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Começa, na próxima quinta (25), a 18ª edição do Festival Estudantil de Teatro e Dança (Feted). No ano em que conquista a maioridade, o evento promove sete espetáculos, com exibição pelo Youtube; além de um webinar sobre a história do teatro e workshop de iluminação cênica. Toda a programação é gratuita.

Reconhecido como um dos mais importantes eventos das artes cênicas em Pernambuco, o Feted já ajudou a formar e descobrir diversos talentos do teatro local, como o Grupo Magiluth, Trupe Ensaia Aqui e Acolá, Grupo Teatral Ariano Suassuna e a Trupe Mulungu Teatro de Bonecos e Atores. Idealizado e produzido pelo produtor Pedro Portugal, o festival celebra seus 18 anos de história com uma programação totalmente online, viabilizada por meio da Lei Aldir Blanc e homenagens à bailarina e diretora do Balé Popular do Recife, Ângela Fischer, e à atriz, diretora e fundadora do grupo O Poste Soluções Luminosas, Naná Sodré. 

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Serão exibidos, no canal do YouTube do festival, sete espetáculos, em dois finais de semana (25 a 28 de março e 02 a 04 de abril). Sendo cinco peças de Pernambuco e duas participações especiais, uma de São Paulo e outra do Mato Grosso. Após todas as apresentações também haverá um bate-papo com os realizadores e atores de cada espetáculo no Instagram @feted.pe

Além disso, o jornalista, ator e teatrólogo Leidson Ferraz apresenta, nos dias 27 e 28 de março, das 14h30 às 17h30, o webinar Estudantes no Teatro: conexões históricas da cena nacional à pernambucana. No evento, o pesquisador fala sobre a formação dos primeiros grupos de teatro no país, com visibilidade nacional, compostos por estudantes, a exemplo do Teatro do Estudante do Brasil (TEB). Ao final do encontro os inscritos receberão um certificado de participação.

Em mais uma ação formativa, o diretor e iluminador Eron Villar, ministra o workshop Revelando a Luz Cênica no dia três de abril, das 14h às 17h. Serão abordados conceitos básicos da iluminação cênica teatral como luz, textura, movimento, expressão e cor, aplicados à prática teatral. Também serão apresentados os equipamentos mais usuais nos teatros e espaços cênicos. Os eventos serão transmitidos Ao Vivo, através do Google Meet. As inscrições podem ser feitas, de maneira gratuita, até a véspera do início da atividade pelos links https://www.even3.com.br/fetedpalestra/ e https://www.even3.com.br/fetedluzcenica/.

SERVIÇO

Feted “Live Retrospectiva”

25 de março a 04 de abril

Espetáculos serão exibidos em: https://bit.ly/3qXMu0e

Inscrição Webinar: https://www.even3.com.br/fetedpalestra/

Inscrição Workshop: https://www.even3.com.br/fetedluzcenica/

Programação

25 a 28 de março

Auto da Compadecida - Grupo Cênicas Cia. de Repertório

Quando: 25/03 (Quinta-feira)

Horário: 20h

Ubu, o Rei do Gado - Escola Municipal de Arte João Pernambuco

Quando: 26/03 (Sexta-Feira)

Horário: 20h

Webinar: “Estudantes no Teatro: conexões históricas da cena nacional à pernambucana”

Quando: 27 e 28/03 (Sábado e Domingo)

Horário: 14h30 às 17h30

Memórias de Emília (Infantil) -Grupo Ená Iomerê, do Colégio Diocesano de Caruaru

Quando: 27/03

Horário: 16h 

Vazio - Companhia Retalhos da Memória, de Sorocaba (SP)

Quando: 28/03 (Domingo)

Horário: 20h

02 a 04 de abril

Retrato de Família - Grupo Cênicas Cia. de Repertório

Quando: 02/04 (Sexta-Feira)

Horário: 20h

Oficina “Revelando a Luz Cênica”

Quando: 03/04 (Sábado)

Horário: 14h às 17h

Ganga Meu Ganga, O Rei

Quando: 03/04 (Sábado)

Horário: 20h

Migraaaantes ou Tem Gente Demais nessa merda de barco - Fulcro Abstração Grupo de Teatro (IFMT – Campus Alta Floresta)

Quando: 04/04 (Domingo)

Horário: 20h

 

Além de ser conhecido como uma das mais antigas expressões artísticas da humanidade - e, também, uma das mais diversas e universais - o teatro é ainda referenciado como “a arte da crise”. Sendo assim, as artes cênicas não poderiam passar batidas à uma pandemia que varreu o globo, ceifando vidas e colocando a existência humana em risco iminente. 

Embora acostumados a enfrentar desafios e peitar dificuldades, das mais diversas ordens, não foi com menor surpresa ou desconforto que os profissionais desse segmento cultural precisaram descobrir como sobreviver à maior crise sanitária de todos os tempos. Desde o início de 2020, o fechamento de espaços culturais, salas de teatros e cancelamento de eventos prejudicou a renda de milhares de trabalhadores. 

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Só no Rio de Janeiro e em São Paulo, cerca de 12 mil profissionais da área se viram sem trabalho em 2020. Segundo a  Associação dos Produtores de Teatro (APTR), nessas duas capitais foram canceladas cerca de 350 peças. Dessas, 70% não contava com qualquer tipo de patrocínio, dependendo exclusivamente da bilheteria.  

Assim como outras linguagens, para não ser engolido por mais uma crise, o teatro migrou para o meio digital. O desafio, no entanto, se mostrou imenso, uma vez que essa é a arte do ‘ao vivo’ e do contato presencial. Companhias de todo o país, e do mundo, levaram espetáculos já existentes para as redes sociais, em adaptações, e, até mesmo, criaram novos produtos que tomaram para palco os espaços mais inusitados, como aplicativos de vídeo chamada (Google Meet e Zoom)  e até o app de troca de mensagem WhatsApp, como é o caso da peça Se eu não vejo, que em 2021 estreou segunda temporada, em cartaz até o final do mês de março. 

Para o ex-ator, jornalista crítico e pesquisador da área de teatro, doutorando em artes cênicas na UNIRIO (RJ), Leidson Ferraz, essa não será a última crise que fazedores de teatro precisarão enfrentar, no entanto, os desafios apresentados levaram esses profissionais a movimentos antes inimagináveis. “Acho que a pandemia trouxe essa grande batalha que é abandonar esse contato direto com o espectador - tem espetáculos que tem a intenção fortíssima com a plateia -, e se transplantar para a tela. É muito difícil pra nós, até porque a gente não lida com essa parte tecnológica que é produzir um vídeo, produzir planos diferentes de captação de imagem, de som. Há um arsenal técnico que é muito difícil, não sabemos lidar com isso, a gente foi aprendendo, a gente teve que tatear para poder se reinventar”, disse em entrevista ao LeiaJá.

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A migração para outras plataformas, além de desafiadora, acabou fomentando o surgimento de novas expressões e linguagens. Na peça (In)Confessáveis, do Coletivo Impermanente, apresentada via Google Meet, por exemplo, o espectador é ‘recepcionado’ por um questionamento: “Isso é teatro?”. “Hoje a gente não sabe dizer se isso que tá sendo produzido é teatro, é um teatro vídeo, é um teatro digital, enfim … Hoje a gente não tem como classificar, mas é o que se pode fazer”, comenta Leidson. 

Para além do fazer criativo, também foi necessário lidar com as dificuldades financeiras. Além do já existente dificuldade em captar recursos e patrocínios, levar as montagens para as plataformas digitais impôs um novo custo às produções. “Os desafios são enormes, não só pelo tempo que se produz, mas (por) ter que ter contato com outros profissionais. Novos profissionais vieram fazer parte da equipe do teatro. Captadores de áudio e vídeo, editores que já trabalham com cinema, então eles tiveram que se agrupar aos grupos de teatro e isso custa caro”. 

