de verdadeiras celebridades do Recife, seus ídolos. Fechando a loja para voltar para sua casa em Água Fria, ele repete que vai mesmo procurar um ponto só seu. “Ainda não falei com ninguém, mas vou providenciar”, promete.

Concorrência chinesa

O pai de Josimar Gomes, mais conhecido como Doda (42 anos), era relojoeiro e percorria o bairro de São José atendendo os clientes em uma kombi. Nos anos 90, conseguiu um box na Rua da Flores e, finalmente, arrumou um ponto fixo. Há dez anos, se aposentou e Doda, que já seguia seus passos, assumiu o local. Ele troca pilha, pulseira, vidro, mexe milimetricamente em todas as peças.

Na mesma rua, há outros profissionais do ramo, além de amoladores de alicates e chaveiros. Para o filho que herdou o ofício do pai, a era de ouro do ramo passou. “Não está como antes, não é? Hoje o povo só compra esses Xing Ling. O preço do relógio chinês é o mesmo de uma pilha que eu vendo. Aí fica difícil”, relata.

Sua freguesia é formada basicamente por conhecidos de longas datas. “Tenho clientes antigos e fiéis, que têm relógios bons e querem mantê-los funcionando. Mas não vem gente nova. Esses preferem levar em uma autorizada. Sem contar que alguns têm medo de vir aqui no Centro”, lamenta.


Museu da barbearia

O número 95 da Domingos José Martins, Bairro do Recife, sedia a barbearia Bom Jesus. Cláudio Dias, proprietário do espaço, comenta que o negócio, herdado do pai da sua esposa, já tem mais de um século de existência. O sogro foi barbeiro, mas ele nunca exerceu a profissão, apenas administra o local. Nisso lá se vão 30 anos de gerência.

Atualmente Rinaldo de Lima é o único profissional trabalhando lá. Começou em 2013, é recente na profissão. “Já fui adestrador de cães, segurança, um monte de coisa até me interessar por cortar cabelo. Aprendi com um barbeiro de Olinda e depois fiz dois cursos”, conta. Rinaldo diz que prefere a barbearia antiga e que não se sente ameaçado pelas recentes Barber Shops. “Não vejo concorrência, barbeiro é barbeiro em qualquer lugar”, releva.

Mais do que um simples empreendimento, a barbearia Bom Jesus é conhecida no bairro por proporcionar uma volta no tempo aos fregueses. “Eu me sinto muito à vontade aqui. Venho desde que descobri. É como um museu”, conta o Amaro Feitosa, funcionário da Receita Federal, e frequentador desde em 1980.

Os instrumentos e móveis antigos ficam expostos como relíquias. Segundo Cláudio Dias, o assédio dos compradores é grande. “Muita pessoas vêm aqui querendo comprar as cadeiras. Já me ofereceram R$ 5 mil, disseram para eu procurar a melhor cadeira do Recife para fazer uma troca, mas eu não vendo porque é da família da minha mulher”, explica.

O negócio ainda rende, mas já foi mais lucrativo. “A clientela maior era o pessoal do porto, mas depois de Suape diminuiu demais. Hoje é só o povo que trabalha aqui nas redondezas”, conta Cláudio. Além dos interessados no corte, que custa R$ 20 (R$ 15 a barba), quem também sempre aparece são os turistas. “Todo dia tem gente pedindo para tirar foto sentado nessas cadeiras”, brinca.

Império da pipoca

Segundo dona Ana Lúcia (53 anos), seu pai foi o “fundador da pipoca de carrinho no Recife”. Ela conta que o patriarca Elisário dos Santos (conhecido como Sula), hoje com 74 anos e aposentado, comprou dez carroças e iniciou uma franquia colocando os nove filhos juntos com ele para comercializar o produto nas ruas do centro da cidade. Isso, por volta da primeira metade da década de 70.

