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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não apresenta sintomas da covid-19 há 24 horas ou febre há quatro dias, disse seu médico em um comunicado nesta quarta-feira.

O médico Sean Conley iniciou sua mensagem com uma fórmula incomum dizendo que Trump lhe disse esta manhã "Eu me sinto fenomenal" e acrescentou que "ele não tem febre há quatro dias e não tem sintomas há 24 horas".

Conley destacou que as últimas análises a partir de amostras tiradas na segunda-feira permitiram detectar traços de anticorpos da covid-19 que eram indetectáveis na noite de quinta-feira.

Um estudo do Centro de Controle de Doenças Americano (CDC) aponta que nove em cada dez infectados pela covid-19 ainda sentem reflexos da contaminação. O trabalho é confirmado por relatos de pelo menos cinco médicos paulistas, que tratam pessoas que contraíram o novo coronavírus, ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Eles apontam a ida ao consultório de pacientes que tiveram a doença nesse período de seis meses de pandemia e permanecem com sintomas como fadiga, dores no corpo, perturbação visual e perda de olfato e também do paladar por até três meses.

"Ainda tenho uma fraqueza, o corpo parece que está travado", conta o marceneiro João Soares Pereira, de 54 anos, que teve a doença em maio e ficou 25 dias no hospital, 12 deles entubado, em Ribeirão Preto. "Eu tinha obesidade, estava com 110 quilos, mas não tinha pressão alta", lembra.

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Já com a oxigenação recuperada, ele contou que ainda sente a fadiga. Quase três meses depois do diagnóstico, disse que, na época, foi surpreendido pela contaminação.

"Eu me assustei bastante, principalmente quando falaram da entubação. É bem preocupante", disse o marceneiro, que já voltou ao trabalho, apesar do sintoma persistente.

As queixas de sintomas crônicos deixados pela doença foram analisadas por hospitais americanos e citadas em trabalho compilado pelo CDC, organismo do governo americano que acompanha a evolução da pandemia. O CDC mostra que, de 292 entrevistados entre 14 a 21 dias após a data do teste que deu positivo, 94% (274) relataram sintomas persistentes.

Esse levantamento foi realizado nos EUA, durante o período de 15 de abril a 25 de junho de 2020, com entrevistas por telefone de uma amostra aleatória de adultos acima de 18 anos que tiveram um primeiro teste positivo de reação em cadeia da polimerase-transcrição reversa (RT-PCR, o padrão ouro dos testes) para Sars-Cov-2, em uma consulta ambulatorial em um dos 14 sistemas acadêmicos de saúde de 13 Estados.

Síndrome

A chamada síndrome da fadiga crônica, que tem sido relatada por pacientes convalescentes da covid-19, é uma manifestação encontrada também na recuperação de pessoas que tiveram outras infecções, aponta o infectologista Valdes Roberto Bollelo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. "Isso não é só da covid-19, a dengue tem isso também", diz.

O médico afirma que ocorrem situações de recuperação nas quais o paciente fica por uma ou duas semanas "quebrado", com desânimo, embora a doença já tenha passado. "Isso ocorre também com chikungunya, mononucleose, toxoplasmose aguda e outras Sars (coronavírus), que apresentam quadro pós-infeccioso com mialgia e até sintomas neurológicos ou psicológicos", explicou. São reações imunológicas que estão sendo observadas também com a covid-19.

Esses casos de sintomas persistentes preocupam os profissionais de saúde, mas ainda não estão bem comprovados por pesquisas no Brasil.

Segundo Mirian Dal Ben, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, não há estudos científicos no País sobre essa permanência mais duradoura dos sintomas da covid-19. O que há é a percepção, pela experiência de consultório, de casos de pacientes que permanecem com febre por mais de 30 dias, perda do olfato ou perda de paladar, comentou a médica.

"Há casos até de gente que relata queixas de fadiga por até três meses depois da infecção", explicou a especialista.

De acordo com a infectologista Daniela Bergamasco, do Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, a prática tem mostrado que os sintomas crônicos podem permanecer por semanas. Mas a especialista ressaltou também que ainda não é possível comprovar cientificamente o fenômeno por falta de acompanhamento com parâmetros seguros de pesquisa, como foi feito pelo CDC, nos EUA, onde esses pacientes estão sendo chamados de long haulers, ou seja, pessoas que carregam os sintomas da doença por meses.

Para o pneumologista Bruno Guedes Baldi, também do HCor, é possível que pacientes com quadros graves da doença, por exemplo, continuem com os sintomas da covid-19 por até 70 ou 80 dias. "Quando a carga viral é muito alta, por exemplo, ou em casos nos quais a pessoa tenha ficado em UTI, com entubação", afirma.

Tempo de transmissão

O impacto da doença preocupa ainda por uma manifestação adicional. De acordo com a infectologista Adriana Coracini, há casos de pacientes da covid-19 que permanecem com PCR positivo por até 40 dias. Ela ressaltou, porém, que esses pacientes já não transmitem o vírus. A médica alertou também que há doentes que melhoram dos sintomas e voltam a sentir os efeitos da doença um mês depois, com PCR positivo novamente.

Um dos casos que chamou a atenção nas últimas semanas envolve um estudo da Universidade Federal do Rio (UFRJ) que encontrou uma paciente que ainda testou positivo para RT-PCR após cinco meses. O resultado foi uma surpresa para os próprios pesquisadores, mas a mesma pesquisa apontou resultados positivos para um quinto dos testados após um mês da infecção.

Adriana explica que há trabalhos científicos mostrando que, na maioria dos casos, a cultura viral fica positiva para a covid-19 durante nove dias e os exames de PCR positivos, a partir do nono dia, já não correspondem a vírus viável ou replicante. "Temos vírus positivos por 30 ou 40 dias, mas sem que isso signifique transmissão para outra pessoa", disse.

Coracini alertou, no entanto, que ainda não há dados científicos em quantidade necessária para a comprovação segura de que não haja contaminação no período. "Há estudos em andamento, ainda sem conclusões robustas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O resultado dos testes feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para  Covid-19 saiu nesta terça-feira (7) e apontou que o mandatário foi infectado pelo coronavírus. O chefe do Executivo fez os exames no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, após ter febre e dores no corpo nessa segunda-feira (6). 

O comunicado do resultado foi feito pelo próprio presidente, durante entrevista ao vivo na TV Brasil. Ele também afirmou ter tomado já duas doses da cloroquina. "Estou absolutamente bem, estou tomando medidas para previnir o contágio", disse.

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"Não sei ficar parado, Vou ficar despachando por vídeoconferência. Cancelei minha ida na sexta-feira para a Bahia, ia no sábado para Aracatu", acrescentou o gestor, após ser questionado como se comportaria agora que está com a Covid-19.

