Simulador de Escravidão: usuários são investigados pelo MP

O aplicativo propõe vender e torturar pessoas negras através da ótica do colonizador

seg, 29/05/2023 - 09:20
Reprodução/Google Play Store Ícone do simulador na loja virtual do Google Reprodução/Google Play Store

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) incluiu as pessoas que baixaram o "Simulador de Escravidão" na investigação que apura racismo e discurso de ódio nas redes. O Google e a Magnus Games - desenvolvedora do app - já foram procuradas pela promotora do caso

Disponível na Play Store em abril, o aplicativo em português atraiu pouco mais de mil downloads e passou a ser criticado nas redes sociais. A pressão o fez ser removido da loja no dia 24 de maio, mas comentários racistas nas avaliações reforçaram a necessidade da responsabilização criminal dos envolvidos. 

A proposta do simular é que o usuário seja um dono de escravos e possa torturá-los. Um dos comentários que chamou atenção foi uma reclamação por mais possibilidades de castigo.  

Após baixado, o player pode escolher entre as modalidades "tirana" ou "libertadora". A primeira objetiva lucros com a venda de escravos e evitar fugas, enquanto a segunda luta pela abolição. 

"O que chama atenção são as pessoas que baixaram e comentaram [o jogo], com aspectos muito reprováveis de um racismo muito escancarado e comentários indefiníveis em termos de gravidade e horror, que ferem qualquer parâmetro de civilização. Esse tipo de coisa travestido de entretenimento é ainda pior", afirmou a promotora Maria Fernanda Pinto ao Globo News

O Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi) buscou a Magnus Games para prestar esclarecimentos. A empresa da Malásia tem escritório no Brasil.  

O Google tem até esta semana para se posicionar sobre a permissão concedida ao simulador em sua loja virtual e se houve algum tipo de falha humana. “A falha da plataforma evidentemente teve porque o aplicativo foi para o ar", apontou a promotora.  

Só depois dessa avaliação preliminar, o MPSP vai propor a abertura de um Procedimento Investigatório Criminal (PIC). 

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