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Os senadores Randolfe Rodrigues e Humberto Costa enviaram à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, pedido para adoção de medidas "pertinentes" sobre descumprimento à decisão que suspendeu a distribuição de emendas de relator - mecanismo do orçamento secreto - esquema de sustentação do governo Jair Bolsonaro no Congresso, revelado pelo Estadão.

Os parlamentares levantam a possibilidade de aplicação de multa pessoal, apuração do descumprimento da decisão judicial e até eventual responsabilização do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, "na qualidade de gestor político do orçamento secreto", e do presidente Jair Bolsonaro e ministros de Estado apontados como "responsáveis pela operacionalização" dos repasses.

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O descumprimento mencionado pelos senadores diz respeito a eventos de empenho, liquidação e pagamento - três etapas da execução do orçamento - com recursos das emendas de relator realizados entre os últimos dias 6 e 9 deste mês. Os atos são posteriores à decisão liminar de Rosa que suspendeu os repasses do orçamento secreto.

Segundo os parlamentares, consulta ao Portal da Transparência do Governo Federal indica que, em tal período, o valor total de ordens bancárias ligadas às emendas do relator foi de R$ 5.012.622,26. Os senadores dizem ainda que os eventos identificados envolvem órgãos como os Ministérios do Desenvolvimento Regional, da Saúde, da Defesa e da Cidadania.

A petição foi apresentada ao STF nesta sexta-feira, 12, três dias depois de o Supremo Tribunal Federal ratificar, por 8 votos a dois, decisão da ministra Rosa Weber que suspendeu, integral e imediatamente, a distribuição de emendas de relator até o final de 2021. Ainda foi determinado que o governo dê "ampla publicidade" aos ofícios encaminhados por parlamentares em 2020 e 2021 para alocação dos recursos em seus redutos eleitorais.

Os valores destinados a esta modalidade neste ano somam R$ 18,5 bilhões. Como revelou o Estadão, o governo liberou R$ 1,2 bilhão em recursos do orçamento secreto para garantir a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios em primeiro turno na Câmara.

Em outra esfera, o Tribunal de Contas da União também foi acionado nesta sexta-feira, 12, em razão do orçamento secreto. O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado enviou representação para que a corte identifique e afaste os "responsáveis", no âmbito do Governo Federal, pela execução das emendas relator. Considerando a falta de transparência e de critério envolvendo os repasses, Furtado aponta "grave falha" na execução das emendas, destacando que os responsáveis por tal processo "deveriam ter se negado a praticar ou impedido" tais atos.

Acusado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) por crimes cometidos na pandemia da Covid-19, Ricardo Barros (PP), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, afirmou nesta quarta-feira (20), que irá processar todos os senadores que votarem a favor do trecho do relatório da CPI que trata do seu caso. 

Barros endossou hoje o que já havia afirmado por meio de suas redes sociais no dia 15 de outubro, quando disse que iria processar o senador Renan Calheiros (MDB), que é relator da CPI. 

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"Eu vou processar o senador Renan Calheiros por abuso de autoridade e denunciação caluniosa. Todos os ouvidos pela CPI, sem exceção, negaram meu envolvimento. Só por ser líder do governo ele quer me atacar no relatório da CPI", publicou o deputado.

No documento que vai ser votado, Calheiros pede que a Receita Federal investigue as empresas do líder do governo. Em seu relatório, Renan Calheiros conclui que "irregularidades" indicam "uma prática própria de quem oculta a origem dos recursos". 

Segundo O Globo, Ricardo, que é alvo de uma representação do PSOL que o acusa de quebra de decoro parlamentar no caso da aquisição da vacina Covaxin, participou da sessão do Conselho de Ética da Câmara nesta quarta-feira (20). 

No local, o líder do governo aproveitou para reforçar os seus ataques para se livrar das acusações da CPI.

"A investigação provou que eu não participei, e ele (Renan) insiste em fazer uma tese que não tem fundamento nenhum. Vai responder juridicamente. E os outros senadores que votarem a favor do relatório também, na sucessão. Ele, eu processo agora, quando ele divulga seu relatório. Os outros, eu processo depois, quando votarem a favor do relatório dele sabendo que não tem os elementos", pontuou.

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De acordo com um levantamento dos gastos de senadores e deputados federais, com base no Portal da Transparência, foram reembolsados, no mínimo, R$ 1.461.316,10 com alimentação, pela cota parlamentar. O benefício muda de estado para estado, e permite que despesas parlamentares, como viagens a trabalho, escritórios locais, alimentação e hospedagens, sejam custeadas pelo Estado. Acobertado por lei, o gasto não é ilegal, mas revela gostos luxuosos do Legislativo, que ostentou alta cozinha durante a pandemia. 

O levantamento, feito pelo Metrópoles, rastreia despesas desde 2019, mas a Casa Legislativa está sem atividades presenciais desde 2020, com retomada prevista para a próxima segunda-feira (18).  

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No cardápio com saldos milionários, a reportagem constatou, listados, pedidos de ostras, tambaqui com farofa, picanha especial, camarão ao molho de trufas, risoto com camarão rosa e rapadura, profiteroles e petit gateau. Os parlamentares também usufruíram de aperitivos e pratos de entrada luxuosos, pratos principais, sobremesas, cafezinhos e, às vezes, até taxa de rolha ou gorjetas financiadas com dinheiro público. 

O consumo é amparado por uma resolução interna que não estipula limites para gastos com alimentação bancadas pela cota parlamentar, a não ser o total reservado por mês. Teoricamente, um congressista pode usar todo o montante para comida. 

Atualmente, na Câmara, os valores mensais das cotas (além do salário) vão de R$ 30.788,66, para deputados do Distrito Federal, a R$ 45.612,53, para os de Roraima. No Senado, esses números oscilam entre R$ 21.045,20, para parlamentares do DF e de Goiás, e R$ 44.276,60, para os do Amazonas. 

No caso de servidores públicos federais, por exemplo, o valor mensal do auxílio-alimentação é de R$ 458. Para funcionários do Judiciário federal, esse montante chega a R$ 910,08. O vale ainda é a forma mais comum de oferecer o benefício, e a forma como o Legislativo faz uso da cota chama a atenção pelo alto custo e por discrepar da realidade do brasileiro atual, sobretudo após a pandemia. 

Desde então, a pobreza no Brasil triplicou. O número de pobres saltou de 9,5 milhões em agosto de 2020 para mais de 27 milhões em fevereiro de 2021. Boa parte da população está vivendo com o benefício médio de R$ 193 do Bolsa Família ou com cerca de R$ 300 do auxílio emergencial, enquanto a cesta básica aumenta progressivamente, em todas as capitais do país, desde o início do ano. 

 

Senadores prometem se mobilizar para derrubar no Congresso o veto do presidente da República, Jair Bolsonaro, à distribuição gratuita de absorventes para estudantes de baixa renda e mulheres em situação de rua. A medida integrava o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, sancionado nesta quinta-feira (7) e transformado na Lei 14.214, de 2021.

“O Congresso precisa derrubar o veto de Bolsonaro para demonstrar que, ao contrário dele, os parlamentares se importam com o fato de que uma em cada quatro meninas faltam aulas por não terem acesso a absorventes”, tuitou a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), que foi a relatora do PL 4.968/2019, da deputada Marília Arraes (PT-PE), aprovado pelo Senado em 14 de setembro.

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O objetivo da proposta é o de combater a pobreza menstrual, que significa a falta de acesso ou a falta de recursos para a compra de produtos de higiene e outros itens necessários ao período da menstruação feminina. Zenaide Maia acrescentou que os vetos presidenciais prejudicaram a principal parte do projeto.