Um dos auxílios para a classe veio do governo federal através da Lei Aldir Blanc, sancionada em caráter emergencial pelo presidente Jair Messias Bolsonaro em junho de 2020. Através dela,  será distribuído aos Estados, Municípios e ao Distrito Federal o valor total de R$ 3.600.000.000,00 (três bilhões e seiscentos milhões de reais) para que sejam aplicados em ações emergenciais em apoio aos trabalhadores da cultura. “A Lei Aldir Blanc é importantíssima, muitos produtos estão nascendo por causa dela. As pessoas estavam paradas”, observa o pesquisador. 

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O Coletivo Impermanente apresenta o espetáculo (in)confessáveis na plataforma Zoom. 

Resistir hoje para dar conta do amanhã

Ao longo do primeiro ano da pandemia do novo coronavírus, os fazedores das artes cênicas fizeram, com coragem, o que já estão habituados a fazer desde sempre: resistir. Os desafios acumulados e superados ao longo dos últimos meses serviram, não só como combustível para a continuidade do seu fazer artístico como, também, vislumbre de um futuro mais próximo do que distante.

“O teatro não vai morrer nunca porque nós passamos por inúmeras crises desde que o teatro existe. Inclusive, digo que teatro é a arte da crise porque a gente de fato tem que buscar alternativas para sobreviver em todos os sentidos, não só financeiros mas esteticamente também. Eu acredito que quando ela passar (a crise) - e ela vai passar, acredito que a gente vai voltar um pouco ao que era; nunca mais vai ser a mesma coisa, mas acho que o teatro vai resistir em várias plataformas agora. A gente vai ter o teatro presencial, mas também vai poder se aproveitar desse contato via tela, de computador, de televisão, do celular, e uma coisa muito positiva que eu acho que isso nos proporciona é o contato com plateias diferentes. Essa possibilidade de atingir milhares de pessoas pela internet não deve ser desperdiçada. Se há algo positivo nesse período, é essa nova possibilidade”, finaliza Leidson.  

Nas próximas matérias, você vai ver como a literatura e as artes plásticas se comportaram diante a pandemia do novo coronavírus. 

O ator, jornalista e pesquisador pernambucano Leidson Ferraz fez um mergulho na vida teatral do Recife da década de 1950. O resultado da pesquisa é o DVD O Teatro no Recife dos Anos 50: Tentativas de Reafirmação da Modernidade, que será lançado no dia 4 de julho, no palco do Teatro de Santa Isabel.

O DVD é, na verdade, uma espécie de e-book com mais de 600 páginas de textos, fotos raras e referências das fontes. O produto será distribuído gratuitamente a pesquisadores, professores de história do teatro, bibliotecas, universidades, centros de documentação e memória do teatro brasileiro, entidades de artes cênicas. Grupos de teatro de todo o Brasil podem solicitar o DVD pelo e-mail leidson.ferraz@gmail.com. Além disso, o material será disponibilizado para download no site do Teatro de Santa Isabel.

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No lançamento, Leidson Ferraz vai participar de um bate papo com a plateia sobre suas descobertas durante a pesquisa. O pesquisador vai contar algumas curiosidades a respeito do tema e também haverá projeção de imagens raras.

Serviço

Lançamento de O Teatro no Recife dos Anos 50: Tentativas de Reafirmação da Modernidade

4 de julho - 19h30

Teatro de Santa Isabel 

Gratuito

 

As múltiplas funções exercidas no teatro faziam do pernambucano José Pimentel, que faleceu na manhã desta terça-feira (14), no Recife, um artista completo. Responsável por ser um dos fundadores do espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, Pimentel deixou um legado de persistência e atitude nas artes cênicas.

Para Leidson Ferraz, autor da série de livros "Memórias da cena pernambucana", José Pimentel era uma das pessoas mais queridas da cena cultural do Estado. "Ele conseguiu reunir todas as estéticas artísticas. Pimentel vai fazer muita falta. Era um ser humano incrível. Eu posso dizer que ele era fiel às pessoas. Só quem conviveu com José Pimentel sabe que ele era um grande homem", disse o pesquisador, em entrevista ao LeiaJá.

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Amigos de longas datas, Leidson relembrou sua parceria de trabalho com Pimentel durante a peça religiosa, encenada na capital pernambucana. "Eu trabalhei com ele durante 11 anos. Eu era assessor de comunicação do espetáculo e também ator, em que eu fazia o demônio de Judas. Eu sempre tive admiração. Comecei a fazer teatro por conta dele, aos oito anos. É tanta dor nesse momento. Impossível esquecê-lo", contou.

Nascido em Garanhuns, José Pimentel comandou por mais de 20 anos, dirigindo e atuando, a Paixão de Cristo do Recife. Ele saiu da mira dos holofotes em 2018, deixando de interpretar pela primeira vez o papel de Jesus Cristo. A produtora cultural Misia Coutinho, que foi parceira do ator este ano, lamentou a morte.

"Um gênio. Nós perdemos um grande homem. Ele deixa um grande legado. Uma pessoa muito querida pelos artistas e pela população", comentou Misia. Em 2017, José Pimentel foi considerado um dos Patrímônios Vivos de Pernambuco, pela importância do talento explícito no papel de Jesus por mais de 40 anos.

O jornalista e pesquisador teatral Leidson Ferraz lança seu mais novo livro, dentro da programação do festival Teatro para a infância e Juventude do Sesc Santo Amaro, na próxima segunda (29). Desta vez, o pesquisador se debruçou na trajetória do teatro infantil em Pernambuco e a pesquisa resultou na obra Teatro para crianças - 60 anos de história no Século XX - Volume 01. 

O livro é fruto de pesquisa lançada originalmente em DVD, em 2013. Nele há um mapeamento histórico, com fotos raras de peças, programas de espetáculos, personalidades ligadas ao universo cênico e anúncios publicitários, além de trechos de críticas e matérias jornalísticas a respeito das produções teatrais para crianças no Recife desde 1939. A publicação é voltada para todos aqueles que se dedicam à linguagem do teatro infantojuvenil e interessados no tema. 

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Leidson Ferraz é um ávido pesquisador das artes cênicas em Pernambuco. São dele publicações como Panorama do teatro para crianças em Pernambuco (2000-2010), a pesquisa Um teatro quase esquecido - Painel das décadas de 1930 e 1940 no Recife, além da organização da coleção Memórias da Cena Pernambucana, em quatro volumes. 

Serviço

Lançamento do livro Teatro para crianças - 60 anos de história no Século XX

Segunda (29) | 19h30

Teatro Marco Camarotti (Rua Treze de Maio, 455 - Santo Amaro)

Gratuito

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Um grupo de artistas, produtores culturais e leitores está recolhendo assinaturas para demandar da Prefeitura do Recife a volta da impressão da Agenda Cultural do Recife, revista mensal com os eventos culturais da cidade que completa 22 anos de existência no próximo mês de agosto. Desde outubro de 2015, o conteúdo da Agenda só pode ser acessado pela internet. A publicação tem também um blog, no qual publica outros conteúdos.

A Agenda Cultural chegou a ter uma tiragem mensal de 30 mil exemplares, distribuídos gratuitamente. Desde 2014, vinha saindo com 10 mil exemplares mensais. Nos últimos oito meses, apenas a edição de Carnaval foi impressa. "Em 2 dias, as 10 mil voaram. A procura é muito grande, as pessoas já estão habituadas a buscar a Agenda", disse, ao Portal LeiaJá, o editor da revista, Manoel Constantino.

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O jornalista, que edita a Agenda Cultura desde a primeira edição, há mais de duas décadas, afirma que a prefeitura alega falta de recursos, e que a gestão teria prometido que a situação é temporária. Para ele, "O abaixo-assinado indica que as pessoas estão ligadas na Agenda". "Recebemos muitos telefonemas das pessoas perguntando se a agenda saiu", conta.

