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O município de Guarulhos, localizado em São Paulo, deu início a campanha “Fique Sabendo”, que pretende estimular a população realizar testes de Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e sífilis. A ação segue em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Serviço de Assistência Especializada em Infecções Sexualmente Transmissíveis (SAE) e nos Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da cidade até o dia 1º de dezembro, em que é celebrado o Dia Internacional da Luta contra a AIDS.

De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 112 casos de HIV foram diagnosticados este ano em Guarulhos, mais de 50% correspondem a homens com idade entre 20 e 34 anos.

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Para realizar o teste é necessário efetuar a coleta de sangue, o resultado fica pronto em aproximadamente 30 minutos. O procedimento não necessita de preparo, basta comparecer na UBS mais próxima, entre as 8h às 16h.

Segundo a prefeitura, a cidade pretende colaborar para que a meta 90/90/90 seja atingida junto ao Estado de São Paulo, cuja proposta é que até 2020 90% de todas as pessoas portadoras de HIV saibam que tem o vírus; 90% dos diagnosticados recebam terapia antirretroviral ininterruptamente e que 90% dos munícipes em tratamento tenham suprimido a carga viral, levando-a a níveis indetectáveis. Além da nova meta que corresponde à discriminação zero.

No primeiro semestre deste ano, foram ofertados aproximadamente 30 mil testes rápidos em Guarulhos. Durante a intensificação, a expectativa é que sejam realizados entre 3 a 4 mil testes de HIV e sífilis.

Um relatório do Ministério da Saúde mostra que o diagnóstico e o tratamento de pessoas que vivem com HIV-aids melhorou no Brasil nos últimos quatro anos, embora deixe claro que há ainda inúmeros desafios a serem enfrentados. De acordo com o trabalho, o número de pessoas com HIV que sabem da sua condição aumentou. Também é maior a parcela dos que estão em tratamento com medicamentos antirretrovirais. Ao mesmo tempo, as taxas de abandono à terapia ainda são altas e continua significativo o número de pessoas que descobrem a infecção pelo HIV de forma tardia - o que dificulta o sucesso no tratamento.

"Há conquistas, mas também desafios", constata a diretora do Departamento de Prevenção e Controle das ISTs, HIV/Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken.

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Um dos maiores avanços apontados pelo trabalho é a melhora no diagnóstico. Estima-se que 830 mil pessoas vivam com HIV no Brasil. Desse total, 694 mil (84%) sabem que são portadoras do vírus - um aumento de 18% quando comparado com dados de 2012.

Em 2016, 72% das pessoas diagnosticadas estavam em tratamento. Uma proporção bem maior do que em 2012, quando 62% das pessoas vivendo com HIV-aids estavam em terapia com antirretrovirais.

A supressão viral (quando a proporção de vírus circulante no sangue é considerada pouco expressiva, o que indica o sucesso do tratamento) também avançou. Dos pacientes tratados, 91% apresentam carga mínima de vírus.

Os dados indicam que o Brasil está próximo de atingir pelo menos duas das três metas do Programa das Nações Unidas para Aids (UnAids, na sigla em inglês), batizado de 90-90-90. O compromisso dos países é chegar até 2020 com 90% das pessoas com HIV-aids diagnosticadas; desse grupo, pelo menos 90% em tratamento e, dos que estão em tratamento, 90% com supressão viral.

"Estamos a seis pontos porcentuais para alcançar a meta do diagnóstico", constata Adele. A meta da supressão viral já foi atingida e agora precisa ser mantida até 2020.

Um dos maiores desafios é tentar garantir que as pessoas diagnosticadas entrem em tratamento - e mantenham essa condição. A diretora chama a atenção para os dados da população entre 18 e 24 anos. Nesse grupo, apenas 56% dos diagnosticados estão em tratamento e 49% têm carga viral em níveis considerados ideais.

"É preciso fazer um esforço para melhorar esses indicadores."

A ideia é fazer uma campanha para mobilizar pessoas nessa idade a se testar e manter o tratamento. Tão importante quanto isso, ressalta Adele, é tentar identificar as falhas do sistema que levam jovens a se manter afastados dos sistemas de saúde. As estratégias, afirma a diretora, serão adotadas em conjunto com serviços estaduais e municipais de saúde.

Para Veriano Terto, da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, os indicadores apontam um bom resultado. "Mas esses dados se contrastam com outros dados chocantes, como que 30% da população transexual vive com HIV/aids, ou o crescimento da prevalência da infecção entre população de homens que fazem sexo com homens", disse. "O Brasil vive um paradoxo. Qual epidemia vamos descrever? A que em números gerais já está próxima de atingir o 90-90-90 ou a que mostra o avanço da epidemia entre jovens?"

A partir de hoje, o Grupo de Trabalho em Prevenção Posithivo (GTP+), promove o Encontro Regional Nordeste de Gerenciamento e Comportamento de Risco. O evento acontece até o dia 26 de novembro, no Hotel Boa Vista, e tem como objetivo criar discussões e reflexões, bem como difundir informações sobre a utilização de novas tecnologias na prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), Hiv/Aids, hepatites virais e tuberculose.

O Encontro reunirá jovens, adultos gays, homens que fazem sexo com homens (HSH), ativistas dos Direitos Humanos de todo o Nordeste e especialistas no assunto. As políticas voltadas para utilização da tecnologia para prevenção será abordada em todas as esferas: municipal, estadual e federal.

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Serão abordadas técnicas modernas como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que se utiliza de um medicamento antirretroviral (ARV), por pessoas não infectadas, para reduzir o risco de aquisição do HIV, através de relações sexuais. O Hospital Oswaldo Cruz, será o primeiro de Pernambuco a oferecer o serviço, a partir de dezembro. As inscrições já estão encerradas, mas os interessados poderão acompanhar a mesa de abertura de hoje, aberta ao público.