O 1º vice-presidente do Senado, senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB), também lamentou o veto: “votamos favoravelmente a esta proposta e, mais uma vez, constatamos o descompromisso do presidente Bolsonaro com os menos favorecidos”, afirmou.

Para a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), o presidente demonstrou “insensibilidade e desprezo” com as mulheres. “O veto demonstra o atraso do governo em avançar em ações que realmente importam”, criticou.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também considerou a medida insensível. “Prioridades! Vamos lutar pela derrubada desse veto!”, prometeu. A derrubada do veto foi defendida também pela Procuradora Especial da Mulher no Senado, senadora Leila Barros (Cidadania-DF): “fornecer itens básicos de higiene é garantir um mínimo de dignidade aos mais pobres. Vamos batalhar para derrubar este veto”, tuitou.

Na avaliação do líder do PT no Senado, senador Paulo Rocha (PA), o veto foi mais um ataque do presidente aos pobres. “Só uma pessoa que não tem a menor consciência humana, pode negar um direito básico como esse”, alegou o senador via Twitter.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) questionou a justificativa apresentada pelo governo para que a medida fosse vetada — a falta de indicação de fonte de financiamento. Foi vetado o artigo 6º do projeto que determinava que as despesas com a execução das ações viriam das dotações orçamentárias disponibilizadas pela União ao Sistema Único de Saúde (SUS), mas o governo argumentou que absorventes higiênicos não se enquadram nos insumos padronizados pelo SUS.

A líder da bancada feminina, senadora Simone Tebet (MDB-MS), também manifestou seu protesto nas redes sociais. "Desconexão com a realidade, falta de empatia e desconhecimento da condição feminina, em pleno mês de valorização da saúde da mulher: o Outubro Rosa. O argumento de que não há previsão orçamentária é irreal. Os recursos viriam do SUS e do Fundo Penitenciário. Também não se pode falar em falta de interesse público, em um país onde 52% da população são mulheres. Veto do presidente é mais um sinal do menosprezo dele à condição humana."

*Da Agência Senado

Senadores voltaram a cobrar do presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), o agendamento da sabatina de André Mendonça, indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, para uma vaga no Supremo. 

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Após o líder do governo, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) fazer uma apelo nesta quarta-feira (22) para que Davi defina a data da sabatina, o presidente da CCJ disse que esse "entendimento" ficaria para outro dia. Diante da resposta de Davi, senador Alessandro Vieira (Rede-SE) insistiu e pediu uma resposta do senador pelo Amapá sobre uma questão de ordem formulada:

“O senhor tem condições de apontar um único motivo republicano para não fazer a sabatina?”, questionou Alessandro Vieira, que é autor de mandado de segurança relativo à sabatina, impetrado na última quinta-feira (16) no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na sequência, Davi Alcolumbre disse que Alessandro Vieira o tem ofendido há alguns meses, mas afirmou que tem paciência "ilimitada". Alessandro rebateu e os dois discutiram ao final da reunião da CCJ.

Advogado-geral da União, André Mendonça, foi indicado para o STF em 13 de julho. A sabatina e aprovação pela CCJ é requisito para análise do indicado no Plenário do Senado. 

Com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, o STF está com 10 ministros em sua composição, o que abre espaço para empates em votações. 

*Da Agência Senado

 

Para viabilizar a aprovação da obrigatoriedade do voto impresso, o Governo Federal liberou R$ 1,03 bilhão em emendas individuais três dias antes da comissão especial da Câmara dos Deputados rejeitar a medida. A informação é do jornal O Estado de São Paulo. A quantia é recorde histórico para o mês de agosto e se aproxima da soma dos pagamentos no mês entre 2016 e 2020.

Conforme publicação do Estadão, dos 229 apoiadores da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 135/19, 131 deputados (57%) receberam pagamento de emenda individual no dia 2 de agosto, três dias antes do debate.

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O montante liberado foi dividido entre R$ 931,7 milhões - equivalente a 90,1% - para deputados e R$ 102 milhões - cerca de 9% - para senadores, que sequer estavam aptos ao voto. A articulação pode justificar o convencimento de parlamentares do PSDB, PSD, DEM e MDB, que votaram contra a orientação do partido.

As cifras liberadas neste mês causam certa estranheza em comparação aos R$ 2,8 bilhões liberados em todo o primeiro semestre deste ano. Os valores são atribuídos ao Orçamento de 2021 e não incluem o que falta pagar de anos anteriores.

Maior quantia já liberada no mês

Ainda segundo a publicação, os meses de março, abril, junho e dezembro são os que mais ocorrem esse tipo de liberação. Contudo, o que foi pago em agosto é um recorde. Os pagamentos do mês entre 2016 e 2020 acumulam R$ 1,4 bilhão.

O repasse foi feito por "check em branco", que dispensa a necessidade de contratos e convênios, bem como a supervisão de ministérios. Assim, a emenda individual pode ser transferida para prefeituras em cerca de 60 dias, enquanto as emendas tradicionais demoram mais de um ano para serem pagas.

Com a rejeição da proposta de emenda à Constituição do voto impresso (PEC 135/2019) na Câmara dos Deputados, o Congresso Nacional volta a concentrar esforços em pautas importantes para o país. A avaliação é de alguns dos senadores que usaram as redes sociais para comentar o arquivamento da proposta. 

“A Câmara dos Deputados enterrou de vez as discussões a respeito do voto impresso. Agora é olhar para frente e concentrar os esforços no que realmente importa, retomar a economia e investir na geração de emprego e renda”, apontou o líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM).

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Na mesma linha, a senadora Leila Barros (sem partido-DF) afirmou que o Brasil precisa se debruçar sobre problemas reais e superar as “múltiplas crises que enfrenta”: “Precisamos criar empregos, proteger a população que perdeu as condições mínimas de subsistência devido aos reflexos da pandemia, recuperar o tempo perdido na educação e dotar o SUS das condições necessárias para atender também aos curados da covid que ficaram com sequelas”. 

Para Weverton (PDT-MA), o foco do Congresso deve ser garantir a imunização de todos os brasileiros e colocar comida na mesa.

“Com o resultado da votação da Câmara, a discussão do voto impresso está encerrada. No próximo ano teremos eleições confiáveis, como sempre tivemos. Agora é hora de tratar dos assuntos que realmente interessam: vacina, combate à fome e emprego”, assinalou.

Já Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) lamentou a rejeição da proposta que determinava a impressão de “cédulas físicas conferíveis pelo eleitor”. 

“Estão acusando de golpista quem defende o símbolo da democracia: o voto! Congresso e sociedade divididos. Se nada fizer o TSE, por via até de portarias próprias, teremos eleições sob suspeita!”, escreveu.

Jorginho Mello (PL-SC) foi outro a lamentar a derrota do voto imprenso na Câmara. Segundo ele, o povo pede mais transparência nas eleições.

“O voto impresso, infelizmente, foi derrotado na Câmara dos Deputados. É incrível que isso tenha acontecido porque o que o povo defende, desde sempre, é simples: uma evolução do processo, para permitir mais segurança e transparência ao resultado das eleições”, argumentou.

Parte dos senadores que usou as redes para comentar a decisão do Plenário da Câmara avalia que o fim da tramitação da PEC do voto impresso representa uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro, defensor da proposta. 

“A Câmara calou fundo os golpistas! A Democracia não existe pela metade: ou se é um país democrático ou não, sem meio-termo! O desespero bolsonarista receberá a contundente e derradeira resposta em 2022, para todos os seus desmandos! Viva o Brasil!” comemorou Fabiano Contarato (Rede-ES).