O ineditismo de Seu Sula com os carrinhos de pipoca é bem impreciso, mas o fato é que ele montou uma verdadeira cadeia produtiva. Segundo Dona Lúcia, todos os seus irmãos ainda seguem na profissão e os próprios filhos delas também. Todos sempre trabalham nas ruas do centro, onde, de acordo com ela, é “melhor para vender”.

A tradição segue firme, sem se preocupar com os vendedores de pipocas industrializadas que tomaram conta das ruas e avenidas do Recife. “Não atrapalha. Todos precisam ganhar seu dinheiro. Eles vendem as deles e nós a nossa. Acho que a minha é melhor porque é feita na hora”, garante.

Doce japonês, herança portuguesa

Aos 22 anos de idade, Luís João de Lima chegou a São Paulo para trabalhar como arrumador, mesma profissão que também exerceu no Porto do Recife e pela qual se aposentou. Mas lá em terras paulistas ele fez muito mais do que carregar e descarregar caminhões, ele aprendeu a fazer doce japonês com um cozinheiro português.

Hoje, com 76 anos, Seu Luís usa a iguaria como renda complementar e se orgulha do seu produto feito em casa. Os sabores são os clássicos banana, batata, coco e amendoim. “Queria fazer de castanha, mas está muito cara”, lamenta. Com seu tabuleiro, ele percorre as ruas do centro há três décadas. Muito tradicional no Recife até os anos 80, vendedores de japonês hoje são raros.

Ele culpa os cuidados excessivos com a saúde pela falta de uma clientela maior e defende que sua guloseima não faz mal, mesmo contendo uma quantidade relevante de açúcar. “Quando eu era pequeno minha mãe me mandava comprar doce porque estava amamentando e queria ter leite. Hoje, dizem que faz mal, inventam doença, diz que dá diabetes”, reclama. “O doce é vida e a vida é doce”, filosofa.

Desta sexta-feira (13) até o dia 22 deste mês, Limoeiro, no Agreste pernambucano, irá sediar a 125ª edição da Festa de São Sebastião. A celebração conta com encontro de motociclistas, cavalgada, atrações culturais, feira de artesanato, além de praça de alimentação.

A estrutura contará com dois palcos, o Principal que será montado no Pátio de Eventos Toinho Limoeiro (Pátio da Feira), e o palco da Cultura, que ficará em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora da apresentação. Entre as atrações confirmadas de Alcymar Monteiro, banda Playback, Excesso de Bagagem, Musa e outros mais. Confira a programação dos palcos principais.

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Sexta-feira (13)

Nação Pernambuco

Alcymar Monteiro

Play Back

Sábado (14)

Excesso de Bagagem

Arreio de Ouro

Musa

Monique Pessoa

Domingo (15)

Adilson Ramos

Saia de Menina

Magnatas do Forró

 

Em festividade religiosa que marca o fechamento do Ciclo natalino do Recife, o Pátio de São Pedro recebe, nesta sexta-feira (6), a realização da Queima da Lapinha. A festa que é gratuita e aberta ao público terá início às 18h e conta com a presença de 14 pastoris, além de grupos de reisado, conduzindo a lapinha em um cortejo com a imagem do Menino Jesus.

Pastoris como Lindas Ciganas, Estrela do Mar, Infanto juvenil da Tia Nininha, Infanto Juvenil Giselly Andrade e outros mais fazem parte do cortejo. Considerada uma manifestação religiosa desde o século 19, a lapinha é feita de folhagens e incensos e é queimada, enquanto o público presente joga seus pedidos no fogo, na esperança de que eles sejam atendidos ao longo do ano, encerrando o ciclo natalino e abrindo temporada festiva de carnaval. O evento é realizado pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife.

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Serviço

Queima da Lapinha

Sexta-feira (6) | 18h

Pátio do Carmo (Bairro de São José- Centro do Recife)

Gratuito e aberto ao público

Além das comemorações tradicionais, a noite de 31 de dezembro também gira em torno de diversas superstições que prometem garantir paz, sucesso e energias agradáveis para o ano que está por vir. Conhecidas e populares há tantos anos, os rituais de fim de ano se manifestam de várias maneiras, sendo a maioria delas oriundas de outros países como África, Itália e Portugal. 