Programação:

23/11 – QUINTA-FEIRA

15:00 – Credenciamento

16:30 – Abertura com Boas vindas.

Facilitador - André Guedes: Coordenador Pedagógico GTP+.

- Dr. Marco Aurélio Farias da Silva - Promotor de Justiça do Estado de PE e coordenador do CAOP Cidadania.

- François Figueiroa - Coordenação Estadual de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais de Pernambuco.

- Alberto Enildo - Coordenador Municipal de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais do Recife.

-Cristiano Oliveira – Responsável Técnico pelo Espaço TRANS identidades/UPE.

-José Candido – Representante da Rede estadual de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS de PE.

- Jair Brandão - Gestos Soropositividade e Comunicação

- Thayla Pereira - AMOTRANS.

- Wladimir Reis - GTP+ Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo.

- O Jovem Evandro Farias, estudante secundarista - Movimento RUA Juventude Anticapitalista.

- O Jovem Rodrigo Paulino - Coletivo Flor no Asfalto do Ceará/Fortaleza.

18:30 – Programação Cultural

- Jovem Franco Fonseca – Monologo CIDA.

- Jovem Rodrigo Cristian – Dança do Ventre.

-Gilson de Paula. Ator, Bailarino e intérprete da personagem BlackNegon

19:00 - Coffee-Break de confraternização

24/11 - SEXTA-FEIRA

9:00 –Tema: Governamental: Política de prevenção visando as novas tecnologias de prevenção as ISTs, HIV e AIDS com foco na PEP, PREP e Prevenção Combinada.

- Facilitador: Wladimir Reis - Coordenador Geral do GTP+

- Diego Calisto - Departamento Nacional de IST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

- François Figueiroa - Coordenador Estadual de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais de Pernambuco.

- Alberto Enildo - Coordenador Municipal de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais do Recife.

- Drº Pesquisador Luiz Claudio Arrais de Alencar do IMIP. Infectologista e Pesquisador nas áreas de Vacinas Terapêuticas e antirretrovirais.

12h – Almoço

14:00 –Tema: Saúde na referência em PEP, Tuberculose e Hepatites Virais.

- Facilitador: Well Leal – Rua Juventude Anticapitalista.

- Drº Flávio Holanda  - Infectologista  do Hospital Correia Picanço -.

- Enfermeira Subgerente Bruna Palha do IMIP.

- Professora Drª Luiza Menezes do CISAM.

- Fábio Correia - Membro do Comitê Comunitário de Acompanhamento das Pesquisas em Tuberculose no Brasil (CCAP TB BRASIL).

- Psicóloga Laís Coutinho - NAPHE - Núcleo de Assistência aos Pacientes Hepáticos.

16:00 – Apresentação Teatral de Lampião e Maria Bonita “Super Prevenidos na luta contra o Zika Vírus e as ISTs”.

16:20 – Gerenciamento de comportamento de risco com enfoque na prevenção.

- Facilitadora: Márcia Vogue GTP+

- Jair Brandão da Gestos  Soropositividade e Comunicação.

- Wladimir Reis do GTP+ Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo.

-Thiago Rocha do Instituto Papai.

- Marcio Villar - Pela Vida Rio.

17:30 Coffee-Break

25/11 – SÁBADO

9:00: Tema: Sexo seguro  sob o olhar no gerenciamento do comportamento de risco no foco o uso da PEP e PrEP.

- Facilitador - André Guedes: Coordenador Pedagógico GTP+.

- Cristiano Oliveira - Enfermeiro e educador nas intervenções na Prevenção às ISTs.

- Alexandre Magno - Psicanalista

- Jovem João Vitor Pires - Voluntário do estudo AMP, PREP, do Grupo Pela Vida RJ e participante do Movihmentação - Fórum de Juventude e Direitos Humanos.

14:00 Representações estaduais: A prevenção que temos e a prevenção que queres sobre o olhar no gerenciamento do comportamento de risco.

- Facilitador: Jovem Rodrigo Paulino do Coletivo Flor no Asfalto do Ceará/Fortaleza.

- Jovem Jadilson Silva do Grupo Solidariedade e Vida do Maranhão/São Luiz

- Evandro Batista da associação Brasileira de Redução de Danos de João pessoa/Paraíba.

- Jovem Patrick Álisson da Liga Universitária LGBT do Piauí/Teresina.

- Jovem Franco Willamy do grupo Cores Teatro do Rio Grande do Norte

- Jovem Rogério Fernandes da ASTRA Associação Sergipana de Transgêneros de Sergipe/Aracaju.

- Josezito Gomes da RNP+ de Alagoas/Maceió.

- Jovem Ivanilson Santos do Grupo Vida e Saúde da Bahia/Salvador.

- Jovem Emerson Diniz do GTP+ de Pernambuco/Recife.     

16:00  Papo cabeça

Facilitador: André Guedes GTP+

- Oficina sobre Gerenciamento de Comportamento de Risco visando as nossas tecnologias de prevenção as ISTs, HIV e AIDS

17:30 Coffee-Break

26/11 – DOMINGO

9:00: Finalização

– Facilitador - André Guedes: Coordenador Pedagógico GTP+.

- Avaliações e encaminhamentos

11:30: Coffee-Break de finalização

Nos Estados Unidos, um novo medicamento para impedir a ação do HIV-1 no organismo foi aprovado. É uma combinação de retrovirais já existentens no mercado. São eles: o doluteragir e a ripirina. O Juluca, como é conhecido comercialmente, é o primeiro medicamento da nova geração a combinar dois compostos.

Segundo publicado pelo G1, a junção de drogas anti-HIV não é uma novidade. Outras drogas, como o ATRIPLA já foram inseridas no mercado e adotada no mundo inteiro, inclusive no SUS - que utiliza uma variação do composto. Esse medicamento, no entanto, foi associado a efeitos colaterais como alucinações e pesadelos, o que levou o Ministério da Saúde a adotar o dolutegravir. Com isso, alguns pacientes passaram a associar o dolutegravir combinado com outras drogas, ao invés de tomar um único medicamento.

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Segundo o FDA, órgão americano similar à Anvisa, a eficácia do Juluca foi testada em dois ensaios clínicos com 1024 participantes. Eles foram divididos aleatoriamente: parte tomou o Juluca; e a outra continuou com o tratamento prévio. Os resultados mostraram que a droga foi eficaz em manter o vírus suprimido tanto quanto a terapia de referência. Em entrevista ao site, Jamal Suleiman, infectologista, informa que "A ciência tem tentado combinações para um menor número de drogas, com menor toxicidade para esquemas de manutenção do tratamento. E isso esse medicamento faz", afirmou.

O medicamento aprovado nesta terça-feira (21) deve ser utilizado em pacientes com supressão do vírus ao menos por seis meses. Ou seja, que estivessem usando outros tratamentos. Ele não deve ser administrado em indivíduos que já apresentaram resistência a alguns dos componentes da nova droga.

Desde a introdução de remédios mais modernos, assim, o mercado ficou carente de uma nova pílula que fizesse a junção desses compostos mais modernos. O Juluca é produzido pela ViiHealth Healthcare, empresa estabelecida em um consórcio com duas grandes da indústria: a Pfizer e a GSK. A ViiHealth é especializada em produção e pesquisa de novas opções para o tratamento do HIV.

O vírus da aids (HIV) se propaga "rapidamente" em uma comunidade afastada do leste da Venezuela, especialmente por falta de tratamento, revelaram cientistas nesta segunda-feira (13).

"Observa-se uma prevalência de 10%, ou seja, 10 em cada 100 indivíduos estão infectados. O HIV progride muito rapidamente", disse Flor Pujol, durante um fórum em Caracas, organizado pela Anistia Internacional para abordar a crise sanitária no país.

Trata-se da etnia warao, assentada no estado Delta Amacuro, destacou a especialista do laboratório de Virologia Molecular do Instituto Venezuelano de Investigações Científicas (IVIC, estatal).

Segundo o censo de 2011, os warao tinham então 50.000 integrantes, o que os transformaria na segunda tribo mais numerosa da Venezuela depois dos wayuu, que habitam a Guajira colombo-venezuelana.

A situação "está tendo consequências devastadoras", afirmou a virologista, que destacou que os pacientes diagnosticados se complicaram devido à falta de anti-retrovirais.

A Venezuela enfrenta uma escassez de alimentos, que atinge 95% em pacientes crônicos, segundo a Federação Farmacêutica, em meio a uma profunda crise econômica.

Na avaliação da pesquisadora, o HIV na comunidade aborígine está "em um nível comparado ao da África no início da epidemia". O continente chegou a concentrar 70% das mortes pela pandemia.

A tuberculose, outros dos males que afeta a etnia, favorece a agressividade da cepa do HIV ali detectada, acrescentou.

"Os warao têm a maior incidência de tuberculose na Venezuela e esta mistura é particularmente nociva e daninha e faz com que a aids progrida mais rapidamente", advertiu.

Nesta população, a aids se desenvolve de cinco a sete anos depois do contágio. "A cada nove meses dobra o número de infectados", alertou Pujol, que falou em nome da equipe de cientistas.

Os primeiros casos entre os warao foram detectados em 2007 pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Em 2011 havia 37 diagnosticados, 21 faleceram, e o restante nunca foi encontrado por pessoal médico, segundo Pujol.

Os especialistas do IVIC avaliam que o HIV foi introduzido no começo deste século nesta comunidade, que vive às margens do rio Orinoco, um dos mais caudalosos da América do Sul.

De acordo com informações do Ministério da Saúde e do programa das Nações Unidas (UNAIDS), a cada hora, cinco pessoas são infectadas pelo vírus HIV (Human Immunodeficiency Vírus ou Vírus da Imunodeficiência Humana). Ainda segundo estimativas da pesquisa, mais de 110 mil cidadãos são portadores do vírus da Aids (Acquired Immunodeficiency Syndrome ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), porém não sabem da existência da doença.

No ano passado, cerca de 50 mil brasileiros confirmaram a presença do vírus no corpo, no entanto aqueles que buscam, a tempo, tratamento especializado e seguem as recomendações dos médicos ganham, consequentemente, mais qualidade de vida.

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Conforme dados da prefeitura de São Paulo, o estado possuí aproximadamente 3.819 locais onde o paciente pode realizar testes rápidos para constatar a doença, As verificações são realizadas nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e nas unidades da rede pública. Também é possível saber os pontos de teste pelo Disque Saúde (136).

Todas os locais de testagem do HIV cadastrados também contam com exames convencionais e rápidos de sífilis e hepatites B/C, preservativos masculinos, femininos e gel lubrificante, kit de redução de danos para uso de drogas injetáveis e tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis.

A ampla divulgação de que a aids é uma doença que tem tratamento eficaz dá às pessoas, principalmente aos jovens, a falsa sensação de proteção e faz com que elas não se protejam corretamente contra essa e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A afirmação é da infectologista do Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Tânia Vergara.