O jornalista, ator e pesquisador de teatro Leidson Ferraz se mostra indignado com a interrupção da impressão do periódico: "Eu não entendo como uma gestão consegue destruir o único veículo de fato que ela tem para se comunicar com o cidadão e o turista". O uso da Agenda pelas pessoas que visitam o Recife (cuja cultura é o principal atrativo turístico) é ressaltado por Leidson. "Quem vem de fora a usa para se programar culturalmente", resume.

O abaixo-assinado usa como principal argumento o cumprimento do Plano Municipal de Cultura, instituído pela Lei nº 17.576 de 2009, que determina a disponibilização do informativo tanto em versão digital quanto impressa. Confira o documento que está recolhendo assinaturas.

Dentre os que já assinaram o documento, alguns deixaram comentários e justificativas. "É de grande importância para a cultura do Recife o retorno imediato da Agenda Cultural do Recife impressa", escreveu Oséas Borba Neto, autor de teatro. A fotógrafa Gláucia Bruce afirma que a publicação dá "visibilidade a artistas locais de forma gratuita e democrática". "É de grande importância a Agenda Cultural para divulgação da programação cultural do Recife", resumiu a produtora Karina Hoover.

Procurados por meio da assessoria, os representantes da Fundação de Cultura Cidade do Recife, órgão responsável pela publicação da Agenda Cultural do Recife, não se posicionaram sobre a interrupção e uma possível volta da impressão da revista.

O Teatro de Santa Isabel vai reviver, na noite desta terça (29), histórias e lembranças de épocas distantes com o lançamento da pesquisa Um Teatro Quase Esquecido - Painel das Décadas de 1930 e 1940 no Recife, do jornalista e pesquisador Leidson Ferraz. A entrada é gratuita mas os ingressos devem ser retirados na bilheteria uma hora antes do evento. 

A pesquisa ilustra dois períodos bastante importantes das artes cênicas no Estado revelando grupos e artistas que atuavam na capital pernambucana naquele momento, inclusive os grupos de subúrbio e cine-teatros que já não existem mais. "Esta pesquisa surgiu porque 1930 é uma década muito marcante, na qual houve uma reviravolta com o que existia antes na produção pernambucana que era muito pontual e a partir daí passou a ser de terça a domingo, com o grupo Gente Nossa", explica Leidson. Já a década de 1940 foi marcada pela criação do Teatro de Amadores, sob a liderança de Valdemar de Oliveira. 

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Durante cerca de dois anos, o pesquisador percorreu arquivos públicos e acervos particulares num trabalho de compilação de informações. O resultado foi um livro digital, no formato de DVD, com mais de 500 páginas e 800 imagens raras que está sendo doado a bibliotecas e instituições de pesquisa e memória das artes cênicas não só em Pernambuco mas também no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Segundo Leidson: "O objetivo é compartilhar esta história para que possa chegar a vários lugares".  

Durante o lançamento, nesta terça, Leidson exibirá todo o material compilado, fotografias raras e também vai contar as histórias, polêmicas e peculiaridades que descobriu sobre aqueles períodos. O palco onde será lançado o DVD não foi escolhido à toa. "O Santa Isabel foi o centro irradiador de toda essa história, muitos daqueles que estão na pesquisa passaram por aquele palco. Acho que todos eles estarão comigo na hora", brincou o jornalista. 

Dias atuais

Apesar de pesquisar fatos passados, Leidson Ferraz comenta que seu trabalho anda sempre em paralelo com a atualidade. "As pessoas vão ler sobre essas décadas, mas vão ver coisas parecidas com o presente". Ele aponta similaridades entre os produtores de teatro de antes e os de hoje, sobretudo em relação aos problemas no fazer a arte: "Dizem que quem faz teatro é guerreiro. Ainda hoje é preciso enfrentar dificuldades como conseguir pautas nos teatros e financiamentos, por exemplo. Como diz a Cláudia Raia, 'fazer teatro é um ato heróico'. Isso não significa que você deve desistir, a prova é a existência destes grupos".

 

Serviço

Lançamento da pesquisa Um Teatro Quase Esqueciedo - Painel das Décadas de 1930 e 1940 no Recife

Terça (29) | 19h30

Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n - Santo Antônio)

Gratuito

 

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O jornalista e pesquisador teatral Leidson Ferraz lança, no próximo sábado (7), no salão de festas do Sesc Santo Amaro, o livro Panorama do Teatro para Crianças em Pernambuco (2000-2010). A festa, intitulada Para Crianças Grandes contará com apresentações da Banda Mini Rock, DJ Thikos e participação especial do Palhaço Chocolate.

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O livro, voltado aos que se dedicam à linguagem do teatro infanto juvenil, é um misto de gibi e álbum de figurinhas bastante colorido. Leidson fez um registro da produção de espetáculos para crianças entre os anos de 2000 e 2010 em todo o Estado de Pernambuco, catalogando mais de 600 produções profissionais, amadoras ou estudantis. Os textos contam vários acontecimentos ligados ao teatro e os espaços por ele utilizados, citando estreias e temporadas das montagens.

Segundo o autor, o objetivo é propor uma retrospectiva sobre o que aconteceu a cada ano nas artes cênicas deste segmento. Cada um dos onze capítulos encerra com a lista de montagens apresentadas naquele detrminado período. A publicação conta com o incentivo do Funcultura e parceia cultural do SESC Pernambuco.

Serviço

Para Crianças Grandes - Lançamento do livro Panorama do Teatro para Crianças em Pernambuco (2000-2010)

Sábado (7) | 17h

SESC Santo Amaro (Rua 13 de Maio, 455 - Santo Amaro)

Gratuito

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No próximo domingo (24) o Teatro do Parque, localizado na área central do Recife e um dos principais equipamentos culturais das artes cênicas de Pernambuco, completará 99 anos de história. Mas assim como nos últimos quatro anos, o teatro não vai assoprar as velinhas porque continua fechado por conta de problemas na estrutura física. Apesar de uma licitação bancada pela Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR) ter escolhido o projeto que reformará o espaço, já é certo que o Teatro do Parque também não estará funcionando durante o seu centenário, marcado para o ano que vem. 

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No último mês de abril, o LeiaJá visitou o equipamento inaugurado em 1915 para verificar as atuais condições do local. Na ocasião, Carmen Piquet, gestora de teatros e museus da Prefeitura do Recife (PCR), confirmou que no ano em que completa 100 anos, o teatro permanecerá fechado. "Não posso dizer uma data para a entrega, mas sabemos que uma obra deste porte demora pra ser realizada. Nenhuma empresa entregaria a tempo para comemorar o centenário do teatro", justificou na época.

Desde 2010 sem funcionar, o teatro vem sofrendo com a ação do tempo. Cadeiras mofadas, paredes infiltradas, cupins e até animais foram encontrados pelo LeiaJá no local. Um funcionário, que não quis se identificar, falou sobre a falta que faz o Teatro do Parque para o cenário cultural recifense. "Antigamente existiam espetáculos de terça à domingo. Em 2000 foi feita uma pequena reforma para a instalação de ar-condicionado, porém, o teatro continuou a se deteriorar. É uma pena ver essa situação", desabafou.  

Parabéns ao Teatro do Parque

O LeiaJá entrou em contato com algumas personalidades que atuam nas artes cênicas de Pernambuco para saber o que elas desejam ao equipamento cultural no dia do seu aniversário. Para Paulo de Castro, produtor de diversos festivais, a exemplo do Janeiro de Grandes Espetáculos, o Teatro do Parque não terá, pelo quarto ano, como comemorar mais um ano de vida. “Na realidade, ele é um aniversariante que há quatro anos está em coma, na UTI, e não vai poder assoprar as velinhas ou comer o bolo”, ironiza o produtor.

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Já Paula de Renor, também produtora do Janeiro de Grandes Espetáculos, deseja vida longa ao Teatro do Parque. “Eu quero é que ele ressuscite. É isso que a gente deseja a um ente querido quando ele está quase morto”, disse aos risos. Em paralelo, o pesquisador das artes cênicas Leidson Ferraz, cobra das autoridades públicas uma resposta mais incisiva sobre o estado do equipamento. “Meu desejo é que o prefeito Geraldo Julio assuma a situação e deixe de colocar assessores e o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife para falar do caso. E que o teatro volte logo a funcionar”, declara ele. 

De acordo com Gigi Albuquerque, representante do Movimento Teatro do Parque (Re)Existe e participante de grupos como o Bacnaré (Balé de Cultura Negra do Recife) e o Híbridos, haverá em breve uma nova ação para cobrar da Prefeitura do Recife uma resposta sobre o espaço. “Inclusive nesta sexta (22) teremos uma reunião para definir quais serão as ações do próximo encontro. Ainda não há nada definido e provavelmente não vai ser neste domingo (24), e sim no início de setembro, quando tivermos algo mais concreto”, explica ela, que também deixou seu desejo de ‘parabéns’ ao Teatro do Parque. “Desejo que ele seja reativado com arte, sem que coloquem uma placa de ‘em obras’ sem que ele esteja de fato”, provocou. 

Reforma à vista

Há dois meses, no dia 28 de junho, foi publicado no Diário Oficial do Recife o aviso de licitação para execução das obras de serviço, restauro e ampliação do Teatro do Parque. O resultado saiu no último sábado (16), decretando a Concrepoxi Engenharia Ltda a vencedora da proposta, numa reforma que custará aos cofres públicos cerca de R$ 8,2 milhões, gastos com a realização de obras e a aquisição de novos equipamentos. 

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura da PCR e FCCR, o projeto aguarda a liberação do contrato e da ordem de serviço para começar a ser executado. A previsão é de que a ordem de serviço da reforma seja assinada em novembro de 2014 e que a obra tenha duração de 24 meses. Entre os itens relacionados na licitação, estão a recuperação e restauro do edifício, a implantação de novo projeto paisagístico, a substituição de coberta e o redimensionamento e a substituição das calhas. 

A reforma do Teatro do Parque também prevê a restauração de adornos, bens móveis e pinturas decorativas, novo tratamento acústico, novo sistema de áudio e vídeo para o cinema, aquisição de vestimenta cênica e recuperação do sistema de climatização. A licitação inclui ainda instalação de rede de telefonia e internet, sistema de segurança e combate a incêndio e acessibilidade. Ainda de acordo com a assessoria, outros dois processos de contratação serão encaminhados ainda neste segundo semestre para complementar a recuperação do espaço. Um voltado para aquisição dos equipamentos de iluminação ambiente e cênica, e outro para a instalação de um circuito interno de TV, para reforçar a segurança do equipamento.

Ator, jornalista e pesquisador. As várias faces de Leidson Ferraz têm em comum o amor pelo teatro, manifestado desde a infância, em Petrolina, sertão de Pernambuco. Se nos palcos interpretou personagens diversos, fora deles também atuou e atua para fortalecer a produção teatral pernambucana; primeiro como assessor de imprensa de diversos festivais, peças e iniciativas voltadas às artes cênicas; e mais tarde como um explorador da história do teatro feito em Pernambuco, publicando pesquisas que têm trazido à luz um passado esquecido por muitos. O início da jornada - e da paixão - Leidson como pesquisador se deu com a série de livros Memórias da cena pernambucana, que em quatro volumes resgatou a trajetória de quase 40 grupos de teatro de Pernambuco, desde a década de 1940.

Em conversa com o LeiaJá, Leidson Ferraz conta um pouco de como se apaixonou pelo teatro e pela pesquisa da sua história, fala do surgimento do teatro moderno de Pernambuco no século 20, resgata histórias dos grupos dedicados às artes cênicas e adianta os próximos projetos de pesquisa em que está envolvido.

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Com o que você se envolveu primeiro, o teatro, o jornalismo ou a pesquisa?

Eu sou de Petrolina e não via teatro, mas já fazia teatro porque na escola tinha uma feira de ciências anual e eu sempre era chamado pra fazer as coisas do teatro. Com oito anos de idade meus pais me levaram para ver a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Foi o primeiro espetáculo teatral que eu vi de fato. Quando vi aquilo - na época o grande José Pimentel - fiquei encantado e disse: ‘eu quero fazer isso’. Com 9 anos de idade - eu sempre fui muito ousado né - eu fiz uma adaptação da Bíblia e montei uma Paixão de Cristo com 50 meninos da minha rua. Eu dirigia com um megafone, roubei todos os lençóis da minha casa, não sei como fazia aquilo. Eu fiz o papel do Satanás, sempre gostei de fazer o papel do mal, o Judas, que pra mim é o melhor personagem da Paixão de Cristo, e fiz o Pilates. Aí comecei a fazer teatro dentro de casa, a cobrar ingresso. Aos 13 anos, vim morar no Recife. Só aí eu vi espetáculos profissionais e já tinha certeza que queria fazer teatro. Como sempre fui muito comunicativo, em determinada fase da minha vida decidi fazer comunicação. O teatro veio antes da comunicação. Não tenho curso de artes cênicas, mas vi muito espetáculos. Em 1993 eu me profissionalizei como ator, já tive experiência como diretor também, mas não quero uma coisa nem outra. Muito tempo depois de fazer teatro é que eu descobri esse lance da história do teatro.

E quando você descobriu o lado de pesquisador?

Eu passo o dia inteiro lendo, anoto, descubro coisas. E o Sesc me deu a grande oportunidade de ser professor de história do teatro. Não existia essa cadeira, e no semestre passado eu assumi - morrendo de medo - a cadeira de História do Teatro Pernambucano no curso regular de teatro do Sesc Piedade. Foi uma experiência maravilhosa, porque não adianta pesquisar tanto, estudar, ler tanto e não compartilhar. Ali eu tive seis meses com aulas toda semana. Não sou um acadêmico, mas eu vivo para isso hoje em dia. Minha casa é uma loucura de material que as pessoas me doam e eu vou guardando. Passo o tempo lendo e escrevendo.

Quando você fez sua primeira pesquisa sobre o teatro de Pernambuco?

José Manoel (Sobrinho, gerente de cultura do Sesc Pernambuco) propôs um resgate da história dos grandes grupos do teatro pernambucano, e assim surgiu o projeto Memórias da Cena Pernambucana. Era um debate que acontecia toda terça-feira no Teatro Arraial com integrantes de grupos - inicialmente que tinham já acabado, mas depois abrimos para grupos que ainda estavam em atividade e em seguida para companhias, produtoras, cooperativas. E eu, que já divulgava muito o teatro pernambucano - fazia assessoria de imprensa para várias peças e festivais - fui convidado para trabalhar - de graça - para divulgar este projeto. E eu me apaixonei por aquilo. Eu fazia teatro há um bom tempo, mas até então não tinha noção de quem era Carlos Reis, José Pimentel, Lúcio Lombardi, Maria Jesus Bacarelli, Hermilo Borba Filho, Clenio Vanderlei, pessoas que são fundamentais para a história do nosso teatro. Com muitas delas eu pude ter contato direto fazendo entrevistas, outras eu fui descobrindo pelos poucos livros que existiam. Desde então eu não parei mais. Então o Memórias da Cena Pernambucana não nasce como série de livros, mas como uma série de debates, que foram todos gravados. Nós reunimos 40 grupos de cidades diferentes como Recife, Olinda, limoeiro, Arcoverde… E foi muita luta para conseguir publicar aquele material, demorou muito tempo. A partir daí, eu - que já era conhecido como jornalista e ator - passei a ser muito conhecido como o pesquisador da história do nosso teatro, alguém que estava trazendo para livros histórias que estavam completamente esquecidas. O projeto não focou apenas nos medalhões, demos também atenção a grupos de visibilidade mínima. Hoje posso dizer com orgulho que graças ao preço do livro e às parcerias que consegui - principalmente com o Sesc - esses livros estão espalhados por todas as faculdades de artes cênicas que você puder imaginar. Dei muita palestra, fiz exposições, e como estava em contato direto com esses artistas, muita gente me deu material. Hoje tenho certeza que eu - modéstia à parte - sou a pessoa que mais tem coisas sobre o teatro pernambucano.

Como pesquisador, quando você identifica o nascimento do teatro em Pernambuco?

O teatro pernambucano começa quando os padres jesuítas aqui chegaram. Os séculos foram acontecendo e há registros na história de muitos espetáculos que já aconteceram. A trajetória normal do teatro: ele começa na rua - os primeiros autos dos jesuítas eram feitos na rua -, depois a igreja abraça o teatro; em seguida o expulsa. Os ‘bonecos’ começaram a dizer coisas que não podiam, isso aconteceu o mundo inteiro. O teatro ganha a rua e os palácios; Maurício de Nassau por exemplo sempre incentivou apresentações teatrais dentro do palácios, é uma trajetória muito longa. Mas Joel Pontes, quando escreveu o livro O moderno teatro em Pernambuco, institui um marco que eu respeito: a fundação do grupo Gente Nossa. Em 1931, quando Samuel Campelo funda o Gente Nossa, pra mim, começa a modernidade do teatro de Pernambuco. Muito pela valorização do artista local, na época o que vinha de fora era o que interessava - não muito distante de hoje, né? - e a valorização da dramaturgia nordestina. É engraçado que o grupo Gente Nossa foi muito criticado na época pelo repertório, porque abria concessões ao público, era um repertório que tinha como foco muito o riso.

Historicamente, qual foi o próximo passo?

O TAP (Teatro de Amadores de Pernambuco), que é muito importante porque trouxe para cá encenadores de fora. Europeus como Ziembinski, Bollini, que trouxeram a modernidade teatral mundial. Esses europeus trouxeram para cá espetáculos que em parte não foram entendidos pela crítica da época. Em 1948, o espetáculo Nossa Cidade não tinha cenário, nem as tapadeiras, deixou a nu o Teatro de Santa Isabel, os refletores à mostra. Isso foi um choque, a ponto de ter críticas perguntando se o Teatro de Amadores estava pobre, estava sem dinheiro para os espetáculos (risos). Mas era uma questão estética, de revelar os meandros da atividade teatral, uma coisa que em Nova York estava sendo feita há muito tempo. Então estes encenadores trouxeram uma ruptura. O TAP foi muito importante por conta disso. Mas tem a presença de Hermilo Borba Filho desde 1946, com o Teatro do Estudante de Pernambuco, depois o Teatro Popular do Nordeste, que é uma outra vertente, de valorização da pesquisa sobre manifestações populares que estavam completamente esquecidas. Ninguém até então reconhecia o bumba-meu-boi com características teatrais, cênicas. Hermilo estuda isso e traz para o palco, é um choque estético também. Já na década de 1970 a gente tem uma revolução, o desbunde do Vivencial, do Teatro Experimental de Olinda, das encenações de Carlos Bartolomeu e de Guilherme Coelho. No final desta década você já tem uma profissionalização de fato, com a Práxis Dramática, com a Aquário Produções, elencos enormes, resgatando um pouco a revista, com dramaturgos que muita gente desconhecia. São momentos. Hoje a gente tem um grupo como o coletivo Angu que pega a escrita de Marcelino Freire e transpõe para a cena na íntegra. É uma outra forma de fazer teatro, valorizando uma outra escrita. Você tem o Magiluth, que faz uma mistura, tem uma certa ironia e a presença do ator sem uma ideia de personagem muito definida, é um rascunho de personagem em que o ator também é importante, o que é uma ousadia. Por outro lado você encenações de Antonio Cadengue, que é mais plástico, mais bem cuidado em termos de cenografia e figurino. Temos vertentes diferentes.

Tendo como panorama estas décadas e mais décadas que você tem estudado sobre o teatro de Pernambuco, como estamos agora? Como você vê o atual momento da produção cênica do Estado?

Eu costumo dizer que teatro é a arte da crise. A gente sempre está em crise. Por não ter dinheiro, porque não consegue financiamento, porque os teatros sempre estão caindo aos pedaços, porque a gente monta espetáculos lindos e ninguém vai ver porque não tem divulgação na grande mídia… É uma crise eterna (risos). Hoje, acho que estamos em uma encruzilhada, porque depende muito da verba do Funcultura. Se você observar, a produção - não só teatral - fica estacionada, todo mundo esperando a verba do Funcultura. Aí quando sai, todo mundo começa a ensaiar e vem um monte de montagens. É assim que a gente está vivendo e isso é um horror, pouca gente se aventura a produzir. Hoje, 90% da produção tem financiamento do Funcultura, então estamos à mercê dos prazos que o governo dá e da comissão deliberativa que aprova ou não os projetos. É cruel, mas é um reflexo do mundo de hoje, em que o estado tomou para si e a iniciativa privada fugiu. Ou será que não procuramos? Antigamente, nos programas das peças tinha patrocínio de motel, livraria, loja de tecidos, hoje a gente não tem mais isso, ninguém mais procura, posso contar nos dedos os espetáculos que trazem hoje algum tipo de apoio ou patrocínio que não seja o Funcultura. Mais crise… (risos)

Você acabou de publicar o resultado de uma pesquisa focando em seis décadas de teatro para criança em Pernambuco. Existe uma produção consistente deste teatro no Estado, historicamente e hoje em dia?

Eu estreei profissionalmente no teatro para crianças, então tenho uma paixão enorme, e digo abertamente que prefiro ver um espetáculo para a infância do que um adulto. Eu fui convidado para fazer um mapeamento da produção do teatro para crianças, já que sai tão pouco nos jornais. Essa pesquisa surgiu de um convite do Sesc - mais uma vez José Manoel na minha vida, meu anjo da guarda. Comecei a fazer esse levantamento da produção de 2000 a 2010, que vou publicar em outubro deste ano e se chama Panorama do teatro para crianças em Pernambuco 2000-2010, com incentivo do funcultura e apoio do Sesc Pernambuco. Um livro lindo, com fotos, com o Estado inteiro. Um trabalho do cão (risos). E eu comecei a me surpreender com a quantidade de gente que faz teatro para crianças em Pernambuco inteiro e quis saber como essa história começou. Aí descobri que em 1939, Valdemar de Oliveira, chamado para assumir o Teatro de Santa Isabel, lança um projeto de todo domingo de manhã ter teatro para crianças, numa época em que a criança não ia ao teatro, ninguém fazia teatro para as crianças, apenas nas escolas, nas casas. Aquilo deu muito certo. Não quero dizer que Valdemar é o pioneiro do teatro para crianças no Brasil, tanto que agora pesquisando o grupo Gente nossa achei em 1931 um matinal para crianças. Mas eram espetáculos variados, com canto, dança, recitações, era uma miscelânea de apresentações curtas, não havia uma dramaturgia específica para crianças. Quando Valdemar de Oliveira abre esse projeto, convida um grupo que monta Branca de neve e os sete anões. Depois ele monta três grandes operetas - entre elas A princesa Rosalinda - e a partir daí vários grupos surgem. Descobriram que criança podia ter teatro para ela. Então eu fui vasculhar essa história e descobri o período de 1939 a 1999 - que é o século 20. Achei que era fácil fazer (risos), e passei 2 anos. Mas ficou muito legal o trabalho, tive muito orgulho no lançamento porque consegui reunir muita gente que fez e ainda continua fazendo teatro para crianças. Quero publicar em livro, estou tentando, porque publiquei em DVD. Esse material vai entrar no site do CBTIJ - Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e Juventude. É uma história que estava morta, apagada, eu fiquei surpreso. O ‘bum’ do teatro para a infância aqui foi nos anos 1980, com pessoas como Manoel Constantino, Dida Pereira, José Manoel Sobrinho, João Falcão, José Francisco Filho, a gente tem muitos nomes importantes, de pessoas que ganharam prêmios, que circularam pelo Brasil graças a entidades como a Feteape, a Confederação Nacional do Teatro Amador.

