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A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta sexta, 23, nove pessoas por corrupção e lavagem de dinheiro em esquema de venda de sentenças, incluindo o desembargador Ronaldo Eurípedes de Souza, do Tribunal de Justiça do Tocantins. O magistrado é acusado de atuar de forma favorável em processos do Loteamento Costa Esmeralda e da Empresa Sul Americana de Montagens (EMSA) em troca de R$ 1,3 milhão em propinas, que teriam sido lavadas por meio de contratos simulados.

A subprocuradora-geral Lindôra Araújo, responsável pela denúncia, também apresentou cota solicitando a manutenção do afastamento do desembargador Ronaldo de Souza. Segundo ela, o magistrado ‘comerciava sua função pública, proferindo decisões mediante o pagamento de vantagens indevidas, fazendo-o em parceria com certos advogados’.

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A PGR narra que entre abril de 2014 e fevereiro de 2015, o desembargador Ronaldo Eurípedes e o seu braço-direito, o servidor Luso Aurélio Souza Soares, receberam propinas de R$ 233 mil em troca de decisões favoráveis ao Loteamento Costa Esmeralda, empreendimento de interesse do corretor de imóveis Neilton Machado de Araújo e de Geraldo Henrique Moromizato, apontado como ‘sócio oculto’. Ambos foram denunciados no mesmo esquema.

A propina teria sido ocultada por meio de movimentações financeiras e contratos fictícios em parceria com o advogado Alex Hennemann, que se tornou delator e revelou o esquema de corrupção à Procuradoria. A lavagem incluiu a aquisição de uma fazenda em Mara Rosa (GO) e até um veículo Citroen, de acordo com a denúncia.

A peça narra ainda a atuação do desembargador Ronaldo Eurípedes em prol da EMSA, responsável por consórcio que venceu contrato do Estado do Tocantins para construção de pontes e estradas. A execução do projeto foi alvo de ações civis públicas, que segundo a PGR, estimam prejuízo de R$ 110 milhões aos cofres públicos. O magistrado atuou de forma a beneficiar as empresas em recursos nestes processos.

De acordo com a PGR, entre abril de 2013 e maio de 2017, Ronaldo Eurípedes e o advogado e hoje delator Alex Hennamnn receberam R$ 1,13 milhão em propinas para atuar em favor da EMSA. Em duas decisões de maio de 2013, o magistrado determinou a suspensão das indisponibilidade de bens decretadas por juízes de Goiatins e Itacajá nas ações civis contra a empresa, e mandou todos os processos correrem no juízo de Palmas, atendendo interesses da EMSA.

"A quebra do sigilo bancário comprova que a EMSA efetuou os pagamentos das parcelas mensais e dos honorários de sucesso, que tinham como destinatário o Desembargador RONALDO EURÍPEDES DE SOUZA em troca das decisões que lograram reunir as ações civis públicas perante a 3ª Vara da Fazenda e Registros Públicos da Comarca de Palmas", apontou a PGR.

O caso da EMSA alcança ainda o então procurador de Justiça Clenan Renaut de Melo Pereira que recebeu propinas de R$ 348 mil junto de seus dois filhos para praticar atos de ofício em benefício da empresa e contra as investigações do Ministério Público sobre o contrato para construção de pontes e empresas.

"A estratégia da empresa buscava atacar a ponta judicial, cooptando o desembargador RONALDO EURÍPEDES DE SOUZA, e também a frente ministerial, corrompendo o Procurador-Geral de Justiça CLENAN RENAUT DE MELO PEREIRA, que atuou para embaraçar os trabalhos da Força-Tarefa, recebendo importante contrapartida financeira para isso", acusa a PGR.

A denúncia foi encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que deverá avaliar se coloca o desembargador e os demais acusados no banco dos réus. A reportagem busca contato com os denunciados pela PGR.