A especialista alerta que essa percepção de “pouco risco de morte” por aids é equivocada e não pode ser confundida com uma segurança de exposição indiscriminada ao vírus. “A cura da aids não é uma realidade ainda. E se não se trata corretamente essa doença, que tem um potencial alto de mortalidade, ela vai ocorrer. O desenvolvimento natural da doença sem controle é para a morte”.

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Segundo dados do Ministério da Saúde, de 2007 a junho de 2016 foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 136.945 casos de infecção pelo HIV no Brasil. A maioria (52,3%) dos casos ocorre em pessoas na faixa etária de 20 a 34 anos. Nos últimos cinco anos, o Brasil tem registrado uma média anual de 41,1 mil casos de aids.

A infectologista da SBI explica que, embora os tratamentos para aids sejam eficazes, a pessoa infectada fica dependente do uso diário de medicação. “Então, é uma falsa noção de que se tratar ele vai ficar bem”, disse. Segundo Tânia Vergara, o tratamento exige acompanhamento médico regular e tem efeitos colaterais.

Sífilis e hepatites

A única forma segura e eficaz de se prevenir contra as ISTs é com o uso da camisinha, segundo a especialista, que ressalta que as pessoas lembram da aids, mas se esquecem de outras doenças como sífilis e hepatites virais. “Estamos em uma grande epidemia de sífilis há dois anos”, destacou. Segundo Tânia, mesmo contraindo a sífilis várias vezes, manifestada por feridas, corrimentos ou verrugas ano genitais, as pessoas continuam se expondo à infecção por não se protegerem.

No período de 2010 a junho de 2016 foram notificados no Sinan 227.663 casos de sífilis adquirida. Entre 2014 e 2015, houve um aumento de 32,7% nos registros da doença. Em 2015, o número total de casos notificados de sífilis adquirida no Brasil foi de 65.878. Naquele ano, observou-se que 55,6% desses casos eram da faixa etária de 20 a 39 anos.

Segundo Tânia Vergara, a desproteção também está relacionada à ideia de que o prazer é a coisa mais importante. “O sexo é muito ligado à emoção, tem muito instinto ligado a isso. E não aprendemos que linguagem usar para as pessoas entenderem [a importância da prevenção contra as ISTs]”, disse. Ao mesmo tempo, segundo ela, se fala muito pouco sobre sexualidade com os jovens. “Está cada vez mais na escura. Estamos precisando falar o que está acontecendo”, ressaltou.

No caso das hepatites virais, de 1999 a 2015, foram notificados no Sinan 514.678 casos confirmados no Brasil. Destes, 161.605 (31,4%) são referentes à hepatite A; 196.701 (38,2%) de hepatite B; 152.712 (29,7%) de hepatite C; e 3.660 (0,7%) de hepatite D.

No Brasil, a taxa de incidência da hepatite A foi maior nos anos de 2004 e 2005. A taxa de detecção das hepatites B e C apresenta tendência de aumento, sendo que a hepatite B apresentou maiores taxas em relação à hepatite C em todo o período. As menores taxas são observadas para a hepatite D.

Testes

A orientação da infectologista é que pessoas que não têm o hábito de usar preservativos nas relações sexuais façam exames regularmente para identificar eventuais infecções e impedir sua disseminação. “Mas o exame não é curativo. O exame só diagnostica a doença, não previne que se pegue. A importância do exame é para se tratar mais cedo e reduzir a cadeia de transmissão”, alerta.

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O Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/AIDS (UNAIDS) lançou um novo relatório mostrando como o estigma e a discriminação estão criando barreiras a serviços de prevenção, testagem e tratamento, colocando vidas em risco. O documento foi apresentado pelo chefe do UNAIDS, Michel Sidibé, durante o Fórum Mundial dos Direitos Humanos em Genebra. 

O estudo mostra como as pessoas vivendo com HIV, que enfrentam níveis altos de estigma relacionado à doença, têm uma probabilidade duas vezes maior de adiar o início do tratamento. Para Sidibé, o estigma e a discriminação são uma afronta aos direitos humanos e colocam vidas em risco. Segundo o UNAIDS, pessoas vivendo com HIV muitas vezes evitam de ir a clínicas com medo de ter seu status divulgado ou sofrerem ainda mais discriminação. Em 19 países com dados disponíveis, uma em cada cinco pessoas com o vírus evitou ir a um centro de saúde por medo. 

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O programa alerta que pessoas com HIV esperam até estarem muito doentes para buscar ajuda e têm probabilidade menor de responder bem à terapia antirretroviral. O relatório destaca que para chegar a todas as pessoas vivendo ou com risco de contrair HIV e ligá-las a serviços de prevenção e tratamento, o mundo precisa confrontar a discriminação. 

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O Ministério da Saúde ampliou o acesso ao remédio Dolutergravir para toda a população que vive com HIV e Aids no país. Até o final de 2018, 300 mil pacientes poderão utilizar o medicamento.

Segundo o ministério, o produto é considerado um dos mais eficazes para o tratamento de Aids no mundo pela alta potência, pelo nível muito baixo de eventos adversos, pela comodidade para o paciente (uma vez ao dia), assim propondo um tratamento eficaz por mais tempo e menor resistência.

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“Essa ampliação decorre dessa nossa prática de economizar e reaplicar essa economia nos serviços de saúde e melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros. Tenho certeza de que todos ficaram satisfeitos com essa ampliação do melhor medicamento do mundo para todos os portadores de HIV, além dos aplicativos que ajudarão profissionais e população”, explica o ministro Ricardo Barros.

A medida de prevenção pretende reduzir o risco da infecção pelo HIV antes da exposição, por meio da utilização de medicamentos antirretrovirais em pessoas não infectadas e que mantêm relações de risco com maior frequência. Entre o público-alvo da medida estão gays, travestis, transexuais, profissionais do sexo e casais sorodiferentes.

