Um dia após entregar ao PDT a Secretaria de Agricultura, o governador Paulo Câmara (PSB) promoveu, ontem, uma mudança estrutural na coordenação política do seu Governo. Já de olho na reeleição em 2018, convocou o secretário Nilton Mota, que está deixando a Agricultura, para o lugar de Antônio Figueira, da Casa Civil, este remanejado para chefia da Assessoria Especial.
Foi uma escolha das mais acertadas. Deputado estadual licenciado pelo PSB, Nilton Mota é do ramo da política. Egresso de uma família envolvida na vida pública em Surubim, tem um predicado inerente ao cargo: o poder de articulação política. Mesmo numa pasta tão técnica em que atuou nos últimos três anos, Mota contabilizou dividendos políticas para o governador em praticamente todas as ações que empreendeu pelo Interior.
Por isso mesmo, revelou-se num dos auxiliares mais operosos do Governo. Nas campanhas de Geraldo Júlio, tanto na primeira quanto na reeleição, coordenou áreas estratégicas com grande êxito, o mesmo ocorrendo também na campanha do governador Paulo Câmara. Nilton Mota é, sem exageros, um animal político, respira política 24 horas por dia e está agora no lugar certo.
Com ele na articulação, o governador pode rearrumar a base, que começou a ser desestruturada com a possível perda do PMDB, mais cedo do que imaginava. O atual responsável pela área, Antônio Figueira, médico por vocação e de carreira, até fez um esforço para cumprir a missão a que foi delegada, mas enfrentou dificuldades porque não nasceu na política e jogo de cintura não se adquire da noite para o dia. A política passa, principalmente, pela arte de engolir sapos.
Talhado, Mota tem um notável estômago para triturar sapos e elefantes. E o governador, que como Figueira também não é remanescente do ramo da política, não poderia abrir mão de um auxiliar com este perfil para enfrentar as trovoadas que vêm por aí não apenas em 2018, ano eleitoral, mas a partir desses meses pré-eleitorais que se estendem até as convenções partidárias.
POSSE– Conforme este blog antecipou, o governador Paulo Câmara empossa, hoje, às 14h30, em cerimônia no Palácio do Campo das Princesas, os novos secretários estaduais: Nilton Mota, que deixa a Agricultura e Reforma Agrária e assume a Casa Civil; José Neto, que sai da Chefia da Assessoria Especial e assume a Secretaria Executiva da Casa Civil; Antônio Figueira, que deixa a Casa Civil e assume a chefia da Assessoria Especial; e Wellington Batista, que entra no Governo para comandar a Agricultura e Reforma Agrária. É possível que o governador ainda abra espaços mais na frente para outros partidos da base, como o Solidariedade (SD).
Um auxiliar de peso – Ex-secretário de Administração na gestão Eduardo Campos, José Neto, sobrinho do ex-governador Joaquim Francisco, está sendo remanejado da chefia da Assessoria Especial para a Secretaria-Executiva da Casa Civil. Habilidoso e articulado, Neto deve se transformar, na verdade, no braço direito do novo secretário da Articulação Política, Nilton Mota. Tem um perfil muito parecido com Mota, age com desenvoltura nos bastidores e leva a vantagem de ser amigo pessoal do governador Paulo Câmara.
No prédio do secretário– Um assalto a um entregador na portaria de um edifício localizado na Rua Padre Roma, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, foi registrado por câmeras de segurança na tarde da última terça-feira. As imagens, gravadas em frente à residência do secretário de Planejamento e Gestão de Pernambuco, Márcio Stefanni, foram enviadas ao WhatsApp da TV Globo. Durante a ação, o profissional aguarda a abertura do portão do edifício enquanto dois jovens se aproximam. Enquanto isso, um dos assaltantes, usando uma farda da rede estadual de ensino, mexe na mochila do parceiro. Ao notar que a dupla se aproximou para assaltá-lo, o entregador empurra um deles, enquanto o outro, com uma arma, sobe na moto e sai da entrada do prédio.
REFIS– Após quase seis horas de sessão, a Câmara dos Deputados aprovou, ontem, em plenário, o texto-base da medida provisória (MP) que cria o novo Refis, programa de parcelamento de dívidas com a União. O texto foi aprovado em votação simbólica. A votação dos destaques foi adiada, provavelmente para a próxima semana, segundo previsão da liderança do governo. A proposta aprovada foi um texto novo concluído após negociação entre o relator, deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), líderes partidários e representantes da Casa Civil e da equipe econômica. Governo e deputados tiveram de negociar um acordo, porque o Executivo não aceitou o texto do relator aprovado na comissão especial, enquanto os parlamentares acusavam a Receita Federal de trabalhar para deixar a MP perder a validade sem ser votada.
Populismo constitucional – O ministro Gilmar Mendes disse, ontem, que o Senado tem de se posicionar sobre a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastarem o senador Aécio Neves (PSDB-MG) do exercício do mandato. Para ele, o que a turma decidiu foi a prisão do senador e isso não estaria permitido pela Constituição. Mendes afirmou também que seria importante o plenário do STF se debruçar sobre o tema. Segundo ele, ministros da Primeira Turma estão tendo "um tipo de comportamento suspeito" e aderindo a um "populismo constitucional."
CURTAS
ADUTORA– O governador Paulo Câmara recebeu, ontem, a garantia do ministro da Integração, Helder Barbalho, de que vai liberar cerca R$ 11 milhões, na próxima semana, para as obras da Adutora do Agreste. Paulo e Helder também trataram das ações de reconstrução dos municípios pernambucanos afetadas pelas fortes chuvas dos últimos meses de maio e junho. O ministro aguarda a aprovação de projeto de lei do Congresso que permitirá o repasse de mais R$ 58 milhões para as obras da Adutora do Agreste.
INVESTIGAÇÃO– Membro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado Tadeu Alencar (PSB) diz que o Diretório Nacional do partido agiu com coerência ao fechar questão ontem pela aceitação da segunda denúncia contra o Presidente Michel Temer (PMDB). “É importante que a Câmara dos Deputados trate com rigor as suspeitas que pesam sobre o Presidente da República e dê ao povo brasileiro uma demonstração de compromisso com a verdade. É esse o sentimento do PSB”, afirmou.
Perguntar não ofende: Por que o Supremo afastou Aécio sem determinar também a sua prisão?