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Uma ou mais das quatro variantes do novo coronavírus que preocupam as autoridades sanitárias foram detectadas até agora em 37 países e territórios das Américas, revelou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta sexta-feira (14).

Isso inclui mutações identificadas pela primeira vez no Reino Unido, Brasil, África do Sul e Índia.

Destas, a mais difundida na região é conhecida como variante britânica, encontrada em 34 países e territórios americanos, seguida pela brasileira, em 21, pela sul-africana, em 17, e pela indiana, em oito.

Os cinco países onde as quatro variantes preocupantes foram identificadas são Argentina, Canadá, Estados Unidos, México e Panamá. A este grupo se soma a ilha de Aruba, território holandês no Caribe.

Durante um seminário com jornalistas, Jairo Méndez Rico, assessor da Opas para doenças virais emergentes, disse que as mutações são naturais no processo de evolução e adaptação dos vírus.

No entanto, quando apresentam um potencial impacto ou risco à saúde pública, são consideradas Variantes de Preocupação (VOC, na sigla em inglês).

As VOCs estão associadas ao aumento da transmissibilidade do vírus, bem como ao aumento da virulência e/ou redução da eficácia das medidas de prevenção, tratamentos e vacinas.

Méndez Rico esclareceu que a maior capacidade de replicação dessas variantes não implica necessariamente em maior agressividade e destacou que até o momento não há evidências de que as vacinas disponíveis atualmente não sejam eficazes contra elas.

Ele ressaltou, porém, que quanto maior a circulação de vírus entre as populações, mais provável será a ocorrência de novas mutações que dificultem o controle da pandemia.

A Opas realiza uma vigilância genômica para rastrear variantes. Atualmente, 22 países participam dessa rede de inteligência.

Seis laboratórios regionais de referência colaboram no sequenciamento: a brasileira Fiocruz, o Instituto de Saúde Pública do Chile, o InDRE do México, o Instituto Gorgas do Panamá, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e a Universidade das Índias Ocidentais em Trinidade e Tobago.

Os membros da Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), representam 35 países do continente americano e 16 territórios da região associados ou dependentes dos Estados Unidos, França, Holanda e Reino Unido.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, nesta segunda-feira (10), que classificou a variante do vírus da covid-19 descoberta na Índia, a B.1.617, como "preocupante" por ser mais resistente e contagiosa.

"Há informes de que a B.1.617 é mais contagiosa", mas também há indícios de que tem um grau de resistência às vacinas e, "portanto, nós a classificamos como uma variante preocupante", afirmou a doutora Maria Van Kerkhove, responsável técnica pela luta contra a covid-19 na OMS.

A cientista explicou que mais detalhes serão publicados na terça-feira no relatório epidemiológico semanal da agência da ONU.

Ela ressaltou, porém, que faltam muitas pesquisas sobre essa variante, principalmente por meio do aumento do sequenciamento, "para saber a quantidade desse vírus que circula" e o grau de "intensidade" com que atenua a eficácia das vacinas.

"Não temos nada que sugira que nossos diagnósticos, medicamentos e vacinas não estejam funcionando. E isso é importante", frisou, insistindo ainda que é preciso continuar a aplicar medidas sanitárias como o distanciamento social, uso de máscara, redução de contatos, etc.

Uma vacina com eficácia reduzida não significa que não cumpra uma função protetora contra as formas mais graves da covid-19 e previna mortes.

"Vamos continuar vendo variantes preocupantes e tudo o que for possível deve ser feito para limitar a transmissão, limitar as infecções, prevenir o contágio e reduzir a gravidade da doença", insistiu.

Essa nova variante é uma das razões, mas de longe não é a única, que explica a explosão da pandemia na Índia, que é atualmente o pior foco da doença.

De acordo com estatísticas oficiais, cerca de 4.000 pessoas morrem atualmente a cada dia de covid-19 na Índia, onde o saldo total da epidemia é próximo a 250.000 mortes.

Muitos especialistas estimam que esses números são inferiores à realidade e citam dados de crematórios.

As vítimas não contabilizadas são especialmente numerosas agora que o atual surto epidêmico se espalhou para fora das grandes cidades, em áreas rurais onde os hospitais são escassos e seus registros são mal atualizados.

A farmacêutica alemã BioNTech anunciou nesta segunda-feira (10) que não existe evidência de que sua vacina contra a Covid-19, desenvolvida em conjunto com a Pfizer, precise de modificações para ter eficácia contra as outras variantes do vírus.

"Até o momento não há evidência de que seja necessária uma adaptação da atual vacina anticovid da BioNTech contra as variantes identificadas", afirmou a empresa em um comunicado.

A BioNTech, no entanto, afirmou em março que iniciara os testes para uma "versão modificada, específica para as variantes", antecipando a necessidade de em algum momento fazer ajustes a sua vacina atual.

"Este estudo pretende explorar o caminho regulatório que BioNTech e Pfizer deverão seguir se o vírus SARS-CoV-2 mudar de maneira suficiente para exigir uma vacina atualizada", indicou a empresa.

Também há uma avaliação em curso a respeito do impacto de uma possível terceira dose da vacina para prorrogar a imunidade e proteger contra as variantes do vírus.

O fundador e diretor da BioNTech, Ugur Sahin, disse em abril que a vacina protege contra a variante indiana do vírus.

A vacina BioNTech/Pfizer foi a primeira a ser autorizada em países ocidentais e foi enviada a dezenas de nações.

Atualmente é aplicada em mais de 90 países e sua produção deve alcançar três bilhões de doses até o fim deste ano.

Um estudo descreveu o caso de um paciente que morreu após se infectar duas vezes com diferentes variantes do novo coronavírus em Campo Bom, no Rio Grande do Sul. O homem, de 39 anos, se contaminou com a cepa de Manaus no fim de novembro de 2020 e não teve sintomas. Pouco mais de três meses depois, ele contraiu outra variante (P.2), a do Rio. Ele foi intubado e morreu no dia 19 de março.

O paciente tinha histórico de comorbidades, como doença cardiovascular crônica e diabetes. O primeiro caso de reinfecção no Brasil foi confirmado pelo Ministério da Saúde no dia 9 de dezembro de 2020.

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Segundo estudos, a variante P.1 surgiu em Manaus, também em novembro. O artigo científico ainda sugere que o paciente foi um caso isolado de P1, no momento da detecção, já que a variante se disseminou entre o final de janeiro e março no Rio Grande do Sul, o período mais crítico da pandemia.

