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Brasília – Os ganhos salariais reais, ou seja, acima da reposição da inflação, têm ficado abaixo de 2% nos últimos anos, conforme mostra o Banco Central em um estudo com dados dos acordos coletivos no estado de São Paulo. O levantamento foi divulgado no Relatório Trimestral de Inflação, nesta semana.

O estudo mostra ainda que, em geral, os ganhos salariais este ano foram inferiores aos de 2010, porém maiores que os de 2009. De acordo com o BC, os ganhos salariais acompanharam as condições econômicas desses períodos. Em 2010, houve crescimento expressivo da atividade econômica e das contratações de mão de obra. Já em 2009, consta no relatório, “o mercado de trabalho repercutia os efeitos da crise financeira e mostrou recuperação mais nítida apenas no segundo semestre”. Neste ano, “o mercado de trabalho caracterizou-se pela moderação no crescimento do emprego”.

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Na análise por setores, o setor da construção foi o único que, neste ano, registrou ganhos salariais reais – já computado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – maiores (3,1%) que os de 2010 (2,7%). Em 2009, o ramo da construção civil registrou ganho real de 1,8%.

Já o comércio registrou ganhos reais de 1,6% este ano, de 1,7% em 2010 e de 1,1% em 2009. A indústria ficou com 1,5%, 1,8% e 1,3%, nesses mesmos períodos, enquanto o setor de serviços registrou 1,3%, 1,6% e 1% de ganhos reais. No setor rural, os ganhos ficaram em 1% este ano, 1,9% em 2010 e 0,8% em 2009. No total, os ganhos reais ficaram em 1,5% em 2011, 1,8% no ano passado e em 1,1% em 2009.

A evolução do mercado de trabalho é um dos aspectos da economia que o BC costuma observar na hora de tomar as decisões de ajustes na taxa básica de juros, a Selic, usada como instrumento para controlar a inflação no país. Uma das preocupações do BC é que os reajustes salariais fiquem acima dos ganhos de produtividade. Quando isso acontece, há maior pressão sobre os preços.

Outro risco considerado pelo BC é que a inflação passada, usada para reajustar os salários, tenha “peso excessivo”, em detrimento da futura que está em processo de redução.

Nesse contexto, para o BC, “a moderação salarial constitui elemento-chave para a obtenção de um ambiente macroeconômico com estabilidade de preços”. Apesar dessa análise, o BC considera, no Relatório Trimestral de Inflação, que o risco de aumento da inflação vindo do mercado de trabalho é “importante”, porém decrescente.

A taxa de câmbio no Brasil não deve se sustentar nos níveis recentes depois que passar a atual maré de turbulências internacionais. Essa é a avaliação interna na área econômica do governo, que, apesar de considerar desejável um real mais desvalorizado, avalia que o Brasil tem muitos elementos que o colocam como um dos destinos favoritos do capital internacional, o que se traduz em tendência de valorização da moeda nacional.

Apesar de achar negativo o movimento súbito de alta da moeda, como o ocorrido em setembro, o governo considera que o nível recentemente alcançado é bem melhor do que o que vinha sendo praticado, embora não haja um objetivo de se defender um novo piso para o dólar.

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A taxa de câmbio está buscando agora um nível de ajuste. A volatilidade deverá continuar por causa dos desdobramentos da crise global, que trazem pressão altista ao câmbio. Mas a avaliação é de que o governo conseguiu acabar com a tendência baixista, que indicava cotação do dólar abaixo de R$ 1,50.

Por enquanto, a incerteza comanda os movimentos do câmbio, o que não autoriza previsões enfáticas de flutuação no curto prazo. Mas, no médio prazo, a visão do governo é de que "não há crise que dure indefinidamente" e o diferencial de rendimento dos títulos brasileiros em comparação com o mundo, junto com investimentos previstos, deve prevalecer e trazer de volta a tendência de valorização da moeda nacional.

IOF. Esse raciocínio baliza a visão de que deve ser mantida a medida que criou o IOF sobre capitais estrangeiros e deu superpoderes ao Conselho Monetário Nacional (CMN). Se não pretende defender um novo piso para o real, o governo também não quer que a tendência de valorização seja acentuada por movimentos especulativos, que distorcem a taxa e minam a competitividade do produto nacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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