Dentre as mais conhecidas a escolha da cor da roupa, o pulo das sete ondas ou até mesmo o consumo de lentilhas, não deve faltar para os esotéricos de carteirinha. Para quem realmente acredita, ações como essas podem ajudar na fluidez de um ano mais terno. Sabendo da importância desse momento, o Portal LeiaJá foi até o Mercado São José, na área central do Recife, para conversar com Ogã Anderson de Oxum, produtor cultural que trouxe dicas de simpatias de fim de ano para os curiosos e também para os adeptos dessas práticas.

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Para garantir uma passagem de ano mais conectado com o universo, confira a nossa reportagem a seguir:

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Marcando a tradição cultural nordestina de festejo natalino, a Casa da Rabeca, localizada no bairro de Tabajara, em Olinda, sedia Neste domingo (25), às 18h, a 22ª edição do Encontro Nacional de Cavalo Marinho. O evento que teve início em 1995 sob o comando do Mestre Salustiano (em memória), agora segue realizado por seus filhos e netos, num movimento de reafirmação das raízes culturais na contemporaneidade. A festa recebe apresentações de vários grupos que mantém esse legado, em um encontro gratuito e aberto ao público.

Entre os grupos confirmados, o Cavalo Marinho Boi Matuto de Olinda, de Mestre Salustiano; o Cavalo Marinho Estrela de Ouro de Condado, o Cavalo Marinho Boi Pintado de Aliança, garantem a programação do encontro. Durante as apresentações, o evento também contará com a participação especial de Estrelo e o Fuá no Terreiro, de Brasília.

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No dia 6 de janeiro, data em que se celebra o dia de Reis, a casa da Rabeca também receberá a tradicional festa de Reis em sua 22ª realização, também às 18h. O evento reúne ritos como a queima da lapinha e apresentações culturais que celebram o fim do ciclo natalino. O acesso ao público é gratuito.

Serviço

22º Festival Nacional de Cavalo Marinho

Domingo (25) | 18h

Casa da Rabeca (Rua Curupira, 340, Cidade Tabajara – Olinda/PE)

Gratuito e aberto ao público

Uma garota de 15 anos morreu no Nepal, na noite do sábado (17), após ser banida de onde morava por ter menstruado. O banimento de garotas que começaram a menstruar faz parte de uma prática Hindu que já foi proibida há mais de uma década.

A suspeita inicial é que Roshani Tiruwa, como foi identificada pela imprensa local, tenha se sufocado com a fumaça de uma fogueira que ela mesma acendeu para se esquentar. Durante o ritual, as mulheres ficam em uma cabana.

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Alguns hindus acreditam que a mulher quando está no período menstrual é impura e precisa ficar afastada da família por dias. A prática é conhecida como Chhaupadi. 

Segundo a Al Jazeera, um estudo de 2011 calculou que cerca de 95% das mulheres em Achham - distrito de Roshani - seguem o Chhaupadi. A Suprema Corte do país, entretanto, proibiu a prática ainda em 2005.

Há registros anteriores de chhaupadi ocasionando em mortes, por motivos como ataques de animais selvagens, mordidas de cobras, doenças, estupro e pneumonia. Ainda de acordo com a Al Jazeera, algumas mulheres se opuseram ao ritual e chegaram a queimar cabanas. Alguns vilarejos são conhecidos como áreas livres de chhaupadi.

Segundo o jornal local My República, este é o segundo incidente com morte em Achham nos últimos 30 dias. No dia 19 de novembro, Dambara Upadhyay, de 21 anos, foi encontrada morta em sua cabana. 

