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Visitantes de outras cidades e Estados que estiveram em dois eventos realizados na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, estão sendo alertados para atentar a possíveis sinais de infecção por febre maculosa. Três pessoas que participaram da Feijoada do Rosa, no dia 27 de maio, morreram após contrair a doença transmitida pelo carrapato-estrela. Um quarto óbito é investigado. Agora, surgiu um novo caso suspeito envolvendo uma mulher que esteve em outro evento, o show do cantor Seu Jorge, no dia 3 de junho.

Além da festa denominada Feijoada do Rosa, uma tradição de 22 anos, que reuniu cerca de 3,5 mil pessoas, a prefeitura passou a monitorar um segundo evento, o show do cantor Seu Jorge, realizado no dia 3 de junho, e que reuniu cerca de 10 mil pessoas. Uma mulher de 38 anos que foi a esse show teve sintomas da doença e está internada em um hospital particular de Campinas, onde mora. Segundo a Vigilância em Saúde, ela começou a apresentar sintomas no dia 10 e ainda aguarda o resultado do exame laboratorial.

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De acordo com a prefeitura, a rede do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) emitiu alerta para as redes nacional e estadual a fim de informar as pessoas de outras cidades que estiveram nos dois eventos sobre o surgimento dos casos. A Fazenda Santa Margarida suspendeu os próximos eventos e fechou as portas por um período de 30 dias.

"A busca ativa é uma das estratégias que a Vigilância em Saúde pode utilizar", declarou o infectologista Rodrigo Angerami, em coletiva de imprensa convocada pela prefeitura. "Esses eventos agregam pessoas não só do município de Campinas, mas também do entorno e até de outros Estados"

O infectologista ressaltou que a chance de cura para quem contrai febre maculosa é maior no início dos sintomas, sendo que a doença pode se manifestar em até duas semanas.

"A suspeita e o tratamento têm de ser precoces", pontuou. Apesar disso, ele admitiu que a identificação dos casos não é simples. "É uma doença em que, na fase inicial, os sintomas são comuns a uma série de doenças, e como a incidência é muito baixa, ela acaba se perdendo para doenças que são mais frequentes."

Diretora do Devisa, Andrea Von Zuben alerta para a alta taxa de letalidade da febre maculosa. "Fora esses casos (de agora), tivemos outros dois no início do ano, e os dois evoluíram a óbito", declarou Andrea. De acordo com ela, é a terceira vez que o Estado de São Paulo apresenta um surto de febre maculosa. Os anteriores foram na própria cidade de Campinas e em Americana.

Em nota, a Fazenda Santa Margarida informou que está trabalhando em um plano de ação que deverá apresentar aos órgãos competentes ainda esta semana. Disse ainda que, diante dos acontecimentos e visando assegurar o bem estar dos visitantes, colaboradores e da comunidade, permanecerá com as instalações fechadas pelos próximos 30 dias. Ainda nesta quarta-feira, a empresa apresentará à prefeitura uma listagem dos eventos agendados para os próximos seis meses.

Prefeituras fazem ações contra carrapatos

A prefeitura iniciou também o mapeamento da ocorrência de carrapatos em 12 áreas do município de Campinas, entre elas a Lagoa do Taquaral, Lago do Café, Parque das Águas, Parque Botânico e distrito Joaquim Egídio, onde fica a Fazenda Santa Margarida. Agentes municipais iniciaram também a distribuição de folhetos sobre a doença nessas áreas.

Depois das mortes em Campinas, outras cidades reforçaram as ações de prevenção contra a doença. Em Ribeirão Preto, o Parque Olhos D’Água foi fechado devido à infestação de carrapatos, já que um grupo de capivaras habita o local. A situação está sendo monitorada pela Secretaria Municipal da Saúde. As áreas de infestação foram identificadas com placas. A cidade registrou quatro casos suspeitos de febre maculosa, mas todos deram negativo.

Vizinha a Campinas, a cidade de Valinhos determinou o mapeamento para detecção do carrapato nas áreas onde foram registrados casos anteriormente a recolocação das placas de alerta nas áreas verdes consideradas de risco. Agentes de combate de endemias estão visitando as casas próximas para a entrega de folders.

Na tradicional Festa Julina de Valinhos haverá um estande exclusivo sobre febre maculosa. A prefeitura agendou também um ciclo de capacitação dos médicos das redes básicas de saúde e das unidades de atendimento de urgência para diagnóstico precoce da doença. O ciclo vai do próximo dia 21 ao 29 deste mês. A cidade não teve caso este ano.

O município de Limeira teve um óbito por febre maculosa este ano, anterior aos casos de Campinas, por isso já vinha reforçando as ações de controle ao carrapato. Há outros cinco casos em investigação – os pacientes estão em tratamento ou já se recuperaram.

Em locais positivos para o carrapato foram colocadas placas que informam sobre a doença e dão a referência da unidade de saúde que deve ser procurada em caso de infecção. Nos locais com alta densidade de carrapatos, a prefeitura faz a roçagem e aplica carrapaticida. Campanhas educativas estão sendo realizadas em escolas e instituições.

Em Americana, a prefeitura realiza a pesquisa do carrapato estrela em pontos estratégicos, como toda a orla da Represa de Salto Grande, consideradas áreas de risco para transmissão. O município desenvolve um programa de vigilância do carrapato e mantém placas de advertência aos moradores nessas áreas, alertando para a presença do carrapato estrela nesses locais. Atualmente está sendo realizada uma campanha sobre a febre maculosa, por ser o período de maior incidência da doença.

A prefeitura de Indaiatuba, que faz divisa com Campinas, está monitorando as áreas de risco depois de ter registrado um caso positivo de febre maculosa este ano. Outros seis casos suspeitos estão em investigação. Não houve óbito pela doença. Nesta terça-feira, 13, o município divulgou em sua rede social oficial um alerta sobre a doença, pedindo à população para procurar atendimento médico em caso de sintomas suspeitos. As áreas públicas de risco com presença de carrapatos foram sinalizadas com placas.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) afirma que o crime cometido contra Jeff Machado foi premeditado, sendo realizado em um momento em que o produtor de TV Bruno de Souza Rodrigues, de 37 anos, e Jeander Vinícius da Silva Braga, de 29, se aproveitaram de relação sexual com o ator para matá-lo, conforme consta no pedido de prisão temporária do MP-RJ de quinta-feira (1º).

A Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão temporária dos dois acusados, segundo informaram os advogados da família da vítima, Jairo de Magalhães Pereira e Rodrigo Feital Freire. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) aceitou os pedidos solicitados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio. Na manhã desta sexta-feira (2), Jeander Vinícius foi preso.