O presidente não teve compromissos oficiais na manhã de hoje e aguardava o resultado da testagem. Na agenda oficial, consta uma reunião com o ministro-Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos, às 15h.

Esta não foi a primeira vez que o presidente fez testes para averiguar se estava ou não com a Covid-19. Em março, o próprio Bolsonaro informou ter feito duas vezes e ambos deram negativo

'Gripezinha'

Desde o primeiro caso registrado no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro tem adotado postura questionável diante da proliferação do novo coronavírus. Ele chegou a chamar a pandemia, que já levou a óbito mais de 65 mil brasileiros, de "gripezinha" e afirmou que por ter porte de atleta, caso fosse infectado, não seria na forma grave. 

Além disso, Bolsonaro se colocou contra o isolamento social, defendido pela Organização Mundial de Saúde (OMS); quebrou protocolos sanitários participando, inclusive, de manifestações; menosprezou o número de vítimas da pandemia no país e chegou a vetar o uso obrigatório de máscaras em espaços como lojas, igrejas e penitenciárias; o utensílio é visto como essencial no combate a proliferação do vírus. 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 6, que irá realizar um novo exame da covid-19. Segundo apurou o Estadão, o presidente se sentiu mal, com sintomas da doença, e por isso decidiu realizar o teste.

"Eu vim agora do hospital, fiz uma 'chapa' de pulmão. Tá tudo limpo. Vou fazer exame do covid agora, mas tá tudo bem", afirmou ele a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. Ele usava máscara durante a conversa e pediu que as pessoas não chegassem perto dele. "Não pode chegar muito perto não, tá. Recomendação para todo mundo."

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Cerca de 1,5 milhão de desempregados de Pernambuco não conseguiram emprego devido à pandemia. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (24), é relativa ao mês de maio e ainda aponta que 1,278 milhão de pernambucanos apresentaram sintomas relacionados à síndrome gripal.

A taxa de sintomáticos representa 13,4% da população do estado e está acima das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O índice coloca Pernambuco na quarta posição dos Estados nordestinos com maiores taxas, atrás apenas do Ceará (16,5%), Maranhão (15,1%) e Paraíba (14,2%). O estudo ainda destaca que cerca de 188 mil populares buscaram atendimento médico no Estado.

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Em maio, 947 profissionais foram afastados temporariamente do trabalho devido à Covid-19, o que representa 28,8% dos empregados, enquanto a média nacional foi de 18,6%, a da região Nordeste foi de 26,6%. Cerca de 13% dos empregados, equivalente a 285 mil pessoas, trabalharam de casa, e 1,4 milhão prosseguiram na informalidade, o que representa 43% dos trabalhadores empregados.

A PNAD informa que 51% dos lares pernambucanos receberam o Auxílio Emergencial no mesmo mês. Embora o dado esteja acima da média nacional (38,7%), o indicativo é abaixo do apresentado no Nordeste, que foi de 54,8%.

O estudo do IBGE foi iniciado no dia 4 de maio e somou aproximadamente 1.750 entrevistas por telefone. Pouco mais de sete mil residências, distribuídas em 137 municípios de Pernambuco foram procuradas pelo órgão.

Um consórcio científico que reúne especialistas de 43 países, que havia iniciado em maio um estudo sobre sintomas da Covid-19, anunciou nesta quinta-feira (18) os primeiros resultados, que comprovam que a perda de olfato e do paladar está associada, em maior ou menor grau, à doença.

A iniciativa Global Consortium of Chemosensory Researchers (GCCR) considerou dados de 4.039 pesquisas traduzidas para 30 idiomas, realizadas em pacientes ou pessoas que tiveram contato com o novo coronavírus. Dados iniciais da Universidade de Mons, na Bélgica, já apontavam para possibilidade de anosmia e disgeusia em oito em cada dez. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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"Um dia eu estava bem, parecia que tinha passado. No dia seguinte, acordava super cansada, com dor no corpo. Do nada você piora, do nada vem uma falta de ar, uma dor que faz nem conseguir levantar da cama." O relato é da enfermeira Adriana Brito Leone, de São Paulo. Mas poderia ser da Rebeca, de Natal. Do Altair, de Niterói. Do Teddy, de Blumenau. Ou do Roberto, de Belém.

Todos engrossam a estatística das pessoas que já tiveram covid-19 no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, entre os mais de 730 mil casos confirmados oficialmente da doença no País, mais de 311 mil são considerados recuperados.

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Nas últimas semanas, o governo federal tem feito questão de destacar o dado - mais até do que as informações sobre os novos casos e mortes -, tentando passar uma boa notícia. "O número de pessoas curadas tem crescido dia após dia devido aos esforços que o governo do Brasil tem empenhado em auxiliar estados e municípios a prepararem suas estruturas de saúde", diz o ministério na nota diária que envia à imprensa com os números.

Mas especialistas e pacientes ouvidos pelo Estadão mostram que ser um "recuperado" não exatamente representa estar curado ou sem sequelas. Pacientes que foram entubados enfrentam um processo complicado de reabilitação, mas mesmo alguns que tiveram quadros considerados menos severos, e não demandaram hospitalização, relatam que a doença pode se manifestar por um tempo mais longo, com os sintomas voltando em ondas.

"O grande problema desses números é que, como só testamos quem procurou serviço médico, quem foi para o hospital, quando falamos em recuperados, estamos falando de quem teve alta hospitalar. Não significa alta médica. Os leitos precisam girar. Então às vezes o paciente sai ainda com algum sintoma, alguma queixa. Não estão aptos a voltar para o trabalho, voltar a fazer atividade física. São recuperados só da fase aguda da doença, mas é um processo gradual", afirma Marcelo Sampaio, cardiologista da Beneficência Portuguesa (BP) de São Paulo.

Como a doença é ainda muito nova - os primeiros casos de infecção ao novo coronavírus são de dezembro do ano passado, na China -, não houve tempo para observar se podem ocorrer sequelas de longo prazo.

Já se sabe que a covid-19 pode ter uma manifestação sistêmica, causando não só sintomas respiratórios, como também afetar coração, cérebro, rins. Se são problemas reversíveis ou se, em algumas pessoas esses danos poderão ser duradouros ou permanentes, só daqui um tempo será possível saber.

Um grupo liderado pelo pneumologista Carlos de Carvalho, do Incor e do Hospital das Clínicas de São Paulo, pretende justamente identificar essas sequelas no longo prazo. Os pesquisadores pretendem acompanhar, por um ano, cerca de 2 mil pacientes que saírem do HC após a infecção de covid-19.