Pesquisas já indicaram que a mutação identificada originalmente no Amazonas é mais transmissível. O estudo, do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, foi publicado na terça-feira (19), na Research Square e ainda não foi revisado por outros cientistas.

O surgimento de novas linhagens Sars-CoV-2 é uma preocupação mundial. O aparecimento de novas cepas do vírus, segundo cientistas, está relacionado ao aumento das taxas de transmissão em várias regiões do País.

Autoridades médicas e pesquisadores já veem o Brasil como uma espécie de "celeiro" de novas variantes, o que pode ameaçar o grau de proteção das vacinas, uma vez que ainda não se sabe com precisão a eficácia dos imunizantes contra essas novas formas do vírus.

Na última semana, o governo português anunciou que vai retomar os voos que transitam Brasil e Reino Unido, mas apenas para viagens consideradas essenciais, como motivos profissionais, de educação ou saúde. A restrição estava em vigor desde janeiro, quando o Governo de Portugal decidiu vetar o transporte entre os dois países, por apresentarem circulação de novas variantes da Covid-19 consideradas mais contagiosas e letais.

As autoridades de Portugal estipularam condições para os passageiros que tiverem a necessidade de alçar voo. Caso o cidadão esteja vindo de um país que tenha índice igual ou superior de 500 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes, deverá cumprir quarentena de 14 dias ao chegar no país e apresentar teste RT-PCR negativo com prazo de 72 horas.

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De acordo com o primeiro-ministro português, António Costa, o quadro de estabilidade de Portugal na fase amarela permite que a retomada das atividades aconteça. Assim, a terceira etapa do plano de retomada prevê que comércio e eventos presenciais vão acontecer de forma gradual, a partir desta segunda-feira (19).

Em fevereiro, Portugal registrou os maiores índices de avanço da infecção por Covid-19, que marcou a segunda onda da pandemia no país. De acordo com dados levantados, a média de pessoas que contraíram o vírus era de 1.429 a cada 100 mil habitantes, o mais alto índice da União Europeia. Após duras restrições, neste mês, Portugal tem média inferior a 10 mortes por coronavírus ao dia.

A EpiVacCorona, segunda vacina contra a COVID-19 a ser registrada na Rússia, poderá ser adaptada às futuras cepas do vírus em apenas um dia, segundo Rinat Maksyutov, diretor do Centro Estatal de Pesquisa de Virologia e Biotecnologia Vektor, Rússia, em entrevista à Sputnik.

"Se ocorrer uma mutação do vírus dentro das áreas em que selecionamos os nossos peptídeos, [...] a composição da vacina pode ser atualizada em não mais que um dia", contou.

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É necessário administrar duas doses da vacina em um intervalo de 21 dias, aponta Maksyutov. O cientista também garantiu que é inteiramente seguro se revacinar com a EpiVacCorona para fortalecer a defesa.

Maksyutov referiu, no entanto, que produzir os peptídeos e fabricar as vacinas, bem como realizar estudos com a nova formulação, levaria tempo.

"Espero que consigamos nos limitar a um estudo restrito, por analogia com aqueles feitos com vacinas contra a gripe sazonal quando há uma mudança de cepa. Mas como não há precedentes com vacinas contra o coronavírus, será mais difícil explicar, [então] tudo dependerá do regulador [russo]", detalhou.

Covid-19 sazonal?

O diretor do Centro Vektor assume que a infecção pelo SARS-CoV-2 se tornará eventualmente sazonal, mais branda ou assintomática, com o vírus podendo se espalhar mais, em vez de simplesmente matar o anfitrião.

"Uma mutação não é necessariamente má, pode ser boa", disse o pesquisador.

Mais de cinco mil mutações do novo coronavírus foram detectadas na Rússia até o momento, de acordo com Maksyutov.

Vacina nasal

Além disso, Rinat Maksyutov revelou que o Centro Vektor está desenvolvendo uma versão nasal da EpiVacCorona.

"Sim, agora começamos a desenvolver a vacina na forma de gotas, ou seja, para aplicação nasal. A composição do principal ingrediente ativo da vacina não mudará [em relação à vacina EpiVacCorona]", relatando ainda que a imunidade será criada nas membranas mucosas, que são as portas de entrada para a infecção.

A vacina EpiVacCorona é produzida pelo Centro Estatal de Pesquisa de Virologia e Biotecnologia Vektor. Ela não contém vírus vivo, e cria imunidade através do uso de peptídeos sintetizados artificialmente.

Da Sputnik Brasil

O surgimento de variantes da Covid-19 preocupa os cientistas e o público em geral sobre o risco de serem mais perigosas do que o vírus detectado pela primeira vez no final de 2019 na China.

- Quantas variantes?

No momento, três variantes são consideradas "preocupantes", segundo a OMS: as detectadas primeiro na Inglaterra, África do Sul e Japão (mas em viajantes do Brasil, daí o seu nome comum de "variante brasileira").

Paralelamente, existe uma segunda categoria de "variantes de interesse", cujas características genéticas potencialmente problemáticas tornam necessário monitorá-las. A OMS cita três, inicialmente registradas na Escócia, Estados Unidos e Brasil.

Mas circulam muitas outras, que a comunidade científica tenta localizar e avaliar para eventualmente incluir em uma das duas primeiras categorias.

Todas essas variantes são classificadas por famílias: de acordo com as mutações que adquiriram, ocupam um lugar preciso na árvore genealógica do vírus SARS-CoV-2 de origem.

- Quais são as consequências?

O surgimento de variantes é um processo natural, uma vez que um vírus sofre mutações com o tempo para garantir sua sobrevivência.

"Mais de 4.000 variantes do SARS-CoV-2 foram identificadas em todo o mundo", de acordo com os serviços de saúde britânicos. Embora "a maioria não tenha nenhum impacto em termos de saúde pública", sublinha a OMS.

A chave está nas mutações que adotam.

Por exemplo, as variantes inglesa, sul-africana e brasileira compartilham uma mutação chamada N501Y que pode torná-las mais contagiosas.

E as variantes sul-africana e brasileira têm outra mutação em comum, a E484K, que reduziria a imunidade adquirida por uma infecção passada - portanto, com maior possibilidade de reinfecção - ou por uma vacina.

