Tópicos | Arlindo dos 8 Baixos

O 16° Encontro de Sanfoneiros, que este ano acontece no Recife a partir desta quarta (4) e termina no próximo sábado (7), reúne artistas de vários estados do país que se relacionam com a sanfona. As apresentações acontecem no Teatro Santa Isabel nesta quarta (4), às 20h, e no restaurante Nosso Quinta, no Torrões, na sexta (6) e sábado (7), às 18h. A entrada é gratuita, mas os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência.

Este ano o evento homenageia Truvinca e Waldonys, além dos músicos Dominguinhos, Arlindo dos 8 Baixos, Duda da Passira e Juarez, em memória. Além dos sanfoneiros, o encontro reúne desde 1998 grupos de xaxado, aboiadores, violeiros, bacamarteiros e trios de forró pé de serra com a prooposta de divulgar a música popular regional e a sanfona para várias gerações.

##RECOMENDA##

O evento, que busca manter viva a memória de Luiz Gonzaga e o instrumento que o imortalizou, traz a oportunidade de músicos de diferentes regiões de Pernambuco e de outros estados brasileiros trocarem experiências. A ideia teve início no quintal do produtor Marcos Veloso, que mantém no restaurante Nosso Quintal uma parede dedicada à história do Rei do Baião.

Serviço

16º Encontro de Sanfoneiros do Recife

Quarta (4) | 20h; De quinta (5) a sábado (7) | 18h

Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n - Bairro de Santo Antônio) e Restaurante Nosso Quintal (Rua Leila Félix Karan, 15 - Torrões)

Gratuito (Ingressos devem ser retirados no local com uma hora de antecedência)

(81) 3228 6846

[@#galeria#@]

 

##RECOMENDA##

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Confira o depoimento de Santanna sobre Arlindo dos 8 baixos:

[@#video#@]

O corpo do músico Arlindo dos 8 Baixos foi velado nesta quinta (24) na Câmara dos Vereadores do Recife, após passar a noite na capela do hospital IMIP. Arlindo sofreu uma parada cadíaca nesta quarta (23) enquanto fazia hemodiálise. Muitas pessoas compareceram à Câmara para se despedir do artista.

Inúmeros sanfoneiros e cantores - alguns com participação ativa na vida e carreira do músico - estiveram no local. "Nossa cultura fica mais pobre porque perde um mestre. Espero que o legado dele se perpetue. Vai fazer muita falta pra gente, ele tinha um ouvido absoluto", disse o cantor Santanna ao LeiaJá.

##RECOMENDA##

Biliu de Campina, amigo de Arlindo dos 8 Baixos conta: "Conheci Arlindo nos forrós da vida e ia sempre para o Forró do Arlindo dar uma canja com ele, uma referência do forró de raiz". O músico acrescenta que Arlindo, "No palco, era zeloso, perfeccionista e ia pelo 'livro'. Bom amgo e exímio afinador de sanfona", completa Biliu.

"Arlindo é a maior força do instrumentos de oito baixos. Muitas vezes toquei com ele. O legado dele fica, sendo muito importante para nossa cultura", avalia o sanfoneiro Cezzinha. "A dor da perda é grande e nossa obrigação é dar continuidade ao seu trabalho", resume a cantora Nádia Maia, também presente no velório.

Arlindo dos 8 Baixos deixa três filhos e esposa. Raminho da Zabumba, atualmente integrante do Quinteto Violado, contou sobre a infuência do pai em sua carreira: "Toquei com meu pai, participei de muitos momentos da vida dele. Na cada dele sempre teve muitos instrumentos e acabei me identificndo com a percussão. Ele era uma pessoa maravilhosa, amável e fácil de conviver", relembra o filho do mestre da sanfona dos 8 baixos.

