O diretor espanhol Pedro Almodóvar apresenta, nesta quarta-feira (17), seu curta-metragem "Strange way of life", de temática gay e western, no Festival de Cannes, que começa a exibir os filmes na disputa pela Palma de Ouro.
O cineasta espanhol tem uma relação especial com o evento de grande prestígio, no qual já concorreu seis vezes ao prêmio máximo. A última vez aconteceu em 2019 com seu filme mais autobiográfico, "Dor e Glória". Apesar de ter conquistado vários prêmios importantes, nunca conseguiu vencer a Palma de Ouro.
##RECOMENDA##Este ano, Almodóvar exibe, fora de competição, "Strange way of life", protagonizado pelo americano Ethan Hawke (foto abaixo) e pelo chileno Pedro Pascal.
Foto: Loic Venance/AFP
Com 25 minutos de duração e filmado em inglês, o curta relata o reencontro de dois homens, um "emotivo e caloroso", o outro "frio e fechado", nas palavras do diretor, em uma cidade do Velho Oeste, no início do século XX.
"Minha primeira intenção era dar voz a estes dois homens maduros e 'queer' que tradicionalmente permaneceram calados em um gênero como o western", afirmou Almodóvar em um comunicado sobre a obra.
"Fui atraído pela ideia de quebrar esse silêncio", explicou.
"Grande admirador" dos western, Almodóvar confessa que nunca imaginou que acabaria rodando um deles.
O diretor, de 73 anos, deve ter um encontro com o público nesta quarta-feira, após a exibição do curta.
Outro momento importante do dia será um encontro com o lendário ator americano Michael Douglas, que recebeu na terça-feira a Palma de Ouro honorária por sua carreira. A estrela de Hollywood, de 78 anos, estrelou filmes conhecidos como "Instinto selvagem" e "Um dia de fúria".
- Começa a competição -
Depois da cerimônia de abertura da véspera, marcada por polêmica pela presença do ator americano Johnny Depp, que interpreta Luís XV no filme francês "Jeanne du Barry", começam nesta quarta-feira as projeções dos filmes que concorrem à Palma de Ouro.
Ainda tentando virar a página da batalha legal com sua ex-mulher Amber Heard, Depp foi criticado por um grupo de profissionais do cinema francês, em um manifesto contra a presença no tapete vermelho de "homens e mulheres agressivos".
Durante a entrevista coletiva do filme nesta quarta, o ator disse que a maioria das histórias escritas sobre ele foram "uma ficção horrível e fantasticamente escrita".
"Eu me sinto boicotado agora? Não, porque não penso em Hollywood, não tenho muita necessidade de Hollywood", minimizou.
"É um tempo muito estranho, engraçado, em que todos devem entrar na linha", acrescentou. "Se você quer viver esse tipo de vida, desejo-lhe o melhor. Estarei do outro lado", completou.
O japonês Hirokazu Kore-eda, que apresenta "Monster", sonha com a segunda vitória em Cannes com a história sobre um incidente em uma escola. Em 2018, ele conquistou o prêmio máximo do festival com "Assunto de Família".
O outro filme da mostra competitiva desta quarta-feira é "Le retour", da diretora francesa Catherine Corsini, que disputa a Palma de Ouro pela terceira vez.
A produção conta a história de uma mãe e das suas jovens filhas que retornam à ilha da Córsega, de onde foram obrigadas a fugir em circunstâncias trágicas, está marcado por uma certa polêmica.
O filme ficou sem financiamento público depois que foi divulgado que uma cena de sexo envolvendo uma atriz de menos de 16 anos não foi relatada, como é exigido, às autoridades.