Pesquisadores do grupo farmacêutico francês Sanofi e dos Institutos da Saúde americanos (NIH) desenvolveram um antiviral triplo que foi apresentado como extremamente promissor para a prevenção e o tratamento do vírus da aids.

O tratamento, cujos detalhes foram publicados nesta quarta-feira na revista americana Science, permitiu proteger macacos do vírus da imunodeficiência símia (SIV) e de cepas do vírus da imunodeficiência humana (HIV).

Este antiviral de "três cabeças" proporcionou uma proteção melhor do que a de todos os anticorpos testados até hoje, neutralizando 99% de mais de 200 cepas diferentes de HIV-1, detalharam os pesquisadores. O novo agente também foi testado em células humanas em laboratório.

Estes anticorpos foram produzidos por meio de engenharia genética para detectar e neutralizar múltiplos alvos infecciosos simultaneamente.

"Diferentemente dos anticorpos naturais, este antiviral triplo ataca vários objetivos infecciosos em uma só molécula", explicou Gary Nabel, cientista da Sanofi e autor principal deste artigo.

"Este enfoque tem o potencial de melhorar a proteção contra o HIV e é também uma base para novos tratamentos contra o câncer e doenças autoimunes e infecciosas", disse o pesquisador.

A diversidade genética do HIV no mundo é a maior dificuldade para produzir anticorpos capazes de combater a pandemia de forma eficaz.

Está previsto que um ensaio clínico de fase 1 comece em 2018 no Instituto de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), parte dos NIH.

Os testes serão feitos em voluntários saudáveis e em pessoas infectadas com o HIV, e deverão determinar a segurança e eficácia desta nova molécula.

Nenhum país no mundo está em vias de alcançar as metas das Nações Unidas para erradicar a tuberculose até 2030, e muito poucos estão caminhando para impedir novos contágios com o vírus da aids (HIV), segundo um estudo sobre a saúde mundial publicado nesta quarta-feira.

Menos de 5% dos países atingiriam, até 2030, os objetivos de redução de suicídios, mortes em acidentes de trânsito e obesidade infantil, e só 7% poderiam eliminar novas infecções com o HIV, segundo o estudo publicado na revista médica The Lancet.

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Quanto à tuberculose, nenhum país está em vias de uma erradicação de novas infecções.

Por outro lado, mais de 60% dos países avaliados podem alcançar as metas de redução da mortalidade infantil, neonatal e materna, e de eliminação da malária.

Apenas 20% das 37 metas de saúde estabelecidas no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU adotados em 2015 são suscetíveis de serem cumpridas, segundo os autores.

Estes destacam uma "desigualdade considerável" nas projeções para 2030: os países com rendas altas alcançariam 38% das metas, e os com rendas baixas, 3%.

Com base nas tendências registradas, Cazaquistão, Timor-Leste, Angola, Nigéria e Suazilândia teriam os avanços mais notáveis em nível mundial, segundo os autores, que citam, entre seus avanços, uma redução da mortalidade infantil, um melhor acesso aos cuidados, ao planejamento familiar e à presença de profissionais qualificados para os partos.

Outros países registraram retrocessos em termos de obesidade infantil e abuso de álcool, entre eles o Sri Lanka, Venezuela, Sérvia e Ucrânia.

A equipe classificou, ainda, os países com base em um índice global dos objetivos ligados à saúde.

Cingapura, Islândia e Suécia estão no topo desta lista de 188 países, e o Afeganistão aparece em último lugar.

A Espanha está na 23ª posição - com índices ruins em abuso de álcool, tabaco e obesidade infantil - seguida pelos Estados Unidos, cujos maiores problemas são o suicídio, as agressões sexuais a menores, o abuso de álcool e os homicídios.

A Costa Rica (36ª posição) e Cuba (38ª) são os primeiros países latino-americanos da lista, embora o primeiro registre índices altos de abusos sexuais de menores e o segundo tenha como ponto mais fraco a gravidez na adolescência.

Esta última também é o principal problema do Uruguai, (posição 45), Argentina (59), Peru (62), Nicarágua (63), Equador (79) e Bolívia (112).

Os homicídios são o principal flagelo no México (48), Colômbia (51), Brasil (67), El Salvador (75) e Venezuela (99).

O Chile (61) registra especialmente taxas altas de obesidade infantil.

Honduras, no 113º lugar, é o país latino-americano pior classificado, com resultados ruins principalmente em homicídios, gravidez na adolescência e registro de certidões de óbito.

A publicação do estudo, financiado pela fundação Bill & Melinda Gates, coincide com a realização da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

No início no mês de agosto, um rapaz publicou no Facebook uma resposta ao comentário "teu namorado tem aids", recebido pelo aplicativo Sarahah, que permite o envio de mensagens anônimas. O texto do usuário da rede social, Jeandro Brb, teve mais de 7 mil reações e 1.558 compartilhamentos, com pessoas manifestando-se contrárias ao preconceito associado à falta de informação sobre o assunto.

O rapaz se identifica como servidor público, que atua no Sistema Único de Saúde (SUS). Ele utiliza a rede social para esclarecer que ser portador do vírus HIV e ter a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) são coisas diferentes, uma vez que o segundo é a doença acarretada pelo vírus, que pode ser controlado.

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Ainda na publicação, de acordo com Jeandro, tanto portadores de HIV como pessoas com AIDS podem ser medicadas diariamente e manter o vírus sob controle. "A medicação vai eliminando as cópias do vírus no organismo a ponto de sobrar tão poucas que elas não estão mais presentes na corrente sanguínea, o que chamamos de Carga Viral Indetectável", diz, sobre os casos em que o portador do vírus torna-se praticamente incapaz de transmiti-lo. 

Ele conta que o SUS oferece o tratamento de forma gratuita e eficaz, afirmando que o país é uma referência mundial no controle do vírus causador da AIDS. Explica, inclusive, que o tratamento permite que casais heterossexuais, sendo um soropositivo, tenham filhos sem o vírus. 

Sobre o caso do namorado de Jeandro, ele esclarece que é portador do vírus HIV e o tratamento é feito há mais de três anos, sendo um caso de carga viral indetectável. Ele esclarece que o casal conversou e está preparado para lidar com o preconceito, de forma que não sente o relacionamento afetado, e espera que o pronunciamento chegue até o usuário do Sarahah que mandou a mensagem inicial. 

Confira o post completo:

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Pessoas que vivem com HIV têm uma vida cada vez mais perto da normalidade, com expectativa de vida muito próxima do restante da população. Aqueles que vivem em condição de fragilidade social, como desempregados e pessoas em situação de rua, entretanto, chegam a ter até dez vezes mais chances de complicações.

O resultado aparece na pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da Universidade de São Paulo (USP). Segundo o levantamento, os desempregados, por exemplo, têm quatro vezes mais chances de ter complicações. Os aposentados ou do lar, em comparação com as pessoas empregadas, apresentaram sete vezes mais chances de internação. Já os indivíduos em situação de rua têm dez vezes mais chance de serem internados do que os que têm moradia.

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A pesquisa foi realizada na cidade de Ribeirão Preto-SP e analisou o prontuário clínico de cada paciente que vive com o HIV no município. Os dados apresentam que 60,7% dos que estavam internados não faziam uso da terapia antirretroviral, que diminui a mortalidade e promove qualidade de vida, e 58,9% apresentavam histórico de abandono dos antirretrovirais. Entre os que não estavam internados, 83,9% usavam corretamente a terapia antirretroviral e 83,1% tomavam corretamente os medicamentos.

Escolaridade

A enfermeira Lívia Maria Lopes, responsável pelo estudo, percebeu também que a condição educacional está diretamente ligada à situação de saúde das pessoas. Os que não tiveram complicações em função do HIV são, em grande maioria, mais bem informados, com maior grau de escolaridade. 

No plano individual, a baixa escolaridade interfere no quanto o paciente está informado sobre as formas de transmissão do vírus e a prevenção para o não agravamento da doença. A baixa escolaridade também interfere no conhecimento sobre a importância do tratamento e no autocuidado. 

Na análise do aspecto social, o estudo revelou que as internações por HIV estão diretamente relacionadas com a ausência de fonte de renda, também conectada com menor escolaridade. A ausência dos familiares e a falta de um trabalho agravam o cenário dos portadores de HIV em situação de rua. "A permanência em situação de rua muitas vezes é influenciada por elementos estruturais e biográficos. Sendo assim, compreender e até mesmo enfrentar tal realidade implica no reconhecimento das condições de vida desses sujeitos e da disponibilidade dos serviços sociais existentes em cada cidade", Lívia destaca.

Para a enfermeira, o principal fator responsável pela internação hospitalar é a ausência de suporte social. Ela reforça que o cuidado prestado às pessoas que vivem com HIV/Aids não se limita à disponibilidade e oferta de ações e serviços de saúde. "É necessário o empreendimento de políticas públicas capazes de garantir a intersetorialidade e a integração entre os diversos serviços de assistência social e de saúde pertencentes à rede assistencial, com o intuito de minimizar as vulnerabilidades existentes nesse cenário de pobreza e exclusão social", salienta.

Com informações da assessoria

Uma injeção mensal de antirretroviral, em vez de um comprimido por dia, pode ser suficiente para os portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) manterem a infecção sob controle. É o que indica um estudo divulgado hoje (24) na nona edição da Conferência de Investigação sobre o HIV, organizada pela Sociedade Internacional contra a Aids. A informação é da EFE.

O trabalho, apresentado em Paris pelo cientista da Universidade da Carolina do Norte (EUA) Joseph Eron, sugere que os portadores em estado de supressão viral respondem bem às injeções, sejam as administradas a cada quatro semanas ou as tomadas a cada oito. Atualmente, os portadores do HIV devem tomar um comprimido por dia para que o vírus seja indetectável e não seja transmitido, ainda que não seja possível eliminá-lo completamente.

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"Para alguns soropositivos, um tratamento injetável de longa duração pode ser mais cômodo e menos estigmatizante do que o atual, o que poderia aumentar a taxa de continuidade", defendem os autores do teste, que já foi experimentado em centenas de pessoas.

De acordo com o vice-presidente da conferência, Jean-François Delfraissy, a devida continuidade do tratamento é fundamental, já que quando interrompida pode provocar aumento da resistência do vírus aos medicamentos, o que é extremamente preocupante.

Segundo dados divulgados na última semana pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids), 19,5 milhões das 36,7 milhões de pessoas que têm o vírus do HIV no mundo têm acesso ao tratamento.

Um relatório divulgado hoje (20) pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), da ONU, mostra que houve queda de quase 50% no número de mortes pela doença desde 2005 – ano em que 1,9 milhão de pessoas morreram por conta do vírus HIV.

O relatório ainda mostra que houve avanço no tratamento da Aids: mais da metade dos 36,7 milhões de soropositivos do mundo estão recebendo medicamentos contra o vírus. Isso representa 53% de pacientes tomando antirretrovirais.