"Além de observar como se dá a recuperação da parte respiratória, vamos acompanhar se eles apresentam fraqueza muscular, problemas nefrológicos (rins), como se dá a recuperação neurológica (volta de olfato e paladar)", afirma Carvalho.

Como parte do projeto, já estão sendo feitos estudos anátomo-patológicos - com tomografia, ressonância e biópsia - em alguns pacientes que vão a óbito para identificar o comprometimento que a covid causa em órgãos vitais. As descobertas vão orientar os cientistas sobre pontos que eles devem prestar atenção nos pacientes que serão acompanhados.

"A primeira etapa é a alta, mas os pacientes não saem zerados e podem ocorrer vários desfechos funcionais. Queremos saber quando a pessoa voltou a ter capacidade para trabalhar, para subir uma escada, tomar banho sozinha. Sabemos que alguns pacientes saem com certo grau de confusão mental, um pouco de delírio. Vamos acompanhar para saber quanto é reversível ou não", diz.

Fadiga

Mesmo em pacientes que não chegaram a ser internados, os médicos têm notado que as queixas de fadiga e cansaço após fazer atividades simples têm durado mais do que os 14 dias normalmente descritos como de ocorrência dos quadros moderados a leves.

É o que ocorreu com Adriana. A enfermeira de 40 anos trabalhava na UTI do AC Camargo Cancer Center quando começou a sentir sintomas no dia 5 de maio. Três dias depois já tinha resultado positivo para covid-19. Duas semanas depois, voltou a fazer o exame, e continuava positivo. A mesma coisa se repetiu após mais uma semana.

O exame só foi dar negativo - ou seja, o vírus só tinha sido completamente eliminado do corpo dela - 28 dias depois do diagnóstico. E naquele dia ela ainda tossia e sentia dor muscular.

Seu quadro nunca chegou a ficar grave, mas os sintomas tampouco foram de uma "gripezinha". No início, ela diz ter sentido muito cansaço e uma dor muito forte. "Começava na lombar e descia para as pernas. Parecia que estava rasgando meu músculo", conta. Depois vieram a dor de cabeça, a falta de ar. Uma tomografia revelou que 25% do pulmão já estava comprometido.

"Não são só 14 dias. E a gente fica sem certeza de nada, se ainda está transmitindo, se pode piorar. Eu trabalhava em UTI, sentia na pele o que os pacientes estavam sentindo e morria de medo de ser entubada e parar lá dentro", diz.

Uma página do Facebook chamada "Eu já tive covid-19" traz diversos relatos de pessoas que contam permanecerem com sintomas mais de um mês depois do diagnóstico. A arquiteta Rebeca Grilo, de 32 anos, de Natal, e o engenheiro elétrico Altair Ruiz, de 40 anos, de Niterói, afirmam que a sensação de fadiga é a mais duradoura.

Rebeca diz que sentiu os primeiros sintomas em 22 de abril. O diagnóstico foi confirmado com exame de PCR em 6 de maio e, como a oxigenação estava normal, foi orientada a ficar duas semanas em casa, isolada. Nesse período, ela piorou, voltou ao hospital para receber um pouco de oxigênio, mas, passado o período regulamentar de 14 dias da infecção, ela continuou tendo episódios ruins.

"Estou fazendo exercícios respiratórios desde o dia 29 de maio e senti uma melhora. Hoje já consigo falar ao telefone por 5 minutos sem sentir tanto cansaço, consigo tomar banho normalmente, mas não consigo subir um lance de escada sem me sentir exaurida. É como se tivesse subido 10 lances correndo. Ainda tenho episódios de tosse, dor de cabeça, dor de ouvido e dor no abdômen na região do fígado", disse.

A situação de Ruiz é ainda mais prolongada. Ele diz ter sentido os primeiros sintomas ainda em março e foi diagnosticado clinicamente no começo de abril. Também não chegou a ser internado, mas não melhorou até hoje. "Ainda sinto dor nas costas. É uma fadiga debilitante, que não permite nem tomar banho direito", conta.

Sem olfato nem paladar

O cervejeiro Teddy Tambosi, de Blumenau, teve uma situação sui generis. Perdeu, por um tempo bem maior do que os relatos mais comuns, os dois sentidos que mais usa em sua profissão: o olfato e o paladar. Foram mais de três semanas sem conseguir sentir nenhum aroma ou sabor.

Ele teve um quadro considerado leve de covid-19. Sentiu dores de cabeça, um certo peso para respirar, mas não teve febre. "A perda dos sentidos foi repentina e total. Um dia acordei sem eles. Não é como quando a gente fica resfriado, que não sente cheiros porque está com o nariz entupido. Eu cheirava pote de café e Vick Vaporub para ver se sentia algo e nada", conta.

"Depois foi voltando, mas ainda não é 100%. Eu percebia que não estava sentindo todo o 'potencial' de um prato ou bebida. Sei disso pela minha memória olfativa. Chegou a bater um desespero de que nunca mais fosse voltar. Por trabalhar com cerveja, sempre presto atenção em aromas e sabores de tudo. Isso foi ruim demais."

Recuperação pulmonar

Pacientes que chegaram ao ponto de serem entubados, com comprometimento da função pulmonar, também perdem massa e força muscular pelos muitos dias que ficam de cama, o que torna ainda mais lenta a recuperação.

É o caso do médico anestesista Roberto Guerra, de 70 anos. Morador de Belém, ele foi internado na capital paraense, mas teve de vir para São Paulo de avião, às pressas, quando sua situação ficou muito grave. Na Beneficência Portuguesa, foi atendido por Marcelo Carvalho. Foi quase um mês de hospitalização, oito dias entubado.

Mais de 75% de seu pulmão foi tomado pelo coronavírus. Ao ser extubado, ainda experimentou alucinações. Já está há um mês de volta a Belém e tem feito fisioterapia para recuperar tanto a força muscular quanto a função pulmonar. A expectativa, porém, é que a recuperação de seus pulmões leve de quatro a seis meses.

"A preocupação é que, se isso não for feito da forma adequada, eu fique com um quadro semelhante ao de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica)", afirma Guerra.

Ele conta que tomou cloroquina e azitromicina, que chamou de "medicações empíricas", mas afirma que "não deram em nada, é papo furado".

O médico admite que subestimou a doença no começo. "Confesso que achava meio igual ao Bolsonaro, que seria uma gripezinha passageira. Não é. Agora estou comendo, andando um pouco. Mas minhas mãos estão trêmulas, eu canso com facilidade, até a memória foi afetada. Não consigo nem me lembrar do período em que fiquei internado em Belém."

A Organização Mundial da Saúde (OMS) esclareceu durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (09) a declaração de que é "raro que pessoas assintomáticas possam transmitir o novo coronavírus", dada aos jornalistas 24 horas antes pela chefe do programa de Emergências, Maria van Kerkhove.