Os nomes oficiais das variantes são muito técnicos e não há harmonização internacional: por exemplo, a variante inglesa é chamada 501Y.V1 ou VOC202012/01 e pertence à família B.1.1.7.

- Mais contagiosas?

Há um consenso científico de que as três variantes "preocupantes" são as mais contagiosas.

Mas isso se baseia apenas em dados epidemiológicos: os cientistas analisam a velocidade com que se espalham e deduzem até que ponto são mais contagiosas. Portanto, o resultado depende também de outros fatores, como as restrições que se aplicam nos territórios analisados.

Por exemplo, com base em vários estudos, a OMS julga que a variante inglesa é entre 36% e 75% mais contagiosa.

Mas por que certas variantes parecem ser mais contagiosas?

"Existem várias hipóteses: pode ser que a carga viral seja maior, que a variante penetre nas células mais facilmente ou se multiplique mais rapidamente", disse à AFP Olivier Schwartz, chefe da unidade de Vírus e Imunidade do Instituto Pasteur da França.

Pesquisadores da Universidade de Harvard levantaram outra hipótese para o caso da variante inglesa: a infecção poderia durar mais que a do coronavírus clássico e, portanto, prolongar o período de contagiosidade de um indivíduo.

- Mais perigosas? -

De acordo com um estudo publicado em 10 de março na revista médica BMJ, a variante inglesa é 64% mais letal: para cada 1.000 casos detectados, causa 4,1 mortes, em comparação com 2,5 para o coronavírus clássico.

Por outro lado, com base em vários estudos, a OMS estima que a variante sul-africana "aumenta o risco de morte no hospital em 20%".

- Qual é a eficácia das vacinas?

Vários estudos in vitro sugerem que a variante inglesa dificilmente altera a eficácia das vacinas, ao contrário da brasileira e da sul-africana, devido à mutação em comum E484K.

No entanto, o fato de a eficácia ser reduzida não significa que não sejam eficazes.

Além disso, estas pesquisas se concentram apenas na resposta do organismo após a vacinação, ou seja, na produção de anticorpos: "Não avaliam outros tipos de imunidade potencial, como a atividade dos linfócitos T e B", a chamada imunidade celular, destaca o especialista Anthony Fauci, que assessora o governo dos Estados Unidos, em artigo publicado na revista Jama.

Por sua vez, as fabricantes trabalham no desenvolvimento de novas versões de suas vacinas adaptadas às variantes.

A farmacêutica americana Moderna anunciou no dia 10 de março que havia começado a inocular os primeiros pacientes com vacinas de nova geração, como parte de um ensaio clínico para avaliar sua eficácia contra a variante sul-africana.

Esta adaptação é essencial, uma vez que "provavelmente continuarão surgindo variantes contra as quais as vacinas atuais poderiam ser menos eficazes", alerta o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças.

Entre as considerações sobre o cenário epidemiológico de 2021 em Pernambuco, diante da crescente de casos e adiantamento do período de sazonalidade no Estado, foram abordadas em coletiva da Saúde, nesta quinta-feira (25), a presença do grupo de variantes de interesse circulando em território pernambucano.

Segundo o secretário da pasta, André Longo, há dezenas de variantes em circulação, mas na perspectiva local, as consideradas de interesse são a amazônica ou P1, com casos já confirmados, a inglesa e a sul africana. Há ainda uma quarta variante de interesse, sobre a qual os pesquisadores ainda não têm muitas informações.

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De acordod com Longo, as variantes de interesse possuem um comportamento diferente das demais, principalmente por sua atuação junto à proteína “spike”, o “espinho” que faz contato com a célula do vírus. O secretário aproveitou o momento pós-confirmação da P1 em Pernambuco — foram confirmados pelo menos cinco casos no estado, segundo estudo do Instituto Aggeu Magalhães, vinculado à Fiocruz, ainda nesta quinta (25) — para esclarecer algumas informações sobre a propagação da variante amazônica.

“Em Pernambuco, no que a gente fez de sequenciamento genético até agora, a gente já tinha detectado no exame de triagem da Fiocruz da Amazônia que já haviam variantes circulando, só não tínhamos identificado exatamente qual das três estava circulando em Pernambuco. A gente já tinha identificado dela (P1) em um paciente do Amazonas que teria vindo aqui, mas essas amostras são de janeiro, então a gente nem pode relacionar diretamente com esses pacientes do Amazonas. Algumas pessoas têm tentado relacionar o espalhamento da P1 com aquelas transferências que vieram organizadas de Manaus. Aquilo não nos preocupava tanto, o que nos preocupava eram os movimentos migratórios que ocorriam do Amazonas de forma desorganizada. Tivemos casos de pacientes que desceram do aeroporto direto pro hospital particular e soubemos posteriormente, pois foi um voluntarismo das pessoas querendo sobreviver”, explicou Longo.

O chefe da Saúde também comentou as projeções para a curva epidemiológica deste ano e comentou o estágio atual, considerado como uma sazonalidade antecipada de ocorrências respiratórias.

“Nós precisamos trazer o cenário epidemiológico deste ano e, obviamente, buscamos fazer comparações possíveis com anos anteriores. O que acreditamos que está havendo em Pernambuco nesse momento é uma antecipação da sua sazonalidade. Tem anos em que ela se apresenta de forma mais tardia, e com isso, estou falando da maior ocorrência de doenças respiratórias. Essa análise estando correta, estamos repetindo em 2021 o período de sazonalidade de 2019, que remonta uma antecipação das ocorrências de doenças respiratórias para a semana sete e oito. Uma aceleração exponencial da SRAG a partir da semana oito. Estamos agora na semana 12. Normalmente, e isso aconteceu em 2020 já com a presença da Covid, naquele período sazonal mais tardio que 2019, que se teve um período de aceleração epidêmica e que normalmente dura quatro ou cinco semanas”, completou.

O secretário finalizou explicando que a prorrogação de três dias na quarentena decretada oficialmente pelo governo do Estado é uma tentativa de interromper esse processo de aceleração epidêmica. Disse ainda que é preciso observar as próximas semanas para entender o impacto sazonal e se ele pode durar mais tempo que o monitorado anteriormente.

