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A comunidade é o centro de poder e luta do povo na nova música do grupo pernambucano de rap Chave Mestra, intitulada O Corre. E é na comunidade do Totó, na Zona Oeste do Recife, que o grupo realiza o evento de pré-lançamento do vídeoclipe da nova faixa, nesta terça (6). Além da exibição do vídeo, a festa contará com batalha de Mcs e discotecagem do DJ Stanley.

O clipe é uma produção coletiva entre a Chave Mestra, a produtora Safira Green e a Subverso Lab. Com roteiro e direção de Júlio Fonseca - tendo o rapper Zaca de Chagas como co-roteirista -, a produção tem formato de curta-metragem; ambientado no bairro do Totó, retratando os 'corres' e lutas do cotidiano de seus trabalhadores e moradores para mostrar que a resistência das comunidades se dá com muita solidariedade e parceria. A produção musical ficou sob responsabilidade de Carl Morais.

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Na festa de pré-lançamento, nesta terça (6), o público poderá assistir ao vídeo em primeira mão durante o Cine na Comunidade, que também exibirá outras produções. Além disso, haverá batalha de MCs, com premiação para os dois primeiros colocados, e DJ Stanley mandando muito rap, funk e brega. Na quarta (7), será a vez das plataformas digitais receberem o clipe de O Corre.

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Serviço

Pré-lançamento do clipe 'O Corre', da Chave Mestra

Terça (6) | 18h

ONG Cores do Amanhã (Rua Garota de Ipanema, Box 2 - Totó Planalto)

Gratuito

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Nos bairros de Olinda, distante apenas 6 km do Recife, a diversidade cultural e a multiplicidade de vozes que cantam sua realidade não é menor nem tem menos qualidade. Além de ter um Carnaval famoso em todo o mundo, a cidade, reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade e primeira Capital Brasileira da Cultura, ostenta um 'cardápio' de artistas de peso, e com muita vontade de produzir. Dali ecoa uma das 'Vozes da Periferia' que o LeiaJá foi ouvir nesta série especial de reportagens.

A música no quilombo urbano da comunidade da Nação Xambá, no bairro de Peixinhos, é feita como numa brincadeira e de forma natural. Assim é explicado o coco do grupo Bongar, por um de seus músicos, Thulio da Xambá. "Tá na carne e no sangue", diz. O trabalho desenvolvido pelos percussionistas do grupo tem a missão de transcender os palcos no que diz respeito à preservação da memória e de seus saberes tradicionais, além de buscar o empoderamento e o senso crítico de quem a ouve.

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Os tambores do Bongar ecoam alto e recentemente fizeram brilhar os olhos de um dos maiores percussionistas brasileiros, Carlinhos Brown. Em visita à comunidade, o músico garantiu nunca ter ouvido um som como aquele e, em suas redes sociais foi categórico: "O Brasil tem que conhecer isso".

Porém, não só o Brasil, como as próprias cidades mais próximas da comunidade não escutam o Bongar ao ligar o rádio ou a TV, de forma sistemática, assim como se pode ouvir artistas de outros gêenros como o tecnobrega e o bregafunk, que caíram nas graças de programações mais comerciais. Para Guitinho da Xambá, este é um processo intencional: "A música que a gente faz é uma música que atinge um processo de resgate, de memória, de promover o senso crítico". Thulio concorda com a posição do companheiro e diz acreditar que a grande mídia não se interessa por seu trabalho por este não ter um apelo comercial dirigido às grandes massas. "O que faz a gente não crescer é a invisibilidade que a mídia dá a gente", afirma.

Mas a preocupação dos músicos vai além. Eles temem pela educação das novas gerações, expostas à musicalidade de maior expressão nos meios de comunicação, que têm um apelo explícito à sexualidade e apologia ao álcool, por exemplo. "A gente tem que garantir o espaço de algumas posições que pra mim são fundamentais pra gente caminhar pra uma sociedade boa. A gente tem que ser radical com um determinado tipo de música que tá levando a sociedade a um processo de degradação das relações sociais humanas", afirma Guitinho.

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Para o músico, existe um movimento intencional da mídia na venda desse tipo de trabalho: "Pra mim, essa música retrata uma realidade construída para ser mantido um modelo social de apartheid, de miséria, e vem com esse discurso de convencimento de que é massa, é o retrato da periferia. Eu acho que isso é um desserviço dos meios de comunicação e destrói todo um processo educativo, isso é muito grave, é perigosíssimo".

Pensando nisso, o Bongar mantém, em seu Centro Cultural, inúmeras atividades voltadas aos jovens da comunidade. Para eles, a chave é estimular os mais novos: "A gente não vai dizer ‘tape os ouvidos’; o nosso trabalho é dizer ‘interprete o que você tá ouvindo’, escuta e tente interpretar o que essa música tá dizendo, e veja se é boa ou ruim", explica Thulio.

Paulista


Vindos de Paulista, município vizinho à Olinda, os músicos da Chave Mestra - Moral, Carl de Morais, Zaca de Chagas e Thiago Honorato -,  são fruto de uma cena forte não só em sua ‘quebrada’, mas em outras, também. Eles citam, como suas influências, outros artistas do rap e hip hop como Zé Brown e Faces do Subúrbio, do Alto José do Pinho, Diomedes Chinaski, também de Paulista, e o grupo Racionais MC’s - “representante de todas as quebradas”, segundo Thiago Honorato; prova de que a música feita nas periferias pode até não tocar nas rádios mas, certamente, toca os seus.

O quarteto da Chave convive bem com todas as linguagens oriundas da sua comunidade e consideram legítimo o alcance que artistas do bregafunk, por exemplo, estão tomando, mas, ponderam: “Eu acho que a gente também não pode limitar o público, achar que eles só ouvem isso. Porque com a internet, a gente consegue acesso à música do mundo todo”, diz Honorato.

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