A afirmação causou muita polêmica em todo o mundo, especialmente entre cientistas, por gerar a impressão de que apenas pessoas que tenham sintomas é que podem passar a doença adiante, o que causaria um relaxamento no combate à Covid-19.

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Kherkove ressaltou que "recebeu muitas mensagens da noite para o dia" e que quer deixar claro o mal-entendido.

"A maior parte das transmissões que conhecemos ocorre por pessoas com sintomas e que transmitem o vírus por meio de gotículas infectadas. Mas, há um subconjunto de pessoas que não desenvolvem sintomas. Acho que é um mal-entendido afirmar que uma transmissão assintomática globalmente é muito rara, sendo que eu estava me referindo a um subconjunto de estudos", ressaltou Kerkhove hoje.

Segundo a chefe do programa de Emergências, sua fala trazia dados que ainda não foram publicados, mas que a OMS já recebeu de seus Estados-membros, especialmente, aqueles que mais realizam testes.

Conforme a especialista, existem as pessoas que são assintomáticas, ou seja, que não desenvolvem nenhum tipo de sintoma da Covid-19 em nenhum momento, e aquelas pré-sintomáticas - que ainda não desenvolveram nenhum tipo de sintoma por conta do período de incubação do coronavírus.

Para Kherkove, é aí que mora a diferença, por isso que as medidas de prevenção continuam sendo necessárias.

"Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos ocorre e está ocorrendo. A questão é saber quanto tempo isso leva", reforçou o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan. 

Da Ansa

Com a evolução da pandemia do novo coronavírus (covid-19), autoridades de saúde chamam atenção para os sintomas da doença, especialmente os mais comuns. Mas outras manifestações também podem ser um indicativo da doença e devem ser motivo de alerta.

Em sua página especial com informações sobre o novo coronavírus, o Ministério da Saúde lista os sintomas da doença gerada pelo vírus: tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldades respiratórias.

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Mas pesquisas revelaram outros sinais. Entre eles a perda de olfato e de paladar. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Farid Buitrago, essas manifestações ocorrem em entre 20% e 30% dos casos que apresentam sintomas.

“Este sintomas não são muito comuns, mas quando acontece a pessoa deve ficar atenta porque pode ser uma das manifestações do coronavírus. Associado a isso, se tiver febre, tosse e dor de garganta já fecha o diagnóstico”, alerta o médico.

Ele conta que a atenção a esses sintomas é um indicativo importante para o novo coronavírus porque são raras as condições que provocam essas alterações. “Eventualmente alguma doença pode causar isso, como tumores. Gripes comuns podem causar estes sintomas, mas é menos comum”, comenta o presidente do CRM-DF.

Caso a pessoa verifique estes sintomas, a orientação é a mesma para os demais: procurar uma unidade de saúde na atenção básica, os chamados postos de saúde. Nestes locais os profissionais encaminham a testagem e, em situações mais graves, para um atendimento em unidades de pronto atendimento ou hospitais.

Outros sintomas

O médico Farid Buitrago destaca que há outros sintomas, ainda menos comuns. Entre eles conjuntivite, náuseas e alterações gastro-intestinais, como dor de estômago e diarreia. Para conjuntivite, estudos mostraram a ocorrência em cerca de 10% dos casos.

“Tem outro que também se fala muito pouco que são alterações da pele. A Sociedade Espanhola de Dermatologia elaborou atlas para mostrar lesões na pele para pacientes de coronavírus. Desde manchas vermelhas até que parecem como queimaduras de fogo ou de gelo. Essas marcas estão presentes nos pés e mãos, em pessoas jovens”, relata o presidente do CRM-DF.

Após uma semana internado com sintomas da Covid-19, o escritor Sérgio Sant'Anna morreu aos 78 anos, na madrugada deste domingo (10), no Rio de Janeiro. Consagrado contista e quatro vezes vencedor do prêmio Jabuti, Sant'Anna teve a morte confirmada pelo Hospital Quinta D'or e por postagens de familiares em redes sociais.

Irmã de Sérgio, a também escritora Sonia Sant'Anna já havia comunicado a seus seguidores no Facebook que o contista foi internado no último dia 3 com sintomas da covid-19. Sonia confirmou informações de que o escritor estava sedado e usava respirador.

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Em uma postagem de ontem, ela havia agradecido o apoio de amigos e informado que a situação pulmonar dele era estável, apesar de os rins não estarem respondendo bem, o que determinou uma diálise. Na manhã deste domingo, Sonia voltou à rede social para comunicar que o irmão havia morrido.

Sérgio Sant'Anna teve sua obra traduzida para o alemão, italiano, francês e tcheco, além de ter sido adaptada para o cinema.

O escritor nasceu no Rio de Janeiro, em 1941, e estreou na literatura com o livro de contos "O Sobrevivente", publicado em 1969. 

Desde então, o autor se manteve em atividade, tendo publicado seu último livro - Anjo Noturno - em 2017. A obra foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). 

O câncer de ovário é o segundo tipo de câncer ginecológico mais comum entre as mulheres, atrás apenas do de colo do útero e a sétima maior causa de morte por câncer em mulheres. Além disso, oito entre dez casos de câncer de ovário são descobertos em fase avançada.

Sintomas como dificuldade para se alimentar, dor pélvica e/ou abdominal, sangramento vaginal anormal, mudança no hábito intestinal, fadiga extrema e perda de peso, embora associados também a outras doenças, são alertas importantes para um diagnóstico mais precoce.

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Por não haver um método eficaz de rastreamento, o câncer de ovário é diagnosticado, na maioria dos casos, quando as mulheres apresentam sintomas que refletem a doença em estágio mais avançado. Em 80% dos casos, esse tipo de câncer é diagnosticado quando não está mais restrito ao ovário, tendo se disseminado para linfonodos, outros órgãos da região pélvica e abdominal ou até mesmo para órgãos como pulmão, osso e sistema nervoso central, mais raramente.

A alta taxa de diagnóstico tardio causa impacto no resultado do tratamento. Menos da metade das pacientes (48,6%) vive por mais de cinco anos após o diagnóstico. Comparativamente, quando a doença é identificada ainda restrita ao ovário, a chance de viver por mais de cinco anos sobe para 92,6%.

“Quando a doença é descoberta mais precocemente, pode-se oferecer um tratamento curativo, com melhores resultados, que será guiado com base na classificação realizada pelo médico patologista quanto ao tipo e à agressividade do tumor. É a avaliação anatomopatológica, entre outros fatores, que aponta a extensão da doença, assim como indica se a resposta à quimioterapia foi completa, alterando o destino das pacientes no que diz respeito a tratamento”, explica o médico patologista da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Leonardo Lordello.