Paulo Rocha (PT-PA) apontou que “Não adiantou afrontar a Câmara dos Deputados e a Justiça com as sucatas de tanques” enquanto que Jean Paul (PT-RN) escreveu: “Cai por terra agora a desculpa do presidente da República para tumultuar o processo democrático em nosso país”.

Além da derrota do voto impresso nesta terça-feira (10), Zenaide Maia (Pros-RN) destacou a aprovação pelo Senado do Projeto de Lei (PL) 2.108/2021, que revoga a Lei de Segurança Nacional (LSN). Para a senadora, o dia 10 de março marca uma dupla vitória da democracia:

“O Congresso deu duas demonstrações importantes contra o autoritarismo: na Câmara, foi rejeitada a PEC do voto impresso, retrocesso que só favorece as fraudes; no Senado, revogamos uma herança da ditadura: a Lei de Segurança Nacional. Viva a Democracia”.

A PEC do voto impresso, que já havia sido rejeitada em comissão especial, precisava de 308 votos no Plenário para seguir em tramitação, mas só alcançou 229.  A decisão encerra a tramitação da proposta e mantém formato atual de apuração.

*Da Agência Senado

O governador Paulo Câmara se reuniu por videoconferência, nesta terça-feira (27), parte dos deputados federais pernambucanos, além dos senadores Humberto Costa (PT) e Jarbas Vasconcelos (MDB), para discutir os novos direcionamentos dados pelo Governo Federal ao projeto da Ferrovia Transnordestina.

O encontro marcou o alinhamento da bancada federal de Pernambuco e do Governo do Estado em apoiar a permanência do ramal de ligação ao Porto de Suape. Após a apresentação técnica, feita pelo diretor de Planejamento e Gestão de Suape, Francisco Martins, o governador se comprometeu em dar continuidade e colocar em prática esse entendimento.

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“Foi uma reunião muito produtiva, onde apresentamos as questões locais que tornam inquestionável a permanência do nosso porto no projeto. O que não pode é Suape ficar de fora, considerando tudo o que representa no contexto da Transnordestina. É muito mais viável economicamente, e é fundamental para o desenvolvimento da região Nordeste”, pontuou Paulo Câmara.

Com um encontro marcado para o próximo dia 16 com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, Paulo Câmara adiantou que outras reuniões estão previstas, para auxiliar no andamento do processo. “Temos uma reunião (com o ministro) programada para agosto, mas, por sugestão da bancada, teremos também encontros com outros representantes dos poderes, como o presidente da Câmara Federal e com o Tribunal de Contas da União. Vamos estabelecer as agendas necessárias. É o momento de cairmos em campo buscando essa definição”, finalizou o governador.

Estratégias

Segundo a coordenação da bancada pernambucana no Congresso, o encontro virtual definiu a estratégia do grupo em torno da defesa de Pernambuco.

 “Entre as sugestões do nosso grupo está a produção de um documento mostrando todas as vantagens técnicas da permanência do Ramal de Suape no projeto. Nós produziremos esse documento e entregaremos ao presidente Jair Bolsonaro como uma demanda de nosso estado”, comentou o deputado federal Augusto Coutinho (Solidariedade-PE), que coordena a bancada ao lado do deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE).

Recentemente, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, declarou que não haveria demanda para dois ramais simultaneamente e que o Porto de Pecém, no Ceará, seria o único destino da ferrovia, excluindo o Porto de Suape, como constava no projeto original. A fala do ministro do presidente Bolsonaro foi reproduzida por jornais e causou indignação na bancada pernambucana e de setores produtivos na região Nordeste. Na última semana, a bancada produziu uma nota repudiando a decisão e elencando as vantagens técnicas da permanência do Ramal de Suape, que tem o melhor porto.

Na reunião desta terça-feira foram apresentadas as vantagens técnicas da permanência do Ramal de Suape. Entre elas, a de que a ferrovia até Suape é 100 km mais curta do que até Pecém, com investimento para conclusão das obras em torno de R$ 1,5 bilhão a menos. Outro aspecto é que o Ramal Suape é a alternativa ambientalmente mais sustentável e pode encurtar as distâncias, causando menores emissões de gases de efeito estufa.

“A nossa demanda não é que o Ramal de Pecém seja excluído em detrimento da escolha do Ramal de Suape. O que queremos é que os dois ramais sejam construídos”, completou Augusto Coutinho.

*Com as assessorias de impresa

A CPI da Pandemia deve convocar o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, para depor. A afirmação foi feita pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), em entrevista ao vivo nesta quarta-feira (23). Segundo eles, as declarações do ministro em entrevista coletiva nesta quarta-feira soaram como ameaça a testemunhas. Eles lembraram que tentativas de obstruir a investigação podem motivar até pedidos de prisão do ministro.

A fala do ministro se referiu às denúncias feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda. Os dois, que devem ser ouvidos pela CPI na próxima sexta-feira (25), denunciaram irregularidades na negociação para compra da vacina indiana Covaxin.

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Em depoimento ao Ministério Público feito em março e divulgado na última semana, o servidor do ministério da Saúde afirmou ter sofrido pressão para agilizar a liberação da vacina indiana, desenvolvida pelo laboratório Bharat Biotech. Já o deputado declarou que informou o presidente Jair Bolsonaro sobre isso, mas não teve retorno.

Na entrevista coletiva desta quarta-feira, Onyx Lorenzoni afirmou que Bolsonaro mandou a Polícia Federal investigar as duas testemunhas. Ele também disse: "Deputado Luis Miranda, Deus está vendo. Mas você não vai se entender com Deus só não. Vai se entender com a gente também".

Para o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, a segurança das testemunhas precisa ser garantida. “A CPI vai requisitar segurança para o deputado Luis Miranda, o irmão e os familiares. As informações que o deputado está declinando à imprensa e que trará a esta CPI são de extremo interesse público. Sua vida e a de sua família precisam estar resguardadas”, disse o senador pelo Twitter.

Indícios

Para o relator da CPI, Renan Calheiros, a declaração do ministro reflete desespero. “A CPI muda de patamar. Até aqui enfrentamos o negacionismo. Agora as novas pistas indicam para o 'negocionismo'. Por isso o desespero de Bolsonaro e Onyx Lorenzoni”, publicou o senador em suas redes sociais.

Em entrevista publicada na sua página no Twitter, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), lembrou que o deputado Luis Miranda afirmou ter relatado as irregularidades a Bolsonaro. Aziz disse que, nesse caso, a falta de providências pode ser considerada crime de prevaricação. “Se o presidente foi comunicado, ele prevaricou e isso é muito grave. Passear de moto dá. Para tratar de um assunto sério não tem tempo.”

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também falou em ameaça após a declaração do ministro. “Ameaças e discursos vazios são apenas sinal de desespero. Seguimos apurando os fatos, cumprindo uma das missões básicas do Parlamento, que é a fiscalização. As escolhas do governo federal já são claras. Vamos buscar as motivações. Só convicções equivocadas ou interesse econômico?”, questionou o senador pelas redes sociais.

Para o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), a CPI tenta atingir o presidente. “Estamos acompanhando, nas reuniões da CPI, um verdadeiro circo midiático que tem como foco atingir o governo Bolsonaro. Seguimos firmes para mostrar a verdade e defender os interesses do povo brasileiro”, publicou o senador.

*Da Agência Senado

 

O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel vai prestar um novo depoimento, dessa vez secreto, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O pedido foi aprovado pelos senadores na manhã desta quarta-feira (23).

Em sua primeira participação, o gestor retirado do cargo por suspeitas de mau uso de recursos públicos no combate à pandemia afirmou que possui "fatos gravíssimos" sobre a intervenção do Governo Federal no controle do vírus.