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Na segunda-feira (29), a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) representou pela prisão dois homens. O corpo do ator foi localizado no dia 22 de maio, enterrado em um baú coberto por concreto a dois metros de profundidade, em Campo Grande, na zona oeste da capital fluminense.

Rodrigues e Braga foram indiciados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Eles estavam em liberdade e negam o crime - segundo eles, uma terceira pessoa teria matado Machado. A polícia diz que essa outra pessoa não existe.

De acordo com o pedido de prisão assinado pelo promotor de justiça Sauvei Lai, o crime foi premeditado por Bruno, com auxílio de Jeander.

"Os ora indiciados são suspeitos de praticarem os crimes de homicídio e de ocultação de cadáver contra Jefferson, aproveitando-se do momento em que mantinham relação sexual com a vítima para pôr em prática plano criminoso, estrangulando-a e colocando o seu cadáver em um baú, para, posteriormente, ocultá-lo no terreno do imóvel alugado por Bruno, onde o enterraram e concretaram a cerca de dois metros de profundidade", disse o pedido de prisão.

O produtor de TV era considerado pela vítima um de seus melhores amigos e foi quem registrou na polícia, junto com familiares de Machado, o desaparecimento do ator. Mas, estava com os cartões bancários e as chaves do carro e da casa do artista - e era em nome dele que estava alugada a casa onde Machado foi enterrado. Braga, que segundo a polícia é garoto de programa, era amigo de Rodrigues há muito tempo e há cerca de um ano conheceu Machado. Também conforme a polícia, ele confessou a ocultação de cadáver.

Conforme matéria veiculada no último domingo (28), pelo programa Fantástico, da Rede Globo, Rodrigues trabalhou na emissora até 2018, quando foi demitido pela empresa. Uma das linhas de investigação aponta que Machado teria sido enganado e dado dinheiro a Rodrigues com a promessa de entrar em uma novela da emissora.

A reportagem não localizou a defesa dos suspeitos para comentários sobre o caso. O espaço permanece aberto para manifestações.

O desaparecimento e a posterior descoberta de assassinato do ator Jeff Machado, de 44 anos, no Rio de Janeiro, tem despertado a atenção. O caso, que vem se arrastando desde janeiro, ainda não foi totalmente esclarecido. Neste domingo, 28, o Fantástico divulgou a identidade um dos suspeitos de ter cometido o crime: Bruno de Souza Rodrigues, um amigo da vítima. Confira tudo o que se sabe até agora sobre o caso.

Quem foi Jeff Machado?

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Jeff Machado nasceu em Araranguá, município do sul de Santa Catarina que tem cerca de 70 mil habitantes. Formado em Jornalismo e Cinema, no início da carreira ele chegou a atuar como colunista social em revistas de Florianópolis e Rio do Sul, município do Vale do Itajaí.

Em 1997, Machado se mudou para São Paulo e, vivendo entre a capital paulista e o Rio de Janeiro, dedicou-se ao estudo das artes cênicas. Em 2008 voltou para Florianópolis, onde trabalhou como assessor de imprensa, produtor, diretor de arte, cenógrafo e vitrinista.

Desde 2014, ele morava no Rio e trabalhava como ator. Seu desaparecimento se deu enquanto ele interpretava um soldado filisteu na novela Reis, exibida desde março de 2022 pela Record TV. Gostava de surfar e também era apaixonado por cães - tinha oito, todos da raça setter e chamados com nomes de artistas.

"Meus filhos Tim Maia, Nando Reis, Elis Regina, Cazuza, Vinícius de Moraes, Gilberto Gil, Rita Lee e Caetano Veloso", escreveu Machado em uma publicação no Instagram em 1 de janeiro deste ano, quando desejou "Feliz 2023!" aos seguidores.

Na rede social, em que tinha 10,9 mil seguidores, ele se apresentava como ator, modelo, produtor jornalista, assessor de imprensa e "pai de cães". Desde o seu desaparecimento, o perfil - que vem sendo gerenciado por familiares e amigos - já ganhou quase 5 mil novos seguidores que comentam as postagens com mensagens de carinho e indignação.

"Justiça para Jeff Machado. Não o conheci mas sua simplicidade e carinho são notáveis. Meus sentimentos à família e aos amigos. Seu nome não será esquecido", escreveu o comediante Marcelo Adnet em uma das postagens.

Quando e como ele desapareceu?

Jeff Machado foi visto pela última vez em 17 de janeiro, saindo de uma festa no bairro de Campo Grande, na zona oeste do Rio. Seu desaparecimento foi notado após seus cães terem sido encontrados abandonados - cinco deles foram resgatados, dois morreram e um está desaparecido.

Em entrevista ao ND+, a mãe do artista, Maria das Dores, afirmou que a última vez que se comunicou com ele foi no dia 29 de janeiro, mas que vinha estranhando as mensagens trocadas com o filho. Ele disse para a mãe que viajaria a São Paulo para uma entrevista de emprego e que ficaria hospedado na casa de uma amiga.

"Ele escreveu que passou em Aparecida, rezou e ficou no apartamento dessa amiga. Contou que foi trabalhar no outro dia, se apresentou. O pessoal gostou da sugestão que ele deu. Falou também que deixou o celular cair no vaso e, por isso, não estava conseguindo fazer chamada de vídeo. Tudo se justificando", disse a mãe, ressaltando que o filho e ela tinham o hábito de fazer videochamadas.

Como os cachorros de Jeff Machado contribuíram para a solução do caso?

Uma ONG de resgate e proteção dos direitos dos animais chamada Indefesos recebeu um pedido de resgate de dois cães de raça abandonados no bairro Paciência, na zona oeste do Rio, na noite do dia 31 de janeiro deste ano.

No dia seguinte, 1º de fevereiro, os animais foram resgatados e encaminhados para uma clínica veterinária parceira para avaliação e exames, como a entidade costuma proceder nos resgates. A partir de chips implantados nos animais (algo comum em raças raras), a ONG conseguiu identificar que o Jeff Machado era o dono.

"Em contato com o (suposto) Sr. Jefferson Machado, a ONG Indefesos soube que eram oito cães setter e que todos tinham sido deixados por ele aos cuidados de uma amiga, enquanto ele se encontrava em outro Estado a trabalho", disse a entidade, que começou a buscar então pelos outros cães.

Até então, o ator não tinha sido dado como desaparecido, já que outra pessoa, passando-se por ele, mantinha contato com a família via mensagens de texto pelo WhatsApp. Somente no decorrer das investigações policiais esse fato foi confirmado.