Com o objetivo de identificar e difundir para o público as melhores estratégias para que a doença seja descoberta rapidamente, a SBP se une à World Ovarian Cancer Coalition - movimento global de conscientização sobre a doença - nesta sexta-feira (8), Dia Mundial do Câncer de Ovário. Criada em 2013, a organização reúne atualmente mais de 140 integrantes.

Alertas do corpo

Diferentemente do que ocorre com os exames de Papanicolau, mamografia e colonoscopia, que funcionam como métodos de rastreamento, respectivamente, do câncer de colo do útero, mama e colorretal, com o câncer de ovário não há uma metodologia eficaz. “Houve tentativas com o marcador CA125 ou exames de imagem, mas os estudos mostraram que oferecer essas avaliações para população assintomática não resultou em redução de mortalidade”, explica Lordello.

Outro complicador é o fato de que os sintomas que podem alertar para o surgimento de tumores de ovário também são comumente associados a outras doenças. Embora esses sinais de alerta sejam inespecíficos, a atenção a eles pode ser um caminho para o diagnóstico mais precoce. Os principais são aumento do abdômen, dificuldade para se alimentar, dor na região pélvica e/ou abdominal, sangramento vaginal anormal (principalmente pós-menopausa), mudança no hábito intestinal, fadiga extrema e perda de peso.

Classificação correta

Em um cenário no qual predomina uma doença com alta taxa de mortalidade, a correta definição do tipo de lesão, apontando se ela é benigna ou maligna (câncer), torna-se ainda mais importante, assim como a indicação de seu tamanho, grau de agressividade, perfil biológico, capacidade de se espalhar e potencial resposta aos tratamentos disponíveis no caso de malignidade.

Assim como a maior parte dos diagnósticos de câncer, apesar da anamnese e de exames de imagem poderem identificar a presença de um tumor ovariano, a natureza desse tumor quanto à malignidade só será definida a partir da avaliação feita por um médico patologista. No contexto do câncer de ovário, essa avaliação pode ocorrer antes da cirurgia, geralmente em casos avançados, para determinação de quimioterapia neoadjuvante; durante a cirurgia, por meio do exame intraoperatório por biópsia de congelação; ou após a cirurgia, para avaliação da extensão da doença e/ou resposta ao tratamento.

Em cerca de 90% dos casos, os tumores malignos do ovário são derivados de células epiteliais que revestem o ovário e/ou a trompa. O restante provém de células germinativas (que formam os óvulos) e células estromais (que produzem a maior parte dos hormônios femininos), sendo esses casos mais frequentes em adolescentes e mulheres mais jovens.

Entre os tumores malignos epiteliais de ovário, cerca de 70% são carcinomas serosos, que podem ser de baixo ou alto grau. “Embora agressivos, tumores serosos de alto grau, com disseminação mais rápida e comprometimento maior do ovário e órgãos adjacentes, são, geralmente, mais responsivos à quimioterapia”, comenta o patologista.

De maneira geral, o câncer tem início em um dos ovários. Embora em parte dos casos possa haver a doença em ambos os ovários (envolvimento bilateral), acredita-se que isso ocorra de maneira metastática de um ovário para o outro. Além dessa disseminação, as células malignas frequentemente podem acometer a cavidade pélvica e/ou abdominal, podendo formar tumores que causam compressão do reto ou da bexiga, além de comprometer útero e/ou vagina. Em casos mais avançados, a doença pode ainda disseminar para outros órgãos como o fígado, pulmão e osso, mais tardiamente.

Fatores de risco

Similarmente ao que ocorre com a maioria dos casos de câncer de mama, os tumores malignos de ovário surgem, em cerca de 80% dos casos, por influência direta dos hormônios. Infertilidade e questões associadas com maior frequência aos ciclos menstruais mensais, como menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade (nunca ter tido filhos), entre outras, assim como obesidade e tabagismo, são os principais fatores de risco.

Entre os efeitos protetores estão o controle do peso, alimentação equilibrada e prática de atividade física, assim como o uso de contraceptivos orais por pelo menos cinco anos. Gestação, assim como a amamentação, colaboram na diminuição do risco de desenvolver câncer de ovário.

Hereditariedade

Estima-se que cerca de 20% dos casos de câncer de ovário estão relacionados a mutações de origem hereditária, estando ligados principalmente à síndrome de câncer de mama e ovário, cuja principal mutação é no gene BRCA1. Em caso de história pessoal ou familiar de primeiro grau de câncer de mama e/ou ovário é válido procurar um oncologista, que poderá indicar uma avaliação com um médico geneticista, indica a SBP.

Faixa etária

O câncer de ovário é mais prevalente a partir dos 60 anos, quando a mulher não se encontra mais em fase reprodutiva. No entanto, a doença pode ser diagnosticada também em mulheres mais jovens, principalmente nos casos de hereditariedade. As mulheres mais jovens, em fase reprodutiva, que têm predisposição hereditária para desenvolver câncer de mama, podem optar por acompanhamento clínico mais precoce e frequente.

A paciente é orientada ainda sobre a possibilidade de fazer a cirurgia profilática (retirada preventiva dos ovários e trompas, para reduzir o risco de desenvolver a doença). É importante a paciente ser orientada por seu oncologista e ter acesso a um serviço de aconselhamento genético, coordenado por um geneticista, sugere a SBP.

Uma em cada cinco pessoas infectadas com o novo coronavírus não apresenta sintomas, revela um estudo realizado em um dos principais focos da pandemia na Alemanha e divulgado nesta segunda-feira (4).

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Bonn realizou um estudo sobre os doentes registrados em Gangelt, uma cidade de cerca de 11.000 habitantes, localizada no distrito de Heinsberg, um dos principais focos alemães, após a participação no carnaval de um casal contaminado.

O estudo, com base em entrevistas e análises de 919 pessoas, de 405 domicílios, permite determinar com precisão a taxa de letalidade da infecção. Em Gangelt, cerca de 15% da população foi contaminada e a taxa de mortalidade entre esses pacientes foi de 0,37%.

"Se extrapolarmos esse número para as quase 6.700 mortes associadas à Covid-19 na Alemanha, o número total de pessoas infectadas seria estimado em cerca de 1,8 milhão", segundo o estudo, ou seja, um número "10 vezes maior que o total" de casos oficialmente notificados.

"Em Gangelt, 22% das pessoas infectadas não apresentavam sintomas", revela o estudo.

"O fato de aparentemente uma infecção em cada cinco ocorrer sem sintomas visíveis da doença sugere que as pessoas infectadas, que secretam o vírus e, portanto, podem infectar outras pessoas, não podem ser identificadas com base em sintomas reconhecíveis da doença", diz o professor Martin Exner, co-autor do estudo.

