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O Parlamento de Hong Kong aprovou nesta quinta-feira (4) uma polêmica lei que prevê punições penais a qualquer ofensa ao hino chinês, uma norma que a oposição pró-democracia denuncia como mais uma tentativa de Pequim de acabar com a autonomia parcial da ex-colônia britânica.

O Conselho Legislativo (LegCo) aprovou o projeto de lei em segunda votação por 41 votos a favor e apenas um contrário. A oposição boicotou a sessão, por considerar que a votação já estava decidida a favor da maioria.

A aprovação da lei acontece em um cenário de grande tensão desde o ano passado na ex-colônia britânica e justamente no dia do aniversário da violenta repressão da Praça Tiananmen (Paz Celestial).

As autoridades chinesas estão indignadas há muito tempo com as vaias e gritos durante a execução do hino nacional, sobretudo nos estádios de futebol antes das partidas da seleção de Hong Kong, enquanto o movimento independentista do território semiautônomo ganha força.

A nova lei, que deve ser ratificada pela chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, prevê até três anos de prisão para quem desrespeitar o hino.

Os ativistas pró-democracia a consideram um novo instrumento para asfixiar a dissidência. O debate no LegCo foi marcado por muitas discussões entre os rivais políticos.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta terça-feira (2) que oferecerá vistos a milhões de cidadãos de Hong Kong e uma possível via para obter a nacionalidade se a China persistir na lei de segurança nacional para a antiga colônia britânica.

"Muita gente em Hong Kong teme que sua forma de vida, que a China se comprometeu a defender, esteja ameaçada", escreveu em um artigo aos jornais The Times e South China Morning Post.

"Se a China continuar justificando seus medos, o Reino Unido não poderá, com a consciência tranquila, dar de ombros e olhar para o outro lado; ao invés disto, cumpriremos as nossas obrigações e ofereceremos uma alternativa".

Umas 350.000 pessoas de Hong Kong têm passaportes nacionais britânicos (internacionais), razão pela qual não precisam de visto para entrar no Reino Unido por até seis meses, escreveu Johnson. Outros 2,5 milhões poderiam solicitar um.

"Se a China impuser sua lei de segurança nacional, o governo britânico mudará a legislação migratória e permitirá àqueles que tiverem um destes passaportes procedentes de Hong Kong virem ao Reino Unido por um período renovável de 12 meses e poderão obter outros direitos migratórios, como o de trabalhar, o que os coloca no caminho para a obtenção da cidadania", assegurou.

O Parlamento chinês aprovou na semana passada uma lei de segurança nacional a partir dos protestos pró-democracia em Hong Kong para fazer frente ao "terrorismo" e ao "separatismo".

A oposição teme que esta lei seja uma arma para erradicar qualquer dissidência neste centro financeiro asiático, erodindo as liberdades e a autonomia supostamente garantidas em sua retrocessão, em 1997, da Grã-Bretanha à China.

Segundo Johnson, esta lei poderia "delimitar suas liberdades e erodir radicalmente a autonomia" da antiga colônia britânica.

Se chegar a ser implementada, o Reino Unido "não terá outra alternativa que defender nossos profundos laços de história e amizade com a população de Hong Kong", escreveu.

Londres já havia anunciado planos para ampliar os direitos de visto àqueles que puderem aplicar a um passaporte nacional britânico e se somou às críticas internacionais contra Pequim. A intervenção pessoal de Johnson aumenta significativamente a pressão.

Johnson rejeita e chama de "falsas" as afirmações de que Londres teria organizado os protestos, antes de acrescentar: "o Reino Unido só quer que Hong Kong tenha êxito" como "um país, dois sistemas". "Espero que a China queira o mesmo. Trabalharemos juntos para que seja assim".

A China prometeu nesta segunda-feira (1°) ao governo dos Estados Unidos uma resposta após os anúncios do presidente Donald Trump, que deseja limitar a entrada de cidadãos chineses em seu país e impor sanções comerciais a Hong Kong.

"Qualquer declaração ou ação que prejudique os interesses da China encontrará um firme contra-ataque", declarou Zhao Lijian, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.

Esta é a primeira reação de Pequim às medidas anunciadas na sexta-feira (29) pelo presidente americano. A tensão entre os dois países é grande em consequência da pandemia de Covid-19, da situação dos muçulmanos uigures no noroeste da China e do comércio bilateral.

Em uma declaração com tom firme, Donald Trump anunciou a suspensão da entrada nos Estados Unidos dos cidadãos chineses que representam um "risco" potencial para a segurança do país.

O republicano também pediu a sua administração que retire as medidas comerciais preferenciais para Hong Kong, ao criticar uma polêmica lei sobre segurança nacional imposta por Pequim no território autônomo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (29) que encerrará as isenções concedidas a Hong Kong como parte de seu relacionamento especial com Washington.

A China "não cumpriu com a sua palavra de garantir a autonomia de Hong Kong", disse Trump no jardim da Casa Branca, em uma declaração de detalhes firmes, mas limitada.

"É uma tragédia para o povo de Hong Kong, para o povo da China e para o povo de todo o mundo", afirmou.

A declaração ocorre em meio a um clima explosivo: o bilionário republicano elevou o tom nas últimas semanas, ao acusar Pequim de ser responsável pela propagação do novo coronavírus em todo o planeta, e prometeu represálias.

Os Estados Unidos denunciam há vários dias a controversa lei de segurança nacional que a China quer impor a Hong Kong, considerando que se trata de uma forma encoberta de silenciar a oposição e restringir as liberdades no território, o que Pequim nega veementemente.

"Peço a meu governo que inicie o processo de eliminar as isenções que dão a Hong Kong um status especial", disse Trump.

"Esta decisão terá um impacto em todos os acordos que temos com Hong Kong", acrescentou, referindo-se em particular ao tratado de extradição e certos privilégios comerciais, com algumas exceções.

A entrega de Hong Kong foi realizada em nome do princípio "Um país, dois sistemas", que permitiu à ex-colônia britânica preservar liberdades desconhecidas na China, como uma justiça independente, liberdade de expressão e um Parlamento parcialmente eleito por sufrágio universal, além de outras no campo econômico.

Estas isenções levaram muitos países, como os Estados Unidos, a aprovarem leis que os autorizam a tratar Hong Kong como uma entidade comercial separada do regime chinês.

- Estudantes chineses selecionados -

Após manifestar o desejo de preservar a pesquisa universitária "vital para o país", Trump também anunciou a suspensão da entrada de "certos cidadãos chineses" identificados como "riscos potenciais" para a segurança nacional.

O presidente americano, no entanto, foi esquivo sobre o alcance desta decisão e o número de estudantes que poderão ser afetados.

Segundo o Instituto de Educação Internacional (IIE), os chineses representam um terço dos estudantes estrangeiros nos Estados Unidos, com quase 370.000.

O embaixador britânico na ONU, Jonathan Allen, disse que se for aplicada a lei desejada pela China, exacerbaria as "divisões profundas" na sociedade de Hong Kong.

Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália lideram a resistência internacional ao projeto, que planeja punir as atividades separatistas e "terroristas", a subversão ou inclusive a interferência estrangeira no território autônomo chinês.

A China apresentou seu projeto após as gigantescas manifestações celebradas em Hong Kong em 2019 contra a influência de Pequim inicialmente pacíficas, mas também marcadas pela violência e pelo vandalismo.

Estes protestos reforçaram um movimento independentista, anteriormente marginal.

A China, que bloqueou uma solicitação americana para uma reunião formal do Conselho de Segurança sobre Hong Kong na quarta-feira, avaliou ao final da videoconferência desta sexta que a iniciativa do Ocidente foi inócua.

"Qualquer tentativa de utilizar Hong Kong para interferir nos assuntos internos da China está condenada ao fracasso", disse o embaixador de Pequim nas Nações Unidas, Zhang Jun.

A China acusou o governo americano, nesta sexta-feira (29), de fazer da ONU um "refém" a respeito da polêmica lei de segurança nacional que Pequim deseja impor a Hong Kong, pedindo aos ocidentais que não se envolvam no tema.

Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália lideram a frente internacional contra o projeto, que prevê punir atividades separatistas e "terroristas", subversão, ou mesmo ingerência estrangeira no território chinês semiautônomo.

Eles estimam que tal projeto é uma maneira disfarçada de amordaçar a oposição em Hong Kong e acabar com as liberdades no território. China rebate a acusação de forma categórica.

A lei surge após os enormes protestos em Hong Kong em 2019 contra a influência de Pequim, inicialmente pacíficos, mas também marcados por violência e vandalismo. As manifestações também reforçaram um movimento pró-independência anteriormente marginal.

Sob o conceito "Um país, dois sistemas", a ex-colônia britânica se beneficia, desde sua devolução à China em 1997, de ampla autonomia, liberdade de expressão e uma Justiça independente.

O projeto de lei sobre a segurança nacional, que foi aprovado na quinta-feira (28) pelo Parlamento nacional em Pequim, totalmente controlado pelo Partido Comunista Chinês (PCC), compromete a autonomia de Hong Kong?

Sim, de acordo com Estados Unidos e Reino Unido, que conseguiram mobilizar, para esta sexta, uma discussão informal sobre o tema no Conselho de Segurança da ONU. Segundo fontes diplomáticas, o encontro será a portas fechadas e por videoconferência.

Em uma declaração conjunta com Canadá e Austrália, os dois países acusaram Pequim na quinta-feira de violar suas obrigações para com Hong Kong e seus 7,5 milhões de habitantes.

Eles expressaram sua "profunda preocupação" com essa lei que "limitaria as liberdades do povo" e "corroeria (...) drasticamente a autonomia e o sistema que o tornaram tão próspero".

- "Refém" -

Pequim anunciou, nesta sexta-feira, ter protestado oficialmente ante as quatro capitais.

"Pedimos que esses países (...) parem de interferir nos assuntos de Hong Kong e nos assuntos internos chineses", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian.

Ele denunciou uma abordagem americana "completamente irracional" e alertou que a China não permitirá que os Estados Unidos "tomem o Conselho de Segurança como refém por seus próprios interesses".

Do lado britânico, o chefe da diplomacia, Dominic Raab, indicou que, se Pequim não recuar, Londres modificará as condições associadas ao "passaporte britânico ultramar" emitido para os moradores de Hong Kong depois que o território foi devolvido à China, a fim de torná-lo mais favorável.

Atualmente, esse passaporte permite uma permanência de apenas seis meses no Reino Unido, um limite que seria suprimido para permitir que seu portador procure trabalho, ou estudo, no país por "períodos prolongados de 12 meses", disse Raab à rede BBC.

Hoje, Zhao Lijian ameaçou Londres com represálias.

Em um contexto de fortes tensões entre Pequim e Washington (COVID-19, uigures, Taiwan, entre outros pontos), o presidente americano, Donald Trump, anunciou que dará uma coletiva de imprensa nesta sexta. Nela, anunciará "o que vamos fazer em relação à China".

Segundo seu secretário de Estado, Mike Pompeo, ele poderá adotar medidas relativas aos estudantes chineses nos Estados Unidos.