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Na ocasião, ele trocou farpas com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e chegou a chamá-lo de mimado.

Juiz por cerca de 17 anos e amigo de longa data do atual presidente Jair Bolsonaro, Witzel abandonou a magistratura para se apoiar o então candidato à Presidência, com a intenção de conquistar força política para ser eleito em 2018. Ele foi um dos políticos da direita que quebraram uma placa em homenagem a ex-vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL).

Senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, afirmaram, durante depoimento do ex-secretário de saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, que documentos comprovam que a empresa fornecedora de oxigênio White Martins já havia alertado, em julho de 2020, que o Estado do Amazonas corria o risco de desabastecimento de oxigênio. Em janeiro deste ano a crise devido a falta do insumo e o colapso do sistema saúde estouraram no Estado. Pacientes morreram em unidades de saúde por falta do oxigênio hospitalar.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) citou dois documentos da empresa White Martins sobre o volume produzido de oxigênio medicinal e o consumo, enviados à Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas. Um de 16 de julho de 2020, em que a empresa informa que está trabalhando "sob a máxima capacidade, com os nossos caminhões de cilindros, consumindo horas de trabalho diurno e noturno" e reforça que era "imperioso" que se tomassem "medidas preventivas imediatas" para aumentar lidar com a demanda de oxigênio do Estado. A sugestão da empresa foi um aumento de 25% no aumento do volume contratado pelo governo do Amazonas.

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A segunda carta é de 9 de setembro do ano passado, com o assunto: "Aumento de consumos de gases medicinais durante a pandemia covid-19 - Sugestão de Plano de Contingência", onde o gerente executivo da empresa, Petrônio Bastos, escreve à Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas, reiterando a carta anterior e afirma que o "empenho de dotações orçamentárias não foi emitido". "Reiteramos e pedimos urgentes medidas, para não haver fornecimento sem cobertura de saldo contratual", afirma o gerente da White Martins.

A White Martins foi procurada pela reportagem para comentar os documentos, mas não havia respondido até a publicação desta matéria.

Braga criticou a falta de ação do governo estadual para antecipar o problema de desabastecimento, afirmando que o governo teve tempo para tomar providências. "Houve tempo, houve notificação", declarou o parlamentar. "Havia um aumento gradual firme e constante em função do número de infectados (por covid), e a secretaria e o governo do Estado teve tempo para poder agir", criticou.

Senadores também contestaram a afirmação do secretário de que a falta de oxigênio no Estado tenha acontecido por dois dias, entre os dias 14 e 15 de janeiro. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), interrompeu o ex-secretário para dizer que as imagens que mostravam o problemas que a falta de oxigênio causou ao sistema de saúde amazonense eram "diárias".

Braga também aumentou o tom, e acusou o ex-secretário de mentir durante o seu depoimento, como outros depoentes da CPI. "Eu não aguento mais, o Pazuello veio aqui, mentiu, o Elcio veio aqui, mentiu, agora vem o secretário mentir também?", criticou, ao citar os depoimentos do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do ex-secretário do Ministério da Saúde, Elcio Franco.

Campêlo argumentou que a falta entre os dias 14 e 15, como afirmou, foram na rede de saúde. "Uma coisa é faltar na rede de saúde, no hospital, outra coisa é o paciente que está tratando em casa porque não tem vaga no hospital tentar comprar o cilindro no mercado e ele não existir", afirmou, na defesa que somente nesses dois dias foram registradas intermitências do fornecimento de oxigênio na rede estadual de saúde. Ainda sobre o desabastecimento, Campêlo afirmou que o problema relatado pela White Martins era de logística, e não de falta do insumo.

O ex-secretário afirmou que também não teve conhecimento de nenhuma ação do Ministério das Relações Exteriores na tentativa de obter insumos com países vizinhos ao Brasil para tentar diminuir os efeitos da crise no Estado.

Senadores comentaram nesta quinta-feira (10) a permissão dada pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber ao governador do Amazonas, Wilson Lima, de não comparecer para depor à CPI da Pandemia. A magistrada determinou que o governador poderia decidir, por livre e espontânea vontade, se compareceria à comissão, e ele decidiu não ir.

Em sua conta no Twitter, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse respeitar a decisão do Supremo, mas lamentou “que o povo do Amazonas não tenha oportunidade de ouvir as explicações do governador”.

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Já o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) escreveu que a notícia “era muito previsível”.

Para o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), a medida do Supremo é didática como a expressão “cada macaco no seu galho”. Na opinião do parlamentar, cabe às assembleias abrir CPIs para investigar seus governadores e demais autoridades estaduais.

“É razoável investigar 5.565 prefeitos, 27 governadores Brasil afora? Não se trata de ser leniente com o governador do Amazona, que, inclusive, já está denunciado e terá o que merece na Justiça, graças ao célere (e seletivo) trabalho da PGR. Uma CPI federal deve priorizar o que a PGR ignora solenemente: a omissão criminosa do governo federal”, compartilhou.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o senador Humberto Costa (PT-PE) informou que, na reunião marcada para começar às 9h30, os senadores vão solicitar estudo da Consultoria Jurídica do Senado que oriente a condução da investigação junto aos Estados. Segundo o senador, no caso de governadores não poderem comparecer, secretários ou ordenadores de despesas poderão ser chamados para prestar esclarecimentos à CPI.

Humberto disse ainda que os parlamentares devem votar requerimentos de quebra de sigilo, principalmente de comunicação, de integrantes e ex-integrantes do governo e confirmar depoimentos já colhidos e identificados pelos senadores como “não fiéis à realidade”.

*Da Agência Senado

Na madrugada desta quarta-feira (9), o grupo de senadores independentes e da oposição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, conhecido como G7, fechou acordo pela quebra de sigilo telefônico do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, da secretária da pasta, Mayra Pinheiro - a capitã cloroquina -, e outros nomes ligados ao governo Bolsonaro. Eles vão solicitar outras sete convocações, três quebras de sigilo e sete pedidos de informação.

O G7 ainda não pediu a quebra de sigilo bancário, mas promete apreciar quebras de sigilo telefônico e telemático de Pazuello e do seu advogado Zozer Hardman, de Mayra Pinheiro, e do assessor da Presidência Filipe Martins, indiciado por fazer um gesto que identifica grupos de supremacia branca durante audiência no Senado.

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Os senadores também querem ouvir o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, o secretário de Comunicação Institucional do Governo, Felipe Pedro, e o deputado Osmar Terra (MDB-RS), um dos principais defensores da “imunidade de rebanho”, que errou em suas previsões ao minimizar a letalidade da pandemia.

"Definimos a convocação do Arthur Weintraub também", acrescentou o senador Humberto Costa (PT). Arthur é ex-assessor da Presidência e irmão do ex-ministro Abraham Weintraub. Ele é apontado como um dos líderes do suposto "gabinete do ódio”.

Veja a lista dos requerimentos publicada pela CNN.

