A deficiência dos atendimentos e infraestrutura básicos das Unidades de Saúde da Família (USF) foram comprovadas através de pesquisa em 15 comunidades do Recife. O levantamento foi divulgado nesta terça-feira (4), na sede do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), no Espinheiro, na Zona Norte do Recife.
De acordo com o diretor do Cremepe, Ricardo Paiva, para chegar até os bairros e chamar a população, uma pequena peça de teatro era apresentada. “Reproduzimos a violência e a importância dela ser evitada, chamando as pessoas até nós. Muitas crianças acompanharam e uma pergunta foi bem frequente, que era quando íamos voltar. Era nítida a falta de lazer, de atendimento a todos. A prefeitura precisa olhar para essas comunidades”, alertou.
##RECOMENDA##Dentre os 15 locais visitados pela Caravana das Comunidades 2013, três deles apresentaram uma situação grave. Na comunidade do Vietnã, nos Torrões, o posto está fechado há dois anos. No Cabanga, quando a equipe da Caravana chegou ao local, o posto estava fechado e ficou durante toda a tarde. Pior ainda é a Vila da Felicidade, na Várzea, que nem possui unidade de saúde.
Outro fator criticado pela população o serviço de marcação de consultas. Para cardiologista, neurologista, psiquiatra, ortopedista, reumatologista e fisioterapeuta é praticamente impossível conseguir atendimento, de acordo com os dados da Caravana. "As pessoas esperam mais de 30 minutos quando tem uma consulta marcada. E de todos os 15 avaliados pelo povo a maioria não consegue marcar nenhum desses médicos quando recebem encaminhamento", relatou a diretora do Cremepe e que acompanhou a Caravana, Rafaela Pacheco.
A pesquisa revela ainda que em todos os postos foram encontrados problemas como infiltrações, mofos, rachaduras, falta de acessibilidade, dentre outros aspectos. "A sala de curativo, que recebe pacientes infectados, não existe em muitas unidades. Isso é um fator agravante e não pode continuar desse jeito", afirmou Pacheco.
Aspectos positivos - Apesar dos problemas, mais da metade dos moradores não trocaria de USF por causa do bom atendimento dos médicos - quando conseguem ter - e da boa relação contínua entre eles. Os médicos não costumam mudar de posto, o que mantém o conhecimento sobre o paciente no retorno à consulta.
A pesquisa foi feita entre os dias 22 de abril e 27 de maio. Os locais visitados foram o Alto do Pascoal, Morro da Conceição, Tejipió, Carangueijo Tabaiares, Bode, Arruda, Linha do Tiro, Alto José Bonifácio, Vila da Felicidade, Chico Mendes, Dancing Days, Campina do Barreto, Córrego do Eucalipto e Bongi.
No ano passado, a medida foi realizada também em 16 outras comunidades do Recife e vai continuar até abranger pelo menos 50% da população carente. "A Caravana percebeu que, juntando todos os aspectos, a saúde do Recife precisa ainda de muito auxílio e melhoria", finalizou Ricardo Paiva.