Antecipando a votação do Parlamento chinês na quinta, Washington já havia revogado o status especial concedido a Hong Kong, abrindo caminho para a abolição dos privilégios comerciais americanos concedidos ao território.

Mike Pompeo justificou essa decisão pelo fato de, segundo ele, a China não conceder mais ao território seu "alto grau de autonomia", conforme prometido no acordo sino-britânico assinado antes da retrocessão.

O Parlamento chinês adotou nesta quinta-feira (28) praticamente por unanimidade a polêmica lei sobre segurança nacional em Hong Kong, que, segundo os críticos, acabará com a autonomia da ex-colônia britânica, cenário de grandes manifestações pró-democracia em 2019.

Como era esperado, os quase 3.000 deputados da Assembleia Nacional Popular (ANP) chinesa aprovaram a medida que reativou os protestos em Hong Kong e provocou o início de um processo de sanções por parte dos Estados Unidos.

O anúncio do resultado da votação foi celebrado com aplausos pelos legisladores. A iniciativa foi aprovada com 2.878 votos a favor, um voto contrário e seis abstenções.

A votação concede mandato ao Comitê Permanente da ANP para redigir um projeto de lei que será incorporado à pequena Constituição de Hong Kong, evitando assim a opinião do Conselho Legislativo local.

Esta lei deverá "impedir, deter e reprimir qualquer ação que ameace de maneira grave a segurança nacional, como o separatismo, a subversão, a preparação ou a execução de atividades terroristas, assim como as atividades de forças estrangeiras que constituem uma interferência nos assuntos de Hong Kong", afirmava o projeto apresentado à ANP.

Também prevê autorização para que os organismos vinculados ao governo central estabeleçam em Hong Kong escritórios com autoridade em termos de segurança nacional.

Em Hong Kong, os opositores democratas à influência do governo central afirmam que a medida abre o caminho para um retrocesso sem precedentes das liberdades nesta metrópole financeira de sete milhões de habitantes.

A polícia de Hong Kong usou gás de pimenta nesta quarta-feira (27) para dispersar uma centena de manifestantes pró-democracia em um bairro comercial da cidade, pouco antes do início do debate de um projeto de lei que penaliza qualquer ofensa ao hino nacional chinês.

Os manifestantes se concentraram ao meio-dia para criticar o projeto de lei e foram dispersados pelas forças de segurança.

O debate no Conselho Legislativo (LegCo) do projeto de lei, que segundo o movimento pró-democracia viola a liberdade de expressão, acontece pouco depois da decisão da China de impor em Hong Kong uma lei de segurança nacional.

Pequim anunciou a medida na sexta-feira (22), após meses de grandes manifestações no território semiautônomo.

Os grupos pró-democracia convocaram uma grande manifestação para esta quarta-feira, dia do debate da lei, que pune com até três anos de prisão o desrespeito ao hino nacional chinês.

O projeto de lei sobre a segurança de Hong Kong, que o Parlamento chinês deve tratar na quinta-feira (28), refere-se apenas a "um punhado de criminosos" - declarou a chefe do Executivo Carrie Lam nesta terça (26), a fim de tranquilizar os investidores estrangeiros preocupados com as liberdades na ex-colônia britânica.

O governo central da China apresentou na sexta-feira (22) um texto bastante polêmico ao Parlamento para proibir a "traição, secessão, sedição e subversão" em Hong Kong.

No domingo (24), o ministro das Relações Exteriores chinês pediu que a lei seja aplicada "sem demora".

Essa reação após meses de protestos em massa em Hong Kong em 2019, muitas vezes violentos, também é uma resposta à incapacidade das autoridades locais de aprovarem este texto, que já havia desencadeado uma contestação no território no passado.

Essa lei é vista por muitos cidadãos de Hong Kong como a violação mais grave do princípio "um país, dois sistemas", que supostamente garante a Hong Kong liberdades inexistente em outras partes da China até 2047.

Uma preocupação compartilhada por algumas capitais ocidentais e por investidores estrangeiros.

No comando de um Executivo totalmente alinhado com Pequim, Lam considerou nesta terça a preocupação com as liberdades de Hong Kong "totalmente infundada".

O projeto "visa apenas a um punhado de criminosos e protege a grande maioria dos habitantes que respeita a lei e que ama a paz", disse Lam a repórteres.

Palavras que ecoam as proferidas no dia anterior pelo representante da China em Hong Kong, Xie Feng. Em declarações a diplomatas e empresários estrangeiros, ele disse que "não há absolutamente nenhuma razão para entrar em pânico", diante de uma lei que visa "a forças violentas e terroristas".

De junho a dezembro, Hong Kong experimentou a pior crise política desde a retrocessão em 1997, com uma contestação sem precedentes à tutela chinesa e à interferência de Pequim. Este movimento foi marcado por violentos confrontos com as forças de choque.

- Desestabilizar a nação -

Pequim apresenta esse movimento de protesto como uma conspiração apoiada por forças estrangeiras para desestabilizar a nação.

Já os defensores da democracia afirmam que a rua era o único meio de se fazer ouvir sem sufrágio universal.

Após um longo hiato, devido à epidemia de coronavírus, milhares de pessoas protestaram novamente no domingo em resposta à lei de segurança.

O texto exato do projeto não é conhecido, mas o Parlamento chinês apresentou suas linhas gerais na semana passada. Deve, em princípio, aprová-lo até quinta-feira para entrar em vigor no decorrer do verão boreal.

Um motivo de preocupação é o dispositivo que permitiria que policiais chineses operassem em Hong Kong, cuja Justiça deveria ser independente.