Quebra de Sigilo

737/21 - Transferência de sigilo telefônico e telemático de Eduardo Pazuello;

747/21 - Transferência de sigilo telefônico e telemático de Zoser Plata Bondin Hardman de Araújo;

733/-21 – Transferência de sigilo telefônico e telemático de Mayra Pinheiro;

735/21 - Transferência de sigilo telefônico e telemático de Filipe Martins;

753/21 - Transferência de sigilo telefônico e telemático de Luciano Dias Azevedo;

 

Convocações

413/21 - Requer a convocação do Sr. Osmar Terra;

416/21 - Requer a convocação do Sr. Osmar Terra;

726/21 - Requer a convocação do Sr. Osmar Terra;

723/21 - Requer a Convocação do Sr. Felipe Cruz Pedri, Secretário de Comunicação Institucional;

95/21 - Requer que seja convocado o Sr. Paulo Maiurino – Diretor Geral da Polícia Federal;

332/21 - Convocação do desenvolvedor do aplicativo TrateCov ou do técnico responsável da empresa contratada para esse fim;

781/21 – Convocação do empresário José Alves Filho;

774/21 - Convocação de Renato Spallicci, Presidente da Apsen Farmacêutica;

779/21 - Convocação de Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor do Tribunal de Contas da União, para prestar depoimento, na condição de testemunha, nesta CPI;

 

Informações

719/21 - Requer que sejam prestadas pela Companhia Aérea GOL informações dos registros dos voos realizados por Nise Yamaguchi, Greici Yamaguchi e Charles Takahito, no trecho São Paulo/Brasília/São Paulo entre março de 2020 a maio de 2021, inclusive informações sobre a pessoa responsável pela compra dos bilhetes;

717/21 - Requer que sejam prestadas pelo Ministro da Saúde informações sobre eventuais contratos/repasses de recursos entre o Ministério da Saúde e pessoas jurídicas que tenham como sócia/parte a Sra. Nise Yamaguchi, no período de março de 2020 a maio de 2021;

718/21 - Requer que sejam prestadas pela Companhia Aérea LATAM informações dos registros dos voos realizados por Nise Yamaguchi, Greici Yamaguchi e Charles Takahito, no trecho São Paulo/Brasília/São Paulo entre março de 2020 a maio de 2021, inclusive informações sobre a pessoa responsável pela compra dos bilhetes;

711/21 - Requer que seja realizada perícia pela Polícia Federal sobre o aplicativo TrateCov a respeito de supostos hackeamento e extração indevida de dados;

724/21 - Requer ao Ministro da Saúde informações sobre testagens da população para o diagnóstico da Covid-19;

720/21 - Requer que sejam prestadas pela Companhia Aérea Azul informações dos registros dos voos realizados por Nise Yamaguchi, Greici Yamaguchi e Charles Takahito, no trecho São Paulo/Brasília/São Paulo entre março de 2020 a maio de 2021, inclusive informações sobre a pessoa responsável pela compra dos bilhetes;

775/21 - Requer que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se manifeste a respeito do posicionamento da empresa farmacêutica Apsen sobre utilização da hidroxicloroquina no combate à pandemia.

Senadores lamentaram a decisão do Exército de não punir o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello após participar de protesto ao lado do presidente Jair Bolsonaro. Para parlamentares, o arquivamento do procedimento disciplinar abre um precedente perigoso. Senadores usaram suas redes sociais para criticar a decisão.

Em nota, o Exército informou que "não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do general Pazuello" e que "arquivou-se o procedimento administrativo que havia sido instaurado". Em 23 de maio, Pazuello, que é general da ativa, participou de evento no Rio de Janeiro com apoiadores de Bolsonaro e chegou a fazer um discurso ao lado do presidente.

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“Armas partidarizadas ou política armada são incompatíveis com a democracia, eleições livres e periódicas. Não punir Pazuello abre precedente à insubordinação. Necessário comunicado das Forças Armadas à Nação de que defendem a hierarquia, a disciplina, o respeito ao regulamento e à Constituição” apontou Simone Tebet (MDB-MS) em sua conta em uma rede social. 

Para Jean Paul Prates (PT-RN), a decisão incentiva militares a participarem de atos políticos. O Regulamento Disciplinar do Exército proíbe o militar da ativa de se manifestar publicamente a respeito de assuntos de natureza político-partidária sem que esteja autorizado previamente.

“Liberou geral! Com esta lacônica justificativa, fica patente que acabou a proibição a militares da ativa de participar de manifestações políticas. Quantos vão afrontar a regra com base na jurisprudência aberta por conta de Pazuello?" ponderou Jean Paul.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também classificou a posição do Exército como um desrespeito à Constituição e uma permissão à partidarização dos militares. 

“Ao não punir Pazuello, o Exército se apequena e ,mais, afronta a Constituição ao permitir a partidarização de um militar da ativa, algo vedado pela nossa Lei Maior. É um desrespeito. Forças Armadas devem defender o país e não governos", avaliou a senadora.

Assim como Eliziane, Fabiano Contarato (Rede-ES) considera que o arquivamento do procedimento disciplinar “apequena” as Forças Armadas.

“O Comandante do Exército, ao se omitir, apequenou-se: as Forças Armadas são uma instituição de Estado e não podem se portar como uma falange do bolsonarismo. O país pagará um preço amargo por seu servilhismo e falta de espírito público", assinalou.

O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) lembrou que a participação de Pazuello no ato foi criticada inclusive pelo vice-presidente, Hamilton Mourão.

“É inaceitável que Pazuello não tenha sido punido. Até o vice-presidente, Hamilton Mourão, general da reserva, defendeu a regra que veda participação de militares da ativa em atos políticos para ‘evitar que a anarquia se instaure’ dentro das Forças Armadas”, escreveu. 

Vice-presidente da CPI da Pandemia, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) avaliou que a decisão põe em xeque a democracia brasileira. Ainda assim, Randolfe acredita que as Forças Armadas são leais à Constituição. 

“Hierarquia e disciplina são os pilares do funcionamento das instituições militares, consagrados pela nossa Constituição. A insubordinação a esses princípios leva à anarquia e ameaça o funcionamento do Estado democrático de direito. Lamento a decisão, mas mantenho fé inabalável no Alto Comando das Forças Armadas, nos comandos militares e na lealdade que eles tem à CF e ao Brasil, e não a qualquer inquilino de plantão no Palácio do Planalto.

O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), disse esperar que a decisão seja um movimento de “retirada” e não de “rendição” e que o Exército esteja poupando forças para a “batalha final” contra os inimigos da Constituição. 

“Há diferença grande entre os movimentos sagazes da guerra: a retirada e a capitulação, que é a rendição ao inimigo. Quero crer que a decisão do comando do Exército é movimento de retirada, de recuo, não de capitulação. Tenho certeza de que os comandantes não vão se render na guerra pela democracia” — avaliou Renan. 

Já Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que está evidente uma “politização” das Forças Armadas.

“Politização das Forças Armadas e das polícias, negacionismo homicida, boçalidade e mentira como método de governo,  pandemia descontrolada e fome. Os problemas do Brasil seguem aumentando”, escreveu.

*Da Agência Senado

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, recebeu no último sábado (22) a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus. Por ser diabético, o senador, de 44 anos, integra o grupo de pessoas com comorbidades que estão sendo imunizadas. Com ele, já são 40 senadores que divulgaram terem sido vacinados com pelo menos uma das doses, praticamente a metade do total de 81 senadores.

Apesar de ter sido imunizado com a primeira dose da vacina, Rodrigo Pacheco destacou a necessidade de continuar seguindo rigorosamente os protocolos médicos e técnicos para evitar a disseminação do novo coronavírus. Entre eles, citou o uso de máscaras faciais, a higienização frequente das mãos e o distanciamento social.

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Outros senadores

A lista dos senadores que já divulgaram terem sido vacinados com pelo menos uma das doses inclui mais da metade dos 18 integrantes da CPI da pandemia. São dez senadores da CPI que já foram vacinados, entre titulares e suplentes. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), e o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), estão entre os que já receberam o imunizante.