Qual a próxima pesquisa em que você pretende mergulhar?

Estou finalizando este panorama do teatro pra crianças, contando com a ajuda das pessoas para as informações, e acho que vai ficar muito lindo. Em outubro teremos uma mega festa, para ‘crianças grandes’ (risos). Estou agora com dois outros projetos: um é uma pesquisa sobre os anos 1930 e 1940, eu estou fazendo um panorama da cena como um todo no Recife nestas décadas, que marcam o início desta modernidade, tentando dialogar com o que estava sendo feito no restante do país. Eu estou adorando, mas é um trabalho enorme. Vou concluir esta pesquisa no próximo ano, ela se chama Um teatro quase esquecido - painel das décadas de 1940 e 1930 no Recife. O outro projeto que eu estou amando fazer é que, como eu disse no começo da conversa, quando fui fazer essas pesquisas e ia entrevistas as pessoas, elas me davam muitas coisas. Eu ganhei muita foto, muito programa, e um dia me deu um estalo e eu pensei que não podia mais guardar essas coisas. Eu vi a enorme quantidade de programas que eu tenho, que você não encontra mais em lugar nenhum. As pessoas foram me dando esse material. Então eu propuz à Fundaj (Fundação Joaquim Nabuco), porque foi a instituição que encontrei que tem mais cuidado com o acervo - e foi uma luta porque a Fundação não aceita hoje qualquer acervo - e eles entenderam que esse material é significativo, não só para o teatro pernambucano, mas brasileiro, e esse projeto se chama Teatro tem programa. Ele abrange o século 20, tenho programas desde 1926, de grupos os mais variados. A proposta é digitalizar todo o arquivo - tenho inclusive coisas do Teatro de Cultura Popular - TCP, cujo acervo foi queimado pela ditadura militar - isso é super importante. A ideia é digitalizar tudo e isso vai ser complementado com informações, até porque a maioria dos programas não traz o ano do espetáculo. Vou doar para a Fundaj e tudo isso vai parar na internet gratuitamente e qualquer pesquisador vai ter acesso aos programas dos espétáculos. Coisas das mais incríveis estão aqui. Contei com a ajuda de muita gente, que me deu essa sina de cuidar um pouco dessa história. Me sinto hoje um pouco neste papel, de cuidar disso. Nada é meu, quero que as pessoa tenham acesso a tudo que eu vou descobrindo, registrando, para que daqui a 60 anos, depois que eu for embora, alguém possa lembrar de um cara que guardou tudo isso e outros projetos nascerão.

No campo artístico há um debate antigo que divide a funcionalidade da arte na sociedade em basicamente dois eixos: a arte engajada e a dita 'arte pela arte'. No Recife, celeiro cultural do Brasil e uma cidade historicamente envolvida em revoluções sociais, o assunto voltou à tona no meio artístico por conta de recentes movimentos, a exemplo do Ocupe Estelita, que fazem uso das intervenções artísticas de forma mais politizada.

Mas o que os artistas da cena pensam a respeito? Se de um lado há quem defenda o uso da arte engajada, do outro existem os que não necessariamente buscam um aspecto politizado para levar seu trabalho adiante.

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Antes de entrar nesta discussão, vale a pena relembrar fatos históricos que contextualizam o assunto. Tatiana Ferraz, professora de História da Arte da Faculdade ASCES, comenta sobre quando se começou a separar a arte através destes eixos. “A divisão de pensamento entre arte engajada e arte pela arte surgiu com força no período das revoluções industriais (XVIII) e das vanguardas modernistas. Uma época na qual os movimentos artísticos buscavam a originalidade e a questão do consumo começou a interferir na própria arte. Neste sentido, pensadores como Ferreira Gullar, Walter Zanini, Adorno e Canclini deram grandes contribuições para este tema”, comenta a professora.

Ocupe Estelita: público vibra com show de Otto

A dualidade nas artes cênicas

De acordo com o pesquisador Leidson Ferraz, autor de várias obras sobre o teatro pernambucano, essa é uma discussão mais complexa do que parece. “É muito dito que a arte pela arte é algo que não tem engajamento. Eu não entendo dessa forma. Para mim, qualquer arte é uma atitude política, pensada”, opina Leidson Ferraz.

“Por outro lado, no sentido de se ter uma arte mais engajada, na Região Metropolitana do Recife quem começou com essa proposta foi o grupo Ponta de Rua (1978), de Olinda, que tinha uma linguagem atrelada ao teatro de rua. Em 1979, o grupo Teimosinho (1976), de Brasília Teimosa, também passou a atuar no teatro de rua e levava ao público assuntos como habitação e segurança. No ano seguinte, em 1980, surgiu o grupo Vem Cá Vem Ver, de Casa Amarela, com a mesma pegada. Para mim os grupos de teatro de rua é que são dotados dessa linguagem politizadora, pois tratam de assuntos como homoafetividade, igualdade de gênero e trabalho infantil, entre outros”, explica o pesquisador.

Grupo de teatro de rua do Recife, o Boi D’Loucos tem acompanhado os recentes protestos na capital pernambucana, como o Ocupe Estelita e o realizado em prol do Teatro do Parque, mas prefere se manter no silêncio diante do cenário. “Acho que são muito importantes as manifestações culturais nos protestos, mas a gente percebe que tem muitos partidos e políticos que estão se aproveitando dessas histórias. Acho que temos que ter cuidado e é por isso que o Boi D’Loucos está à margem disso. Não queremos servir de trampolim para esse pessoal”, explica Carlos Amorim, ator e representante do grupo teatral.

“Nossa proposta é a arte pela arte, e nossa missão é levar entretenimento para as pessoas. Mas o Boi D’Loucos é engajado politicamente. Participamos de uma associação de bois daqui do Estado, somos ligados às artes cênicas e, no meu caso, sou diretor do conselho fiscal do Sindicato dos Artistas de Pernambuco. Estamos bem antenados”, comenta o ator.

E quanto à música?

O cantor e compositor Cannibal, das bandas Devotos e Café Preto, tem uma opinião que flerta com os dois caminhos da arte. “A parada do Devotos sempre foi fazer música com cunho social. A banda surgiu pra falar da falta de saneamento, segurança e outros descasos no Alto Zé do Pinho por parte do poder público. Já o lance da Café Preto, que é um projeto meu e tem muito do meu sangue, segue um pouco essa linha. A música Oferenda trata disso, quando eu canto ‘Lixo na favela/ Cada esquina uma pedra/ mas tem uma flor”, comenta Cannibal.

No entanto, o músico diz não ter preferência por arte engajada ou aquela preocupada apenas com questões estéticas. “Ninguém é obrigado a misturar cultura com temas sociais, ou ser totalmente engajado. Cada pessoa faz o que quer. Quando eu posso ajudar, eu ajudo. Mas também só faço o que eu estou afim de fazer. O movimento no Ocupe Estelita é parecido com o Alto Zé do Pinho. A gente não tem área de lazer, a segurança é precária, e socialmente falando são duas regiões bem parecidas. Acho que por isso que eu sou envolvido com essa história.”, explica o cantor.

Vocalista do Mundo Livre S/A, banda marcada pelas letras politizadas, Fred 04 acredita que quem faz arte ativista tem que ter mais coragem e talvez mais talento. “É difícil fazer uma canção como Mulheres de Atenas ou Cálice, que atravessaram as gerações sem perder o significado. São músicas feitas num ambiente altamente repressivo. Falo que é preciso coragem porque queira ou não existe um falso consenso de que vivemos uma liberdade, e isso é uma ilusão”, opina o cantor pernambucano.