Muitos veem isso como um risco de repressão contra os dissidentes, já que as leis antissubversão são frequentemente usadas na China contra os críticos do regime.

Na coletiva de imprensa desta terça-feira, Lam acrescentou que os protestos contra o governo continuarão sendo permitidos, se "forem realizados legalmente".

Nos próximos dias, novas mobilizações estão previstas no território semiautônomo, apesar da proibição de aglomeração.

O Parlamento chinês informou nesta quinta-feira (21) que apresentará uma proposta de lei de segurança nacional em Hong Kong em sua sessão anual, em um movimento que provavelmente provocará agitação no mercado financeiro.

A Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC), um organismo amplamente simbólico, celebrou sua sessão nesta quinta, um dia antes da mais importante reunião legislativa anual do país.

Mais de 2.000 delegados de toda a China baixaram a cabeça e mantiveram um minuto de silêncio em memória das vítimas da pandemia do coronavírus, depois de cantar o hino nacional no Palácio do Povo Chinês.

O presidente Xi Jinping e os 25 membros do Politburo presidiram a conferência no palco central e foram os únicos que não usavam máscara.

Pouco antes do início da conferência, Zhang Yesui, porta-voz da sessão anual do Congresso Nacional do Povo (ANP), anunciou que, durante essa reunião, o Parlamento debaterá uma lei de segurança em Hong Kong.

Como o Parlamento chinês é basicamente uma câmara para registro de leis do Partido Comunista Chinês (PCC), há poucas dúvidas de que a lei será aprovada, suscitando forte oposição no território semi-autônomo.

"Quero dizer à comunidade internacional que este será o fim de Hong Kong", reagiu o parlamentar pró-democracia Dennis Kwok a partir do território semi-autônomo na noite desta quinta-feira, acusando Pequim de "ter quebrado sua promessa".

O projeto fortalecerá os "mecanismos de aplicação da lei" no arquipélago para "proteção da segurança nacional", anunciou Zhang Yesui.

"Qualquer tentativa de impor uma lei de segurança nacional que não reflita a vontade dos cidadãos de Hong Kong seria muito desestabilizadora e seria fortemente condenada pelos Estados Unidos e pela comunidade internacional", disse o porta-voz da diplomacia americana, Morgan Ortagus.

Quanto ao presidente americano, Donald Trump, ao ser perguntado sobre o tema, prometeu que, se necessário, Washington resolverá "o problema com muita força".

"Não sei o que é, mas ninguém sabe ainda. Se acontecer, abordaremos o problema com muita força", disse o presidente.

A iniciativa surgiu quase um ano após o início de um movimento de grandes protestos em Hong Kong.

Os manifestantes inicialmente denunciaram a crescente influência de Pequim no território, mas depois exigiram mais autonomia para o território, que deixou de ser administrado pelo Reino Unido em 1997, passando a ficar sob as ordens da China.

O movimento levou a violentos confrontos entre policiais e manifestantes radicais e a numerosos atos de vandalismo.

Além disso, alimentou uma corrente militante para a autodeterminação ou, até, a independência da região.

- "Um país, um sistema" -

Esse movimento acendeu a luz vermelha em Pequim, frustrado há muito com tempo com a incapacidade do governo de Hong Kong de aprovar uma lei anti-subversão local.

"Hong Kong é uma parte inseparável da República Popular da China", enfatizou Zhang Yesui nesta quinta.

Hong Kong goza de ampla autonomia em relação ao resto do país, liderado pelo PCC, sob o conceito "Um país, dois sistemas".

O povo de Hong Kong desfruta da liberdade de expressão, de imprensa e de justiça independente, diferentemente do povo da China continental.

"Parece-me que é o conceito 'Um país, um sistema' que foi oficialmente implementado em Hong Kong" com esta lei, aprovada pela deputada pró-democracia de Hong Kong, Tanya Chan.

Por outro lado, o principal partido pró-Pequim de Hong Kong declarou que "apoiava totalmente" a iniciativa do Parlamento nacional.

- Precedentes -

Não é a primeira vez que as autoridades locais tentam impor essa legislação em Hong Kong.

O Artigo 23 da "Lei Fundamental", que funciona como Constituição há duas décadas no território semiautônomo, diz que a cidade deve promulgar leis de segurança nacional para proibir "traição, secessão, sedição (e) subversão" contra o governo chinês.

Mas a cláusula nunca foi implementada por temores públicos de que isso poderia significar uma redução dos direitos civis.

Em 2003, uma tentativa de tornar válido o Artigo 23 foi arquivada depois que meio milhão de pessoas saíram às ruas em protesto.

Nos últimos anos, a polêmica lei retornou à discussão em resposta à ascensão do movimento em prol da democracia na cidade.

No final de abril, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, alertou a China sobre o perigo de aprovar essa lei.

A polícia de Hong Kong anunciou nesta segunda-feira (11) a prisão de 230 pessoas, incluindo um garoto de 12 anos, durante o fim de semana, nos primeiros protestos políticos no território desde o início da pandemia de coronavírus.

Nesse contexto, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, favorável ao poder de Pequim, prometeu nesta segunda-feira uma reforma educacional, por considerar que o sistema atual contribui para alimentar o movimento pró-democracia, que no ano passado abalou este território chinês.

"Com relação à maneira, no futuro, de abordar o ensino da disciplina de 'estudos liberais' [uma disciplina de cultura geral para desenvolver o espírito crítico], vamos esclarecer as coisas antes do final do ano", disse ela em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal "Ta Kung Pao", também favorável a Pequim.

