Muito além de um escultor. Muito além de um pintor ou de um ceramista. De um desenhista, gravurista ou um poeta. Abelardo da Hora, do alto dos seus 89 anos, continua sem descanso a produção artística que o tornou conhecido no Brasil e no mundo. Diariamente se dedica à criação artística em sua casa, que é uma verdadeira galeria de arte, com dezenas de peças que fazem o visitante imergir no universo anguloso, sensual e crítico da sua obra.
Sua primeira exposição aconteceu em abril de 1948, na Associação dos Empregados do Comércio de Pernambuco, localizada na Rua da Imperatriz, Centro do Recife. Devido ao cunho social empregado por ele nas obras, assim como à própria efervescência política da época, a mostra teve uma resposta bastante positiva.A principal peça da primeira exposição foi a A Fome e o Brado, escultura que ele guarda com carinho até hoje em casa.
Abelardo da hora: as várias faces de um multiartista
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Na vida de Abelardo da Hora, a insatisfação com a realidade social não é vista apenas no forte expressionismo das suas obras. Para ele, o Artista tem que ir além de ser um mero criador (ou recriador) de belezas, e usar o seu trabalho como forma de contribuição para a melhoria da sociedade. Por isso, desde muito cedo, ele viu na política uma forma de luta para a mudança das mazelas da sociedade.
Abelardo foi preso dezenas de vezes por conta do seu posicionamento político e envolvimento com o Partido Comunista, do qual foi integrante por vários anos. As constantes prisões, seguidas do tolhimento dos direitos políticos durante a época da Ditadura Militar, ocasionados pela sua atividade no Partido Comunista, atingiram a família como um todo. "Durante o Golpe, foi muito difícil crescer em meio às prisões de papai. Ele era comunista e, nessa época, nós não tínhamos direito nem de frequentar a escola pública. Nem a casa dos meus amigos de rua. Isso fez com que nossa família ficasse muito unida para superar as adversidades. Ainda hoje, somos assim", conta Abelardo Filho.
Atualmente, Abelardo da Hora está afastado do envolvimento com a ação política, preferindo envolver-se mais com sua arte e sua família.
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