Outros cinco cães do ator foram encontrados posteriormente - dois deles morreram - e um segue desaparecido. Um cão foi encontrado em Campo Grande, na zona oeste, último local em que o ator havia sido visto e onde o seu corpo foi localizado posteriormente.

No dia 2 de fevereiro, um homem que se apresentou como Giovani entrou em contato com a ONG e afirmou teria ajudado Machado a abandonar seus cães. Ele relatou o abandono e um boletim de ocorrência por abandono de cães foi registrado pela entidade em 6 de fevereiro na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente do Rio de Janeiro (DPMA/RJ).

A informação sobre o abandono dos cães alertou a família do ator, que acionou então a polícia pelo desaparecimento. Foi aberta então uma investigação sobre o paradeiro de Jeff Machado.

Onde e quando o corpo foi encontrado?

A partir da denuncia de desaparecimento, agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros pediram a quebra de sigilo do telefone de um suspeito do caso e descobriram que o ator estava morto há cerca de 15 dias - ou seja, desde aproximadamente o dia 17 de janeiro, quando foi visto pela última vez, saindo de uma festa em Campo Grande.

No dia 22 de maio o corpo do ator foi finalmente encontrado, dentro de um baú, enterrado abaixo do piso de uma casa em Campo Grande sob dois metros de concreto. Estava em estado avançado de decomposição, com os braços amarrados acima da cabeça e ferimentos no pescoço.

O baú onde o corpo de Jeff estava guardado é similar a outros modelos encontrados na casa do ator, em Vargem Grande, o que reforçou a suspeita de que o assassino seria alguém próximo à vítima.

A Polícia Civil ouviu a proprietária e alguns vizinhos do imóvel onde ele foi encontrado. A investigação tenta agora determinar quais seriam as motivações por trás do crime e a identidade dos autores.

Quem é o suspeito do crime?

Um dos suspeitos do assassinato do ator Jeff Machado é o amigo da vítima Bruno de Souza Rodrigues, de acordo com o Fantástico. Segundo as investigações, a casa em que o corpo do ator foi encontrado foi sublocada por Bruno um mês antes do desaparecimento.

O advogado da família, Jairo Magalhães, afirma que uma das linhas de investigação é que Jeff teria sido enganado com a promessa de entrar em uma novela. A mãe do ator afirmou ao programa da Rede Globo que o ator teria desembolsado mais de R$ 12 mil para conseguir o papel.

"Pagou R$ 12 mil, depois R$ 2 mil porque tinha que fazer uma filmagem, mais R$ 2 mil porque não sei o que... Você tem um sonho que ele é tão forte dentro de ti que a impressão é que você fica cego pra realidade", disse Maria das Dores.

A investigação tenta agora determinar quais seriam as motivações por trás do crime e a identidade dos autores. A suspeita é de que mais de uma pessoa tenha participado do assassinato. "Não tem como uma pessoa só ter sido responsável por esse crime bárbaro", defende o advogado da família.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a dar continuidade às investigações contra o deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da CPI do MST, por suspeita de ter incentivado atos golpistas em Brasília e no Rio Grande do Sul.

A notícia-crime contra Zucco foi enviada pelo Ministério Público Federal ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Como o deputado, eleito em 2023, passou a ter prerrogativa de foro, o caso foi enviado ao STF. A decisão de Moraes é da última quarta-feira, 17.

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Na tarde de nesta terça-feira, 23, no primeiro dia da CPI, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) começou a ler uma notícia sobre a investigação. Zucco cortou seu microfone e interrompeu sua fala.

A Polícia de São Francisco, nos Estados Unidos, liberou os corpos do casal de brasileiros José Claudionor da Cruz, de 29 anos, e Andressa Pereira Cares, de 26, encontrados mortos no dia 8 de maio, no apartamento que alugaram, na cidade do Estado da Califórnia. Os corpos devem chegar ao Brasil na próxima semana e serão sepultados em Brasília. As causas das mortes ainda são desconhecidas. O caso está sob investigação da polícia norte-americana.

De acordo com o advogado da família, Alair Ferraz da Silva Filho, a previsão é de que o laudo, capaz de determinar o que causou a morte do casal, só fique pronto em 90 dias, contados a partir da liberação dos corpos.

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"O sistema nos Estados Unidos é diferente do nosso. O xerife, que é a autoridade policial do condado, pede o laudo e aguarda o trabalho dos peritos, que é minucioso, mas não têm a mesma rapidez que aqui. Infelizmente, vamos ter de aguardar para saber o que aconteceu."

Segundo ele, os familiares já prepararam o local de sepultamento e custearam o traslado dos corpos, por via aérea. No caso da jovem, uma vaquinha virtual contribuiu para custear as despesas, de US$ 20 mil (cerca de R$ 100 mil).

"A família está cuidando agora da burocracia que envolve o embarque e desembarque dos corpos, que devem ocorrer na próxima semana", disse o advogado. O Consulado-Geral do Brasil em São Francisco tem apoiado os familiares nos contatos com as autoridades locais.

Dono de um bar e restaurante no Setor Sul do Lago Paranoá, em Brasília, José Claudionor viajou para os Estados Unidos com a namorada Andressa em janeiro deste ano. Eles alugaram um apartamento em São Francisco. O casal estava junto havia dez anos e tinha planos de voltar para o Brasil em junho próximo. Eles falavam diariamente com os familiares, no Distrito Federal, mas deixaram repentinamente de dar notícias.

Os corpos foram encontrados no dia 8 de maio, no quarto do apartamento. Não havia sinais de violência aparente e o imóvel estava trancado, sem sinal de arrombamento. Para o acesso ao interior, foi usada a chave reserva que estava em poder da proprietária do imóvel. A hipótese inicial, de morte por inalação de gás, foi prontamente descartada, já que não havia esse tipo de instalação no apartamento.

Na ocasião, o Departamento de Polícia de São Francisco informou que os agentes encontraram os corpos no apartamento por volta das 7 horas da manhã do dia 8, uma segunda-feira. Uma equipe médica esteve no local e constatou a morte. Os corpos foram levados para o instituto de medicina legal da cidade. Segundo nota da polícia, não foram encontrados, no momento da investigação preliminar, sinais ou evidências de crime.

Conforme relato de familiares, José Claudionor e Andressa se conheceram no ensino médio e logo a amizade se transformou em amor. A jovem, natural de Goiânia (GO), já havia feito muitas viagens pelo Brasil e queria conhecer o exterior. Ela pretendia aperfeiçoar o inglês nos Estados Unidos. Claudionor decidiu acompanhá-la. Segundo as famílias, eles já preparavam a volta para casa quando aconteceu a fatalidade.

