O crescimento desacelerou no segundo trimestre na zona do euro, assim como a inflação em julho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (31) e que confirmam os maus presságios do Banco Central Europeu (BCE) e reforçam, de acordo com analistas, sua resposta em setembro.
"Os dados econômicos publicados esta manhã reforçam o argumento para que o BCE anuncie um pacote de estímulo em sua próxima reunião em setembro", disse Jack Allen-Reynolds, economista da Capital Economics.
Embora a desaceleração fosse esperada, Allen-Reynolds apontou que "a fraqueza econômica", anteriormente focada na Alemanha e na Itália, se estendeu no segundo trimestre, com um "declínio do crescimento na França, Espanha, Áustria e Bélgica".
Na Espanha, a quarta economia do euro, em uma base ano-a-ano, a expansão foi de 2,3% no segundo trimestre, uma desaceleração em relação aos 2,4% do trimestre anterior e em linha com as previsões do governo, que espera um crescimento de 2,2% para 2019.
No início de julho, a Comissão Europe não alterou suas previsões de expansão para 2019, em 1,2%, após registrar 1,9% em 2018. Mas rebaixou em um décimo as de 2020, para 1,4 %, devido à tensão comercial global e incerteza ligada ao Brexit.
Para Jesus Castillo, da Natixis, "é muito provável que o difícil ambiente externo (guerra comercial, Brexit e tensões no Oriente Médio) tenha dificultado o crescimento", tudo em "um contexto de inflação baixa persistente" e ainda sem saber como o Reino Unido deixará a UE.
- Desemprego dos jovens, uma "prioridade" -
A inflação, por sua vez, desacelerou em julho, a 1,1%, dois décimos a menos que no mês anterior, segundo a Eurostat.
A estimativa deste órgão da Comissão Europeia coincide com a projeção dos analistas consultados pelo prestador de serviços financeiros Factset.
A zona do euro afasta-se assim do objetivo do Banco Central Europeu (BCE), que considera que a inflação abaixo mais próxima de 2% é um sinal de boa saúde econômica.
A inflação subjacente, que não leva em conta os preços voláteis de energia, alimentos, álcool e tabaco, caiu dois décimos, para 0,9%, segundo o Eurostat.
Enquanto isso, o desemprego na zona do euro em junho, a 7,5%, seu nível mais baixo desde julho de 2008, informou nesta quarta-feira o Eurostat, que situou o número de desempregados em cerca de 12,4 milhões.
A primeira estimativa para junho do escritório de estatísticas europeu, que revisou em um décimo o dado de maio para 7,6%, coincide com as projeções do provedor de serviços financeiros Factset.
A Alemanha, a primeira economia da zona do euro, registrou o menor nível dos 19 países do mundo, com 3,1%, estável em relação ao mês anterior, seguida pela Holanda (3,4%, +0,1 pontos) e Malta (3,4%, -0,1 pontos).
Os grandes países do sul da Europa continuam com números acima da média. A Grécia, que até meados de 2018 estava submetida a uma série de programas de resgate desde 2010, registra a maior taxa, 17,6%, segundo dados de abril.
Na Espanha, a porcentagem de desempregados caiu um décimo em junho, para 14%. A Itália registrou uma queda semelhante, a 9,7%, enquanto na França, segunda economia da zona do euro, aumentou um décimo, para 8,7%.
A porcentagem de desempregados atingiu 12,1% no pico da crise da dívida entre abril e junho de 2013. Desde então, a situação melhorou até voltar à média anterior à crise financeira global de 2008 (7,5 %).
O desemprego entre as pessoas com menos de 25 anos caiu dois décimos em junho, a 15,4%, com a Grécia na liderança (39,6%, de acordo com dados de março), seguida pela Espanha, onde diminuiu três décimos no sexto mês do ano para 32,4%, e Itália (28,1%).
Por sexo, a porcentagem de desempregados na zona do euro permaneceu estável em junho entre os homens, 7,2%, e entre as mulheres, 7,9%.
Em todos os 28 países da União Europeia, o desemprego permaneceu estável em 6,3%, em quase 15,7 milhões de desempregados. A porcentagem de jovens caiu dois décimos em todo o bloco, para 14,1%.