Com o tema "Judaísmo e Jerusalém: um vínculo eterno", a 25ª edição do Festival da Cultura Judaica será realizada neste domingo (27), às 15h30, na Rua do Bom Jesus, no bairro do Recife Antigo, em Pernambuco. Realizado pela Federação Israelita de Pernambuco (Fipe), o evento contará com artesanato, gastronomia, rodas de conversa, literatura, exposição fotográfica, música e danças típicas. A entrada é gratuita.

Exposição de fotografias do jardim botânico bíblico de Jerusalém estará montada dentro da Sinagoga Kahal Zur Israel. As imagens exibem espécies nativas do país com referências bíblicas. As rodas de conversas serão coordenadas pelo coordenador de Comunicação da Federação Israelita, Jader Tachlitsky, com o tema “Jerusalém: três mil anos de história”, que tem como objetivo reafirmar a importância de Jerusalém para o Judaísmo. Entre as atrações, a apresentação da Messibá Orquestra Judaica de Recife, as 17hs, com músicas judaicas, com a comemoração tradicional Arkadá – os judeus costumam dançar numa grande roda em movimentos circulares. 

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A presidente da Federação Israelita de Pernambuco, Sonia Sette, destaca a importância de realizar este evento. “Transformar a Rua do Bom Jesus num pedaço de Israel tem sido a fonte de conhecimento e integração entre a população local, turistas e membros da comunidade judaica, que nestas oportunidades contam um pouco de sua história e tradição”, comenta, de acordo com informações da assessoria de imprensa

A gastronomia judaica também estará presente pelas senhoras da comunidade judaica do Recife. Serão apresentados ao público pratos típicos, tanto da culinária judaica - com maior influência européia -,  quanto da cozinha típica de Israel,  com características marcantes de origem árabe. Os segredos de alguns pratos serão apresentados, como o guefilte fish - bolinhos de peixe recheados e adocicados  - , varenikes  são pastéis de batata cozidos com recheio de cebola e fluden - doces de nozes, castanhas, damasco e massa folhada. 

Serviço:

XXV Festival da Cultura Judaica

Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife

27 de novembro | 15hs30

Entrada gratuita

Músicas do cancioneiro popular misturadas aos ritmos regionais e batuques amazônicos. Com essa sonoridade, o grupo de percussão Tambores do Conde apresenta o show “Brasilidade”, neste sábado (26), na praça São João Batista, em Vila do Conde, no município de Barcarena, nordeste do Pará. O show repleto de música, cores e dança começa às 16h30 e é aberto ao público.

O Tambores do Conde possui uma trajetória diferenciada e nasceu de um projeto de socialização de crianças e adolescentes. Há oito anos o projeto começou com algumas oficinas de musicalização da Pastoral do Menor de Vila do Conde, em Barcarena, que buscavam ajudar crianças e adolescentes de 7 a 18 anos. Apoiado pela Imerys, mineradora que atua com caulim, hoje já há uma extensão do projeto chamada “Tamborzinhos do Conde”, com crianças de 10 a 14 anos.

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Tradicionalmente, os jovens confeccionam seus próprios instrumentos a partir de materiais oferecidos pela natureza. São utilizados resíduos como sementes, cabaças, cuias, madeiras e cipós. Os próprios integrantes estudam os materiais, criam e experimentam novas sonoridades, trazendo uma rica experiência musical e aprendendo a preservação ambiental e o poder da transformação social. “Não queremos treinar músicos profissionais. A ideia do projeto é criar um espaço onde os jovens possam exercitar a criatividade, a confiança, a autoestima, sem ficar nas ruas”, explica Juliana Carvalho, coordenador de Comunicação & Relações com a Comunidade da Imerys.

O Tambores do Conde tem trajetória reconhecida e já participou de importantes eventos musicais e culturais do Pará, como o Festival Internacional da Música, a Feira Pan-amazônica do Livro, a XII Feira da Indústria do Pará (Fipa), no Hangar, onde o grupo se apresentou no estande da Imerys. Eles também já têm CD e DVD lançados, este último gravado no Theatro da Paz. Para a apresentação do próximo sábado, em Vila do Conde, será montada estrutura com venda de lanches e brinquedos para a criançada se divertir.

