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O Irã negou, nesta segunda-feira (13), ter tentado "acobertar o caso", em referência a sua responsabilidade pelo avião de passageiros ucraniano derrubado por erro perto de Teerã na última quarta.

"Nestes dias de tristeza, houve críticas aos responsáveis e às autoridades do país. Alguns responsáveis foram inclusive acusados de mentir e de tentar acobertar o ocorrido, quando, sincera e honestamente, este não foi o caso", disse o porta-voz do governo, Ali Rabii.

"A verdade é que não mentimos. Mentir é disfarçar a verdade de maneira intencional e consciente. Mentir é acobertar informações. Mentir é conhecer um fato e não dizê-lo, ou deformar a realidade", acrescentou Rabii.

"O que dissemos na quinta-feira estava baseado nas informações que haviam sido apresentadas ao conjunto do governo e segundo as quais não havia qualquer relação entre o acidente e um (disparo de) míssil", insistiu o porta-voz.

Nesta segunda-feira, pelo terceiro dia consecutivo, vídeos foram transmitidos em redes sociais que pareciam mostrar manifestações, particularmente na Universidade Sharif, em Teerã, em Sanandaj, no Curdistão e em Isfahan.

Nas imagens, manifestantes gritavam palavras de ordem contra as autoridades da República Islâmica. Convocações para novos protestos na terça, quarta e quinta-feira foram divulgadas nas redes sociais.

O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, acusou Teerã nesta segunda-feira de querer "fazer tudo" para encerrar as manifestações e disse que os Estados Unidos estão ao lado dos iranianos "em seus pedidos de liberdade. e da justiça ".

As Forças Armadas iranianas admitiram, no sábado, sua responsabilidade na tragédia do voo PS572 da Ukraine International Airlines. A aeronave foi derrubado em 8 de janeiro, antes do amanhecer, pouco depois de decolar de Teerã.

Na quinta e na sexta-feiras, a Organização de Aviação Civil iraniana e o governo negaram a hipótese de que o avião tivesse sido derrubado por um míssil, mencionada desde a quarta à noite pelo Canadá.

As 176 pessoas a bordo do avião, iranianos e canadenses em sua maioria, morreram na tragédia.

O anúncio da responsabilidade das Forças Armadas provocou uma onda de indignação no Irã.

Na noite de sábado, uma cerimônia em homenagem às vítimas em uma universidade de Teerã se transformou em uma manifestação contra as autoridades, aos gritos de "morte aos mentirosos". A polícia conseguiu dispersar a multidão.

Ontem à noite, várias mobilizações foram registradas em Teerã, conforme vídeos publicados nas redes sociais que não puderam ter sua veracidade confirmadas.

O Irã negou categoricamente nesta sexta-feira (10) a tese de que o avião ucraniano que caiu na quarta-feira perto de Teerã tenha sido derrubado por um míssil, como afirmam vários países, entre eles o Canadá, que perderam vários de seus cidadãos.

Na tragédia, morreram 176 pessoas, a maioria iraniano-canadenses, mas também britânicos, suecos e ucranianos.

O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, também afirmou que seu país acreditava que a aeronave americana "provavelmente" foi abatida por um míssil iraniano.

No início desta noite, Kiev anunciou que os especialistas ucranianos enviados ao Irã conseguiram acesso às caixas-pretas.

O acidente ocorreu de madrugada de quarta, logo após o Irã disparar mísseis contra bases militares utilizadas pelos militares americanos estacionados no Iraque em resposta ao assassinato pelos EUA contra um general iraniano.

Canadá e Reino Unido disseram que o avião, um Boeing 737, foi abatido por um míssil iraniano, provavelmente por engano, e vários vídeos que apontam para esta tese foram postados nas redes sociais.

"Uma coisa é certa, este avião não foi atingido por um míssil", disse o presidente da Organização de Aviação Civil Iraniana (CAO), Ali Abedzadeh, em uma entrevista coletiva em Teerã.

O voo PS752 da companhia Ukraine Airlines International (UAI) decolou de Teerã rumo a Kiev e caiu dois minutos depois.

Um vídeo de cerca de 20 segundos mostra imagens de um objeto luminoso que sobe rapidamente para o céu e toca o que parece ser um avião.

O vídeo, que não foi formalmente autenticado pela AFP, foi publicado por vários meios de comunicação, como o jornal "The New York Times".

"Vimos alguns vídeos", disse Abedzadeh. "Confirmamos que o avião ficou em chamas por cerca de 60 ou 70 segundos", embora, segundo ele, "não seja correto cientificamente que foi atingido por algo".

Na véspera, o presidente americano Donald Trump disse ter "suspeitas" sobre o acidente do avião ucraniano.

"Estava voando em uma área bastante difícil e alguém poderia ter se enganado", acrescentou.

As declarações de Trump coincidiram com informações neste sentido aventadas por meios de comunicação como a Newsweek, a CBS e a CNN.

- Tese não confirmada -

"As informações nas caixas-pretas são absolutamente cruciais" para a investigação, disse Abedzadeh.

"Qualquer declaração antes da extração dos dados não é uma opinião de especialistas", ressaltou.

Autoridades dos Estados Unidos entregaram ao presidente ucraniano Volodimir Zelenski "dados importantes sobre a catástrofe", segundo anunciou Kiev.

"Junto com o presidente Zelenski nos reunimos com autoridades americanas e recebemos informações que serão tratadas por nossos especialistas", disse no Twitter o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Vadym Prystaiko.

A Comissão Europeia pediu, por sua vez, uma "investigação credível e independente". "Ainda não há provas conclusivas do que causou o incidente", assegurou o porta-voz europeu Stefan de Keersmaecker.

Cerca de 50 especialistas ucranianos chegaram a Teerã na quinta-feira para participar da investigação e da análise das caixas-pretas. Uma equipe canadense de dez pessoas está "a caminho" para tratar de questões relacionadas às vítimas.

A agência canadense de segurança nos transportes aceitou um convite da autoridade de aviação civil iraniana para participar da investigação.

Apenas alguns países do mundo, incluindo Estados Unidos, Alemanha e França, têm a capacidade de analisar caixas-pretas.

Na quinta-feira, o Irã convidou a Boeing, fabricante americana de aeronaves, para participar da investigação.

A Agência de Segurança dos Transporte dos EUA (NTSB, na sigla em inglês) anunciou que também participará.

Na França, o Escritório de Investigação e Análise para Segurança da Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) disse que recebeu um aviso oficial do Irã e "elegeu um representante credenciado para participar da investigação".

Segundo o relatório preliminar da aviação civil iraniana, várias testemunhas observaram um incêndio no avião.

A aviação civil deu a entender que, entre as testemunhas, havia pessoas que estavam no chão, mas também outras que estavam em outra aeronave acima do Boeing.

Esta é a pior catástrofe da aviação civil no Irã desde 1988, quando o Exército americano alegou ter abatido por engano um Airbus da Iran Air. Nesta tragédia, 290 pessoas morreram.

É também o acidente mais mortal com a presença de vítimas canadenses desde 1985, quando o ataque a um Boeing 747 da Air India em 1985 matou 268 canadenses.

"Temos informações de várias fontes" indicando que "o avião foi abatido por um míssil iraniano", disse o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, na quinta-feira, acrescentando que "não foi intencional".

Nesta sexta, as autoridades suecas suspenderam os voos diretos entre a Suécia e o Irã, citando uma "falta de clareza".

O grupo alemão Lufthansa também anunciou a anulação de seus voos diários com destino a Teerã até 20 de janeiro.

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