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O vice-diretor executivo do Unaids em Nova Iorque, Luiz Loures, afirma que os avanços não devem servir de acômodo e que o número de pessoas em tratamento deve aumentar. "Com decisão política, envolvimento de comunidades e com os recursos necessários, cada vez mais nós estamos convencidos que podemos chegar ao fim da epidemia.O número de pessoas tratadas hoje no mundo é quase de 20 milhões, o que nos dá sem dúvida a esperança. Nós estamos no ritmo para alcançar a meta de ter 30 milhões de pessoas em tratamento em 2020, para a partir daí chegarmos a 2030 com essa epidemia sob controle”, disse.

De acordo com o documento, a expectativa de vida dos soropositivos aumentou em 10 anos na última década.  Luiz Loures destacou o exemplo do Brasil, que foi pioneiro no combate à epidemia. "Em quase todos os países existe o desafio das novas infeções entre jovens. Mas essa é uma tendência mundial que tanto na África, no Brasil, na Europa ou nos Estados Unidos merece atenção especial. Se eu vejo hoje a epidemia da Aids entre jovens, eu diria que é mais global do que nunca. Nós estamos observando um risco acentuado em relação à epidemia entre jovens em todos os países, independente se eles estão no norte ou no sul", declarou o vice-diretor.

O número de mortes vinculadas à Aids na América Latina diminuiu 12% entre os anos 2000 e 2016.

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) divulgou dados em que o número de mortes relacionadas com a AIDS na América Latina diminuiu, em 12% entre os anos 2000 e 2016, apesar dos dados “preocupantes” em países como a Bolívia, Guatemala, Paraguai e Uruguai.

O número de portadores de HIV na América Latina totalizou 1,8 milhão e as novas infecções seguem estáveis desde 2010, com quase 100 mil casos por ano.

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A Unaids revelou que a quantidade de soropositivos com acesso a tratamentos antirretrovirais quase dobrou em seis anos (58%), passando de 511.700 pessoas em 2010 para 1 milhão em 2016, o que coloca a região acima da meia mundial (53%).

O órgão advertiu, no entanto, que “alguns países têm dificuldades em implementar seus programas” de medicação, como a Bolívia, onde 25% das pessoas têm acesso ao tratamento, e o Paraguai, com 35%.

Um dos problemas na América Latina é o elevado custo dos tratamentos “em vários dos países mais afetados pelo HIV”, segundo a Unaids, que elogiou as “licenças obrigatórias” promovidas pelo Brasil e o Equador, que permitem reproduzir um medicamento patenteado se não for para uso comercial.

O relatório ainda aponta que cerca de um terço dos soropositivos são diagnosticados em um estado avançado da doença, o que afeta “negativamente os esforços médicos”, segundo os dados.

Pioneiro na luta contra a propagação da aids, o Brasil começa a vender "autotestes" de detecção do vírus HIV em farmácias, tornando-se o primeiro país da América Latina a comercializar estes exames.

As primeiras unidades chegaram há uma semana às prateleiras de farmácias no estado do Rio de Janeiro, seguido de São Paulo e Espírito Santo. Até o fim do mês, devem estar disponíveis em todo país.

Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o autoteste permite ao usuário saber se é portador do vírus.

No Brasil, cerca de 20% dos portadores do HIV ignoram que são soropositivos - ou seja, pelo menos 150 mil pessoas -, de um total de mais de 800 mil infectados, de acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Precursor na luta contra a doença, o Brasil oferece tratamento gratuito a quem for diagnosticado como soropositivo.

Os autotestes já são vendidos em outros países, como Estados Unidos, Reino Unido e França.

Desenvolvido pela empresa brasileira Orange Life, o teste Action! funciona por meio da coleta de uma gota de sangue, que deve ser misturada a um produto reagente. O resultado sai em 20 minutos: uma barra, para soronegativo, e duas barras, para soropositivo.

Nas lojas, o valor de cada caixa oscila entre R$ 60 e R$ 70.

De acordo com seus criadores, o teste tem 99,9% de confiabilidade, um percentual que supera a taxa do teste feito com a saliva e que é comercializado nos Estados Unidos.

Segundo o diretor da Orange Life, o italiano Marco Colovatti, os testes são produzidos em uma fábrica no Rio com capacidade para preparar 100 mil unidades por mês.

- Diagnóstico tardio

Para todos os profissionais do setor consultados pela AFP - farmacêuticos, médicos e o fabricante -, o teste representa um avanço importante na luta contra o HIV. Quanto mais cedo o vírus for detectado, melhor será a resposta ao tratamento.

O problema é que muitos brasileiros não fazem o teste nos hospitais - seja por vergonha, seja por medo de serem vítimas de discriminação.

"O interessante do produto é que as pessoas vão poder fazer o teste em um ambiente, onde não terão que compartilhar isso com ninguém", disse à AFP a doutora Valdiléa Veloso, do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids, da Fiocruz.

No Brasil, a epidemia afeta, principalmente, homossexuais, transexuais, profissionais do sexo e consumidores de drogas, "e essas populações têm, normalmente, experiências ruins com os serviços de Saúde", acrescentou a especialista.

Por isso, completou Valdiléa, "evitam ir pedir ajuda, sendo diagnosticadas muito tarde". A aceitação dos autotestes parece animadora.

"No primeiro dia, tinha três caixas disponíveis e vendi as três", contou à AFP o farmacêutico Ricardo Valdetaro, que trabalha em um estabelecimento em Copacabana, na Zona Sul do Rio.

"No dia seguinte, pedi seis, e todas foram vendidas no mesmo dia. Aí, no outro, pedi 12. Entendi que o produto vai funcionar muito bem. Um cliente me explicou que estava comprando os testes para que as profissionais do sexo fizessem", relatou.