Esse aspecto confirma, segundo ele, a importância das regras gerais de distanciamento social e higiene.

"Qualquer pessoa que esteja em boas condições de saúde pode ser portadora do vírus sem sabê-lo. Precisamos estar cientes disso e agir em conformidade", aconselha o pesquisador, quando a Alemanha começa um desconfinamento progressivo.

A maioria das pessoas contaminadas em Heinsberg apresentou sintomas, mais do que outros pacientes que não participaram do carnaval.

O estudo também afirma que as infecções dentro de uma mesma família são bastante baixas e que, de maneira geral, a taxa de infecção parece "muito semelhante entre crianças, adultos e idosos, e aparentemente não depende da idade" nem de sexo.

Márcio Poncio, pai de Saulo e Sarah Poncio, surpreendeu seus seguidores na última quinta-feira (30) ao revelar que todos de sua família haviam sido infectados com o novo coronavírus. Ele havia postado uma foto ao lado de Gabi Brandt, esposa de Saulo Poncio, e escrito a seguinte legenda:

"Sem luta não há vitória, em uma guerra ocorre perdas, mas nada, absolutamente nada, se compara ao gosto ao prazer ao prêmio da sua vitória". Nos comentários, uma pessoa quis saber: "Estão com Covid-19?". E Márcio respondeu: "Sim... todos aqui já pegaram".

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Pouco tempo depois, a assessoria da família Poncio enviou um comunicado à imprensa para esclarecer melhor o assunto.

É fato que os membros da família apresentaram sintomas leves como dores no corpo e febre, mas que não perduraram por mais de dois dias. A família está seguindo todas as recomendações e higienizações necessárias desde o início do isolamento social. O mesmo cuidado foi tomado com todos os que tiveram contato pessoal ou estiveram na casa da família durante este período. Importante ressaltar que, neste momento, todos estão bem e sem qualquer tipo de sintoma relacionado à Covid-19. E pela responsabilidade que possuem, ainda assim irão realizar um exame para verificar a existência de anticorpos ao vírus. O Pastor Márcio e toda família agradecem pelas mensagens demonstrando preocupação e pede para que sigam em casa seguindo todos os protocolos.

"Há frango nos dias 7 e 28", escreve Yadira em um grupo do WhatsApp, onde os moradores de Havana são alertados sobre a chegada de alimentos aos mercados. Em Cuba, que importa quase tudo o que come, o novo coronavírus complica o abastecimento. Dias de resistência estão chegando.

"Saímos cedo e, como pequenas formigas, voltamos para casa antes das 6 da tarde", para cumprir o isolamento, diz Angela Martínez, 55 anos, depois de fazer compras em Havana com uma máscara, de uso obrigatório.

Até quinta-feira, a ilha tinha 1.235 casos (43 mortos) da doença COVID-19. Quarentenas foram decretadas em alguns bairros, e o transporte público e aulas, suspensos. Casos confirmados e suspeitos foram isolados.

"Não temos um aumento explosivo, como aconteceu em outros países, e tem a ver com a organização por meio dos profissionais de saúde", diz o representante da OMS/OPAS em Cuba, o peruano José Moya.

Segundo a OMS, Cuba possui 82 médicos para cada 10.000 habitantes, contra 32 na França e 26 nos Estados Unidos. Mas a pandemia ocorre em um momento difícil.

A ilha enfrenta problemas de abastecimento, devido à intensificação do embargo dos Estados Unidos, à falta de liquidez e à lentidão na reforma de seu modelo econômico no estilo soviético. O fechamento das fronteiras atinge o turismo, motor econômico que representou US$ 3,3 bilhões em 2018.

"Cuba será o país que empreenderá a recuperação econômica nas piores condições, devido ao bloqueio dos Estados Unidos", que se soma ao coronavírus e "às limitações e problemas estruturais da economia cubana", diz o cientista político Jorge Gómez Barata.

Além disso, seu principal parceiro comercial, a Europa, é gravemente atingido pela pandemia. O novo coronavírus ameaça o "fornecimento, devido às restrições de alguns países exportadores de alimentos", detalha um relatório diplomático, ao qual a AFP teve acesso.

Cuba importa 80% de seus alimentos, o que representou cerca de 2 bilhões de dólares em 2019. Ao mesmo tempo em que a crise global ameaça a entrada de remessas, que estimulam o consumo doméstico, a escassez de chuvas prejudica as lavouras e leva a uma falta de água.

Enquanto isso, o isolamento social aumentou o consumo doméstico de energia, provocando o medo de apagões. As sanções de Washington atingem com força a Venezuela, sua aliada e fornecedora de combustível.

- Filas-

"Onde tem arroz?" e "onde achar pasta de dente?". As mensagens no WhatsApp vão e vêm. Desde a chegada do 3G na ilha no final de 2018, essa rede tem sido fundamental para a localização de produtos.

"A fila é muito lenta, cheguei às 9 da manhã e saí às 16 horas. Comprei de tudo, porque não quero entrar na fila novamente", escreve Matilde no grupo "Só Comida". A polícia cuida da ordem e da distância entre pessoas na fila.

Os cubanos recebem uma cesta básica mensal de alimentos subsidiados, mas é insuficiente e eles devem completar o menu. Vários grandes mercados fecharam, e a venda de alimentos e produtos de higiene pessoal foi organizada em lojas de bairro.

A chegada de insumos de grande demanda, como frango, gera filas. O que faz o humorista cubano Luis Silva, "Pánfilo", dizer que o agente transmissor do coronavírus é... o frango.

"Em alguns lugares, a população se concentra e é um risco, e estamos vendo isso em muitos países", diz Moya, da OPAS.

Nos últimos dias, 18 pessoas foram infectadas em um shopping. Para evitar multidões, vendas on-line foram implementadas, mas a fragilidade da rede e o pouco hábito retardam o serviço. É difícil fazer quarentena quando há escassez, diz o economista Omar Everleny Pérez.

"Precisamos procurar soluções nacionais, porque não sabemos que alimentos nossos países fornecedores deixarão de produzir", diz o ministro da Economia, Alejandro Gil. Os cubanos, que enfrentaram uma grave crise econômica nos anos 1990, superaram os furacões.

"Temos a convicção moral e política de resistir a qualquer coisa. Tentamos encontrar a solução com o que temos", diz Martínez. "É uma experiência única (a pandemia) que estamos aprendendo. Não é fácil", diz Roberto Sánchez, 57 anos, também fazendo compras em Havana.

Alguns fazem máscaras com restos de tecidos e entregam aos vizinhos. Outros se apoiam nas compras, ou alertam para a chegada de suprimentos. "Ontem consegui comprar frango, graças a você", responde um usuário anônimo a Yadira, no WhatsApp.

