Tópicos | COP-20

Chefe da delegação brasileira na 20ª Conferências das Partes sobre Mudança Climática (COP-20), em Lima, Izabella Teixeira, ministra de Meio Ambiente, passou pelo constrangimento de ser barrada por um segurança peruano na madrugada de sábado, quando deixava o complexo onde as negociações climáticas se deram nas últimas duas semanas.

O episódio ocorreu por volta das 3h30 e obrigou a ministra a caminhar até a saída regular usada por todos os demais participantes da COP-20. Izabella reclamava de fortes dores nas costas.

##RECOMENDA##

Segundo assessores, Izabella estava acompanhada pelos negociadores brasileiros e pretendia passar pela saída reservada aos ministros. O segurança informou ter recebido ordem para não permitir ninguém sair por ali e recusou-se a atender aos pedidos para que consultasse um superior. Uma carta de protesto foi encaminhada pela ministra neste sábado ao governo peruano, que não se pronunciou sobre o episódio.

Ao discursar como representante do Brasil na 20.ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP-20), em Lima, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, se contrapôs às demandas dos EUA e da União Europeia em favor de obrigações mais flexíveis no futuro acordo para conter o aquecimento. Izabella acentuou ser "absolutamente essencial" manter a diferenciação entre esses países, dos quais se espera compromissos mais ambiciosos, e as nações em desenvolvimento. O contrário, insistiu ela, seria "injusto".

Seu discurso reafirmou os princípios brasileiros para a negociação do acordo que, em tese, poderá evitar o aumento de temperatura do planeta superior a 2ºC até o final do século. Segundo a ministra, o acordo, a ser fechado em Paris em novembro de 2015, deve abarcar também compromissos de adaptação às mudanças climáticas e aos meios de financiamento e de cooperação dos mais desenvolvidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

##RECOMENDA##

Negociadores de 195 países decidiram avançar em Lima no texto-base do acordo final sobre redução de emissões de gases do efeito estufa a ser assinado em Paris, em novembro de 2015. Copiado pela imprensa e por organizações não-governamentais na 20.ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-20), no Peru, esse rascunho amplia a ambição do acordo de Paris ao mencionar seu objetivo final de impedir o aumento da temperatura média do planeta superior a 2ºC "ou 1,5ºC" até o fim deste século.

Os textos anteriores se restringiam à meta de 2ºC. O valor de 1,5°C imporá ao mundo um corte mais severo de emissões, entre 2020 e 2100. O rascunho não tem valor legal e tampouco foi plenamente digerido por grande parte dos negociadores presentes em Lima. "Se vocês não entenderam, não se preocupem, não são os únicos", disse uma diplomata europeia. Mas é considerado bom começo para a discussão.

##RECOMENDA##

"Sairá um rascunho melhor daqui de Lima, com status jurídico claro", declarou um negociador brasileiro. O Brasil e outros países esperam anexá-lo ao texto final da COP20, de Lima, cuja versão preliminar igualmente foi copiada nesta segunda-feira, 8. Esse segundo texto traz o modelo segundo o qual as negociações de 2015 devem ser conduzidas e as ofertas nacionais, apresentadas. Terá de definir, entre outras questões básicas, qual o ano-base de comparação para os cortes de gases.

Círculos

No desenho do texto final, a proposta brasileira de criar "círculos concêntricos" vem ganhando força. Trata-se de um meio-termo entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. A fórmula prevê que os primeiros, no círculo central, terão de fazer ofertas mais ambiciosas.

Os demais, como o Brasil, fariam ofertas adequadas a suas condições. Mas deixariam claro os compromissos de convergir para o centro. "Nenhuma proposta atraiu tanta atenção em Lima", afirmou o ministro Raphael Azeredo, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty.

Estudo do Observatório do Clima, que será apresentado no sábado (6), na 20ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-20), em Lima, Peru, mostra que as emissões brasileiras atingiram 1,57 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente, em 2013. Isso representa um aumento de 7,8% em comparação ao ano anterior e constitui a maior quantidade de emissão desde 2008.

O estudo mostra as emissões, no Brasil, no período de 1970 a 2013.  No ano passado, foram apresentados dados relativos ao período de 1990 a 2012. “No sábado, no evento paralelo à COP-20 que vai ser organizado pelo Observatório do Clima, mostraremos que de 2012 para 2013, o Brasil aumentou em 7,8% as suas emissões, que é um aumento em todos os setores. Aumentou na mudança da terra, no setor de energia, na agropecuária, nos resíduos, nos processos industriais. Em todos os setores da economia monitorados, o Brasil elevou suas emissões”,  disse, hoje (3), à Agência Brasil, o coordenador-geral do Observatório do Clima, André Ferretti.

##RECOMENDA##

O maior aumento das emissões entre 2012 e 2013, da ordem de 16%, ocorreu no desmatamento. Somando  mudança da terra (desmatamento), energia e agropecuária, considerados os grandes vilões das emissões de gases poluentes, verifica-se que esses três setores  respondem por quase 90% das emissões brasileiras, informou o ambientalista. Resíduos e processos industriais ocupam uma parcela ainda reduzida.

De acordo com o Observatório do Clima, em 2013,  o setor de mudança da terra emitiu 542,5 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente. Em segundo lugar, ficou energia, com 473,5 de toneladas, seguindo-se a agropecuária, com 416,7 milhões de toneladas. Os processos industriais foram responsáveis pela emissão 86,5 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente e os resíduos, 48,7 de milhões de toneladas.

O objetivo do Observatório do Clima é fazer o monitoramento anual das emissões no Brasil, para que se tenha tempo hábil de identificar onde as emissões estão piorando, para que se possa ajustar políticas públicas que, eventualmente, não estejam  resultando no esperado ou criar novas políticas para solucionar problemas que estejam sendo causados em alguns setores, disse Ferretti.

Segundo ele, o país está em uma situação complicada, em que todos os cinco setores monitorados mostram o aumento das  emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. “O mundo precisa reduzir as emissões pela metade, pelo menos, nas próximas três décadas, para que a gente consiga tentar ainda estabilizar a temperatura em, no máximo, 2º [Celsius] acima da média que a gente tinha de temperatura do planeta, no início da revolução industrial”. Ferretti acrescentou que esse é um limiar que os cientistas alertam como algo que ainda traria grandes prejuízos, “como tem trazido”, mas que ainda é aceitável.

O coordenador do Observatório do Clima destacou que um aumento acima da magnitude de 2ºC  em relação à temperatura no século 18 traria consequências muito severas que a espécie humana não vivenciou até hoje. “É um risco muito grande”, disse. Por isso, a expectativa dos ambientalistas é que os esforços globais sejam suficientes para que a temperatura não se eleve acima de 2ºC do que ocorria na Era pré-industrial.  Informou que, atualmente, foi observado um aumento entre 0,8ºC e 0,9ºC. “Estamos chegando a quase 1ºC do que era na revolução industrial e já estamos tendo problemas nos últimos anos, como aumentos climáticos extremos, mais frequentes e mais intensos, causando perdas de vidas, inclusive, e prejuízos econômicos gigantescos no mundo todo”.

Ferretti lembrou que, segundo os cientistas, é prudente  não ultrapassar o limiar de 2ºC, “porque seria mais barato trabalhar agora para reduzir as emissões”. André Ferretti viaja amanhã (4) para Lima, onde apresentará o estudo na COP-20, com o coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), o engenheiro florestal Tasso Azevedo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando