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Daize Michele de Aguiar Gonçalves e Cleiton Gonçalves da Silva talvez sejam nomes desconhecidos na política pernambucana, mas a dupla é dona das votações mais expressivas para a Câmara do Recife e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nas últimas eleições. Filiados ao PP e popularmente conhecidos como Michele e Cleiton Collins, o casal está cada vez mais consolidando o espaço do seguimento evangélico no setor e angariando apoios para alçar voos mais altos em 2018. 

Na vida pública desde 2002, Cleiton cumpre hoje o quarto mandato consecutivo de deputado estadual e na última eleição recebeu 216.874 votos, cinco vezes mais do que na primeira. Debaixo do guarda-chuva eleitoral do marido, Michele marcou cadeira na Câmara em 2012 e, em 2016, conquistou 15.357 votos, quase cinco mil a mais do que quatro anos antes.   

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Ela de Belo Horizonte (MG) e ele de Petrolina de Goias (GO), os dois radicalizaram-se na política pernambucana e, segundo Michele, na disputa eleitoral do próximo ano pretendem firmar uma “dobradinha do casal Collins”, tendo em vista uma vaga na Câmara dos Deputados. 

“Sinto que podemos fazer mais e creio que em 2018 provavelmente vai ter novidade nos Collins. Talvez uma dobradinha com o casal Collins. Sempre estou trabalhando na esfera nacional e tenho muitas indagações e projetos em Brasília, que Cleiton também pode dar continuidade. Estamos analisando o cenário, mas estamos seguindo para isto”, revelou a vereadora em conversa com o LeiaJá. 

Além dos mandatos proporcionais, Cleiton Collins também já disputou a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. Em 2016, inclusive, entrou na corrida municipal depois de ter o nome citado como o preferido pela população em pesquisas de intenções de votos. O progressista, entretanto, não passou para o segundo turno. 

Conservadorismo como base de atuação

A postura conservadora adotada pelo casal é uma das marcas do mandato. Os dois defendem ferrenhamente a formação familiar tradicional, são protagonistas de projetos e programas de combate às drogas - Cleiton, inclusive, foi dependente químico; colocam-se contrários à ideologia de gênero e a difusão de políticas para o segmento LGBT. 

Michele, por exemplo, já chegou se colocar contra a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo e dizer que crianças devem ser criadas por um homem e uma mulher. Já Cleiton, por sua vez, quis extinguir, entre seus projetos polêmicos, a realização de festas no estilo open bar. Na Câmara, ela apresentou 112 projetos de lei, nas areas de cidadania, prevenção ao uso de drogas, direito do consumidor, segurança e meio ambiente. Já na Alepe, Cleiton como a que institui a Semana Estadual da Valorização da Família e obriga os centros de formação de condutores a terem veículo adaptado para alunos com deficiência.

Os dois acreditam que o crescimento eleitoral deles se dá justamente por estas posturas que atrai cristãos de várias denominações religiosas. Ao LeiaJá, Michele Collins disse que muitas vezes eles são mal interpretados diante do que defendem. “Nosso mandato é conservador sim, mas tem gosto para tudo. É natural do seguimento que a gente representa, não apenas o evangélico, já comprovamos que [o voto] é além disso. Tem pessoas que esperam isso de nós. Alguém tem que falar, não é que eu sou contra é porque eu tenho coragem de falar. É necessário o debate e a liberdade de expressão dos dois lados”, frisou a vereadora.

“As pessoas falam: ‘ah você é homofóbica’, não eu não sou homofóbica. A homofobia é uma doença. É de quem odeia homossexual. Eu não odeio homossexual. Eu amo essas pessoas. Para mim são seres humanos normais e extraordinários. Agora quando fala relacionada a política pública voltada para este grupo específico e aí vem uma militância pequena, mas que faz um barulho grande para defender que aquilo tem que ser apenas para a aquela parcela, não concordo. A pessoa pode ter seu relacionamento sexual do jeito que quiser, com quem quiser e como quiser”, acrescentou.

Teto de vidro

Um dos pontos criticados por eles, mas que virou teto de vidro e é, vez ou outra, lembrado por seus opositores foi o decreto que permite o uso do nome social no serviço público federal por travestis e transexuais. Michele e Cleiton rebateram duramente a apropriação social, mas também utilizam um sobrenome que não está documentado no registro de nenhum dos dois. Apesar da linha dura, Cleiton Collins antes de se tornar evangélico era DJ e tocava em festas no estado, na época ele usava o nome social de "DJ Banana".

Sobre a questão, a assessoria disse que o sobrenome Collins foi herdado do pai biológico de Cleiton, entregue para a adoção ainda criança, e mesmo anos depois sendo reconhecido o parentesco, apenas por questões burocráticas, não efetuou a mudança documental. 

Funcionários fantasmas e improbidade administrativa

Apesar da pregação cristã, também existem acusações que pesam contra o casal em investigação no Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Um inquérito instaurado pelo em fevereiro deste ano investiga denúncias sobre a existência de irregularidades na contratação de servidores por parte dos dois. Os funcionários supostamente pertenciam a outros órgãos e apareciam como servidores dos gabinetes parlamentares. 

Em julho, Michele também passou a ser investigada sobre a realização de atos religiosos na sede da Câmara. O caso foi apontado como improbidade administrativa pelo MPPE. Na recomendação, o órgão já pontuava que a iniciativa reiterava posição do Conselho Nacional do Ministério Público sobre a necessidade de garantir a fiel observância e concretização do princípio constitucional do Estado Laico no exercício das funções executiva, legislativa e judiciária do Estado brasileiro.

Por meio da assessoria de imprensa, eles negaram as acusações, informaram que as denúncias foram "infundadas" e, após investigação do MPPE, arquivadas.  

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