Alice Wegmann escreveu um relato para o jornal O Globo e detalhou a sua experiência com o coronavírus. A atriz foi diagnosticada com a doença em meados do dia 16 de março:

O oitavo dia foi o pior: tive uma dor de cabeça muito intensa de madrugada, não conseguia abrir o olho ou falar. Foi algo que nunca havia sentido antes. Em nenhum momento, tive medo de morrer; os sintomas, no geral, se manifestaram de maneira branda em mim. Mas fiquei ansiosa e angustiada: é horrível não conseguir respirar como estou acostumada, no automático, e me preocupava — e ainda me preocupo — por perceber que muitas pessoas não estão levando a sério a situação. Não podemos desafiar o próprio destino e o destino dos outros. Temos que cuidar das pessoas.

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Alice ainda confessou que o isolamento não está sendo muito fácil para ela.

Sou uma pessoa que adora estar com os outros, abraçando, beijando, compartilhando. Sinto muita falta disso no meu dia a dia, mas sei que por enquanto não é possível. Conversar com os amigos por chamada de vídeo ajuda bastante. Já participei até da comemoração do aniversário do (ator) João Vicente Castro assim! Estávamos longe, mas perto.

Felizmente, agora a atriz está totalmente recuperada!

Através de uma rede social a deputada estadual pelo PSL em São Paulo Janaína Paschoal afirmou que teve o coronavírus, mas que já está recuperada. A publicação foi feita neste sábado (18).

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Segundo Janaina, a divulgação só aconteceu agora porque ela não queria 'preocupar a família'. A deputada ainda se colocou à disposição para a doação de plasma, uma vez que agora seu corpo tem os anticorpos necessários para combater o vírus. 

A parlamentar deu detalhes das reações que sentiu enquanto esteve infectada: "É como se houvesse um caminhão sobre o peito. Acreditem na necessidade de prevenir, de adotar o distanciamento social, de fazer o isolamento", salientou.

"É uma doença grave, traiçoeira, que progride rápido. A pessoa está bem e, de repente, não consegue respirar", completou Janaína, que também agradeceu aos profissionais de saúde de modo geral. 

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Após ficar internada por 10 dias, uma idosa de 70 anos, que sofre de asma e hipertensão, foi curada do novo coronavírus. A alta foi recebida nessa terça-feira (14), no Hospital Evangélico, localizado em Vila Velha, no Espírito Santo.

Dos dias que a paciente Laucilia Sartório permaneceu em tratamento na unidade de saúde, nove foram na UTI. Ela foi a primeira curada dos cinco contaminados que ainda estão no hospital.

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“Tenho muita fé, muita gratidão a Deus, porque na minha idade, 70 anos, e o problema respiratório e de pressão alta que eu tenho, vencer uma dessa é uma grande vitória”, agradeceu enquanto deixava o hospital sob aplausos dos profissionais de saúde e familiares de outros pacientes.

Todos seus quatro filhos estão com leves sintomas, mesmo assim não precisaram ser internados. “Febre, tosse, dor de cabeça, dor no corpo, às vezes o pulmão fica comprimindo e falta o ar, diarreia, a gente perde o olfato e o paladar. A medida que a gente vai sendo curado vai desaparecendo uns sintomas e aparecendo outros sintomas”, contou a filha Alexandra Sartório ao descrever sua experiência com a doença.

Segundo o Ministério da Saúde, o Espírito Santo já registrou 557 casos confirmados e 18 mortes em decorrência da pandemia. A Secretaria Estadual de Saúde estima que 92 pessoas estão internadas, 86 já foram curadas e 361 seguem em isolamento domiciliar.

"A enxaqueca foi muito forte. Nunca tinha sentido uma tão forte na minha vida", descreve a vendedora Jandcleia Silva. Ela trabalha no aeroporto de Fernando de Noronha e, junto com o marido, o guia Kelves Silva, são dois dos 24 casos confirmados na Ilha. Desde o último dia 24, a paciente mais jovem do local, com 25 anos, sente os reflexos da pandemia, que alterou a rotina de um dos pontos turísticos mais procurados do mundo.

Natural de Natal, capital do Rio Grande do Norte, há seis anos Jandcleia reside no arquipélago. A vendedora conta que trabalhou até o dia 21 de março, quando um decreto do Governo de Pernambuco fechou o Aeroporto Wilson Campos para turistas e resultou em uma grande movimentação de pessoas. Já em casa, após três dias, ela lembra o início do quadro sintomático, que se estenderia por mais quatro dias, e a urgência de buscar atendimento médico. "Eu tava com tanta enxaqueca que não tava nem conseguindo deitar", reforça. 

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O diagnóstico

Diante da persistência dos sintomas, dois dias depois, no dia 26, ela fez uma nova visita ao hospital da Ilha. "Tive muita dor de cabeça, tive febre, tosse e tava vomitando muito. Fui para o hospital, fui medicada e depois fui para casa", conta a paciente.

Só uma semana após sentir os primeiros efeitos da Covid-19 em seu corpo, Jandcleia foi visitada por uma equipe da vigilância sanitária e realizou o teste para a pandemia. "Eles pegam cotonetes e colocam um no nariz e depois colocam um na boca para retirar a saliva", explica. Após a coleta do material, o resultado confirmando o contágio foi-lhe entregue no dia 3 de abril.

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Já sem apresentar um quadro grave, a jovem relembra o momento que recebeu o resultado. "Para mim foi bem tranquilo. Não tive medo, nem pânico ou desespero. Eu também já tava preparada por que como trabalho no aeroporto e teve o decreto para sair todo mundo até o dia 21, então foi muito gente. Por mais que tava prevenida com máscara e luva, tinha muita gente e o risco era muito grande de se contaminar, porque era turista de tudo que é lugar do Brasil e do mundo", descreve.

A esperança

Intimada a permanecer em isolamento domiciliar, Jandcleia e o marido estão em casa há 25 dias. Ela relata que, para ter acesso à itens de necessidade básica e alimentação, pede para amigos e pessoas próximas realizarem as compras. Essa é a nova rotina vivenciada na Ilha, onde os populares só se deslocam para ir em padarias, mercados ou farmácia. "Ninguém tá saindo de casa não", afirma.

Sem casos confirmados nas últimas 24 horas, Fernando de Noronha também conseguiu registrar a primeira recuperação de um paciente com a Covid-19. A cura clínica do primeiro caso confirmado enche a vendedora de confiança. Ela passou por um novo exame nessa terça-feira (14) e espera o resultado negativo em até três dias. "Como eu cumpri o isolamento direito, não saí de casa, nem tive contato com ninguém, tô confiante que dê negativo", complementou esperançosa.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, afirmou em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, que é provável que o novo coranavírus alcance toda a população. O contágio não quer dizer, no entanto, que todas essas pessoas desenvolverão os sintomas da doença.