No entanto, 04 também defende os que fazem a arte puramente estética. “Eu tenho uma formação que vem de um ativismo da época da universidade, e lógico que isso naturalmente estaria presente na minha música. Mas cada um tem a sua verdade. Acho que existem compositores e artistas que tem personalidades mais ativistas e tem outros com tendência natural ao entretenimento. E faz muito bem aquilo, até porque cumpre uma função na sociedade”, comenta o cantor do Mundo Livre S/A.

Nome de destaque da Cena Beto, novo movimento musical do Recife, Juvenil Silva tem uma opinião mais individual sobre o debate acerca do valor artístico. “Acho que a arte não tem que se prender a qualquer coisa. O artista tem que ser um espelho e mostrar a sua vivência, e meu jeito de fazer é assim. Não me prendo a nenhum movimento. Eu simplesmente falo o que vem na minha cabeça. Mas é muito difícil viver de arte aqui no Recife. Não sigo isso de arte pela arte porque tenho que pagar minhas contas e encaro isso como um modo de viver”, declara o músico. 

Arte visual engajada ou estética?

O artista plástico recifense Paulo Bruscky trata das fronteiras entre as linguagens artísticas desde o fim da década de 1960. E aparentemente o assunto sobre a funcionalidade de arte na sociedade chama a sua atenção. Na foto de perfil da fanpage de Bruscky no Facebook, ele aparece segurando um papel com os dizeres ‘o que é a arte? Para que serve?’.

“Acho que o artista expressa o que sente. Você primeiro tem que conhecer sua aldeia para depois conhecer o mundo. Acho que arte é transformação, é expor a fratura exposta da sociedade. A arte é a última esperança. É a denúncia, embora ela seja uma utopia. Não existe arte pela arte apenas. O artista é um ser social e só o fato de o ser é por si só um ato político”, declama Paulo Bruscky.

Também artista plástico do Recife, Raul Córdula, por sua vez, é mais ligado ao diálogo com a arte pop e ao abstracionismo geométrico, mas como crítico de arte ele acredita que o limite entre arte pela arte versus arte engajada não pode ser definido. “Hoje eu tenho a tendência de pensar que 'arte pela arte' é a arte comercial, feita para enfeitar os ambientes. Esta é uma colocação simplista porque a construção artística é não ficar imóvel diante da emoção, e isso não se classifica. O que voga é o que você está fazendo. Não ‘como’, mas ‘o quê’. O artista e seu produto é algo original. Ele cria um pensamento novo. Eu mesmo faço arte engajada. A obra País da Saudade (1981), por exemplo, foi feito em plena ditadura militar e contava a saudade que amigos exilados tinham do Brasil”, diz Córdula.

Raul Córdula recebe prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte

Um dos representantes do grafitti pernambucano mundo afora, Derlon Almeida acredita ser difícil julgar uma intervenção artística simplesmente como ‘arte pela arte’. “Eu não venho nenhum trabalho sem engajamento, pois todo o processo criativo passa por uma busca, uma informação a ser passada. Meu trabalho, por exemplo, tem uma referência social indireta, não tão agressiva como uma arte engajada, mas ela surgiu a partir de uma pesquisa que fiz, com referências no grafitti, uma linguagem nascida como forma de protesto. Ou seja, indiretamente e naturalmente ela tem cunho social”, comenta Derlon.

Eles são os Picassos do futuro?

Para ele, o grafitti está intimamente ligado a uma arte mais engajada. “Mesmo que o artista que faz grafitti, no momento da ação, não tenha o intuito de fazer algo engajado, ele mantém viva uma história e a continuidade de um trabalho que não morreu, uma linguagem não autorizada. Só o fato de você ocupar um espaço público com uma forma de comunicação é um ato politicamente engajado”, insiste Derlon.

“Como ator, sou apaixonado por Teatro para Criança. É um público verdadeiro e difícil de conquistar. Além disso, foi em uma peça para crianças que estreei profissionalmente como ator". É com estas palavras que o ator, jornalista e pesquisador teatral Leidson Ferraz explica a motivação por trás do seu novo trabalho: Teatro Para Crianças no Recife – 60 Anos de História no Século XX. O projeto, que conta com o incentivo do Funcultura, será lançado publicamente nesta quinta-feira (10), às 19h30, durante a Mostra Marco Camarotti de Teatro para a Infância e Juventude.

A pesquisa é sobre a história do teatro para crianças em Pernambuco, desde a primeira peça, em 1939, até as montagens do fim do século 20. Composta por 500 imagens, notícias jornalísticas, críticas e até programas de alguns espetáculos, o trabalho foi transformado em 50 DVDs que serão distribuidos em bibliotecas, instituições e grupos de teatro.

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Outro motivo que levou Leidson a escolher o teatro para crianças é por ser uma vertente desmerecida e diminuída, considerada por muitos um tipo menor de teatro. Por isso, o artista faz questão de não chamar de teatro infantil. “Não gosto de dizer teatro infantil, porque dá uma ideia infantiloide. Chamo de teatro para crianças porque tem uma linguagem diferente que é para todas as crianças, das menores até as de 99 anos”, ressalta o ator.

Inicialmente, o pesquisador teria um ano para concluir o trabalho, um tempo curto para conseguir reunir 60 anos de história. “Eu tinha apenas um ano, quase desisti. Mandei um documento para o Funcultura dizendo que não daria tempo. Mas eles entenderam que o tempo era curto e estenderam o prazo para dois anos”, conta. Além do tempo, ele revelou que se deparou com outros problemas. “O acesso aos materiais é muito difícil. A fonte principal das pesquisa foi a imprensa, e o arquivo público é muito mal cuidado, os jornais estão deteriorados. Até os artistas não cuidam bem dos seus acervos”, desabafa o jornalista.

Apesar de o projeto estar disponibilizado apenas em DVD, Leidson já tem planos para tornar a pesquisa mais acessível. “Em breve, a pesquisa também será disponibilizada na internet, pelo site do Centro Brasileiro Teatro Para a Infância e Juventude (CBTIJ). Também gostaria de publicar o projeto em livro. É caro, mas estou correndo atrás”, conta Leidson Ferraz.

Serviço

Lançamento da pesquisa Teatro Para Crianças no Recife – 60 Anos de História no Século XX

Quinta (10) | 19h30

Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro (Rua Treze de Maio, 455 - Santo Amaro)

Gratuito

O grupo Teatro Dubando promove, da próxima sexta (12) ao domingo (14), o seminário Leituras Cruzadas II, para debater o teatro infanto-juvenil. O evento acontece no Teatro Joaquim Cardozo, que fica na Rua Benfica, nº 157, bairro da Madalena, e presta homenagem ao ator e diretor José Manoel Sobrinho, coordenador de cultura do Sesc Pernambuco.

Sob o tema Teatro Infanto-Juvenil: Tradição e Ruptura, o seminário pretende aglutinar dramaturgos, cenógrafos, figurinistas, atores, atrizes, produtores e encenadores que produzam teatro voltado para crianças e jovens. Entre os convidados estão Ângelo Brandini, dramaturgo, encenador, ator e palhaço; o escritor, dramaturgo, diretor e crítico de teatro Carlos Augusto Nazareth; e artistas e pesquisadores locais como Luiz Felipe Botelho, Marcondes Lima, Luciano pontes, Samuel Santos e Leidson Ferraz.

O Leituras Cruzadas ainda promove lançamento de livros e apresentação de espetáculos. Toda a programação é gratuita.