Também integrantes da CPI, já se vacinaram os senadores Angelo Coronel (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Humberto Costa (PT-PE), Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Otto Alencar (PSD-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Por enquanto, as sessões da CPI têm sido semipresenciais, com os depoentes e alguns senadores presentes. Outros senadores participam de forma remota das reuniões. As sessões presenciais têm sido uma reivindicação de senadores governistas desde o início dos trabalhos.

Entre os primeiros senadores que anunciaram a vacinação estão José Serra (PSDB-SP), Elmano Férrer (PP-PI) e Maria do Carmo Alves (DEM-SE), no início de março. Outros senadores, como Major Olimpio, não conseguiram ser vacinados a tempo — ele morreu em março vítima da Covid-19. Major Olimpio afirmava que, quando chegasse a sua vez, seria o primeiro a procurar a vacinação. Ele tinha 58 anos.

Em seus últimos dias antes do diagnóstico e da internação, Major Olimpio fez várias declarações em que defendeu a vacinação como única solução para o Brasil vencer a batalha contra o coronavírus. Ele foi o terceiro senador a morrer vítima da doença. Antes dele, morreram os senadores José Maranhão, em fevereiro, e Arolde de Oliveira, em outubro.

*Da Agência Senado

Firme e esclarecedor ou cheio de mentiras e omissões. Os senadores divergiram na avaliação do depoimento do general Eduardo Pazuello à CPI da Pandemia. O ex-ministro da Saúde compareceu por dois dias seguidos à comissão, na quarta (19) e nessa quinta-feira (20).

Para o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), mentira, imprecisão e omissão foram marcas do depoimento de Eduardo Pazuello. Foi, de acordo com o senador, “o negacionismo do negacionismo, como se fosse possível negar aquelas coisas que foram documentadas, testemunhadas, confessadas e postadas”.

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Segundo Renan, a CPI está trabalhando para encontrar responsabilidades e entender o que poderia ter sido feito para “evitar esse morticínio”. Ele afirmou que não é possível negar o óbvio. O senador também lamentou a falta de respostas a questões como a defesa da cloroquina pelo governo federal e a demora na resposta às ofertas de vacinas da Pfizer. Renan ressaltou que o depoente é obrigado a falar a verdade.

"Mas isso não vai dificultar o encaminhamento da CPI no rumo do que se quer esclarecer para a sociedade", ponderou.

Para Renan, é difícil considerar uma possível acareação entre Pazuello e representantes do governo ou de empresas, pois, segundo ele, seriam necessárias “14 ou mais acareações” para esclarecer as divergências.

Na opinião do vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Pazuello poderia ter colaborado mais. Para o senador, Pazuello corre o risco de ser indiciado pelo crime de homicídio culposo e pelo crime contra a ordem sanitária. Randofe alertou Pazuello sobre a possibilidade de o ex-ministro ser abandonado por aqueles que hoje o defendem. O senador declarou que o depoimento do general foi um exercício de contorcionismo de fatos, com várias imprecisões.

"Não o culpo por isso. O habeas corpus na verdade era pra proteger o presidente da República", declarou Randolfe.  

Mas o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) afirmou que o depoimento de Pazuello foi esclarecedor e que o ex-ministro não se furtou a responder nenhuma pergunta. Na mesma linha, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse que Pazuello foi seguro, firme e sincero. E também destacou o fato de o ex-ministro não ter ficado em silêncio, mesmo com um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Marcos Rogério, o depoimento afastou “toda a narrativa da oposição”, que já teria uma conclusão pronta. Marcos Rogério ainda disse que Renan Calheiros se mostra mais “um advogado de acusação do que um relator”.

Estados e municípios

Para Renan, também é papel da CPI colaborar para o avanço da vacinação contra a Covid-19 e para retirar entraves diplomáticos a isso, “que todos os dias o governo teima em colocar”. O relator negou que existam brigas entre os integrantes da comissão e afirmou que a CPI vai investigar “na direção que for”. Ele lamentou, porém, uma suposta tentativa de alguns membros da CPI de mudar o foco das investigações. Em relação aos governadores e prefeitos, Renan lembrou que o foco da investigação está nos repasses de recursos federais a estados e municípios, e disse que é preciso se ater aos limites legais da CPI.

De acordo com Marcos Rogério, porém, há um movimento político claro na CPI, que pretende colocar “o carimbo de culpado” no presidente Jair Bolsonaro e "blindar" os governadores. Ele disse que a CPI não pode proteger prefeitos e governadores, e destacou que a Polícia Federal já apontou indícios de irregularidades no uso de recursos destinados ao combate à pandemia em estados e municípios.

"Precisamos avançar nas investigações nos estados. O caso do Amazonas é emblemático", argumentou Marcos Rogério, defendendo a convocação doo governador desse estado, Wilson Lima.  

Próximos passos

O relator informou que a CPI ainda vai decidir sobre a eventual convocação do empresário Carlos Wizard, que teria prestado consultoria informal ao Ministério da Saúde. Renan confirmou que a comissão vai ouvir, na próxima terça-feira (25), a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida por sua defesa da cloroquina no tratamento da Covid-19. Na quarta (26), haverá uma sessão deliberativa para apreciar requerimentos.

De acordo com Randolfe Rodrigues, na quinta-feira (27) a CPI vai ouvir Élcio Franco, ex-secretário do Ministério da Saúde, considerado o "número 2" durante a gestão de Pazuello na pasta. 

Randolfe defendeu que a CPI reserve duas semanas para ouvir representantes de laboratórios que produzem vacinas contra o coronavírus. E que reserve outra semana para ouvir cientistas e especialistas. Ele também confirmou que apresentou um requerimento para quebra de sigilo de empresas que foram contratadas pelo Ministério da Saúde para reformar uma unidade da pasta no Rio de Janeiro.

Eduardo Girão disse estar satisfeito com a possibilidade de votar requerimentos na quarta-feira, pois ele mesmo apresentou alguns que “vão tentar rastrear os recursos enviados a estados e municípios”. Ele citou a gestão de hospitais de campanha, que seriam de responsabilidade de governadores e prefeitos, como um ponto importante para o trabalho da comissão. Girão ainda questionou se a CPI quer, de fato, combater a corrupção e as irregularidades.

"Com o apoio da sociedade, vamos saber quem está protegendo quem nesta CPI", declarou Girão, que também defendeu a realização de audiência sobre o uso de remédios e tratamento precoce, com a presença de médicos e cientistas.  

Já Marcos Rogério confirmou que apresentou um requerimento para que representantes da empresa White Martins compareçam à CPI, para prestar informações sobre o caso da falta de oxigênio para pacientes de Covid-19 em Manaus. Ele disse que vai cobrar, mais uma vez, a convocação do governador de Amazonas. 

Primeiro mês

Na próxima semana, a CPI completa um mês de instalação. Para Randolfe Rodrigues, a comissão já pode tirar três conclusões. A primeira é que o negacionismo  do governo federal foi responsável por uma estratégia “equivocada e criminosa”: a chamada imunidade de rebanho. A clara omissão do poder público na crise da falta de oxigênio no estado do Amazonas seria a segunda. E a terceira é a constatação da negligência do governo federal diante da possibilidade de compra de vacinas.

*Da Agência Senado

Na segunda semana de depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o ex-secretário de Comunicação do Governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, quase foi ameaçado de prisão por se contradizer em diversas oportunidades. O gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, confirmou as recusas do Brasil na negociação de vacinas e o diretor-Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, revelou que houve tentativas de alterar a bula da cloroquina para estender seu uso aos pacientes da Covid-19.

A rodada de oitivas reforçou os indícios de negligência do presidente Jair Bolsonaro e da sua equipe de Saúde com a pandemia. Na terça-feira (11), o gestor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres disse que se opôs à pressão pela alteração da bula da cloroquina e que o medicamento não é eficaz contra o vírus.