Casada há 45 com o músico, Odete Ramos, chorando, falou sobre o marido. "Uma pessoa sem maldade que gostava de viver e lutou muito contra a doença. Os maiores momentos da vida dele foram na música, era o que ele gostava de fazer. O 8 baixos era a vida dele", conta, emocionada. Ao som de muito forró, vários artistas prestigiaram Arlindo. Da Câmara de Vereadores, o corpo seguiu para o Cemitério de Santo Amaro para ser sepultado às 17h.

*Com informações de Priscila Urpia

O sanfoneiro Arlindo Ramos Pereira, conhecido como Arlindo dos 8 baixos, que faleceu na tarde da última quarta (23), durante uma sessão de hemodiálise, em Recife, está sendo velado na manhã desta quinta (24) na capela do Instituto Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip).  O corpo do sanfoneiro segue as 12h para a Câmara dos Vereadores do Recife, onde será recebido por um grupo de sanfoneiros.

Segundo o filho de Arlindo, Raminho da Zabumba, o velório continua até às 16h. O sepultamento está marcado para as 17h, no cemitério de Santo Amaro.

##RECOMENDA##

Emocionado, Raminho falou sobre a importância de Arlindo na sua vida "Ele sempre foi uma referência pra mim e não só para minha carreira, mas como pai e ser humano. Era um homem forte. Perguntávamos se ele estava bem e ele respondia sempre que sim, embora soubéssemos que não estava. Ele nos ensinou a nunca baixar a cabeça", comentou. 

São cinquenta anos de carreira. Setenta anos de vida a ser completados no próximo dia 16 de abril. Um legado imensurável que ultrapassa o instrumentista e se concretiza em 18 discos, inúmeros shows, fotos, histórias e no Espaço Cultural Arlindo dos 8 Baixos, que fica no quintal da sua casa, no bairro de Dois Unidos. Pelo espaço, já passaram quase todos os forrozeiros da região, tocando para uma multidão de admiradores da música que encontrou sua síntese em Luiz Gonzaga.

Gonzaga, aliás, teve a companhia de Arlindo dos 8 Baixos no palco durante muitos anos. Foi o Rei do Baião que o estimulou a voltar ao seu instrumento original – a sanfona de 8 baixos – e a utilizá-lo como nome artístico. Admirado como instrumentista diferenciado, Arlindo abraçou os 8 baixos e com ele se destacou. No fim de 2012, o músico recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, um justo reconhecimento por sua contribuição à cultura e à música.

##RECOMENDA##

Apesar da história e das alegrias, Arlindo está doente. Já teve um AVC, está cego e sofre com a diabetes, que obrigou os médicos a amputarem suas pernas. O músico esteve internado mais de uma vez e voltou para casa recentemente da última estadia no hospital. Com o semblante triste, confessa: “Faz uns oito meses que não pego no instrumento. Fiquei internado, minha mão direita ficou com os dedos duros, cansados...”. Mas a força do menino criado em um engenho, que virou um jovem barbeiro e se transformou em músico respeitado não o deixou. Arlindo fala em voltar a treinar para recuperar a fluência na sanfona e até em fazer fisioterapia para resgatar alguns movimentos das mãos.

Hoje, bisavô de uma menina, casado há 42 anos com Dona Odete, Arlindo é definitivo: “A música é tudo para mim. Tudo o que tenho hoje foi através da minha música”. Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, o mestre da sanfona de 8 baixos conta um pouco da sua história. Fala de seus mestres e alunos, do forró despretensioso em seu quintal que virou lugar obrigatório para músicos e apreciadores, das alegrias de sua caminhada e da sua música.

E qual foi a primeira sanfona que você tocou?

A do meu pai. Eu comecei a pegar a sanfona de 8 baixos com dez anos de idade. Meu pai tocava um pouquinho, umas besteirinhas. E eu aprendi a afinar com meu padrinho, eu levava a minha sanfona para ele afinar. Com poucos dias aprendi e fiquei consertando a minha e a dos outros.

Você teve uma infância musical? Havia bailes, instrumentos musicais?