Conforme histórico da disseminação da doença, já observado em outros países, 86% das pessoas que entraram em contato com o novo coronavírus não apresentaram nenhum problema de saúde decorrente. Os 14% restantes tiveram que procurar hospitais, desses alguns foram internados, alguns em unidades de terapia intensiva, e uma fração veio a óbito. A atual taxa de natalidade no Brasil é de 4,2% dos casos notificados.

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“Todo mundo vai ter contato com o vírus. O que a gente precisa é ter tempo”, disse Gabbardo se referindo à necessidade de ampliação de atendimento, preparação de mais leitos e equipamento de mais unidades com respiradores artificiais. Preocupa o secretário-executivo riscos de sobreposição da covid-19 com eventual aumento de gripe por influenza (H1N1) comum no inverno brasileiro. O país já iniciou a campanha nacional de vacinação anual contra a gripe.

Segundo o secretário-executivo, como ocorre em outras doenças, o organismo de muitas pessoas que venham a entrar em contato com vírus reagira produzindo a autoimunidade, o que no futuro, junto com tratamentos e uma vacina a ser desenvolvida, favorecerá a não mais disseminação massiva da doença como ocorre atualmente no Brasil e em outros países. “O fluxo de transmissão começa a diminuir quando já tiver 50% [da população] imunizada”, explicou Gabbardo.

De acordo com o Ministério da Saúde, 10.278 pessoas se infectaram com o novo coronavírus no Brasil até hoje (sábado, 4). O número de pessoas mortas por causa da covid-19 já totaliza 432 óbitos. Os dados foram fechados às 14 horas com base nas informações das secretarias estaduais de saúde. O país ocupa a 16º lugar em casos da doença, o 14º lugar em óbitos e o 8º lugar em letalidade.

Os sintomas da COVID-19 variam de um paciente para outro, mas são muito característicos deste vírus desconhecido pelo sistema imunológico e incluem cansaço, febre, tosse, dor de cabeça e, em alguns casos, problemas pulmonares graves.

- Altos e baixos

Uma das características da COVID-19 é seu caráter flutuante, destacam os médicos entrevistados pela AFP.

"Quando você está gripado, fica na cama durante vários dias e depois se sente melhor. Neste caso, os doentes podem se sentir melhor um dia e, no dia seguinte, voltam a estar mal. É muito surpreendente. Sou médica há 25 anos e nunca vi nada assim", afirma a clínica geral Marianne Pauti, que trabalha em Paris.

"Você tem a impressão de não ver luz no fim do túnel", comenta um profissional que atua com medicina do trabalho na capital francesa. Segundo ele, é importante que os pacientes sejam orientados para que descansem, mesmo quando têm a impressão de que estão se sentindo melhor.

Outro fator distintivo: a pessoa fica enferma de maneira progressiva, ao contrário da gripe, que se manifesta de maneira drástica.

Em geral, os sintomas duram duas semanas, ou mais, às vezes menos. E o agravamento pode acontecer depois.

- Perda do olfato

A anosmia, ou perda do olfato, é um sintoma estabelecido recentemente.

Os médicos detectaram muitos casos de pessoas que apresentavam este sintoma sem ter o nariz congestionado.

"Pareceu estranho", disse à AFP o otorrinolaringologista Alain Corré, do Hospital Rothschild de Paris. Ao lado de seu colega Dominique Salmon, do hospital Hôtel Dieu, eles examinaram 60 pacientes com anosmia: 90% apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus.

A perda de olfato parece ser um sintoma patognomônico, ou seja, que por si só permite estabelecer um diagnóstico.

"No atual contexto, se você tem anosmia sem congestão nasal é porque é positivo para COVID-19, não vale nem a pena passar pelo exame", afirma o doutor Corré.

Neste caso, a pessoa deve ficar em isolamento para não infectar outras, mas o sintoma em si não é grave.

O vírus SARS CoV-2 é atraído pelos nervos: quando penetra no nariz, em vez de atacar a mucosa como outros vírus, ataca o nervo olfativo e bloqueia as moléculas de odor, explica Corré. A princípio é uma condição local.

- Cansaço e dor de cabeça

Os pacientes citam com frequência a astenia. "Sempre ouço a mesma coisa: pacientes cansados, que dão três passos e precisam deitar", explica a doutora Pauti. Geralmente a condição é acompanhada de cefaleias.

- Febre e dores musculares

Este vírus pode provocar uma febre flutuante, geralmente menos elevada que outros sintomas virais.

Muitos sentem dores musculares, clássicas em uma condição viral, mas com frequência são muito mais dolorosas e mais localizadas.

- Tosse

Uma tosse seca, às vezes com congestão nasal e dor de garganta, também é parte do quadro clínico.

- Problemas intestinais

Alguns pacientes sofrem diarreia e, de maneira mais pontual, náuseas. Mas estes sintomas "não bastam para diagnosticar a doença", segundo Pauti.

- Condições pulmonares

Quando o vírus afeta os pulmões, a dor é variável. Alguns pacientes mencionam uma sensação de compressão, outros sentem que não conseguirão continuar respirando, "algo que a ansiedade agrava, sobretudo, entre as pessoas vivem sozinhas", afirmam os médicos.

A situação é preocupante quando as pessoas "respiram mais rapidamente do que o normal", segundo a doutora Pauti, que recomenda, neste caso, ligar para a emergência.

Um agravamento brutal pode acontecer entre o 7º e o 14º dia, sob a forma de pneumonia bilateral, com um aspecto radiológico muito característico. "A tomografia permite saber quase com certeza que se trata da COVID-19", explica Pauline, uma médica de Paris que prefere não revelar o sobrenome.

Ela destaca que a maioria dos pacientes hospitalizados mostra "uma tolerância clínica incrível: não se afogam em absoluto, mesmo com parâmetros catastróficos de gasometria", que mede o nível de oxigênio no sangue.

"Quando se agrava, tudo acontece muito rapidamente", afirma a médica. Trata-se então de uma insuficiência respiratória aguda severa, como aconteceu com a epidemia de Sars e, em menor medida, com a gripe.

Na recuperação, o respirador pode permitir seguir adiante, mas a situação pode se deteriorar até provocar a morte, sem que se saiba exatamente o motivo. "Provavelmente é uma aceleração generalizada do sistema inflamatório, por motivos puramente virais", explica.

"O drama deste vírus é que afeta uma população 100% receptiva, já que é completamente novo para o sistema imunológico".

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