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Na quarta (12), o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência (Secom), Fábio Wajngarten, chegou a ser ameaçado de prisão pelo relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) após mentir sob juramento. O presidente da Comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM), negou o pedido.

Wajngarten foi convocado após responder à Veja que o Ministério da Saúde era incompetente e teria sido o responsável pelo atraso das vacinas. Ele foi desmentido em diversas oportunidades ao afirmar que não chegou a trabalhar enquanto estava com Covid-19. O empresário também foi questionado pela campanha “O Brasil não pode parar”,  lançada oficialmente em 27 de março de 2020, que se posicionava contra o isolamento social preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Durante o depoimento do ex-gestor da Secom, a deputada governista Carla Zambelli (PSL-SP) chegou a obstruir os trabalhos e alegou que a testemunha era humilhada e sofria de abuso de autoridade por parte dos senadores. Apesar de esquentar o clima da sessão, ela não teve sucesso na intenção de encerrar os trabalhos da CPI.

Com o ex-representante do Governo Federal encurralado pelas próprias mentiras, o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio (Republicanos-RJ), adotou a estratégia da aliada e tentou tumultuar a Comissão ao xingar diretamente Renan Calheiros de “vagabundo”. A sessão foi suspensa por Aziz, que pediu calma aos colegas. Diante do depoimento controverso, o plenário enviou um pedido de apuração ao Ministério Público.

Na quinta (13) foi a vez do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, confirmar que o laboratório fez ao menos cinco ofertas de doses em 2020 e o governo federal ignorou a aquisição de 70 milhões de vacinas. Antes, Wajngarten já havia dito que o Governo deixou a negociação com a Pfizer estagnada por dois meses.

Murillo explicou que a primeira oferta foi em agosto de 2020 e, caso tivesse sido assinada, o Brasil receberia 18,5 milhões de doses da Pfizer até junho deste ano. Do total, 1,5 milhão já seria entregue em dezembro do ano passado e 3 milhões seriam repassadas de janeiro a março de 2021.

Depois de evitar a CPI ao alegar que estava com suspeita de Covid-19, o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), enviou um pedido de habeas corpus ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que permaneça calado em seu depoimento reagendado para a quarta (19). O requerimento também solicita que ele não seja preso.

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Os senadores avaliaram de forma positiva a primeira semana de oitivas da CPI da Pandemia. Foram ouvidos os ex-ministros da Saúde Henrique Mandetta e Nelson Teich, na terça (4) e na quarta-feira (5), respectivamente. O titular da pasta, Marcelo Queiroga, também foi ouvido pela CPI na quinta-feira (6), em uma audiência que durou cerca de 10 horas.  

Na visão do vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), os depoimentos dos ex-ministros Mandetta e Teich deixaram clara a existência de um comando paralelo para tratar dos assuntos da pandemia, com atores que não tinham relação com a Saúde. Para o senador, a existência desse comando paralelo colaborou com a saída de Mandetta e Teich.

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Randolfe lembrou que a CPI ainda não ouviu o ex-ministro Eduardo Pazuello, também da Saúde. De acordo com o senador, porém, tudo indica que esse comando paralelo se efetivou durante a gestão de Pazuello e terminou por agravar a pandemia no país. Com o ministro Marcelo Queiroga, ressaltou o senador, tenta-se voltar à condução sanitária devida, mas ainda sob fortes resistências — que seriam impostas pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro.

"É possível perceber que tem uma coisa na cabeça do presidente e outra na cabeça de qualquer médico ou técnico que vá para o Ministério da Saúde", destacou Randolfe, lembrando que a CPI poderá fazer uma diligência sobre um possível estoque de cloroquina no governo.

Neutralidade

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) definiu a semana da CPI como “intensa”, com depoimentos importantes. Para ele, é necessário ouvir tanto os anteriores como o atual ministro da Saúde, como forma de coletar fatos, impressões e provas. Para Marcos Rogério, a oposição tem narrativa pronta e está preocupada em criar uma peça acusatória. O senador também criticou as conduções dos depoimentos, que estariam “forçando a barra e intimidando os depoentes”.  

"Uma CPI tem que partir de um pressuposto de neutralidade. Espero que a gente possa avançar e, daqui a pouco, ir para os estados e municípios, e entregar a verdade ao Brasil", disse o senador.

Na opinião de Marcos Rogério, a CPI precisa ter uma "visão ampla", recolher informações com a maior amplitude possível e não preencher “um rascunho do relatório já previamente elaborado”. Ele disse que é fundamental que as testemunhas tenham liberdade para dizer o que sabem e não o que o relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), quer que elas digam.

Na mesma linha, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) disse que a CPI da Pandemia "já começa parcializada e mirando apenas as ações do governo federal". Para Girão, é importante a população acompanhar os trabalhos da CPI para evitar que as investigações se limitem às ações do governo federal e, com isso, ocorra a "blindagem" de agentes públicos estaduais e municipais. Ele afirmou que não pode prosperar a tese de que as apurações só devem alcançar estados e municípios quando houver a participação de algum agente federal numa irregularidade.

"Estamos tentando evitar que a CPI vire palanque para 2022. A gente está querendo fazer o trabalho mais justo e independente possível", declarou Girão.

Bolsonaro

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), a primeira semana de oitivas da CPI da Pandemia permitiu ter uma ideia da participação de Jair Bolsonaro na expansão da pandemia. O senador sublinhou que o presidente defendeu remédios sem eficácia, incentivou aglomerações, vetou o uso de máscaras para proteção contra o vírus e não buscou as vacinas para imunizar a população. Rogério Carvalho acrescentou que Bolsonaro continua a atrapalhar a entrega de insumos ao país por conta de acusações à China e segue a combater o isolamento social, necessário para conter a pandemia.

Na opinião do senador Humberto Costa (PT-PE), a primeira semana de CPI foi "muito boa". Para ele, os depoimentos dos ex-ministros da Saúde mostraram que, na prática, Bolsonaro tentava mudar as orientações técnicas de enfrentamento à pandemia, ignorando princípios científicos adotados ao redor do mundo.

"O tempo inteiro os depoentes corroboraram a visão de que Bolsonaro atuou intencionalmente para que houvesse uma transmissão ampla do vírus, para que fosse atingida o que se chama de imunidade coletiva de rebanho. Isso, na pratica, é um grande crime, se for verdade, pois ele assumiu o risco de muita gente morrer, o que efetivamente aconteceu", lamentou.  

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) definiu a semana como “produtiva”. Ele disse que ficou clara a responsabilidade direta de Bolsonaro na definição da política de saúde. Ele ressaltou que os ex-ministros Mandetta e Teich deixaram a pasta por não concordarem com as interferências do presidente. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que o depoimento de Mandetta deixou claro que sua saída se deu por tentar alertar o governo dos perigos da pandemia. Ela disse que é muito grave a informação de que o governo ventilou mudar a bula da cloroquina para que o remédio fosse considerado indicado para a Covid-19.

"Esta CPI vai buscar a verdade dos fatos. Houve omissão? De quem? Quem são os responsáveis? Essa pandemia não caiu do céu. Alguma coisa aconteceu e alguém tem que ser responsabilizado por isso", declarou a senadora.

Relações Exteriores

Quanto aos próximos convocados, Humberto Costa disse que o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo se justifica pelo fato de ele ter tido um papel importante na criação de dificuldades para a negociação de vacinas contra a Covid-19. Rogério Carvalho também destacou a convocação do ex-chanceler. De acordo com o senador, Araújo tem muito a esclarecer sobre o que não fez e porque não se mobilizou para salvar vidas, com parcerias internacionais e busca de tecnologia, fechando as portas em várias partes do mundo que poderiam estar ajudando o país neste momento.