O empresário alemão, identificado como Wolfgang Brog, de 75 anos, foi denunciado por uma adolescente de 15 anos no estado do Amazonas, após ela gravar o próprio estupro e conseguir colocar fim a um ciclo de abusos, do qual era vítima desde os 6 anos de idade. Com a denúncia, ela acabou revelando para as investigações um esquema muito maior envolvendo a exploração sexual de crianças e adolescentes da região.

"Eu tinha 6 anos quando ele começou a passar a mão em mim e me abusar. Ele passava a mão em mim quando eu estava dormindo. Ficava com medo", disse a adolescente ao programa Fantástico, da rede Globo, que foi ao ar neste último domingo (21).

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De acordo com a polícia, através dos rios da região, o criminoso transportava outras menores de idade até a pousada Cheiro de Mato, que fica em uma área de mata em Manaus, a cerca de 120 quilômetros da cidade, no meio da floresta amazônica. Após a denúncia, Wolfgang fugiu para seu país de origem em abril.

Ainda de acordo com os agentes que investigam o caso, a mãe e a tia da jovem, agiam juntas a Wolfgang na violência contra a menor. "Ela (a mãe) enxergou a possibilidade de ganhar dinheiro com a filha com a exploração sexual da adolescente", disse a delegada responsável por apurar a ocorrência.

A delegada Joyce Coelho ainda informou a equipe de jornalismo do Fantástico que as crianças e as adolescentes eram oferecidas aos hóspedes. "Ele tinha uma embarcação privada, só para esse transporte", disse.

Durante os estupros, a menina era obrigada a usar algemas e correntes. "Ele mandava vestir saia, salto alto e algema. Ele botava em mim. Às vezes ficava até dolorido na minha mão, ficava com marca da algema", conta a jovem.

Uma outra vítima do abusador foi localizada na semana passada. A mulher, que hoje tem 31 anos, afirma que foi estuprada desde a infância. Ela relatou que sua irmã também sofria com as violências sexuais.

O vídeo serviu como prova para o início das investigações da polícia e, no fim de março, com a ajuda de uma tia paterna, a menina denunciou os abusos. A mãe chegou a ser presa, mas foi solta pela Justiça na audiência de custódia. Na última quinta-feira (18), ela voltou a ser presa.

O que dizem os suspeitos

O alemão Wolfgang Brug enviou áudios para a equipe do Fantástico e se defendeu das acusações de violência sexual de menores, dizendo que são "construídas".

"Não tem nenhuma prova sobre isso, tá? Eu nem sei de quem eles estão falando, que mulheres são isso", disse.

O suspeito falou que não pretende voltar ao Brasil no momento. "É claro que eu quero voltar para o Brasil, mas nessa situação, no momento, é muito difícil".

A defesa da mãe da adolescente, Keila Vilhena, afirmou por nota que os fatos serão devidamente esclarecidos ao longo do processo judicial e que segue com total convicção da inocência da acusada.

 

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou nesta terça-feira (18) os parentes de Marielle Franco a ter acesso às provas da investigação que apura os mandantes do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e do motorista Anderson Gomes.

A decisão foi motivada por um recurso protocolado pela família de Marielle contra decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) que impediu o acesso. O caso é acompanhado pela defesa de Mônica Benício e Marinete da Silva, viúva e mãe de Marielle, e Agatha Arnaus, viúva de Anderson.

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O tribunal fluminense entendeu que, na condição de assistente de acusação, os advogados da família só podem ter acesso às investigações após o recebimento da denúncia, ou seja, somente quando uma ação penal for aberta. Atualmente, o caso está na fase de inquérito.

Na manifestação feita na tribuna do colegiado, a advogada Luciana Pivatto, representante das famílias, disse que o julgamento é determinante para que se saiba quem matou a vereadora e o motorista. Para a defensora, o acesso às provas não pode ser rejeitado pela Justiça. 

"Não há como aventar que o acesso dos familiares traria risco às investigações. As impetrantes, como familiares das vítimas, são as mais interessadas na preservação do sigilo, na condução eficaz das investigações, pois desejam e têm dedicado suas vidas por realização de Justiça por Marielle e Anderson", afirmou.

Relator

Ao analisar o recurso, o ministro Rogério Schietti, relator da petição, entendeu que a família tem direito de acessar as provas já documentadas.  "O direito de acesso da vítima ao que consta no inquérito policial deflui diretamente do princípio republicano. Trata-se de providência essencial ao ofendido de garantir o direito à verdade, à memória, à Justiça e à devida reparação", argumentou.  Schietti também afirmou que o assassinato de Marielle foi cometido pela atuação em favor das comunidades.

"Esse duplo assassinato não foi cometido somente por se tratar de direitos humanos, mas também por se tratar de pauta conduzida por uma mulher vinda da periferia, negra e bissexual. Ingredientes que, em uma cultura patriarcal, misógina, racista e preconceituosa, potencializam a reação de quem se sentiu incomodado, quer pelas denúncias feitas no exercício do mandato parlamentar, quer pela postura de uma mulher que, representando minorias, arrostou milicianos e policiais envolvidos na reiterada e permanente violação dos direitos das pessoas que habitam nas comunidades do Rio de Janeiro", afirmou.

O voto foi seguido por unanimidade pela Sexta Turma.

Execução do crime

Em outro processo sobre a investigação, o policial militar reformado Ronnie Lessa deve ser levado a júri popular. Ele é acusado de ser um dos executores dos assassinatos.  Em 14 de março de 2018, Marielle Franco e Anderson Gomes foram baleados dentro do carro em que transitavam na região central do Rio de Janeiro.

A Espanha anunciou nesta quinta-feira (13) uma investigação do chatbot americano ChatGPT, no mesmo dia em que a França fez o mesmo e a União Europeia iniciou um grupo de trabalho sobre essa tecnologia.

A Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) informou em comunicado que "iniciou oficialmente" uma "investigação da empresa americana OpenAI, proprietária do serviço ChatGPT, por uma possível violação dos regulamentos" sobre proteção de dados.

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As autoridades italianas bloquearam em 31 de março o ChatGPT - um robô de inteligência artificial que surgiu em novembro e consegue manter conversas complexas com o seu interlocutor - alegando precisamente o desrespeito à legislação sobre dados pessoais.

A autoridade francesa de proteção de dados anunciou nesta quinta-feira sua própria investigação. Enquanto isso, o Conselho Europeu de Proteção de Dados (EDPB), encarregado de coordenar escritórios similares em países da UE, disse ter criado um grupo de trabalho dedicado ao assunto.