No domingo, dois dias após o levantamento, entre outros, da proibição da reunião em razão do coronavírus, a polícia de choque dispersou manifestantes que se reuniram em vários shopping centers no distrito de Mong Kok, usando spray de pimenta e cassetetes.

Segundo autoridades médicas, 18 pessoas ficaram feridas.

Em meio a novas tensões políticas, as declarações de Lam podem provocar a raiva dos militantes pró-democracia de Hong Kong, que temem que Pequim reduza as liberdades que o território possui.

Com o apoio de Pequim, o governo de Lam está tentando aprovar uma lei para sancionar ofensas contra o hino nacional chinês. Várias personalidades próximas ao poder pedem, por sua vez, uma lei contra a sedição.

A nova legislação visa a coibir o movimento cada vez mais amplo, particularmente entre os jovens, em favor da democracia e por mais autonomia da China.

A oposição acredita que essas leis reduzirão a liberdade de expressão.

As escolas e universidades de Hong Kong estão entre as melhores da Ásia, e o ensino tem uma liberdade que não existe na China continental.

Os cursos de cultura geral foram introduzidos em 2009, e as escolas podem escolher como ensiná-los.

É por isso que eles se tornaram objeto de críticas da mídia oficial chinesa e de políticos pró-Pequim, que exigem uma educação mais patriótica.

Em sua entrevista, Lam diz que essas aulas permitem que os professores promovam suas posições políticas e que elas precisam ser observadas mais de perto pelo governo.

Entre junho e dezembro de 2019, Hong Kong passou por grandes manifestações, acompanhadas de confrontos entre ativistas e policiais para denunciar a influência de Pequim.

Mais de 8.000 pessoas foram presas. Em torno de 17% eram estudantes do ensino médio.

Hong Kong anunciou, nesta terça-feira (5), um relaxamento das restrições impostas ao combate ao coronavírus, em particular a reabertura de escolas, bares e cinemas. A decisão se baseia na clara redução da circulação do vírus na ex-colônia britânica. A medida entra em vigor na próxima sexta-feira.

A expectativa das autoridades locais é que seja possível aliviar a economia do território. Já afetada no ano passado pela guerra comercial entre China e Estados Unidos e pela crise política interna, a economia foi duramente atingida pela epidemia.

As autoridades também anunciaram um projeto para distribuir máscaras reutilizáveis para os 7,5 milhões de habitantes da cidade. Depois da China, Hong Kong foi um dos primeiros territórios afetados pela pandemia. Apesar de sua proximidade com a China continental, esta região semiautônoma conseguiu impedir a propagação do novo coronavírus.

O território totaliza mil casos de contaminação e quatro mortes. Hong Kong não registrou um novo caso em dez dos últimos 16 dias. Todos os casos registrados foram de pessoas entrando em Hong Kong e já postas em quarentena.

"Espero que essas medidas sejam um alívio para os habitantes", disse a chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, a jornalistas nesta terça-feira.

A proibição de se reunir em restaurantes em grupos de mais de quatro pessoas foi ampliada para oito pessoas. A distância de 1,5 metro entre as mesas permanece.

Os shows ainda são proibidos, e as boates, fechadas. Cinemas e salões de beleza podem reabrir, mas respeitando as medidas de higiene.

Dados divulgados na segunda-feira apontam que o PIB de Hong Kong caiu 8,9% no primeiro trimestre interanual. É seu pior resultado desde que estes números começaram a ser coletados em 1974.

As ruas de Hong Kong voltaram à calma após meses de protestos, mas a agitação política persiste, como evidenciado no sábado pela detenção de membros da oposição e pela atual controvérsia constitucional sobre a ação de Pequim.

De junho a dezembro de 2019, a ex-colônia britânica passou pela pior crise política desde seu retrocesso à China em 1997, com protestos praticamente diários para denunciar a influência do poder central chinês e os violentos confrontos entre radicais e policiais.

Mas essas manifestações, que já haviam perdido força no final do ano, cessaram completamente devido às ordens preventivas necessárias para interromper a pandemia do novo coronavírus.

No entanto, nada foi resolvido entre, por um lado, Pequim e o executivo de Hong Kong e, por outro, a oposição pró-democracia que denuncia a interferência da China em sua região semi-autônoma e pede reformas.

Até haveria algo "novo e negativo" que estaria "em processo de incubação", de acordo com a empresa de gerenciamento de riscos Steve Vickers Associates, que nesta semana apontou para a intransigência de cada lado.

- Lei Fundamental -

As tensões foram exacerbadas pela prisão, no sábado, de 15 personalidades do movimento pró-democracia por envolvimento nos protestos de 2019.

Todos eram moderados, ex-parlamentares ou universitários. Entre eles, o magnata da mídia Jimmy Lai, de 72 anos, e também Martin Lee, de 81 anos, um dos homens que, na década de 1980, participou da redação da "Lei Fundamental".

Este texto, que serve de constituição para a cidade e deve garantir até 2047 uma semi-autonomia e liberdades que não existem em nenhum lugar da China continental, é agora objeto de uma guerra de interpretações que pode ter importantes consequências.

Em uma declaração, o escritório de ligação, o braço do governo central em Hong Kong, sugeriu que qualquer obstrução do conselho legislativo (o parlamento de Hong Kong) pelos militantes "pró-democracia" poderia levar a problemas com a justiça.

A oposição se apressou em denunciar uma interferência inaceitável da China.

Ninguém discute que Pequim é responsável pela defesa e diplomacia de Hong Kong, mas o Artigo 22 da "Lei Fundamental" estipula que nenhum departamento do governo central pode "interferir" em áreas onde as autoridades locais governam, como no sistema legislativo e judicial.