Não. O que tinha na minha casa era uma estrovenga, uma foice e uma enxada. Meu pai plantava na roça e eu ia mais ele para o roçado. Ele nem queria que eu tocasse. Quando chegava do roçado e eu estava tocando, ele reclamava, dizia que não tinha futuro. Aí eu guardava o instrumento, mas quando ele saía, pegava a sanfona de novo. Um dia ele deixou de reclamar e até comprou um 8 baixos pra mim. Depois troquei numa sanfona grande (de 120 baixos) e com ela conheci um bocado de artistas, fiz shows por Pernambuco todo com a caravana da Rádio Clube, com a caravana da Rádio Jornal. Silveirinha, locutor da Rádio Clube e Jota Austregésilo, me chamavam. Passei quatro anos tocando com Coruja e os Tangarás.

Quando eu viajei com Gonzaga, foi com a sanfona grande. Eu disse a ele que queria gravar, e ele me aconselhou a trocar de instrumento, porque as gravadoras estavam cheias de sanfoneiros e não queriam mais. Queriam a de 8 baixos, que estava resumida demais. Então fui à Caruaru, comprei um 8 baixos e fiquei treinando. Um ano e pouco depois, Gonzaga perguntou como estava e pediu para eu tocar uma coisa para ele ver. Então, ele disse que ia me levar para a (gravadora) RCA, e eu estou gravando até hoje.

Com o que mais você trabalhou antes de se profissionalizar como músico?

Na minha infância eu trabalhava na agricultura. Eu nasci em um engenho, na Usina Trapiche, limpava cana, meu serviço era esse. Depois, fui morar em Santo Amaro de Sirinhaém fazendo o mesmo serviço mais meu pai, nos engenhos. Um dia chegou um barbeiro lá e disse para meu pai comprar as ferramentas para eu aprender a cortar cabelo e ele comprou. Terminei aprendendo a cortar cabelo, montei uma barbearia e fiquei cortando cabelo. Botei um salão em Ponte dos Carvalhos e depois vim ao Recife, para Beberibe, onde cortei cabelo ainda por mais de dois anos.

É verdade que tocar a sanfona de 8 baixos é mais difícil do que a de 120?

É mais difícil. Cada botão desses tem duas notas: uma abrindo o fole e outra fechando. A sanfona é uma coisa só, é mais fácil. Quem toca sanfona não toca oito baixos, e quem toca oito baixos não toca sanfona, tem que aprender nos dois.

No final do ano passado você finalmente reconhecido como Patrimônio Vivo de Pernambuco. Como recebeu a notícia?

Fiquei muito feliz quando soube da notícia. Muita gente pediu que eu me inscrevesse. Eu me inscrevi três anos e não fui sorteado. Esse ano, fui. Deu uma alegria boa. Ligaram para mim, saiu no jornal com minha foto. Fiquei muito satisfeito. Isso vai me ajudar, a gente tem direito a um salário.

Você é um mestre do instrumento. Quem são seus aprendizes? E quem são seus mestres?

Meus mestres... Um já foi embora, que era Luiz Gonzaga. O outro está bem doente, que é Dominguinhos. Eu adoro as músicas de Dominguinhos e acho muito bonito ele tocar. E eu tenho vários seguidores, porque tenho uma escola aqui onde ensino os oito baixos e a sanfona. Tenho essa escola há mais de quinze anos. Tenho aluno aqui que começou do zero, não sabia tocar nada e hoje já está tocando em palco, gravando, viajando para fazer show. Um deles é Raimundo Santos, e tem outros que já tocam bem. Recife tem muito sanfoneiro novo e bom, tocando muito, e uns tempos atrás a gente não encontrava. De uns dez anos para cá é que se voltou a dar valor à sanfona.

Como surgiu o Espaço Cultural Forró de Arlindo?