Com isso, o EDPB busca a troca de informações entre as autoridades europeias a respeito das possíveis ações a serem tomadas em relação ao ChatGPT.

"Com o início da investigação na Espanha e a participação no grupo de trabalho europeu, a AEPD atua em paralelo (...) como autoridade nacional de supervisão e controle, bem como em coordenação com seus homólogos europeus pelo Comitê", explicou a instituição espanhola.

A AEPD afirmou estar a favor de "tecnologias inovadoras como a inteligência artificial", mas afirmou que o desenvolvimento tecnológico deve ser sempre "compatível com os direitos e liberdades das pessoas".

Depois que a Itália bloqueou o ChatGPT, a OpenAI disse à AFP que estava "comprometida em proteger a privacidade das pessoas" e considerava sua ferramenta compatível com a lei.

Donald Trump se apresentou nesta terça-feira (4) em um tribunal criminal de Nova York, após ter sido indiciado por fraude contábil para encobrir, entre outros, o pagamento de propina para calar uma atriz pornô em 2016. O ex-presidente é alvo, no entanto, de outras investigações, relacionadas abaixo:

- Invasão do Capitólio -

Um comitê do Congresso, dissolvido pela maioria republicana que assumiu este ano a Câmara baixa, investigou o papel de Trump na invasão de seus apoiadores ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, quando os legisladores se preparavam para certificar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020.

Durante várias audiências, o comitê, formado, sobretudo, por democratas, assegurou que o ex-presidente republicano inflamou seus apoiadores antes do ataque e que "fracassou em seu dever como comandante-em-chefe" durante a invasão.

Em seu relatório final, o painel concluiu que Trump não deveria voltar a ocupar um cargo público e recomendou que os tribunais federais abrissem um processo criminal contra ele, sobretudo por incentivar a insurreição. Este é o caso que poderia resultar em acusações mais graves contra Trump.

O promotor especial Jack Smith investiga, ainda, o papel do ex-presidente nas tentativas de revogar os resultados das eleições presidenciais de 2020. Quando concluir as investigações, ele poderá decidir indicia-lo ou não. Mas a última palavra será do secretário de Justiça, Merrick Garland.

- Apuração de votos na Geórgia -

Uma procuradora da Geórgia investiga desde 2021 as "tentativas de influenciar as operações eleitorais" naquele estado do sul do país, onde Biden venceu por estreita maioria em 2020.

Em um telefonema, cuja gravação foi tornada pública, Trump pediu a Brad Raffensperger, alto funcionário local, que "encontrasse" quase 12.000 votos a seu favor.

Fani Willis, promotora do condado de Fulton, que inclui Atlanta, nomeou um grande júri para determinar se há provas suficientes para indiciar o ex-presidente. Pessoas próximas de Trump, como seu ex-advogado pessoal, Rudy Giuliani, testemunharam.

Este grande júri recomendou o indiciamento de várias pessoas, sem revelar se o ex-presidente está entre elas.

- Arquivos da Casa Branca -

Ao deixar a Casa Branca, Trump levou consigo caixas repletas de documentos, apesar de uma lei de 1978 obrigar os presidentes americanos a enviarem todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho aos Arquivos Nacionais.

Em janeiro de 2022, Trump devolveu 15 caixas, mas o FBI, polícia federal americana, estimou que o ex-presidente provavelmente tinha mais em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida.

Posteriormente, agentes do FBI fizeram uma revista com mandado judicial por "retenção de documentos sigilosos" e "obstrução de investigação federal", e confiscaram cerca de 30 caixas mais.

Começou, então, uma intensa batalha legal para determinar a natureza dos documentos apreendidos - sigilosos, pessoais ou com o sigilo suspenso? -, o que atrasou o processo, mas o caso pode resultar em um indiciamento por crime federal. O promotor especial Smith também investiga o caso.

- Assuntos financeiros -

Em janeiro, a Trump Organization foi condenada, em Nova York, a pagar uma multa de até 1,6 milhão de dólares (R$ 8,3 milhões) por fraude fiscal e financeira. É um caso criminal, mas se espera outro na esfera cível dentro de alguns meses.

A procuradora-geral do estado de Nova York, a democrata Letitia James, apresentou um processo contra Trump, seus filhos e a Trump Organization.

Eles são acusados de terem manipulado deliberadamente o valor dos ativos do grupo - que incluem clubes de golfe, hotéis de luxo e outras propriedades - para obter empréstimos mais vantajosos dos bancos ou reduzir impostos.

Letitia pede 250 milhões de dólares (mais de R$ 12,9 bilhões) em indenizações em nome do estado, e a proibição de que o ex-presidente e seus familiares administrem empresas.

burs/cjc/rle/erl/cjc/mvv;lb

Na manhã desta terça-feira (28) uma mulher de 36 anos foi resgatada com vida de dentro de um sepulcro no Cemitério Municipal de Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata do estado de Minas Gerais. O local onde ela foi enterrada faz parte de um conjunto de sepulturas interditadas.

Os funcionários do cemitério quando chegaram para trabalhar perceberam manchas de sangue próximas a uma sepultura fechada com cimento ainda fresco e imediatamente acionaram a Polícia Militar (PM). Os agentes quando chegaram ao local, escutaram uma voz baixa e debilitada pedido socorro, então eles arrombaram a gaveta mortuária e encontraram a vítima com várias marcas de violência no corpo.

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A mulher disse aos policiais que alguns indivíduos encapuzados invadiram a sua residência, bateram nela até desmaiá-la, e que quando acordou, já estava no cemitério. Ainda conforme as investigações, ela foi agredida e sofreu uma lesão na cabeça antes de ser colocada no sepulcro.

Segundo o delegado que acompanha o caso, Diego Candian Alves, os criminosos tiveram como motivação o desacerto referente a uma arma de fogo. Ele também indica que a mulher teria guardado entorpecentes para dois homens, e que o material foi extraviado. Ao saberem do fato, a dupla foi até a residência dela e a agrediram. O companheiro da mulher, que também estava na casa, conseguiu fugir.

Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) conduziram a vítima até o Hospital São João Batista. Ela está recebendo os devidos cuidados da equipe de médicos e psicólogos. O estado de saúde ainda não foi divulgado pela unidade hospitalar.

A prefeitura do município onde ocorreu o crime, que é responsável pelo Cemitério Municipal, disse que não vai comentar o caso.

 

O senador e ex-juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro (União Brasil-PR), usou seu perfil no Twitter para questionar o fato de um dos criminosos do PCC ter como endereço de e-mail o nome “lulalivre1063”, segundo investigação da Justiça. A publicação foi feita neste sábado (25).

“Gostaria de entender por que um dos criminosos do PCC, investigado no plano de sequestro e assassinato, utilizava como endereço de e-mail lulalivre1063?”, escreveu o parlamentar.

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Após investigação, a Polícia Federal (PF) descobriu o endereço em cadastro de linha telefônica utilizada por membros do PCC que tinham o intuito de realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo o parlamentar.

O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre as falas do ex-magistrado.

 

A Polícia Militar de São Paulo investiga o assassinato de um fotógrafo do coletivo Jornalistas Livres, que aconteceu na madrugada de quarta-feira, dia 8, durante uma festa no centro de São Paulo. Segundo relatos de testemunhas, Felipe Ary de Souza, de 25 anos, chegou ao apartamento de alguns amigos na Avenida Ipiranga, na República, região central de São Paulo, acompanhado da namorada. Em determinado momento, Felipe teria se desentendido com outros dois convidados e foi atacado com facas. Um dos agressores fugiu do local após a investida.

Felipe foi levado à Santa Casa de Misericórdia, também no centro paulistano, onde morreu. Ele foi sepultado na manhã de sábado, 11, no Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, zona norte da capital.

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Imagens de câmeras de segurança divulgadas pelo programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, mostram um homem e uma mulher limpando o corredor e deixando o apartamento onde o crime teria acontecido. A polícia ainda analisará as imagens para tentar identificar os envolvidos. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, duas facas foram apreendidas pela polícia no local do crime, registrado no 2° Distrito Policial do Bom Retiro.

Pessoas presentes na festa momentos antes do crime afirmaram que a discussão começou por ciúme, mas não foram dados detalhes. As circunstâncias da morte ainda serão investigadas.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou duas apurações sobre a conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro na esteira da CPI da Covid. As investigações se debruçavam sobre supostos crimes de epidemia e infração de medida sanitária preventiva. Ao acolher pedidos da Procuradoria-Geral da República para o encerramento das apurações, o ministro destacou a atribuição exclusiva do órgão promover ações penais para apurar crimes comuns do presidente da República.

"Em hipóteses como a presente, portanto, em respeito ao sistema acusatório e, notadamente, à titularidade da atribuição de representar por abertura de inquérito - exclusiva da PGR, na compreensão até hoje adotada por esta Corte, em casos que tais - não há como o Judiciário substituir a atividade ministerial exercendo juízo valorativo sobre fatos alegadamente criminosos, atribuição exclusiva do Parquet, reitera-se", afirmou na decisão.

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"Se, dos fatos narrados e suas eventuais provas, apresentados, agora, à autoridade a quem compete investigar e representar por abertura de inquérito perante esta Suprema Corte, não visualizou a Procuradoria-Geral da República substrato mínimo para tais medidas, deve-se acolher seu parecer pelo arquivamento", completou.

Os pedidos de arquivamento das apurações em questão foram feitos pela vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo em junho do ano passado. Ao negar atribuir a Bolsonaro suposta prática de infração de medida sanitária preventiva, ela alegou que o comportamento do presidente, de não usar máscara apesar de ela ser obrigatória à época, "reforça um padrão de conduta que guarda sintonia com seu agir político desde o início da pandemia até os dias atuais, o que indica não haver a autoridade requerida agido com a intenção de gerar risco não tolerado a terceiros".

Já o procedimento que apurou suposto crime de epidemia majorado pelo resultado morte, atingia não só Bolsonaro, mas também o ex-ministro Marcelo Queiroga, o ex-chefe da Casa Civil Walter Souza Braga Netto, o ex-ministro Eduardo Pazuello, o ex-Secretário Executivo do Ministério da Saúde Antônio Élcio Franco Filho, o ex-Subchefe de Monitoramento da Casa Civil Heitor Freire de Abreu, o Secretário de Ciência e Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde Hélio Angotti Netto e o Deputado Federal Osmar Terra.

Lindôra considerou que as "narrativas apresentadas e os elementos de prova angariados no inquérito parlamentar não foram capazes de confirmar a presença das elementares típicas do crime de epidemia majorado pelo resultado morte nas condutas porquanto, ainda que se possa eventualmente discordar de medidas políticas e/ou sanitárias que tenham sido adotadas, nenhum deles propagou germes patogênicos".

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou nesta segunda-feira, 27, o inquérito sobre o papel de autoridades nos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

A decisão atendeu a um pedido da Polícia Federal (PF). Moraes deu mais 60 dias para a conclusão da investigação e pediu um relatório parcial do trabalho desenvolvido até o momento.

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Os investigados no inquérito são:

- O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que foi afastado do cargo na investigação;

- O ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que está preso preventivamente por suspeita de conivência com os manifestantes bolsonaristas;

- O ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Fábio Augusto Vieira, que também chegou a ser preso preventivamente no inquérito, mas foi colocado em liberdade depois que o relatório da intervenção na Segurança do DF descartou omissão;

- O ex-secretário executivo da Secretaria de Segurança, Fernando de Sousa Oliveira, que ocupava interinamente o comando da pasta no dia do ataque, cobrindo férias de Torres.

Todos já prestaram depoimento à Polícia Federal e contestaram a hipótese de que houve omissão ou facilitação dos protestos. Ibaneis Rocha, Anderson Torres e Fernando Oliveira negaram ter sido informados sobre o risco de protestos violentos. Eles citaram um protocolo de ações integradas preparado para o dia 8 de janeiro e afirmaram que não tinham como atribuição cuidar de atividades operacionais.

Já o chefe da Polícia Militar afirmou que as operações foram preparadas com base em informações passadas pelo setor de Inteligência da corporação.

Além da investigação sobre os atos golpistas, o ministro Alexandre de Moraes também prorrogou o inquérito das milícias digitais. A apuração foi aberta em julho de 2021 e mira a atuação de grupos organizados na internet para espalhar ataques e notícias falsas contra as instituições democráticas. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos investigados.

O Exército abriu duas investigações em razão dos fatos de domingo (8) em Brasília. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado na terça-feira, 10, para apurar a conduta do coronel da reserva Adriano Camargo Testoni, que esteve na tomada dos palácios e divulgou dois vídeos em redes sociais ofendendo o Exército e xingando generais do Alto Comando e de sua turma da Academia das Agulhas Negras (1987).

"Forças Armadas filhas da p.... Bando de generais filhos da p.... Vanguardeiros de m..... Covardes. Olha o que está acontecendo com a gente. Freire Gomes (ex-comandante do Exército), filho da p.... Alto Comando do c....... Olha aqui o povo, minha esposa. Esse nosso Exército é um m..... Vão tudo tomar no c.", esbravejou o coronel enquanto se retirava da Esplanada, no domingo, após a PM usar gás lacrimogêneo contra os extremistas. O oficial aparecia abraçado à sua mulher.

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Em seguida, o coronel, que é guerreiro de selva e tem o curso de Montanha, divulgou um segundo vídeo com ofensas. O oficial foi demitido na segunda-feira (9) do Hospital das Forças Armadas, onde era contratado como prestador de serviço por tempo determinado. Sua conduta foi reprovada de forma generalizada pelos oficiais ouvidos pelo Estadão. O IPM do caso foi aberto por determinação do general Gustavo Henrique Dutra Menezes, comandante militar do Planalto.

Testoni foi convocado para depor e devia ter comparecido nesta quarta-feira (11) ao Comando Militar do Planalto (CMP), mas entregou atestado médico para justificar a ausência. Um dia antes, divulgou vídeo desculpando-se com os colegas de turma. O CMP quer concluir o IPM até sexta-feira (13) e enviá-lo ao Ministério Público Militar, pois já dispõe das provas do delito: os vídeos publicados pelo coronel. A outra investigação vai apurar a ação do Batalhão de Guarda presidencial no domingo.

A decisão ocorre em meio ao grande desconforto dos militares que se recusaram a dar o golpe pretendido pelos vândalos e se veem agora criticados pela esquerda - que os acusa de leniência com os extremistas - e pelos bolsonaristas, que se sentem traídos. Nesta quarta-feira, o general Dutra visitou seis unidade sob seu comando. Em uma delas, justificou à tropa formada as prisões dos acampados na frente do QG do Exército, em Brasília: "Fizemos o certo. Não tem caminho fora do que é o certo."

Casos de indisciplina

Os casos de indisciplina envolvendo oficiais da reserva estão se multiplicando. Além de Testoni, outros militares da reserva estavam presentes entre os extremistas que invadiram as sedes dos três Poderes, como o general de brigada da reserva Ridauto Lúcio Fernandes (um dos oficiais ofendidos pelo coronel Testoni). Dutra , o comandante do Planalto, também é da mesma turma de Testoni. Durante os protestos, o capitão-de-mar-e-guerra da reserva da Marinha José Fortuna também participou da ação dos radicais e acabou demitido do Ministério da Defesa, onde trabalhava. Por enquanto, só Testoni foi alvo de IPM no Exército.

O gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras, extinguiu, em novembro do ano passado, grupos de investigação do Ministério Público Federal sobre a ação de extremistas políticos. A PGR também devolveu a procuradores nos Estados pedidos de informações ao Exército e à Polícia de Brasília sobre acampamentos em quartéis. Em outro movimento, Aras acionou a corregedoria contra procuradores que buscavam no Supremo Tribunal Federal (STF) informações para alimentar esses inquéritos.

Aras é criticado por colegas da PGR, e por procuradores de outras instâncias, por demonstrar alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que o nomeou. Procuradores e integrantes da PGR relataram ao Estadão que Aras tem demorado a agir, especificamente no caso dos atos de extremistas, por considerar que pode esbarrar em direitos como a liberdade de expressão dos manifestantes.

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Após os atos de vandalismo em Brasília, no domingo (8), subprocuradores-gerais pediram, em ofício, que PGR tome medidas "necessárias à proteção do regime democrático". No documento, Aras é pressionado para buscar a responsabilização criminal do governador afastado Ibaneis Rocha (MDB). O ofício é assinado por dez subprocuradores-gerais da República.

Entrave

Documentos aos quais o Estadão teve acesso mostram que Aras está em constante conflito com procuradores que buscam investigar responsáveis por manifestações que questionam o resultado das eleições.

Em um dos casos, procuradores do Rio de Janeiro haviam feito um pedido endereçado ao STF e outro ao PGR, em um expediente usual, para obterem acesso a informações do inquérito das fake news, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes. No documento, eles mencionam que estavam investigando "as manifestações com a finalidade de incitar forças militares a promoverem um golpe de Estado".

Além disso, os procuradores pediram o envio de informações obtidas pela PF, pela PRF, pelas Polícias Militar e Civil "quanto à identificação de lideranças e veículos utilizados em bloqueios de rodovias fluminenses e manifestações realizadas em frente a unidades das Forças Armadas fluminenses".

Chefe de gabinete de Aras, Darlan Airton Dias, procurador regional da República, encaminhou o pedido à Corregedoria do MPF para que o órgão avalie se houve "inobservância de atribuição legal conferida ao PGR", por considerar que eles teriam atropelado as atribuições de Aras. A corregedora-geral, Célia Alvarenga, aliada de Aras, afirmou, em despacho, que os procuradores reduziram Aras a um "mero repassador de ato praticado por colega da carreira".

Em outra investigação, na esfera civil, onde não há foro privilegiado, a Procuradoria dos Direitos do Cidadão (PRDC) abriu procedimento para apurar responsabilidades sobre atos antidemocráticos em Brasília, em novembro, após o resultado das eleições. Também na condição de expediente usual nesse tipo de inquérito, procuradores queriam oficiar o Comando do Exército, o Ministério da Defesa, a Secretaria de Segurança Pública de Brasília e o Detran para que fornecessem informações e adotassem providências.

O chefe de gabinete de Aras, dessa vez, devolveu o documento sob a alegação de que ela não tinha atribuição específica para conduzir a investigação. Segundo ele, esta deveria ser uma apuração de competência criminal.

Procuradores se queixam também da centralização de poderes dentro da PGR. Aras extinguiu no ano passado grupos criados em pelo menos três Estados e no Distrito Federal por procuradores-chefes do MPF para reforçar investigações sobre os atos antidemocráticos.

No lugar deles, Aras criou uma comissão na PGR que se reuniu apenas uma vez desde sua criação até domingo, quando bolsonaristas invadiram os prédios públicos. Somente nesta segunda, 9, o PGR autorizou que procuradores de primeira instância reforçassem o MPF no Distrito Federal, onde são esperadas até mil audiências de custódia de presos após os atos violentos.

Resposta

Por meio da assessoria de imprensa, a PGR afirmou que, no caso dos procuradores do Rio, "pela Constituição e pela Lei Complementar 75/93, quem atua no STF é o PGR e o peticionamento direto constitui, em tese, uma violação da legislação". Já no caso da Procuradoria dos Direitos do Cidadão, a PGR afirmou que o órgão "pretendia a obtenção de dados típicos de investigação criminal, sem ter atribuição legal para isso".