O escritório de ligação disse que não se sente obrigado pelo Artigo 22 e pode realizar algum tipo de "supervisão" sobre Hong Kong, o que significa uma mudança de 180 graus em sua política tradicional.

A confusão aumentou quando o executivo local, bombardeado por perguntas sobre essas declarações que poderiam acabar com o status de Hong Kong, primeiro alegou que o escritório de ligação estava sujeito ao Artigo 22, antes de voltar atrás e finalmente concordar com Pequim.

Muitos ativistas temem que a China aproveite esse contexto de crise de saúde global para expandir inconstitucionalmente seus poderes em Hong Kong.

Outros temem a retomada dos protestos antes das eleições legislativas de setembro. Convocações para sair às ruas em 1º de julho circulam, embora nessa data as medidas de distanciamento social ainda estejam em vigor devido ao novo coronavírus.

A polícia de Hong Kong anunciou uma grande operação neste sábado contra líderes do movimento pró-democracia, com 15 pessoas detidas pelas grandes manifestações organizadas em 2019 no centro financeiro asiático.

Entre os detidos está o empresário Jimmy Lai, fundador do jornal de oposição Apple Daily, preso em sua residência.

Os parlamentares Martin Lee, Margaret Ng, Albert Ho, Leung Kwok-hung e Au Nok-hin, acusados de organizar manifestações ilegais em agosto e outubro, também foram detidos.

Os 15 devem comparecer à justiça em maio, anunciou o comissário Lam Wing-ho.

"Os detidos foram indiciados ou serão indiciados em breve", explicou o comandante policial.

Hong Kong foi cenário durante vários meses de 2019 de grandes mobilizações, que em alguns casos terminaram em violência, com vários confrontos com as forças de segurança.

As manifestações foram provocadas inicialmente por um projeto de lei - depois abandonado - que pretendia autorizar as extradições para a China continental, onde os cidadãos dispõem de menos direitos e o sistema judicial é menos transparente.

As manifestações no território semiautônomo rapidamente se transformaram em um movimento pró-democracia com pedidos de mais liberdades. Isto significou um desafio aberto ao poder de Pequim desde que a ex-colônia britânica foi devolvida à soberania chinesa em 1997.

As manifestações e os confrontos com a polícia diminuíram progressivamente, devido em parte ao cansaço e às detenções, mas também pelo surgimento da pandemia de coronavírus.

O governo chinês se recusou a ceder às demandas dos ativistas, que incluíam a organização de eleições livres no território e uma anistia para as mais de 7.000 pessoas detidas durante o movimento.

O empresário dos meios de comunicação Mai já havia sido detido em fevereiro, acusado de participação em uma manifestação em agosto do ano passado que foi declarada ilegal.

"Por fim sou acusado. Como me sinto? Muito aliviado", declarou o parlamentar Lee após ser notificado das acusações.

Apontado como o líder do movimento democrático no território, Lee, um advogado de 81 anos, fundador do principal partido da cidade, declarou: "Durante muitos anos, muitos meses, muitos jovens corajosos foram detidos e acusados, enquanto eu não era. Lamento".

As declarações foram criticadas pelo chefe de polícia do território, Chris Tang.

"Embora seja um veterano do Direito, ele continua incitando os jovens a violar a lei. Não penso que deveria sentir orgulho, deveria sentir vergonha", disse.

O governo local, partidário de Pequim, "tenta com todas as forças impor um reino de terror", advertiu a parlamentar pró-democracia Claudia Mo.

"É óbvio que estão coreografando todos o seus atos", completou.

Cerca de 130 policiais do batalhão de choque de Hong Kong estão em quarentena, depois que dois colegas testaram positivo para o novo coronavírus, informou uma fonte policial neste sábado.

Um sargento de 46 anos que trabalhava no distrito de Kowloon testou positivo. Ele havia atuado em um protesto na última terça-feira. Outro oficial, 31, da mesma unidade tática, também foi infectado, no último domingo, após ir a um bar.

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Segundo uma fonte policial, as instalações compartilhadas na base da polícia regional podem ser a fonte da infecção. Após a investigação, o departamento de Saúde do território decidiu colocar em quarentena por 14 dias, em um acampamento, cerca de 130 policiais.

O número de casos no território subiu hoje para 862, dos quais quatro mortos.

Devido à escassez de máscaras pelo surto do novo coronavírus, a população de Hong Kong começou a fabricá-las por conta própria, ou mesmo a abrir oficinas especializadas.

Toda vez que as farmácias da cidade recebem uma nova carga de máscaras, longas filas de clientes se formam, ansiosos para conseguir uma. Isso levou algumas pessoas a fabricá-las, embora algumas sejam de qualidade duvidosa.

Judy, de 73 anos, usa uma máscara caseira. "Encontrei o material – meu lenço e alguns retalhos –, combinei tudo e usei um pouco de arame para a parte de cima e um pouco de borracha", explicou ela à AFP, que pediu para não ser identificada.

Em uma rua no distrito de Sham Shui Po, onde há muitas lojas de alfaiataria e de tecidos, o comércio também reagiu rápido. Muitas das vitrines exibem máscaras de pano coloridas, enquanto os vendedores trabalham duro em suas máquinas de costura.

A costureira Elase Wong decidiu compartilhar o modelo de sua máscara, feita à mão, porque "algumas pessoas não podiam comprá-las... então agora podem fazer sozinhas", disse ela à AFP.

O preço das máscaras disparou, devido à escassez e à recusa do governo a regular os preços, ou a racionar os estoques, algo que também aconteceu em Macau e em Taiwan.

Um lote de 50 máscaras cirúrgicas pode ser vendido por até 300 dólares de Hong Kong (40 dólares americanos), enquanto uma caixa do modelo N95, a de melhor qualidade, custa 1.800 dólares de Hong Kong (231 dólares americanos).

Um diretor de cinema, conhecido como Tong, terminou esta semana de dar os retoques finais em uma oficina de máscaras que abrirá em breve em um edifício industrial.

"Fiz algumas perguntas e percebi que as máscaras não são tão difíceis de fabricar. Por que os preços são tão altos? Porque em Hong Kong não existe nenhuma linha de produção", alegou Tong, em conversa com a AFP.

Com a ajuda de um investidor, importou uma máquina da Índia e planeja importar mais. Tong espera que a máquina fabrique entre 60 e 80 máscaras cirúrgicas por minuto a partir de sábado, em uma sala livre de poeira.

Segundo ele, as máscaras serão vendidas por 1 ou 2 dólares de Hong Kong, on-line, e a venda será limitada a uma caixa por pessoa.

Já o governo local liderado por Carrie Lam, muito criticado pela escassez de máscaras e por sua falta de previsão, diz que está fazendo todo o possível para garantir os estoques do produto.

Um idoso de Hong Kong que contraiu o novo coronavírus faleceu nesta quarta-feira (19), anunciaram as autoridades locais, a segunda morte no território provocada pela doença.

"O estado de um paciente masculino de 70 anos infectado com o novo coronavírus piorou e ele morreu no Princess Margaret Hospital", afirma um comunicado.

O homem foi hospitalizado no dia 12 de fevereiro depois de desmaiar em casa. Ele estava com febre e deu resultado positivo para o vírus.

Na China continental, onde surgiu o novo coronavírus, mais de 2.000 pessoas faleceram e 74.000 foram infectadas.

Hong Kong confirmou o vírus em 62 pacientes, incluindo duas mortes. As primeiras infecções foram detectadas em pessoas que viajaram à província chinesa de Hubei, foco da epidemia, no centro da China.

Mas nas últimas semanas aumentaram os casos de infecção entre moradores sem antecedentes de viagens à China.

Após horas de plantões extenuantes com pacientes portadores do novo coronavírus, Alfred Wong, médico de Hong Kong, retorna a seu quarto de hotel, sozinho, longe da mulher, grávida. Uma história de como a vida mudou para alguns por causa da epidemia de COVID-19.

Aos 38 anos, ele se ofereceu como voluntário para se juntar à equipe médica das pessoas afetadas pela nova pneumonia viral, que foram isoladas.

Para Wong, é uma maneira de evitar ser chamado para trabalhar mais tarde e não poder assistir ao nascimento de sua filha, previsto para dentro de dois meses. Por enquanto, para evitar qualquer risco de contágio, ou de contaminação, limita ao máximo os contatos com sua família.

"Tudo o que posso fazer agora é me proteger e ficar longe de todos, da minha família e dos meus amigos", explica à AFP.

Desde que ingressou nesta equipe médica no início de fevereiro, o dr. Wong dorme em um hotel perto do hospital e, para minimizar qualquer risco de contaminação, raspou a cabeça.

"O melhor presente que posso dar é, talvez, continuar sendo um marido vivo", observa Wong, coçando as mãos, irritadas pelas lavagens frequentes.

Wong planeja celebrar o Dia dos Namorados (o Valentine's Day) com sua esposa, mas no restaurante vão se sentar em mesas diferentes.

Como ele, centenas de médicos e enfermeiros de Hong Kong estão separados de suas famílias desde o surgimento do novo coronavírus, que deixou quase 1.400 mortos na China continental.

Em Hong Kong, território chinês semiautônomo, foram registrados 53 casos de contaminação e uma morte.

- Material limitado -

Embora esses números sejam muito baixos em comparação à China continental, o pessoal médico está sob grande pressão nos hospitais, já sobrecarregados nessa megalópole de mais de 7 milhões de habitantes.

Atualmente, nos hospitais públicos de Hong Kong, 60% das salas de isolamento estão ocupadas por pessoas portadoras do novo coronavírus, ou casos suspeitos.

"Precisamos visitar cada paciente duas vezes por dia e temos três reuniões diárias com nossa equipe para avaliar a situação de cada um", diz o médico, que fala em caráter pessoal.

A falta de material de proteção individual - máscaras, óculos, luvas - adiciona mais pressão ao já forte impacto psicológico.

As autoridades de Hong Kong reconheceram ter apenas um mês de reserva de máscaras para o pessoal médico e tentam importá-las, mas o contexto internacional já é de escassez.

As associações de médicos se preocupam, afirmando que, na taxa atual, essas reservas podem se esgotar antes do esperado. Essa falta de previsão do Executivo de Hong Kong é altamente criticada.

Milhares de médicos entraram em greve no início de fevereiro para obter o fechamento total da fronteira com o restante da China.

Agora, quase todos os pontos de trânsito foram fechados, e qualquer viajante vindo da China continental deve ficar isolado por duas semanas.

Wong alega não ter se juntado a esse movimento, que, no entanto, apoiou. Ele lamenta que o governo não tenha se preparado melhor para esse tipo de epidemia, pois, segundo ele, "a história se repete".

Em 2003, 299 pessoas morreram em Hong Kong vítimas da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), causada por outro coronavírus.

Oito funcionários de saúde morreram, incluindo um jovem médico do hospital onde o dr. Wong trabalha.

Wong, que era estudante de medicina na época, diz agora que não sabe se vai se arrepender de ser voluntário.

Mas, para ele, uma coisa é certa: "Alguém deve fazer o trabalho, e nós somos as pessoas treinadas para isso".

Mais de cem pessoas foram evacuadas nesta terça-feira (11) de um prédio de 35 andares em Hong Kong, onde dois casos do novo coronavírus foram descobertos em diferentes andares e as autoridades investigam se é possível uma transmissão através do encanamento.

O novo surto reviveu em Hong Kong a memória traumática da epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) que, em 2002 e 2003, deixou 299 mortos.

No meio da noite, parte dos habitantes do prédio Hong Mei House foi evacuada. O edifício faz parte do condomínio Cheung Hong Estate, localizado na ilha Tsing Yi, no noroeste de Hong Kong, território chinês semiautônomo.

Vários membros dos serviços de saúde com roupas de proteção brancas trabalhavam nesta terça-feira para verificar se a epidemia se espalha neste prédio residencial onde vivem um total de 3 mil pessoas.

As autoridades de Hong Kong monitoram atentamente o surgimento de novos casos devido à alta densidade populacional nesta cidade de 7 milhões de habitantes, a maioria dos quais vive em arranha-céus, com mais de 60 andares.

Muitos se lembram do caso do edifício residencial Amoy Gardens em Hong Kong, onde em 2003 a Sars apareceu e infectou 321 residentes, 42 dos quais morreram.

A investigação mostrou que o vírus circulava verticalmente pelos canos dos banheiros e passava rapidamente de um apartamento para outro. A doença começou com um chinês que estava com diarreia e que visitou o irmão que morava no prédio.

Nesta terça-feira, as autoridades disseram que a evacuação de parte dos moradores do Cheung Hong Estate é uma medida de precaução após a descoberta de um caso no terceiro andar do edifício Hong Mei House, uma mulher de 62 anos, o 42º caso de contaminação por coronavírus detectado em Hong Kong.

Outra infecção foi confirmada no 13º andar do mesmo prédio. "Não estamos seguros quem foi o vetor de transmissão", disse a jornalistas Wong Ka-hing, do Centro de Defesa Sanitária.

- Medo -

Como medida de precaução, os habitantes de todos os apartamentos do prédio entre os andares onde os dois casos foram detectados foram evacuados e terão que ficar em quarentena por 14 dias.

A secretária de Saúde de Hong Kong, Sophia Chan, disse que quatro pessoas foram hospitalizadas isoladamente porque apresentam sintomas semelhantes aos da gripe.

Nesta terça-feira, muitos policiais e profissionais da saúde ainda estavam no prédio.

"É claro que tenho medo", disse à AFP a senhora Chan, de 59 anos, que mora no prédio e se recusou a dar seu sobrenome.

"Eu moro aqui com meu filho, minha nora, meus netos e meu marido. Saímos pouco porque não temos máscaras suficientes", explicou.

Lee, outra moradora do Hong Mei House, disse que no prédio "vivem muitas pessoas idosas".

"Todo mundo está preocupado com o vírus, porque ele pode se espalhar por todo o edifício", acrescentou.

O saldo da epidemia ultrapassou mil mortos, mas apenas um em Hong Kong, onde há 42 pessoas infectadas.

Desde sábado, qualquer pessoa que chegue da China continental, o epicentro da epidemia, deve passar por uma quarentena de 14 dias.

Nove membros de uma família de Hong Kong estão infectados com o novo coronavírus após compartilharem uma refeição, confirmaram as autoridades neste domingo.

Um homem de 24 anos, seus pais, sua avó de 91 anos e duas tias e três primos foram infectados, disse o Centro de Proteção à Saúde de Hong Kong.

As autoridades disseram que a família participou de uma reunião de 19 pessoas que compartilharam um prato típico durante as férias do Ano Novo Lunar, no final de janeiro.

Mais de 800 pessoas morreram quase todas na China continental, por esta doença, responsável por 37.200 infectados.

A cidade semi-autônoma começou a impor um período de quarentena de 14 dias no sábado para todas as pessoas que chegavam da China continental, em uma nova tentativa de conter a propagação do vírus.

Os moradores de Hong Kong corriam aos supermercados para comprar papel higiênico, o que levou as autoridades a negar nesta quinta-feira (6) boatos sobre escassez, em meio ao combate à propagação do novo coronavírus.

Nos vídeos obtidos pela AFP é possível ver longas filas de clientes com carrinhos cheios de papel higiênico em várias lojas em Hong Kong. Eles também compravam arroz e macarrão.

Lois Strange, professora britânica de 32 anos, disse à AFP que na quarta-feira (5) testemunhou uma cena caótica em um supermercado: "Estava cheio. Todo mundo pegava o máximo de rolos de papel higiênico que podia", disse.

O governo de Hong Kong publicou nesta quinta-feira uma declaração afirmando que os falsos rumores sobre a escassez de arroz e papel higiênico "levaram a compras devido ao pânico e até ao caos".

As autoridades censuraram as pessoas com "más intenções" por terem divulgado "rumores, enquanto a cidade luta contra a propagação da doença".

Hong Kong, um território chinês semiautônomo, fechou quase todos os postos fronteiriços com a China continental para tentar conter a propagação da epidemia de pneumonia viral.

Mas o transporte de mercadorias não é afetado, de acordo com o governo. "Existem reservas suficientes de produtos básicos, como arroz e macarrão. Não precisam se preocupar", afirmou o Executivo.

O novo coronavírus causou mais de 560 mortes na China continental, desde o seu surgimento em dezembro. Hong Kong, que registrou 21 casos de contaminação, anunciou na terça-feira sua primeira fatalidade pelo vírus.

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