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"A primeira viagem de navio a gente nunca esquece, ainda mais no meio de uma pandemia", disse o representante comercial paulistano Orlando Gennari Junior à reportagem do Estadão, que acompanhava nesta segunda-feira (3) o desembarque dos passageiros do navio Costa Diadema, em Santos. Debutante em viagens marítimas, ele chegou a passar mal no trajeto, foi atendido pelos médicos do navio e fez três testes de Covid-19 com a família.

Com resultado negativo para a doença, Junior foi autorizado a deixar a embarcação. No exame dos filhos, no entanto, veio a surpresa: os dois jovens testaram positivo e tiveram de ficar em quarentena no navio. A empresa ficará responsável por levá-los para casa ao fim do período de isolamento.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia paralisado a operação do Costa Diadema na última quinta-feira. A agência determinou, então, que a embarcação seguisse para seu destino final, Santos, e que todos os passageiros fossem desembarcados segundo o protocolo sanitário previsto. O navio, com capacidade para mais de 2,3 mil passageiros, está no nível 4 do cenário epidemiológico determinado pela agência: há transmissão comunitária de covid-19 entre viajantes.

FRUSTRAÇÃO

A socióloga Katia Prado ingressou com os dois filhos e o marido para oito dias no primeiro cruzeiro marítimo das crianças. Todos estavam vacinados, exceto a filha Sofia, de 8 anos.

Katia disse que se sentiu segura durante toda a viagem e elogiou os protocolos sanitários da Costa Cruzeiros. Mas conta que ficou com certa frustração com as limitações dentro do navio. Mesmo assim, pretende realizar novas viagens no futuro.

Já a paulistana Andrea Tenuta Novaes lembrou o momento da entrada da Anvisa em Salvador, encerrando as atividades de entretenimento, como shows, cassino e lojas. Ela havia embarcado em 27 de dezembro e só conseguiu aproveitar três dias de viagem. Mas disse ter consciência de que estava fazendo um cruzeiro durante a pandemia - e uma situação assim poderia ocorrer no cruzeiro.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, assinou na terça-feira à noite um decreto para instaurar um toque de recolher às 22h em todo o território nacional a partir de quinta-feira, informou a imprensa local.

Conte explicará durante o dia outras medidas, como o fechamento dos centros comerciais aos fins de semana. As restrições devem prosseguir até 3 de dezembro.

A Itália foi o primeiro país da Europa afetado pela epidemia de Covid-19 em fevereiro e registra mais de 39.000 mortos provocadas pela doença, assim como 750.000 casos.

Segundo o novo decreto, as 20 regiões da Itália serão divididas em três zonas (verde, laranja e vermelho, em função da gravidade da situação epidemiológica). De acordo com sua situação, as medidas serão mais ou menos restritivas.

A nível nacional, um toque de recolher será aplicado de 22h às 5h. Durante o período, os italianos serão autorizados a sair às ruas apenas para trabalhar ou por motivos de saúde devidamente justificados.

As aulas do Ensino Médio acontecerão online e os museus fecharão as portas.

Os centros comerciais permanecerão fechados nos fins de semana e feriados. Os transportes públicos circularão com 50% da capacidade total de passageiros.

Os cruzeiros também serão cancelados a partir de quinta-feira, exceto os que já estão em curso.

Os números de contágios e mortes por Covid-19 continuam aumentando na Europa e obrigam países como França ou Espanha a impor mais medidas, como acontece em Madri, onde nesta quinta-feira (1°) foram adotadas novas restrições apesar da oposição das autoridades locais.

Desde que surgiu em dezembro do ano passado na China, o novo coronavírus provocou 1.018.634 mortes no mundo e infectou mais de 34 milhões de pessoas, de acordo com um balanço da AFP baseado nos números oficiais dos países.

América Latina e Caribe permanecem como a região mais afetada do planeta, com mais de 347.000 vítimas fatais e quase 9,4 milhões de casos. A Europa registra 232.600 mortos e 5,5 milhões de contágios.

No Velho Continente, onde novos surtos são cada vez mais numerosos, o aumento dos novos casos é vertiginoso.

A Espanha, que tem um balanço de 31.800 óbitos desde o início da pandemia, é atualmente o país da União Europeia (UE) com a pior incidência do vírus, 284 casos para cada 100.000 habitantes, número que dispara em Madri (735 casos).

Diante da situação epidemiológica "preocupante", o governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez impôs nesta quinta-feira duras restrições à mobilidade em Madri, apesar da oposição das autoridades da capital.

Em um prazo de 48 horas, a capital de 3,2 milhões de habitantes e outros municípios deverão respeitar as medidas que estão em vigor desde a semana passada em algumas áreas da região de Madri, onde os moradores só podem sair de seus bairros para trabalhar, procurar atendimento médico ou levar os filhos para a escola.

Mas o Executivo regional de Madri, liderado pela direita, considera que o acordo alcançado com as regiões autônomas "não é juridicamente válido", por ter sido aprovado sem unanimidade, e examina as opções legais.

- "Caminho ruim" -

Na França, também muito afetada pela pandemia e que chegou a registrar 16.000 novos casos em apenas um dia recentemente, as autoridades de saúde devem anunciar mais restrições nas próximas horas, especialmente em Paris.

A capital francesa, onde as academias estão fechadas e os bares precisam interromper as atividades às 22H00, registra mais de 250 casos para cada 100.000 habitantes.

A situação também é preocupante no Reino Unido, país mais enlutado da Europa, com mais de 42.000 mortes. As autoridades de saúde admitiram que a taxa de infecção "não está sob controle" e que as coisas "estão em um caminho ruim", nas palavras do assessor científico do governo, Patrick Vallance.

Entre países, os Estados Unidos permanecem na liderança das nações mais afetadas pela covid-19, com mais de 206.000 vítimas fatais e 7,2 milhões de contágios.

Em Nova York, que nos últimos meses era considerada um exemplo de como controlar a doença, depois de virar o epicentro nacional com um recorde de 23.800 mortos, os números epidemiológicos dispararam nos últimos dias.

A taxa de testes positivos ficou durante semanas em apenas 1%, mas na terça-feira atingiu 3,25%, "um motivo de inquietação real", afirmou o prefeito democrata Bill de Blasio.

A Flórida, que também foi o foco do vírus em julho e agosto, registrou 175 óbitos na quarta-feira, menos de uma semana depois da reabertura da economia do estado.

- 34 milhões de empregos perdidos -

Na América Latina, onde o novo coronavírus não dá trégua, alguns países prosseguem com a flexibilização das restrições, para tentar estimular economias asfixiadas pelo confinamento.

Cuba suspende nesta quinta-feira o toque de recolher noturno que vigorou por um mês em Havana para controlar a pandemia.

O Peru anunciou a retomada na segunda-feira dos voos internacionais com sete países latino-americanos (Colômbia, Equador, Panamá, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile), após quase sete meses de paralisação.

Mas as notícias ruins da economia também não parecem ter fim.

A pandemia provocou a perda de 34 milhões de empregos na América Latina e Caribe, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que fez o alerta: a recuperação econômica pós-pandemia ampliará as desigualdades na região.

"Os empregados informais, as mulheres, os jovens e os de menor escolaridade são aqueles que, em geral, experimentaram com maior intensidade a perda do emprego", afirmou a OIT, que tem sua sede regional em Lima.

Um exemplo é o Brasil, segundo país mais afetado pelo vírus (mais de 142.000 mortes), que registrou uma taxa de desemprego de 13,8% no trimestre maio-julho, um recorde desde 2012.

Na Argentina, a pobreza alcançou 40,9% da população no primeiro semestre do ano, com 10,5% das pessoas vivendo na extrema pobreza, um dos piores níveis da história do país, segundo o Instituto de Estatísticas (Indec).

Enquanto a maior parte da Europa registra uma segunda onda de contaminações, a Suécia passou a ter uma das taxas de infecção mais baixas do continente. O governo sueco adotou uma abordagem diferente dos vizinhos, apenas recomendando medidas de distanciamento e mantendo a maior parte das escolas abertas - apenas as classes para maiores de 16 anos foram suspensas.

Nos primeiros meses, cientistas, médicos e parte da opinião pública criticaram a decisão. Os índices de infecções e mortes não chegaram ao nível de Itália e Espanha, mas eram muito superiores aos vizinhos escandinavos. As mortes também. Com 580 óbitos por 1 milhão de habitantes, o país tem um número 5 vezes maior do que o da Dinamarca e 10 vezes mais alto que Noruega e Finlândia.

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Agora, porém, a Suécia vem registrando menos casos que os dois vizinhos, apenas 13 pacientes ocupam UTIs e a média de mortes na última semana foi zero. "Não temos o ressurgimento do vírus como em outros países", disse ao canal France-24 Anders Tegnell, epidemiologista e arquiteto da abordagem. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mantido o atual ritmo de crescimento de casos de contaminações por coronavírus no País, o Brasil pode atingir a marca de 100 mil pessoas com covid-19 ao fim das duas próximas semanas.

Os primeiros cem casos de contaminação do País foram alcançados em 17 dias, entre 26 de fevereiro e 14 de março. Apenas sete dias depois, esse número foi multiplicado por dez e chegou a 1 mil pessoas contaminadas, em 20 de março. Nos 14 dias seguintes, o número cresceu dez vezes novamente, chegando a 10 mil pessoas com coronavírus.

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Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde anunciou que o número total já ultrapassa 15 mil pessoas. "Temos visto um crescimento médio de 20% por dia, sobre o dia anterior", disse o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo. "Vamos ver como ficará a curva. É preciso ver como essa média vai se comportar."

O avanço dos números oficiais, porém, está diretamente associado à capacidade de testes do governo, a qual tem enfrentado extrema dificuldade de atender a demanda. Estimativas dão conta de que, devido ao grande número de pessoas que já contraíram a doença mais ainda não foram testadas (subnotificações) - uma média de sete a nove casos para cada registro oficial -, o Brasil já teria hoje mais de 100 mil pessoas com covid-19, só não teria isso oficializado.

Só em São Paulo, o governo paulista estima que, que forem respeitadas todas as medidas de restrição e isolamento pela população, o número de óbitos deve chegar a 111 mil. Se nada for respeitado, pelo menos 277 mil pessoas morrerão em decorrência da covid-19 nos próximos seis meses.

Alerta

Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde também reforçou o alerta sobre a necessidade de isolamento social nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus e Brasília. As cinco capitais registram os maiores índices de casos de contaminação e quadro vulnerável para expansão acelerada de casos e óbitos nas próximas semanas.

Em todas elas, tem ocorrido afrouxamento das quarentenas, com aumento de circulação de pessoas nas ruas e abertura de comércios, apesar de decretos estaduais proibirem o funcionamento de boa parte das operações.

Gabbardo disse que a expectativa de pico das contaminações continua a ser esperada para o fim de abril e o início de maio. "A previsão do pico continua a ser essa. Nesses locais que estão com sinal vermelho, com aumento considerável de casos, temos de dar a máxima atenção ao isolamento. Isso não significa manter todos os municípios do Estado com o mesmo comportamento, mas as cidades em situação mais crítica", comentou.

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