Sexta (12)
19h30 – Tradição e Contemporaneidade: Percursos da Encenação e Dramaturgia no Teatro Infanto-Juvenil, palestra com Carlos Augusto Nazareth (RJ) e Ângelo Brandini (SP). Mediação: Luiz Felipe Botelho
21h - Lançamento do livro Jeremias e as Caraminholas, de Alexsandro Souto Maior

Sábado (13)
18h – Apresentação do espetáculo Pindorama, Caravela e Malungo, do Grupo Quadro de Cena. Direção: Alexsandro Souto Maior
19h – A Poesia e Seus Recursos no Teatro Infanto-Juvenil, palestra com Marcondes Lima e Luciano Pontes. Mediação: Greyce Braga.

domingo (14)
18h – Apresentação do espetáculo Seu Rei Mandou..., da Cia. Meias Palavras. Direção: Luciano Pontes
19h – Panorama Histórico do Teatro Infanto-Juvenil em Pernambuco, palestra com Leidson Ferraz. Mediação: Samuel Santos
20h30 - Homenagem a José Manoel Sobrinho

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Quem ainda não foi conferir Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases, tem até esta sexta-feira (12) para assistir o espetáculo no Teatro Hermilo Borba Filho. Dirigido por Rodrigo Dourado, Olivier e Lili... tem Leidson Ferraz e Fátima Pontes no elenco, numa adaptação do texto Les Drôles, escrito pela dramaturga franco-búlgara Elizabeth Mazev.

No palco, os atores contam depoimentos reais em estilo confessional, misturando suas memórias pessoais ao texto original, que também conta a história da própria Elizabeth com o diretor Olivier Py, dois aclamados artistas do teatro francês. Recursos como fotos e vídeos são utilizados durante a peça, fazendo o público mergulhar em sua própria memória.

Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases iniciou sua temporada em 30 de agosto no Teatro Hermilo com incentivo do Funcultura e do Prêmio de Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura do Recife.

Serviço

Última apresentação de Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases

Sexta-feira (12), 20h

Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Recife Antigo)

R$ 20 (inteira) e R$ 10 (estudantes, professores e maiores de 60 anos)

Informações: 3355 3321 | 3355 3320

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A história de duas pessoas que se conhecem desde a infância, contada de forma intimista e confessional. Este é o mote do espetáculo “Les Drôles”, texto inédito, no Brasil, escrito pela dramaturga franco-búlgara Elizabeth Mazev que fala um pouco da sua própria história com o diretor Olivier PY. O texto ganhou uma adaptação para o português, assinada por Rodrigo Dourado e estrelada por Fátima Pontes e Leidson Ferraz, que entra em cartaz no Recife nesta quinta (30).

O estilo confessional do texto de Elizabeth Mazev foi mantido na adaptação e ampliado, com a inclusão de depoimentos reais dos atores, compartilhando com o público acontecimentos de suas próprias vidas. Durante a peça, acontecem inserções de fotos e vídeos, fazendo o público mergulhar um pouco em sua própria memória.

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Olivier e Lili: Uma História de Amor em 900 Frases é fruto de uma pesquisa que Rodrigo Dourado vem desenvolvendo, em que investiga a prosução contemporânea de dramaturgia mundial. A peça tem o incentivo do Funcultura e do Prêmio de Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura do Recife e cumpre curta temporada no Teatro Hermilo Borba Filho até o dia 9 de setembro.

Serviço

Olivier e Lili: Uma História de Amor em 900 Frases

Quinta a domingo até 9 de setembro, às 20h

Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, s/n, Recife Antigo)

R$ 20 e R$ 10 (estudantes, professores e maiores de 60 anos)

Informações: 3355 3321 | 3355 3320

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A rede de teatros municipais do Recife está banguela. Um dos seus maiores e mais antigos teatros não abriga um espetáculo há quase dois anos, e está fechado à espera de uma reforma que ainda não começou. O Teatro do Parque completou, na última sexta-feira (24), 97 anos de inauguração com os portões fechados para o público. Apenas atividades administrativas estão acontecendo nas suas dependências, na Rua do Hospício, Centro do Recife.

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O Teatro do Parque foi construído pelo comerciante português Bento Luís de Aguiar e inaugurado como um anexo do Hotel do Parque em 1915. Além de abrigar apresentações de teatro e ópera, desde cedo promoveu sessões de cinema, quando os filmes ainda eram mudos. Seu jardim convidou as pessoas a realizarem ali saraus e diferentes eventos, e o Parque ainda abrigou exposições de arte em suas décadas de existência, sem contar com os inúmeros shows de música.

Tal riqueza de acontecimentos culturais – e o tamanho do teatro, que comporta mais de 900 espectadores, além da sua localização central – faz do fechamento do Parque uma grande perda para a vida cultural do Recife. “É uma pena este espaço não existir mais para a cidade”, reflete o ator e jornalista Leidson Ferraz, autor da série de livros Memórias da Cena Pernambucana. “O teatro do Parque é o mais popular dos teatros do Recife”, completa.

O caráter popular do Parque tem sido reforçado nos últimos anos com as sessões de cinema a preços simbólicos, além da apresentação de espetáculos com roupagem mais popular, geralmente de comédia. Mas porque o Teatro é também um lugar de convivência. “Tivemos a notícia (o fechamento do teatro) enquanto estávamos em cartaz”, conta Ulisses Dornelas, criador do Palhaço Chocolate. Ele apresentou por muitos anos seus espetáculos infantis no teatro do Parque, sempre enchendo a casa aos fins de semana e precisou encontrar uma nova casa para seus espetáculos.

Ulisses encontrou o Teatro da Boa Vista, que hoje administra. Foi necessária uma grande reforma para fazer o teatro funcionar. Apesar de ter solucionado seu problema de local para seus espetáculos, sente pelo fechamento do Teatro do Parque: “Espero que abra o mais rápido possível, cada teatro que fecha é uma tristeza. Teatro é feito para funcionar”, afima Ulisses Dornelas.

Para Leidson Ferraz, a demora na realização da reforma “Mostra o descaso que essa gestão tem pelo teatro do Recife”. Ele opina que não é uma questão de falta de verba, mas de vontade política, e aponta problemas em outras casas de espetáculos, como o Centro Apolo-Hermilo, que recentemente fizeram com que artistas convocassem uma reunião com a Prefeitura do Recife para mostrar a situação e cobrar providências.

Inicialmente, a reforma do Parque estava prevista para custar cerca de R$ 1,5 milhão, e R$ 500 mil viriam de uma emenda parlamentar, mas em 2011 esta verba foi contingenciada pelo governo federal. Em 27 de julho deste ano, a prefeitura concedeu ao complexo arquitetônico do Teatro do Parque o título de Imóvel Especial de Preservação - IEP, o que inclui novos padrões para qualquer reforma ou restauração ao teatro.

É o que explica André Brasileiro, presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife: “Agora que o Teatro do Parque é um Imóvel Especial de Preservação não podemos fazer qualquer obra. Tivemos que fazer mais de dez projetos complementares e todos os projetos estão em fase de licitação”. Os projetos incluem aspectos como acessibilidade, instalações elétricas, de telefonia e internet, drenagem, a modernização da caixa cênica, iluminação, climatização, acústica, sonorização, detecção e combate a incêndio e a sinalização.

“Queremos comemorar os 100 anos do Teatro do Parque tendo feito uma reforma do nível da que foi feita no Teatro de Santa Isabel, que demorou, mas foi uma intervenção importante, em que foram feitas todas as adequações”, afirma André Brasileiro. O gestor chama atenção para a classificação do Parque como IEP, o que abre possibilidades de parcerias e financiamentos específicos para imóveis considerados patrimônio. A intenção é iniciar efetivamente as obras no início do próximo ano.

Enquanto as intervenções não acontecem, o Teatro do Parque sofre com o abandono pela falta de manutenção, segue de portões fechados há quase dois anos e com uma cratera na sua entrada, causada pela drenagem inadequada. E a cidade segue carente de um de seus mais importantes espaços culturais. Para Leidson Ferraz, além da inércia do poder público, o Parque tem mais um problema, a falta de interesse coletivo: “A própria população não cobra”, resume.

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