"Se a CPI focar no crime contra a vida que vem sendo cometido, a gente vai chegar à responsabilização de agentes públicos da República, que agiram para garantir a expansão da pandemia e não pelo seu controle", afirmou o senador.

Para o senador Alessandro Vieira, a oitiva de Araújo é relevante. Ele disse que é importante ouvir o ex-ministro para entender o relacionamento do Brasil com outros países que são grandes fornecedores de insumos ou de vacinas já prontas. Segundo Vieira, as decisões da pasta tiveram um impacto claro na baixa disponibilidade de vacinas para os brasileiros. Também para Randolfe Rodrigues, o ex-ministro Ernesto Araújo tem responsabilidade direta na política de aquisição internacional de vacinas.

"Hoje temos apenas 7% dos brasileiros vacinados. Esse atraso me parece ter uma responsabilidade direta do MRE durante a gestão do ex-chanceler", apontou o senador.  

Anvisa

Randolfe confirmou que a audiência com diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, que também seria realizada nesta quinta, foi transferida para a próxima terça-feira (11). Na quarta-feira (12), será ouvido o advogado Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo. A CPI ouvirá na quinta-feira (13) o ex-chanceler Ernesto Araújo e representantes do laboratório Pfizer.

De acordo com Randolfe, CPI vai avaliar a realização de uma reunião na sexta (14). Representantes de Butantan, Fiocruz, Sputnik, e o ex-ministro Eduardo Pazuello devem ficar para a semana seguinte. O senador confirmou a intenção de protocolar um pedido de teste de coronavírus para o ex-ministro — que alegou ter tido contato com pessoas com covid para não comparecer esta semana à CPI. Randolfe lembrou que a possível convocação de Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro (RJ) e filho do presidente Bolsonaro, ainda será decidida.

"Não faremos investigação para saciar nosso fígado, mas para responder aos milhões de brasileiros", declarou o senador.

*Da Agência Senado

Em meio a muitas questões de ordem, a reunião de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado começou pouco depois das 10h em clima tenso. Assim que a reunião foi aberta, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) tentou suspendê-la sob o argumento de haver "vício insuperado" nas indicações dos partidos ao colegiado. Nogueira recorreu a um artigo do Regimento Interno do Senado que proíbe a participação de um mesmo parlamentar como titular de mais de uma comissão parlamentar de inquérito.

“Deveríamos suspender a atual sessão até que seja sanado um vício que não vejo como ser superado. Um senador só pode fazer parte de uma comissão como titular e de outra como suplente. Nós temos alguns casos aqui de senadores que fazem parte de mais uma CPI. Não quero criar nenhum problema, mas quero que isso seja sanado”, defendeu Ciro.

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O senador Otto Alencar (PSD-BA), que preside os trabalhos antes da eleição do presidente da CPI por ser o parlamentar mais idoso indicado para o colegiado, rejeitou a questão de ordem. Segundo o senador, o questionamento deveria ser feito ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a quem cabe a designação dos membros das comissões parlamentares de inquérito. Em defesa de suas participações no colegiado parlamentares que integram outras CPIs da Casa, como, por exemplo, a da Chapecoense, e das Fakes News, argumentaram que essas comissões estão suspensas desde o início da pandemia. Ainda assim os senadores disseram que, ser fosse preciso, abririam mão de integrar outras CPIs.

Outro senador, Jorginho Mello (PL-SC), seguiu na mesma linha de Nogueira e citou o Regimento Interno do Senado para destacar que os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) - que é pai do governador de Alagoas Renan Filho - e Jader Barbalho (MDB-PA) - pai do governador do Pará, Helder Barbalho, não poderiam participar da comissão por serem suspeitos. Os chefes dos Executivos estaduais podem ter que explicar a aplicação de recursos repassados pela União para o enfrentamento da pandemia. No caso de Renan, Jorginho defendeu ainda que nem relatar os trabalhos da CPI ele poderia pela relação parental.

Passada a fase de apresentação de questões de ordem, o senador Otto Alencar deve proceder à eleição do presidente e vice-presidente do colegiado.

 

De um lado, os deputados querem votar pelo 'Distritão' para que o sistema entre em vigor já nas eleições de 2022. Do outro, gestores partidários e senadores atrasam o debate e ressaltam a urgência das pautas relacionadas à pandemia. A polêmica sobre a votação da nova metodologia eleitoral com o voto majoritário divide opiniões até de especialistas. O LeiaJá conversou com os cientistas políticos Adriano Oliveira e Arthur Leandro sobre as mudanças, caso a proposta seja aprovada.

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Já admitida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e com uma comissão especial instaurada pelo atual presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) nivelaria a participação de deputados federais e estaduais, e vereadores eleitos.

Atualmente, as vagas das Casas Legislativas são distribuídas proporcionalmente entre os votos totais dos candidatos e do partido. Desse modo, os votos excedentes dos melhores avaliados - os candidatos ‘famosos’, que recebem muitos votos como Tiririca e Frank Aguiar -, puxam os candidatos de menor expressão.

Com a atualização, cada estado e município se torna um distrito eleitoral, sendo eleitos os mais votados, como ocorre na escolha da Presidência, por exemplo. Assim, os 25 deputados federais com mais votos em Pernambuco teriam sua cadeira garantira no Congresso.

Sem mudanças profundas em um primeiro momento

A alteração deve enfraquecer as coligações e os esquemas partidários por conferir ainda mais destaque aos candidatos, sobretudo aos ‘estrelas’. Ainda assim, o cientista político Adriano Oliveira considera que a aprovação do Distritão não reforçará o elitismo político, nem extinguiria legendas menores.

"No Distritão você elege os mais votados. Então pode ter uma influência do poder financeiro? Pode, mas essa influência já existe hoje. Você pode fazer com que pessoas mais conhecidas ganhe a eleição? Pode, mas isso também já ocorre hoje. Então não vejo o porquê de tanta rejeição", avaliou.

Ele sugere que o esquema poderia ser “experimentado” para observar como o Congresso se comportaria com a diminuição da representação dos partidos e ainda recomenda ampliar a PEC. “Além disso, você poderia determinar uma cláusula para criar uma identidade partidária”, complementa, ao apontar que os candidatos não poderiam deixar os partidos após eleitos”, considera.

O esquema perpetua os velhos dinossauros da política

Já para o cientista Arthur Leandro, além da questão financeira e publicitária que vai acabar definindo a vitória de futuras candidaturas, na prática, a PEC "valoriza quem já foi conhecido e quem está disputando reeleição". Logo, o Distritão acabaria maquiando a renovação política, já que pode conservar antigos nomes no poder ou eleger novos representantes de velhos grupos políticos, quando ocorre a herança política.

"Como ele valoriza as pessoas que já têm capital político, a tendência é que ele se perpetue. Então a trajetória para que alguém de fora da política, uma liderança emergente ou alguém ligado ao movimento popular, o movimento de mulher, fica alongada e mais difícil", compreende.

Na visão o especialista, os partidos menores podem não ser extintos, mas o Distritão pode incentivar os candidatos 'celebridade' a exercer mais influência onde estão abrigados.

“O que ameaça [a extinção] são os dispositivos de cláusula de desempenho, que não atingindo o mínimo, os partidos esbarram nas regras de distribuição de recursos financeiros e tempo de TV, e eles tendem a minguar sem meio de sustento. Políticos passam a ser ‘desincentivados’ a participar dessas legendas, aglomerando os mais influentes em poucas legendas”, complementou Arthur.

 

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