 

 

Cinco amostras biológicas de pernambucanos confirmadas para a Covid-19 apresentaram a variante P.1 do vírus, considerada mais contagiosa. Os pacientes identificados, após sequenciamento genético, são quatro mulheres e um homem, com idades de 21 a 70 anos, residentes dos municípios do Recife, Jaboatão dos Guararapes e Petrolina.

No trabalho científico realizado pelo Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz PE) a pedido da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), 90 amostras foram submetidas. Dessas, 80 foram encaminhadas à Fiocruz-PE pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE), de todas  as regiões do Estado e escolhidas de forma aleatória.

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As outras dez amostras foram de funcionários do próprio Aggeu Magalhães. Contudo, apenas 45 tiveram condições para finalizar o processo. Segundo a Fiocruz, todo o trabalho foi desenvolvido no laboratório de nível de biossegurança 3 (NB3) e na central de sequenciamento dessa unidade da instituição. O preparo das amostras, a extração do RNA e posterior sequenciamento e análise dos dados levam cerca de duas semanas.

O secretário de saúde de pernambuco, André Longo, afirma que já aguardava a identificação da variante P1 no Estado e reforça as medidas de segurança para prevenção do contágio. "Esse é um achado científico que já esperávamos, pela circulação da variante em diversos Estados e a constante circulação de pessoas no nosso território. É importante ter essa confirmação, mas nosso trabalho contra a Covid-19 continua sendo através do uso correto da máscara, da higienização das mãos e do distanciamento e isolamento social, além da vacinação”, declarou o secretário estadual de Saúde.

André Longo também comentou a propagação dos casos de Covid-19 em Pernambuco, no momento em que o Estado lida com a superlotação de leitos de UTI para atender aos pacientes de Covid-19. "Nas últimas semanas, estamos vendo uma crescente de casos em todas as regiões do Estado e um aumento expressivo nas solicitações de leitos. Também estamos abrindo novas vagas hospitalares diariamente, mas precisamos do apoio de todos nessa luta pela vida. Só com o seguimento correto de todas as medidas sanitárias conseguiremos superar essa grave crise de saúde pública e evitar ainda mais mortes de entes queridos", afirmou.

Para o pesquisador da Fiocruz-PE, Gabriel Wallau, o resultado da pesquisa certifica que “a variante P.1 é a que domina a pandemia em Pernambuco”, conforme anunciou o Observatório Covid-19 da Fiocruz. “Até o momento, analisamos poucas sequências dos meses de fevereiro e março, porém esse trabalho prossegue e aumentará o volume de informações disponíveis", acrescentou Wallau.

Outros casos da nova variante em Pernambuco

Segundo a Fiocruz PE, em fevereiro deste ano, o Instituto Aggeu Magalhães havia identificado a variante P.1 do coronavírus nas amostras biológicas de dois pacientes de Manaus que receberam atendimento hospitalar no Estado. Na época, foram analisadas 44 amostras biológicas que tinham confirmação para a Covid-19. Quatro eram de pacientes do Amazonas; dentre esses estavam as duas conformações da nova variante. Outras 36 amostras - todas negativas para a P.1, mas com outras linhagens que circulavam previamente do Brasil - foram escolhidas de forma aleatória, com pernambucanos de todas as 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres), inclusive do arquipélago de Fernando de Noronha.

Pesquisadores da Fiocruz que fazem a vigilância de mutações que vêm ocorrendo no coronavírus detectaram novas alterações até então não detectadas na proteína spike (ou S) do Sars-CoV-2 em circulação no Brasil. Foram observadas mudanças em 15 amostras do vírus sequenciadas geneticamente.

Como a quantidade de genomas com as alterações é pequena, os cientistas explicam que ainda não se caracteriza como a formação de uma nova linhagem do Sars-CoV-2. Mas eles alertam que é preciso manter a vigilância sobre como o patógeno está se comportando e acompanhar se essas alterações aumentam de frequência.

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Os pesquisadores da Rede Genômica Fiocruz observaram em 11 sequências genéticas deleções na região inicial da proteína S - ou seja, trechos do DNA que "sumiram" no processo de replicação do vírus. Em quatro sequências, ocorreu o quatro - foram inseridos aminoácidos que não apareciam antes.

A spike está associada à capacidade do coronavírus de entrar nas células humanas e, por isso, é um dos principais alvos dos anticorpos neutralizantes produzidos pelo organismo para bloquear o vírus. Os resultados dessa análise foram publicados em esquema de pré-print – ainda sem revisão por outros cientistas – na plataforma MedRxiv.

"Podemos dizer que esta é uma descoberta precoce, o que enfatiza a importância de ações em vigilância genômica, como a realizada pela rede da Fiocruz", explica a chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a pesquisadora Marilda Siqueira, em nota à imprensa.

"O novo coronavírus está continuamente se adaptando e, com isso, propiciando o surgimento de novas variantes de preocupação e de interesse com alterações na proteína Spike. No entanto, vale ressaltar que as novas mutações foram, até o momento, detectadas em baixa frequência, apesar de encontradas em diferentes Estados. Ainda precisamos dimensionar o impacto deste achado e, sem dúvidas, ampliar cada vez mais o monitoramento genômico", complementou a virologista Paola Cristina Resende, do mesmo laboratório.

As amostras analisadas no estudo foram coletadas de pacientes de sete estados: Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraná, Rondônia, Minas Gerais e Alagoas. De acordo com os pesquisadores, essas alterações merecem atenção porque podem facilitar que o vírus escape do sistema imunológico humano, ao dificultar a ligação da proteína S com anticorpos. Essa, porém, ainda é uma hipótese que precisa ser testada.

De acordo com nota enviada pela Fiocruz, uma amostra coletada no Amazonas apresentou um trecho deletado na linhagem B.1.1.28, que era a mais comum a circular no Estado no ano passado, antes do surgimento da P.1. Quatro amostras da Bahia, duas de Alagoas e uma do Paraná apresentaram perdas em sequências caracterizadas como linhagem P.1. Uma amostra de Minas Gerais apresentou a alteração na linhagem P.2.

Duas amostras do Maranhão apresentaram a deleção na linhagem B.1.1.33, que também continham a mutação E484K (alteração importante que aparece nas três variantes de preocupação do mundo: as surgidas no Amazonas, do Reino Unido e na África do Sul).

Três amostras do Amazonas e uma do Paraná continham inserção de material genético em sequências provenientes da linhagem B.1.1.28. Uma amostra coletada no Paraná e todas na Bahia e em Alagoas são de pacientes provenientes do estado do Amazonas ou com histórico de viagem à região.

Para os pesquisadores, essas alterações observadas agora podem estar associadas ao quem eles chamam de evolução convergente do vírus, já que foram detectadas em diferentes linhagens. Esses trechos deletados ou inseridos no DNA ainda não tinham aparecido no Brasil, mas já eram comuns nas variantes do Reino Unido e África do Sul, conforme explica Gabriel Wallau, que integra o Núcleo de Bioinformática da Rede Genômica e é pesquisador do Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz-Pernambuco).

"Aqui vemos pela primeira vez que as linhagens brasileiras estão seguindo o mesmo caminho evolutivo das demais variantes de preocupação (como são chamadas a P.1, a B.1.351 – da África do Sul –, e a B.1.1.7 – do Reino Unido). As mutações agora alcançaram outro importante ponto da proteína viral, o domínio NTD, que é reconhecido por alguns anticorpos neutralizantes específicos", explicou Wallau na nota.

Os cientistas apontam que as mutações estão se acumulando em sequência no Brasil, o que pode aumentar os desafios para controlar o vírus. Ampliar a vacinação de forma rápida e implementar medidas eficazes para conter a circulação do vírus, são, de acordo com os pesquisadores, fundamentais para impedir que variantes mais perigosa surjam.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, informou que a vacina produzida pelo Butantan produz anticorpos contra as variantes mais preocupantes do novo coronavírus até o momento, conforme pesquisa realizada por cientistas do Instituto Butantan e da USP, no ICB (Instituto de Ciências Biomédicas).

Ao comentar sobre as variantes, o diretor falou sobre as "características que são extremamente preocupantes" das novas cepas. Segundo Covas, a variante B.1.1.7, originária do Reino Unido, apresenta aumento da transmissão, bem como mudança na gravidade dos sintomas.

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Já a variante B.1.351, da África do Sul, mostra aumento da carga viral, maior facilidade de transmissão e resistência à neutralização. No caso das variantes brasileiras, encontradas pela primeira vez em Manaus e no Rio de Janeiro, são encontradas características de ambas as outras variantes. No entanto, segundo o diretor, a Coronavac é eficaz contra novas cepas do coronavírus, "estamos diante de uma vacina que é efetiva em proteção contra essa variantes que estão circulando neste momento", disse.

O coronavírus sofre cada vez mais mutações, com o risco de debilitar as vacinas atuais. Para pesquisadores, a principal prioridade é apostar em vacinas que sejam fáceis de adaptar, embora alguns políticos esperem um imunizante que funcione de imediato.

"Não estou certo de que não tenhamos que repetir uma campanha de vacinação em outubro", adverte à AFP Yves Gaudin, virologista do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França.

Há vários meses, começaram a aparecer novas cepas do vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, diferentes das versões contra as quais foram desenvolvidas as primeiras vacinas.

Uma delas, a chamada variante britânica, está desde a semana passada na maioria das novas contaminações na França. É certo que esta cepa parece, em sua forma atual, representar um problema mais no aumento da contagiosidade do que na resistência às vacinas.

Mas diante de outras variantes, especialmente a chamada sul-africana, os estudos iniciais indicam uma eficácia menor das principais vacinas contra o coronavírus disponíveis atualmente.

Então, em que tipo de vacina podemos confiar mais diante dessa situação mutável? Para os pesquisadores consultados pela AFP, o desafio consiste primeiro em adaptar rapidamente os imunizantes já desenvolvidos.

Agora "há formatos que podem se adaptar mais rápida e facilmente", destaca Sylvie Van der Werf, virologista do Instituto Pasteur da França. "Claramente, tratam-se das de RNA mensageiro".

Esta é a tecnologia usada nas vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna, que injetam diretamente sequências do RNA - que levam as células a produzirem proteínas presentes no coronavírus para acostumam o sistema imunológico a ele.

Estas sequências podem ser sintetizadas muito rapidamente em laboratório.

Ao contrário, as vacinas da AstraZeneca e da Johnson & Johnson utilizam a técnica do "vetor viral". Também integram material genético nas células, mas pegam carona em um vírus pré-existente diferente do coronavírus. Portanto, demoram mais para ser desenvolvidas.

Em pouco mais de um mês, a Moderna lançou testes clínicos de uma nova vacina, enquanto a AstraZeneca advertiu que estes trabalhos levariam seis meses, um prazo curto em comparação com a norma.

- Vacinas inativadas -

Mas "não é certo que haja uma diferença tão grande entre as de RNA mensageiro e as de vetores virais, uma vez que se leve em conta a produção em larga escala", explica à AFP Julian Yang, virologista da Universidade britânica de Leicester.

De fato, as vacinas de RNA mensageiro precisam ser mantidas a temperaturas muito baixas, o que complica as etapas que se seguem à síntese do princípio ativo.

Em qualquer caso, estas duas categorias inovadoras são muito mais rápidas de desenvolver do que as vacinas convencionais, chamadas "inativadas". No entanto, o governo britânico depositam grandes esperanças nestas vacinas para responder ao aparecimento de novas cepas.

Ainda não estão aprovadas na Europa contra a Covid-19, mas espera-se que uma delas, desenvolvida pela Valneva, seja distribuída no Reino Unido no outono no hemisfério norte.

Enquanto as vacinas de RNA mensageiro e de vetor viral se concentram em uma pequena parte do vírus - a chamada proteína S (ou "Spike") -, as vacinas inativadas usam todo o coronavírus para produzir a resposta imunológica.

Isto "faz com que seja muito mais provável que reflita as mutações", explicou o secretário de Estado Nadhim Zahawi aos deputados britânicos no começo de fevereiro, avaliando que a vacina poderia ser, portanto, "incrivelmente eficaz".

Mas é possível confiar em uma vacina que não precise ser readaptada com frequência? A ideia não convence os pesquisadores entrevistados pela AFP, que a consideram muito hipotética.

"Por enquanto não foi demonstrado", comenta Etienne Decroly, especialista em vírus emergentes do Centro Nacional para a Pesquisa Científica na França, que confia em uma vacina "universal" que não exija nenhuma adaptação.

Em comunicado técnico publicado nesta quinta-feira (4) pelo Observatório Covid-19 Fiocruz, pesquisadores alertam para a dispersão geográfica no território de ‘variantes de preocupação’, assim como sua alta prevalência nas três regiões do Brasil avaliadas (Sul, Sudeste e Nordeste). 

O novo protocolo de RT-PCR, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, foi utilizado nas unidades de apoio ao diagnóstico e centrais analíticas da Fiocruz para avaliação de cerca de mil amostras dos estados de Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O protocolo detecta a mutação comum em três das ‘variantes de preocupação’ (P1, identificada inicialmente no Amazonas, B.1.1.7, no Reino Unido e B.1.351, na África do Sul), que são potencialmente mais transmissíveis. A avaliação contou com o apoio do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e da Coordenação Geral de laboratórios de Saúde Pública.

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De acordo com o Observatório, a alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus Sars-CoV-2 tem favorecido o surgimento de ‘variantes de preocupação’ no Brasil, como é o caso da variante P1, identificada no Amazonas. O comunicado alerta para um cenário preocupante que alia o perfil potencialmente mais transmissível dessas variantes à ausência de medidas que possam ajudar a conter a propagação e circulação do vírus. 

Dos oito estados avaliados neste recorte apenas dois não tiveram prevalência da mutação associada às variantes de preocupação superior a 50 %: caso de Minas Gerais, com 30,3% das amostras testadas como positivo para a mutação e, Alagoas, com 42,6%. Nos demais estados, mais de 50% das amostras foram identificadas com a mutação associada às ‘variantes de preocupação’, conforme o mapa abaixo.

Frentes aos desafios impostos pela alta dispersão e prevalência das ‘variantes de preocupação’, o Observatório reforça as diretrizes apontadas pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), bem como a necessidade de aceleração da disponibilização de vacinas para ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), visando contribuir para a redução de casos e a probabilidade de aparecimento de novas variantes.

O Comunicado destaca ainda como fundamental a adoção das medidas já apontadas em Boletim extraordinário publicado, nesta quarta-feira (3/3), com foco para as medidas não-farmacológicas que possam reduzir a velocidade da propagação e o crescimento do número de casos, a exemplo de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais e a implementação imediata de planos e campanhas de comunicação, o fortalecimento do sistema de saúde, e a necessidade de constituição de um pacto nacional para o enfrentamento da pandemia no país. 

Novo protocolo oferece monitoramento massivo das ‘variantes de preocupação’

Para o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, a vigilância genômica e o monitoramento dessas variantes será fundamental para o enfrentamento da pandemia. “O novo protocolo de RT-PCR oferece um retrato rápido da circulação das variantes para tomada de decisão no enfrentamento à pandemia”, destaca Krieger. 

A avaliação com esse protocolo será ampliada e repetida de forma sistemática para um monitoramento massivo das variantes e a vigilância genômica será complementada com o sequenciamento de amostras na Rede Genômica Fiocruz. 

Até o momento, não têm sido observada uma clara associação dessas variantes com uma evolução clínica mais grave, mas estudos adicionais estão em andamento para esclarecer aspectos relacionados com o sequenciamento genético dessas variantes, bem com sua transmissibilidade e o real impacto dessas variantes na dinâmica de ocorrência da Covid-19. 

*Da Fiocruz 

Caso as vacinas Coronavac e Oxford tenham sua eficácia reduzida contra as novas variantes do coronavírus em circulação, o processo de adaptação dos imunizantes a essas cepas deverá durar cerca de dois meses, segundo relataram ao Estadão cientistas envolvidos nas pesquisas.

Tanto a Universidade de Oxford - em parceria com pesquisadores brasileiros - quanto o Instituto Butantan e a Sinovac, responsáveis por desenvolver e produzir a Coronavac, já estão realizando testes para verificar se as linhagens emergentes afetam o desempenho dos dois imunizantes, os únicos já aprovados para uso no Brasil.

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Os estudos são feitos em duas frentes principais. Na primeira, é realizado o sequenciamento genético do vírus presente em amostras de pacientes infectados e que foram vacinados. O objetivo é checar se há mais casos da doença entre infectados pelas novas variantes.

Na segunda frente, são feitos testes que colocam o soro de pacientes imunizados em contato com as novas cepas para ver se os anticorpos no soro são capazes de neutralizar o patógeno.

A maior preocupação é com a cepa P.1, originada no Amazonas. Estudos indicam que ela já predomina em Manaus e está em ao menos dez Estados. As variantes britânica (B.1.1.7) e sul-africana (B.1.351)também são classificadas como preocupantes pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por conterem mutações que as tornam potencialmente mais transmissíveis e capazes de escapar dos anticorpos.

Segundo Sue Ann Costa Clemens, coordenadora dos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil, amostras da cepa P.1 coletadas de pacientes de Manaus foram enviadas há duas semanas para Oxford para testes. Ela diz que os resultados devem sair em breve e destaca que a instituição estima 10 semanas para adaptar a vacina para as novas cepas, se preciso. "É o tempo que precisa para cultivar o novo vírus e fazer as alterações. Depois disso, teria início a produção", afirma.

Prazo similar é estimado pela Sinovac. Em entrevista ao jornal estatal chinês Global Times no fim de janeiro, o pesquisador Shao Yiming, assessor médico chefe para pesquisa e desenvolvimento de vacinas contra a covid do país asiático, afirmou que a fabricante chinesa seria capaz de fazer o "redesenho" da vacina em dois meses. É o tempo necessário para o cultivo do chamado banco de semente do vírus usado no imunizante. A informação foi confirmada pelo Estadão com cientistas brasileiros envolvidos nos estudos.

Uma vez adaptada, a vacina não precisará passar por ensaios clínicos novamente, somente por testes de imunogenicidade. Eles confirmarão in vitro se o imunizante é capaz de provocar resposta imune.

O Butantan fez parceria com cientistas da Universidade de São Paulo (USP) para acelerar os testes de eficácia contra a cepa P.1. Pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical (IMT) vão fazer o sequenciamento genético de amostras de participantes do estudo clínico da Coronavac no Brasil infectadas pelo vírus. "São 500 amostras vindas de vários locais. O objetivo é verificar as variantes mais frequentes entre os voluntários", diz Ester Sabino, professora do IMT envolvida na força-tarefa.