Comecei aqui, por que não tinha forró no Recife na época. Aí chamei os colegas para fazer forró no meu quintal, mostrar música um para o outro todo domingo de tarde. Chamei Gennaro, Camarão, um bocado de sanfoneiro. A gente foi começando e todo domingo dava mais gente que o anterior. Isso foi em 1980. Nessa época, quando a gente dizia que tocava sanfona, o povo mangava da gente. Tinha umas fruteiras no meu quintal que eu fui derrubando, fui murando o quintal. Chegou uma quantidade de gente que eu tive que cimentar tudo, cobrir, foi melhorando. Ficou de um jeito que, se eu quiser parar agora, não consigo mais. Só está parado agora por conta do carnaval e da minha doença. Mas, dia 3 de março vamos recomeçar a programação com Alcymar Monteiro.

Durante seus 50 anos de caminhada musical, quais foram as suas maiores alegrias?

Muitas. Quando viajava com Gonzaga, saía para lugares que não conhecia... Tocar um instrumento, seja ele qual for, é muito bom. Faz bem. Eu nunca mais peguei na sanfona por causa desse meu problema de saúde. Os dedos não atendem, tenho que treinar muito.

Depois de tanta vivência e de ser uma referência como músico, como você se sente?

Muito bem. Eu me sinto um herói, porque quando me lembro que trabalhava nos engenhos cortando cana, pastorando boi, e hoje estou como estou, me sinto muito bem. Não dá nem para acreditar.

Com a sua vasta experiência, qual recado você daria para quem está começando a tocar?

Peço a eles que não desistam. Enfrentem, porque eu comecei assim também. Teve hora que pensei: “será que não saio disso, não vou aprender?”. Mas, eu aprendi, não fiquei conhecido pelos músicos e artistas? Então digo que não desistam, sigam em frente. E os instrumentos ruins joguem fora e comprem instrumentos bons. Continuem a treinar, cantar e tocar.

Casa de Arlindo dos 8 Baixos virou Espaço Cultural Arlindo dos 8 Baixos

O sanfoneiro Arlindo dos 8 Baixos se apresenta nesta terça na Creche Tia Emília, localizada no bairro onde mora e mantém seu Espaço Cultural, Dois Unidos. A apresentação acontece aproveitando o tema escolhido para o ano letivo de 2012 da Rede Municipal de Ensino: “Luiz Gonzaga, do Mangue ao Sertão, Homenagem aos 100 anos do Rei do Baião”.

Arlindo é um dos sanfoneiros mais importantes do Brasil e acompanhou Luiz Gonzaga por 18 anos. Ele começou a tocar aos dez anos e passou um bom tempo se dedicando às sanfonas de 80 e 120 baixos até se entregar aos 8 baixos, que hoje é parte integrante da sua identidade e nome.

A Creche Tia Emília fica na Rua Pedro Batista, s/n, Alto do Capitão, Dois Unidos.

 

 

 

 

O Santander Cultural, localizado no bairro do Recife encerra, neste sábado (11), a programação do projeto “Ouvindo e Fazendo Música”. O evento tem início às 17h e tem como convidado Arlindo dos 8 Baixos, que toca suas músicas e oferece ao público a oportunidade de ouvir as que ainda não foram gravadas em CD, por meio de reprodução em vinil.

Arlindo começou a tocar aos dez anos de idade. Aos 28, foi chamado por Luiz Gonzaga para o acompanhar - nos palcos e na vida - durante 18 anos. Foi o próprio Rei do Baião que o batizou como Arlindo dos 8 Baixos, em referência ao tipo de sanfona que ele toca. Em 2000 começou a fazer do seu quintal, no bairro de Dois Unidos, palco pra receber amigos e fazer música. Doze anos depois, o que existe é o Espaço Cultural Forró do Arlindo, um dos bailes de forró mais disputados da cidade.

Serviço
Projeto Fazendo e Ouvindo Música
Santander Cultural (Avenida Rio Branco, 23, Bairro do Recife)
Sábado, 11 de fevereiro. A partir das 17h
Ingressos: R$ 5 (inteira) | R$ 2,50 (meia)

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando