As primeiras imagens de Tonga após a erupção de um vulcão que desencadeou um tsunami mostravam, nesta terça-feira (18), a devastação neste arquipélago do Pacífico, coberto por cinzas e com danos significativos.
O território ficou praticamente isolado do restante do mundo pela erupção de um vulcão submarino, que cortou o cabo de conexão da ilha, que agora depende do sinal irregular dos telefones via satélite.
A monumental coluna de fumaça do vulcão atingiu uma altura de 30 quilômetros e espalhou cinzas, gás e chuva ácida por uma área muito ampla do Pacífico.
Três dias após esta erupção, o número de vítimas da tragédia e a situação no terreno ainda são desconhecidos. As autoridades da Nova Zelândia confirmaram duas mortes na ilha, citando a polícia local.
Uma das vítimas é uma britânica que foi arrastada pelo tsunami. Seu corpo foi recuperado.
Em um comunicado nesta terça, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que seu delegado local, o médico Yutaro Setoya, está "dirigindo as comunicações entre as agências da ONU e o governo tonganês".
"O telefone via satélite do dr. Setoya é uma das poucas fontes de informação", afirmou o organismo, acrescentando que o médico fica o dia todo fora de casa tentando captar sinal.
A OMS informou que, na ilha principal de Tonga, Tongatapu, há 50 casas destruídas e 100 danificadas. Também alertou que as emanações do vulcão geram temores de contaminação da água e dos alimentos.
"O governo recomendou que as pessoas fiquem em casa, usem máscara se saírem e bebam água engarrafada".
As imagens de satélite mostram que o vulcão submarino localizado ao norte do arquipélago voltou a ficar submerso e apenas duas pequenas ilhotas de lava surgiram.
"O que vimos acima do mar, que agora foi coberto, foi apenas a ponta do vulcão que emergiu de uma enorme estrutura submarina", explicou a especialista Heather Handley, da Universidade Monash.
- Sinal de ajuda -
As agências de emergência relataram "grandes danos" em Tonga após a erupção, mas a situação geral ainda é desconhecida. A pista do aeroporto ainda está cheia de rochas que impedem o pouso dos aviões militares australianos C-130.
A capital do território, Nuku'alofa, foi coberta por dois centímetros de cinza e poeira vulcânicas. O sistema interno de telefonia foi restaurado, mas as comunicações internacionais continuam cortadas.
O calçadão da capital foi "muito danificado pelas rochas e pelos detritos arrastados pelo tsunami", disse o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).
O OCHA também informou que os voos de reconhecimento confirmaram "danos materiais substanciais" nas Ilhas Mango e Fonoi.
"Um sinal de socorro ativo foi detectado em Mango", relatou o OCHA. A ilha tem cerca de 30 habitantes, segundo o censo de Tonga.
Enquanto isso, dois biólogos mexicanos ficaram presos em Tonga, embora estejam fora de perigo. Agora, o governo e suas famílias tentam tirá-los de lá, segundo o Ministério das Relações Exteriores do México.
Imagens divulgadas pelo Centro de Satélites da ONU mostram o impacto da erupção e do tsunami na pequena ilha de Nomuka, uma das mais próximas do vulcão Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai.
Austrália e Nova Zelândia, que enviaram aviões de reconhecimento Orion para sobrevoar a área, prepararam remessas de ajuda para Tonga.
A água é uma das prioridades, disse o ministro da Defesa da Nova Zelândia, Andrew Bridgman, devido ao risco de contaminação das fontes.
A Cruz Vermelha informou que enviará 2.516 contêineres de água, e a França, que tem vários territórios na Polinésia, prometeu enviar ajuda "urgente" ao povo de Tonga.
As principais agências de resgate, que geralmente vêm com ajuda humanitária de emergência, disseram que estão paralisadas, incapazes de entrar em contato com sua equipe local.
"Das poucas atualizações que temos, a magnitude da devastação pode ser imensa", disse Katie Greenwood, da seção regional da Cruz Vermelha.
E, mesmo quando os esforços começarem, poderão ser complicados pelas restrições de entrada por causa da covid-19.
A erupção de sábado foi ouvida até no Alasca, provocando um tsunami que inundou a costa do Pacífico do Japão aos Estados Unidos e também atingiu a América do Sul.
No sábado, duas mulheres no Peru morreram arrastadas pelas ondas.
A erupção danificou um cabo de comunicação submarino entre Tonga e Fiji que, segundo os operadores, levará duas semanas para ser reparado.