Em outra frente, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP farão os testes em laboratório com o soro de vacinados para checar se os anticorpos formados são capazes de deter as cepas. O coordenador do grupo, Edison Durigon, disse ao Estadão que espera ter respostas em duas semanas. A Sinovac, por sua vez, realiza testes de eficácia contra as variantes britânica e sul-africana.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu que o Brasil e outras nações "não baixem a guarda" na tarefa de controlar a pandemia da Covid-19. Durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (18), a entidade comentou também sobre as novas variantes do vírus, que podem afetar a eficácia das vacinas, mas notou que isso não é algo dado, sobretudo em casos graves, além de insistir que as medidas já sabidas - como a lavagem de mãos e o distanciamento social -, ajudam igualmente a conter essas cepas.

Questionado sobre o quadro do Brasil, com números elevados recentes de casos e mortes pela doença, o diretor executivo da OMS, Michael Ryan, comentou que é difícil analisar o caso do País como um todo, diante de seu tamanho e das diferenças regionais, com diferentes padrões entre os Estados. Uma questão citada por Ryan como fator que dificulta o controle da pandemia no País é que muitas zonas urbanas são densamente habitadas, o que dificulta a garantir do distanciamento físico entre as pessoas, e também o fato de que o Brasil teve grande número de transmissões, com circulação intensa do vírus, outro fator que dificulta a tarefa.

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Sobre a celebração de feriados e o risco disso no quadro atual, Ryan pediu que a cautela seja mantida. "Nós temos de ser muito cuidadosos, certamente não estamos ainda fora de perigo", ressaltou.

Ryan também lembrou o papel de liderança do Brasil na ciência da região. "O que acontece no Brasil sem dúvida importa", afirmou, dizendo que o quadro no País terá impactos para a região das Américas e o mundo. Diretora-assistente da OMS, Mariangela Simão complementou: "não baixem a guarda agora, esse é um alvo móvel, temos de seguir monitorando e fazendo as coisas certas, conforme recomendado".

Novas cepas

A diretora de vacinas da OMS Katherine O'Brien falou sobre as novas cepas da Covid-19, encontradas em países como África do Sul e Reino Unido. Segundo ela, houve estudos segundo os quais haveria menos eficácia das vacinas ante a cepa encontrada no país africano, mas ela disse que não há até o momento "grande certeza" sobre o resultado, sem resultados conclusivos a partir de um conjunto ainda limitado de casos.

Além disso, O'Brien notou que não existem ainda números sobre a eficácia dessas vacinas contra casos graves da doença. "Em geral, vemos que as vacinas retêm eficácia contra a doença, embora em nível menor do que nos quadros sem essas cepas", apontou ela, que pediu o máximo de pressa possível para vacinar e reduzir as transmissões, a fim de se evitar o surgimento de novas cepas potenciais.

Epidemiologista responsável pela resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove lembrou que, mesmo que essas cepas sejam mais transmissíveis, elas continuam a ser contidas com sucesso com as medidas já sabidas para conter a disseminação do vírus, como o distanciamento social e a higiene das mãos.

Maria Van Kerkhove disse que a variante da África do Sul está sendo estudada neste momento, o que ocorrerá com todas as cepas de interesse na pandemia. E notou que o levantamento mostra de fato até agora "maior transmissibilidade" no caso da variante sul-africana, mas sem mudanças na gravidade da doença detectadas até o momento.

A Alemanha fechou neste domingo (14) grande parte de suas fronteiras com a República Tcheca e o Tirol austríaco para tentar conter a propagação das variantes do coronavírus, o que provocou desentendimentos com a União Europeia.

"As pessoas que não fazem parte das poucas exceções autorizadas não poderão entrar" no território alemão, alertou o ministro do Interior, Horst Seehofer, na edição de domingo do jornal Bild.

Em meio a temperaturas congelantes, no posto fronteiriço de Kiefersfelden, na fronteira da Áustria, a polícia filtrava a circulação meticulosamente neste domingo.

Os únicos que estão autorizados a passar são os cidadãos alemães, os residentes no país e os trabalhadores fronteiriços essenciais, assim como o transporte de mercadorias, com a obrigação de apresentar um teste PCR negativo para o coronavírus.

- Trens interrompidos -

Para garantir os controles, mais de 1.000 policiais foram mobilizados. A empresa ferroviária Deutsche Bahn suspendeu as conexões com essas áreas e nesta manhã a polícia realizava controles nas chegadas do aeroporto de Frankfurt.

O governo alemão impôs essas restrições devido ao temor de uma nova onda de contágios por conta das variantes do vírus britânica e sul-africana.

Berlim considera como áreas de alto risco a República Tcheca, Eslováquia e a região austríaca do Tirol.

Em breve, as autoridades alemãs poderiam também instaurar controles com a vizinha região francesa da Mosela, onde também foi detectada uma forte circulação das variantes do vírus.

Na República Tcheca, vários motoristas se apressaram para cruzar a fronteira no sábado, antes da entrada em vigor das medidas.

"Temos curiosidade para saber o que vai acontecer depois, já que fazer um teste por semana, e ainda pagar por ele, seria um desastre", disse à AFP Milan Vaculka, um caminhoneiro que precisava atravessar a fronteira para chegar na França.

- Medidas "erradas" -

A União Europeia (UE) não está de acordo com essas restrições, temendo que, assim como aconteceu na primavera passada, cada país do bloco olhe para si mesmo para conter a pandemia.

"Posso entender o medo das mutações do coronavírus, mas é preciso dizer a verdade, que o vírus não será contido com as fronteiras fechadas", lamentou neste domingo a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, no jornal alemão Augsburger Allgemeine.

"A única coisa que ajuda são as vacinas e as medidas de prevenção sanitárias e, na minha opinião, é errado voltar a ser como era em março de 2020, para uma Europa de fronteiras fechadas", acrescentou.

A Alemanha acabou de decidir manter o confinamento parcial de sua população até pelo menos 7 de março.

A União Europeia (UE) acelerará o processo de autorização das vacinas adaptadas às novas variantes do coronavírus, disse, neste domingo (14), a comissária europeia da Saúde, após as críticas ao bloco por demorar na gestão da vacinação.

"Analisamos com a Agência Europeia de Medicamentos o procedimento", declarou Stella Kyriakides ao jornal alemão Augsburger Allgemeine.

"E decidimos que a partir de agora uma vacina aperfeiçoada por um fabricante para combater as novas variantes com base em uma vacina já existente" e certificada "não precisará passar todas as etapas de autorização", afirmou.