Serviço

Show “Brasilidade”, do grupo Tambores do Conde.

Data: 26/11/16 (Sábado)  

Local: Praça São João Batista, Vila do Conde, Barcarena. 

Horário: 16h30.

Entrada gratuita.

Por Iaci Gomes, da assessoria do evento.

 

Uma das iniciativas em prol da divulgação do centenário do Mestre Verequete foi o lançamento do documentário especial “Centenário Mestre Verequete”, da TV Cultura. O programa, gravado no Espaço Cultural Coisas de Negro, em Icoaraci, reúne vários artistas interpretando a obra desse grande mestre da cultura popular. Verequete faria 100 anos em 2016.

Grupo Quaderna, Nazaré Pereira, Olivar Barreto, Lúcio Mouzinho, Thaís Ribeiro, Pedrinho Callado e Grupo Uirapuru, que acompanhou o mestre, participam do projeto, pensado inicialmente para o formato de rádio, mas que acabou se expandido para a TV. “Bati um longo papo com a família de Verequete e fiquei sabendo da força do trabalho dele dentro de um período em que o carimbó foi oficialmente proibido em Belém, entre as décadas de 1930 e 1940. Soube da devoção por São Benedito, dentro do catolicismo fervoroso, que não o impedia de acreditar em lendas como Matinta Perera, Curupira e Sereia, esta presente em músicas dele, e também de adotar para si o nome de uma entidade de umbanda. Também soube do seu gosto por café e do interesse em incentivar manifestações populares”, explica o diretor do programa, Guaracy Britto Jr.

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Para dar ao programa o formato de “docsong”, ou documentário musical, o diretor escalou um personagem que revela ao público todas essas particularidades da vida e da obra de Verequete. O apresentador do programa é interpretado pelo ator Carlos Vera Cruz. As gravações em estúdio, com direção de fotografia de Aladim Jr., e do show, com direção de fotografia de André Mardock, foram trabalhosas e exigiram um roteiro cuidadoso, intercalando músicas e seis curtos depoimentos.

“É tudo muito enxuto, sintético, mas carregado de emoção. Abrimos mão de imagens de arquivo, pois acreditamos na força imagética das letras do Verequete, que fala de fazeres e personagens típicos da nossa região. Chamo de docsong este trabalho porque, através das músicas é que entramos em contato com o universo no qual Verequete se nutria para ser o mestre do carimbo que foi”, explica Guaracy.

O Grupo Quaderna, de Allan Carvalho e Cincinato Jr., interpreta as músicas “Verequete da Coluna” e “O Galo Cantou”. O cantor Olivar Barreto, “Menina do Canapijó” e “Pescador”. Pedrinho Callado, “O Carimbó Não Morreu” e “Morena”. A cantora Thaís Ribeiro empresta sua voz para “Limoeiro” e “Sereia”, enquanto Lúcio Mousinho relembra “Farinha de Tapioca” e “Passarinho do Mar”. Nazaré Pereira traz de volta “Xô, Peru e “Chama Verequete”.

Para Pedrinho Callado, o carimbó é a grande matriz da música paraense. As releituras, no entanto, não se restringem ao ritmo imortalizado por Verequete. “Temos cúmbia, lambada, carimbó elétrico, mas o carimbó de raiz está na base do projeto. É uma revitalização da obra, sem perder a essência”, diz ele, que assina a produção musical do projeto e toca vários instrumentos, ao lado do contrabaixista Príamo Brandão e dos percussionistas Rafael Barros, Franklin Furtado e JP Cavalcante.

Com informações de Márcia Carvalho, da TV Cultura.

Abaixo, ouça depoimentos sobre a importância do carimbó em reportagem de Nayara Santos para a Rádio Unama FM 105.5.

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Com roupas floridas de chita, babados de renda, em meio a um balanço incomum pra frente e pra trás, seguidos de giros. É dessa forma que muitas meninas nascem, crescem e se encantam com os movimentos e batuques do carimbó, ritmo oficializado como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, no final de 2014. Um desses exemplos é a dançarina Nannayra Montoril, que sempre acompanhou o pai, o cantor Márcio Montoril, por meio das apresentações de música regional paraense.

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Mas a moça só se viu realizada na profissão após pisar nos palcos do mundo por meio do grupo Ballet Folclórico Amazônia Brazil. O convite à bailarina para integrar a companhia partiu do coreógrafo e diretor artístico Valter Viégas. A partir de então, ela estava destinada a fazer parte de uma turnê na França, que durante 45 dias esteve em Paris e em cerca de 20 cidades francesas. Mesmo com a morte do diretor do Amazônia Brazil durante a viagem, o grupo continuou as apresentações sob comando da esposa de Valter, a bailarina e coreógrafa Cecília Rodrigues.

Por mais que o grupo dançasse outros ritmos presente do nosso Estado, como o lundu, a cumbia e a lambada, o carimbó era o carro-chefe das atrações. "O público realmente gostava. Não sei se era por causa das roupas que chamavam bastante atenção ou pela música. Só sei que no final da dança quando as cortinas se fechavam eram muitos aplausos e euforia por parte do público. Era muito legal ver isso", disse Nannayra Montoril, relembrando os momentos.

Como o grupo não tem patrocínio, o Ballet Folclórico Amazônia Brazil disputa alguns licenciamentos culturais para arcar com as viagens e o figurino. Mas com os cortes no orçamento e investimento de projetos culturais por parte do Governo Federal tem sido muito mais complicado divulgar a arte fora do Estado. Segundo a atual coordenadora da companhia Amazônia Brazil, Cecília Rodrigues, o grupo tem se mantido por convites e eventos privados. "Sempre quando nos convidam para fora do Brasil tem que ser com contrato fechado. Passagens de ida e volta com data marcada, hospedagens e alimentação por conta do contratante. Muitas vezes não tem cachê, mas tendo as outras coisas citadas, acima tudo dá certo", complementou.

Mesmo com as várias limitações financeiras e estruturais para ensaios, o sonho do casal Valter Viégas e Cecília Rodrigues concretiza-se pelo reconhecimento da identidade amazônica nacionalmente e internacionalmente. Cecília diz que a arte se faz necessária para estimular à sociedade a se redescobrir de forma criativa, mesmo que os impactos globalização possam enfraquecer a autoimagem, a autoestima e os valores identitários das populações. Por isso a criação de coreografias com personagens indígenas, danças latinas e de batucadas.

Além da Europa, eles já passaram por várias cidades do Chile e pelo Rio de Janeiro. Atualmente, o Ballet Folclórico Amazônia Brazil é composto por dez músicos profissionais, 12 dançarinos - com experiências Internacionais - três coordenadores, um diretor artístico e um coreógrafo com quase dois mil shows apresentados no exterior. Os ensaios acontecem em um centro de dança que fica localizado na avenida Nazaré entre Benjamim e Rui Barbosa.

É garantido por lei, desde o dia 22 de julho de 2014, dentro da Política Nacional de Cultura Viva, estimular a educação cultural - por meio do respeito e da valorização- visando promover o acesso aos meios de produção e difusão cultural. É necessário também dispondo de meios e insumos necessários para produzir, registrar, gerir e difundir iniciativas culturais.

Segundo a coordenadora Ballet Folclórico Amazônia Brazil, o grupo propõe exatamente isso, o valor de seguir com novas alegrias por meio da arte para divulgar mais ainda a nossa raiz fora do estado.  "O sonho de Valter nunca foi só dele. Foi de tantas outras pessoas, que com a benção de Deus, caminhamos de mãos dadas nas lutas e nas vitórias".  

Consulte na íntegra à Lei de Política Nacional de Cultura Viva. 

Abaixo, veja um vídeo com apresentação do Ballet Folclórico Amazônia Brazil.

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Por Rayanne Bulhões.

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