De qualquer modo, um diagnóstico positivo pode ser algo muito difícil de aceitar.

Se uma pessoa "não quiser fazer o teste sozinha em casa, pode fazer aqui, em uma sala da farmácia reservada para receber pacientes", afirmou Valdetaro.

Na caixa do produto, um número de telefone gratuito permite obter ajuda psicológica e informações sobre os possíveis tratamentos da doença.

"Em Curitiba, enviaram testes para voluntários. Milhares de pessoas participaram e pediram um para fazer em casa", disse a doutora Valdiléa Veloso.

"Então, não tem que ter medo de que a pessoa se desespere por estar sozinha na hora do resultado", reforça.

Até o final do mês de julho, o autoteste para detectar a presença do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) no organismo estará disponível em farmácias de todo o Brasil. Os primeiros testes começaram a ser vendidos no Rio de Janeiro.

O preço do produto varia entre R$ 60 e R$ 70, que pode ser comprado sem receita médica. A testagem produz resultado dez minutos após o sangue entrar em contato com o reagente.

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Para a diretora do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, o produto é uma ferramenta importante para aumentar a capacidade de diagnóstico do vírus. Identificar a presença do HIV em 90% das pessoas infectadas é uma das metas da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2020.

A diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Valdiléa Veloso, acredita que o teste será importante para que os soropositivos possam começar o tratamento mais cedo, o que permite uma melhor qualidade de vida. "Se forem diagnosticadas e tratadas precocemente, a expectativa de vida (das pessoas com HIV) é semelhante à da população em geral. Então, é importante que elas se testem", conclui. 

SP, PA, PE, HIV

Até o início de maio deste ano, 117 pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT) foram assassinadas no Brasil devido à discriminação à orientação sexual, segundo dados divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Em São Paulo, atos, agressões e ofensas contra as pessoas em razão de orientação sexual são motivos de punição, prevista na Lei Estadual 10.948/01.

Além disso, atos discriminatórios contra portadores do vírus HIV ou pessoas com AIDS também são puníveis com a aplicação da Lei Estadual 11.199/02.

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Nesses casos, as denúncias podem ser encaminhadas para a coordenadoria de Política para a Diversidade Sexual, diretamente pelo site da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de Estado (http://www.justica.sp.gov.br/portal/site/SJDC/menuitem.5734b3d25dfc9d7a8f37b320390f8ca0/?vgnextoid=f20fcc533f73e310VgnVCM10000093f0c80aRCRD).

As denúncias também podem ser feitas nas delegacias ou na internet por meio de Boletim de Ocorrência no site da Delegacia Eletrônica da Polícia Civil (http://www.ssp.sp.gov.br/fale/del_eletronica/answers.aspx?t=1). Ainda é possível recorrer à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decadri). 

Para mais informações, acesse o site da Coordenação de Políticas para Diversidade Sexual: http://www.justica.gov.br, ou ligue para a Decadri: (11) 3311-3555.

O exame de carga viral, considerado uma peça importante para acompanhar a reação do paciente com HIV/Aids ao tratamento com antirretrovirais, passou a ser racionado pelo governo. Comunicado emitido pelo Ministério da Saúde no dia 30 de maio para serviços de saúde recomenda que o teste seja feito apenas em casos considerados indispensáveis, como gestantes e crianças até 18 meses. Os estoques do insumo duram somente até julho.

O ministério afirma que o problema é reflexo de dificuldades na compra do exame. Em julho do ano passado, a pasta iniciou um processo para aquisição de 1,596 milhão de testes. Num pregão eletrônico realizado em abril, somente uma empresa, a Abbott, se apresentou. E o preço ofertado pela fabricante era 76,8% maior do que o valor de referência - R$ 31 por teste, equivalente ao que foi pago na última compra, datada de 2014.

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A restrição no uso do exame de carga viral foi recebida com apreensão por integrantes de movimentos ligados à luta pelos direitos de pessoas que vivem com HIV/Aids. Para Jorge Beloqui, do GIV, a redução na oferta de testes vai atrasar a identificação de pacientes que desenvolveram resistência ao tratamento. Quando o diagnóstico de que o organismo já não responde mais aos remédios é feito de forma rápida, é possível reduzir os riscos de piora do paciente, por meio da uma mudança da combinação de drogas usadas.

A professora da Unicamp Monica Jacques de Moraes considera que a medida adotada pelo ministério, se for por um curto espaço de tempo, não trará prejuízos. "O problema será se a redução perdurar por vários meses", observou. Ela afirma que o exame é recomendado para ser feito de forma periódica. "Em pacientes que estão estabilizados, um ou dois meses de espera não trará impacto no tratamento." O mesmo, no entanto, não ocorre nos casos em que pacientes acabam de iniciar a terapia com antirretrovirais. "Passados os primeiros meses, é preciso fazer um exame para verificar a resposta do organismo do paciente à terapia", conta.

Para Veriano Terto, da Associação Interdisciplinar de Aids, o episódio deixa várias perguntas sem resposta. "Por que apenas uma empresa participou? Por que houve tanta demora entre o processo de compras e o pregão?", questionou. Terto observa que a associação há tempos pede para acompanhar os processos de compra do ministério, sem sucesso. "Essa estratégia adotada pelo governo está longe do ideal. Mostra a precariedade na parte da logística, da assistência, que está presente na saúde como um todo", completa."

Monica avalia que a medida revela um cuidado do programa de DST, Aids e Hepatites Virais. "Já houve outras ocasiões em que medidas para evitar o desabastecimento foram organizadas, discutidas e nunca chegaram a ser colocadas em prática, porque não houve necessidade."

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