"Isso tornará mais rápido ter à disposição as vacinas adaptadas, sem ter que reduzir os critérios de segurança", acrescentou a comissária.

A Comissão Europeia tem sido muito criticada pela sua lentidão no início das campanhas de vacinação nos países da UE, devido aos processos de certificação e aos pedidos das doses.

Kyriakides se defendeu das críticas, apesar de reconhecer não estar "satisfeita" com a situação atual.

"Seria falso fingir que cometemos erros", disse, lembrando que a UE conseguiu reservar 700 milhões de doses para uma entrega até o final do terceiro trimestre de 2021.

Os laboratórios farmacêuticos britânico GSK e alemão CureVac anunciaram nesta quarta-feira que trabalharão em conjunto para desenvolver até 2022 uma vacina baseada na tecnologia do RNA mensageiro contra as novas variantes do coronavírus.

"O programa de desenvolvimento começará imediatamente, com o objetivo de introduzir a vacina em 2022", afirma um comunicado divulgado pelas empresas.

A GSK destacou que ajudará ainda este ano na produção da primeira vacina desenvolvida pela CureVac, que atualmente está na fase 3 de testes clínicos.

O laboratório britânico, que em julho adquiriu 10% da CureVac, indicou que produzirá até 100 milhões de doses desta primeira vacina.

O acordo estipula que a GSK aportará 150 milhões de euros (181 milhões de dólares) à 'start-up' alemã para ter os direitos da nova vacina em todos os países, exceto Alemanha, Áustria e Suíça.

A colaboração entre as empresas pretende desenvolver vacinas contra a covid-19 de próxima geração "com o potencial de um enfoque polivalente para abordar múltiplas variantes emergentes em uma vacina", afirma o comunicado.

"O aumento de variantes emergentes com o potencial de reduzir a eficácia das vacinas contra a covid-19 de primeira geração requer uma aceleração dos esforços para desenvolver vacinas contra novas variantes para permanecer um passo à frente da pandemia", completa o texto.

A diretora executiva da GSK, Emma Walmsley, afirmou que as "vacinas da próxima geração serão cruciais na luta continua contra a covid-19".

"Estamos muito felizes de desenvolver nossa relação existente com a GSK com um novo acordo", declarou o diretor executivo da CureVac, Franz-Werner Haas.

O CEO da Pfizer, Albert Bourla, afirmou nesta terça-feira, 26, que a farmacêutica pode modificar a composição da vacina que desenvolve em conjunto com a BioNTech para que ela seja eficaz contra novas variantes do coronavírus. Durante evento organizado pela Bloomberg, o executivo explicou que a farmacêutica testará o imunizante todas as vezes que surgirem novas cepas.

"Assim que descobrirmos algo que não é tão eficaz, seremos muito, muito rapidamente capazes de produzir uma dose de reforço que será uma pequena variação da vacina atual", explicou.

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Nos últimos meses, variantes do sars-cov-2 identificadas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil se espalharam pelo mundo e causaram novas ondas de infecções em vários países. Cientista-chefe do governo britânico, Chris Whitty disse hoje que a recente disparada na quantidade de casos na nação insular europeia é resultado dessa mutações. "Será muito mais difícil conter essas variantes", afirmou.

Os líderes da União Europeia discutem, nesta quinta-feira (21), em uma cúpula virtual, como enfrentar a ameaça de novas variantes do coronavírus, cuja rápida disseminação ameaça a esperança de que as vacinas acabem rapidamente com a pandemia na Europa.

Os chefes de Estado e de Governo realizam a reunião, por videoconferência, "para sensibilizar sobre a gravidade da situação com as novas variantes", afirmou um funcionário da UE. Trata-se da nona cúpula europeia para discutir a pandemia.

Mutações do vírus que surgiram no Reino Unido, África do Sul e Brasil alarmaram as autoridades da UE devido ao aumento da infectividade, o que provocou proibições ou restrições de viagens.

Essas variantes, porém, representam atualmente uma pequena proporção dos casos na UE, e os líderes veem isso como uma corrida para aplicar o maior número possível de vacinas antes que o vírus sofra uma nova mutação.

Os líderes também terão que considerar um eventual endurecimento das restrições nas fronteiras e às viagens.

O primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, lançou na quarta à noite a ideia de proibir temporariamente "viagens não essenciais", embora "isso não signifique o fechamento das fronteiras".

A Alemanha, por sua vez, propõe uma coordenação nos "testes obrigatórios" para viagens transfronteiriças, enquanto a França é a favor de "controles sanitários" nas fronteiras internas da UE.

- Acelerar campanhas -

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que em breve o bloco ampliará seu arsenal de vacinas para além das duas já autorizadas - Pfizer/BioNTEch e Moderna - para vacinar 70% da população até o final do verão boreal (entre o final de junho e o final de setembro).

"Isso é viável. É ambicioso, mas temos que ser ambiciosos, as pessoas estão esperando por isso", declarou na quarta-feira.

Ao mesmo tempo, os líderes da UE devem gerenciar as expectativas de uma população europeia de 450 milhões.

O ritmo das campanhas de vacinação no bloco tem sido muito lento em comparação com Estados Unidos, Israel e outros países, um problema agravado pela demora na entrega das doses da Pfizer/BioNTech.

E enquanto muitos esperam que as vacinas acabem com as restrições de viagens, testes obrigatórios, toques de recolher e quarentenas domiciliares, autoridades e diplomatas da UE alertam para os riscos de baixar a guarda cedo demais.

O aumento de casos da variante britânica, em particular, significa que "podemos ter que tomar mais medidas que restrinjam temporariamente a liberdade de movimento dentro da UE", disse um diplomata europeu.

A ideia de usar o certificado de vacinação como forma de passaporte na Europa - como defende a Grécia, país dependente do turismo - ainda está em seus estágios iniciais de discussão.

Autoridades da UE acrescentaram que qualquer movimento nessa direção exige que uma grande proporção de pessoas seja vacinada, para que a Europa não se dividida entre uma pequena minoria capaz de viajar e comer fora, enquanto o resto permanece confinado.

A cúpula também deve discutir maneiras de garantir que os certificados de vacinação sejam reconhecidos em todos os países da UE, e também sobre as etapas para testes de antígenos - mais baratos e menos invasivos, mas menos confiáveis - sejam aceitos globalmente.

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