Tópicos | Eugênia Moreyra

Hoje (16) é Dia Nacional do Repórter, uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre uma das precursoras da profissão no Brasil: Eugênia Álvaro Moreyra. Ela  nasceu em 1899 e era neta do Barão de Pitangui.

Foi jornalista, atriz e diretora de teatro  De caráter incomum e violador, foi uma das pioneiras do feminismo e uma das líderes da campanha eleitoral no país. Ligada ao movimento modernista brasileiro e defensora de ideias comunistas, foi perseguida pelo governo Vargas e presa, acusada de participação na Intentona Comunista.  

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Vestida de terno e gravata e chapéu de feltro, se apresentou na redação do jornal A Rua, à procura de uma vaga de jornalista. Aprovada pelo bom texto e ousadia, sua contratação provoca admiração na sociedade. Uma mulher exercer o jornalismo era tão incomum que criou até mesmo um termo para designar a função: "reportisa".

No auge da carreira, Eugênia conheceu o poeta Álvaro Moreyra, que frequentava os mesmos círculos intelectuais que ela. Casaram-se em 1914. Eugênia pôs o nome do marido como sobrenome e deixou a carreira jornalística. Participou com Álvaro da Semana de Arte Moderna de 1922, fundando com ele em 1927, o grupo Teatro de Brinquedo, cuja intenção era manifestar no teatro as ideias modernistas. 

Com a divisão do movimento modernista brasileiro, Eugênia passou a defender com Álvaro, Pagu e Oswald de Andrade posições de esquerda, participando ativamente da Alianla Nacional Libertadora, e sendo perseguida pelo governo Vargas. Por influência de Carlos Lacerda, Eugênia e Álvaro filiam-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).  

Em maio de 1935, ela integra o grupo de fundadoras da União Feminina do Brasil, organização promovida por mulheres simpatizantes do PCB. A casa dela se tornou ponto de encontro para Di Cavalcanti, Vinicius de Morais, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos e Jorge Amado.

Em novembro de 1935, após a Intentona Comunista, Eugênia é detida acusada de envolvimento com o PCB e a revolta. Permaneceu quatro meses na Casa de Detenção, onde dividiu cela com Olga Benário Prestes, Maria Werneck de Castro, entre outras. Foi solta por falta de provas em fevereiro de 1936.  

Retornando ao ativismo político, exerceu, uma campanha para a libertação do bebê de Olga Benário que nascera após a deportação da companheira de Luis Carlos Prestes para um campo de concentração na Alemanha nazista de Adolf Hitler. Entre 1936 e 1938, Eugênia foi presidente da Casa dos Artistas, o sindicato da classe teatral de São Paulo.  

Eleita para um novo mandato em fevereiro de 1939, foi impedida de assumir o cargo por Filinto Muller. Se candidatou para ser deputada federal constituinte nas eleições gerais de 1945, mas nenhuma mulher conseguiu representar os interesses femininos durante a elaboração da Constituiçao de 1946.

No dia 16 de junho de 1948, Eugênia estava em sua casa jogando cartas quando se sentiu mal. Morreu no quarto, ao lado dos filhos, com derrame cerebral. Seu sepultamento foi no Cemitério de São João Batista, no bairro de Botafogo. 

No depoimento publicado no jornal ‘Correio da Manhã’ após a morte de Eugênia, o escritor Oswaldo de Andrade afirmou que "o que se deve a ela será calculado um dia". A presença de Eugênia em setores masculinos, como político e sindical, tornou-se cada vez mais subestimada e, infelizmente, permanece uma personagem nos livros.

Por Camily Maciel

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