COM A PALAVRA, O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO TOCANTINS

A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Tocantins e aguarda resposta. O espaço está aberto a manifestações

COM A PALAVRA, OS CRIMINALISTAS DANIEL GERBER E EDUARDO GUIMARÃES, QUE REPRESENTAM O DESEMBARGADOR RONALDO EURÍPEDES DE SOUZA

Os advogados criminalistas Daniel Gerber e Eduardo Guimarães, que representam o desembargador Ronaldo Eurípedes de Souza, afirmam que este era um movimento aguardado por parte do Ministério Público. "Sem dúvida alguma, teremos todo o devido processo para demonstrarmos a inconsistência das acusações", afirmam.

COM A PALAVRA, OS DEMAIS DENUNCIADOS

A reportagem busca contato com os demais denunciados. O espaço está aberto a manifestações.

*Com a colaboração de Thabata Alves

O subprocurador do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Erik de Souza Dantas Simões, conquistou a vaga de desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) que seria indicada pelo governador Eduardo Campos. Da lista que o MPPE enviou inicialmente, Simões recebeu uma boa aceitação por parte do pleno do tribunal, conquistando 27 votos. Na ocasião também concorreram as procuradoras Daisy Maria de Andrade Pereira, que conseguiu 20 votos, e Maria Helena Nunes Lyra, que obteve 25 votos, nomes que constavam na segunda lista que o MPPE enviou ao TJPE.

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Após o falecimento do ex-desembargador Romero Andrade, três nomes disputavam o “quinto constitucional”, garantia outorgada pelos tribunais para a vaga em aberto. Com esse instrumento, os membros do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco (OAB-PE) podem concorrer ao cargo.

O ex-procurador geral do MPPE, Paulo Varejão, que era apontado como um dos favoritos, indicado na primeira lista do MPPE, ficou fora da segunda que foi enviada ao Palácio do Campo das Princesas. De acordo com as normas jurídicas administrativas, o governador é responsável por nomear os procuradores e advogados indicados pelo quinto constitucional.

A cerimônia desta sexta-feira teve início com a leitura do termo de compromisso pela secretária judiciária adjunta, Ângela Porto. Em seguida, o novo integrante da Corte prestou o compromisso regimental. “Ao assumir esse cargo, me sinto dividido por estar deixando o MPPE, onde atuei por 20 anos. Mas trago a inspiração desse órgão para o TJPE. Retorno a Casa, onde atuei como oficial de Justiça, com a vontade de trabalhar e servir o povo pernambucano”, ressaltou o desembargador.

Jovaldo Nunes destacou a alegria de receber o novo membro, mas também lembrou a tristeza advinda com a morte do desembargador Romero Andrade. “Este é um motivo de alegria, mas também de tristeza, por lembrar que esta vaga surgiu com a morte do desembargador Romero Andrade. De toda forma, acho que Deus atendeu as preces dele e sua vaga foi bem preenchida. Erik Simões não é uma pessoa estranha. Todos nós do Judiciário já o conhecemos. Sabemos de seu caráter e postura. Com certeza, ele vem para somar e contribuir”, concluiu.

O ato contou com a presença de todos os integrantes da mesa diretora – o presidente do TJPE,  o vice-presidente, desembargador Fernando Ferreira; e o corregedor geral de Justiça, desembargador Frederico Neves –; além de outros magistrados, integrantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), e familiares de Erik Simões.

Erik de Souza Dantas Simões - Natural do Recife, graduou-se pela Faculdade de Direito do Recife, em dezembro de 1989. Também tem pós-graduação pela Escola Superior de Magistratura. De 1990 a 1992, atuou como oficial de Justiça concursado do TJPE. Em março de 1992, ingressou no MPPE como promotor de Justiça.

Foi convocado como procurador de Justiça substituto, de 1998 a 2007, quando assumiu a Assessoria Cível do então procurador-geral de Justiça Paulo Varejão. Erik Simões também foi assessor cível e chefe de gabinete da Procuradoria Geral de Justiça e atualmente ocupava o cargo de subprocurador de Justiça para Assuntos Jurídicos.

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