O Ministério Público Federal (MPF) concluiu as investigações sobre as denúncias de assédio sexual e moral na Caixa, praticados pelo ex-presidente do banco, Pedro Guimarães. O processo está sob sigilo e, portanto, não é possível confirmar se o ex-gestor é alvo de acusação formal ou se será condenado criminalmente.

Desde a divulgação das denúncias feitas por empregadas do banco, há quase sete meses, Guimarães e outros executivos do banco acusados de praticar os assédios não sofreram condenações na Justiça. A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) acompanha de perto os desdobramentos do caso e pede a punição rigorosa aos autores. 

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“Não vamos deixar passar sem que sejam punidos todos os evolvidos neste escândalo que, infelizmente, manchou a história da Caixa”, disse o presidente da Federação, Sergio Takemoto. Em setembro do ano passado a Fenae solicitou ser assistente na ação do Ministério do Trabalho (MPT) que pede a condenação de Guimarães e da empresa.

A ação do MPT pediu a condenação de Pedro Guimarães ao pagamento de R$ 30,5 milhões pelos danos causados às mulheres. Também solicitou que a Caixa pague R$ 305 milhões pela omissão na investigação.    De acordo com a conclusão do MPT, o número de assédio quadruplicou no banco durante a gestão do ex-presidente. Entre 2013 e 2018, a média de denúncias de assédio recebidas pela Caixa era de 80 por ano. A partir da gestão de Pedro Guimarães, em 2019, até o dia 1 de setembro de 2022, a média subiu para 343 denúncias por ano – um aumento de 425%.   

Gestão humanizada - A escolhida do presidente Lula para presidir a Caixa, a diretora da Fenae e Conselheira de Administração do banco, Rita Serrano, falou com a Federação sobre a crise reputacional do banco após as denúncias e avisou que o assédio na Caixa vai ficar para trás. “É um escândalo vergonhoso para a história da Caixa”, disse. “Mas a era de assédio vai acabar. Nós vamos humanizar as relações de trabalho”, afirmou.   

“Assédio Nunca Mais” – No último mês, a jurista e advogada atuante nos processos das denúncias da Caixa, Soraia Mendes, conversou com a Fenae sobre o caso. Para ela, este é o maior escândalo de assédio sexual no Brasil. Ouça o podcast no Spotify ou assista no Youtube da Fenae a conversa, que teve a participação da diretora de Políticas Sociais da Fenae, Rachel Weber e da psicóloga do trabalho, pesquisadora e professora Fernanda Sousa Duarte.

*Da assessoria 

Em uma investida para conter excessos de magistrados em meio às eleições de 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) proferiu nove decisões pela derrubada de redes sociais de juízes e desembargadores em razão de manifestações políticas. Um balanço do órgão obtido pelo Estadão mostra que 21 investigações foram abertas sobre a conduta de 18 togados por razões que incluem divulgação de notícias falsas e ofensas a candidatos.

Na lista, figuram juízes que xingaram candidatos, puseram as urnas em xeque, flertaram com atos golpistas em frente aos quartéis e até desejaram a morte do atual presidente e seus familiares. A derrubada de redes sociais representa o endurecimento da magistratura contra interferências indevidas da toga no processo eleitoral. A conduta foi adotada pela primeira vez neste ano, em um entendimento do corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão.

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Em setembro, o ministro determinou que ficam vedadas manifestações de magistrados que contribuam para o "descrédito do sistema eleitoral ou que gerem infundada desconfiança social acerca da Justiça, segurança e transparência das eleições", além de canais que impulsionem esse tipo de conteúdo.

A medida foi uma reação a um período pré-eleitoral marcado por constantes questionamentos do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores sobre as urnas. Uma das citada é Ludmila Lins Grilo, da vara criminal e da infância de Unaí (MG). Seguidora do escritor Olavo de Carvalho, ela oferece o curso online a advogados chamado ‘Direito e a Guerra Cultural". A magistrada também publicou uma montagem com a foto de Salomão e o título "Os perseguidores-gerais da República". Ludmilla já foi punida em razão de uma publicação na qual ensinava seus seguidores a driblar o uso de máscaras em locais fechados durante a pandemia.

O desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE) Bartolomeu Bueno de Freitas entrou na mira do CNJ em razão de publicações após a morte da cantora Marília Mendonça. "Morreu jovem. Porque não morrem essas desgraças como Bolsonaro e os filhos. Paulo Guedes, Edir Macedo e essa tropa de meliantes do governo federal. Estou começando a ficar triste com Deus", afirmou nas redes.

PUNIÇÕES

Segundo o CNJ, investigações por mau uso de redes sociais resultaram em punições como a disponibilidade do cargo - afastamento com direito de receber vencimentos proporcionais. Um dos casos foi do juiz Glaucenir de Oliveira, que acusou, em um áudio, o ministro Gilmar Mendes, do STF, de receber propina.

Procurados, os magistrados citados não se manifestaram até a conclusão desta edição.

Antes de Jair Bolsonaro (PL) deixar o Palácio do Planalto e perder o foro privilegiado, a Procuradoria-Geral da República apresentou novos pedidos de arquivamento de investigações criminais que envolvem o presidente da República. Desde setembro, nas vésperas do primeiro turno, a PGR solicitou dez arquivamentos de inquéritos e pedidos de investigação que envolvem Bolsonaro. Em ao menos cinco destes inquéritos relacionados ao relatório final da CPI da Covid, as solicitações foram negadas pelo Supremo Tribunal Federal. Em três, a Corte deu à Polícia Federal o protagonismo de parte das investigações.

Nos autos dos processos, senadores da CPI da Covid e uma associação de vítimas da pandemia têm rebatido a PGR e apelado à Corte para que não enterre os inquéritos. Parte dos procedimentos nem sequer virou inquérito formal e o Ministério Público não chegou a promover diligências mais aprofundadas.

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Na prática, se estas investigações não forem encerradas até o último dia de dezembro, serão enviadas pelo Supremo ao Ministério Público Federal em primeira instância. Nas mãos de outros procuradores - que podem ter entendimentos diferentes dos do procurador-geral da República, Augusto Aras -, os procedimentos poderão ser mantidos ou arquivados.

Após mais de cem dias da CPI da Covid, a PGR solicitou ao Supremo ao menos uma dezena de investigações preliminares sobre a atuação de Bolsonaro, ministros e aliados com base no relatório do colegiado. Em pelo menos nove apurações foi requerido arquivamento.

Em três inquéritos, a presidente do STF, Rosa Weber, contrariou os pedidos da PGR, assinados pela vice-procuradora-geral Lindôra Araújo. Nestes procedimentos, Bolsonaro é investigado pelos crimes de emprego irregular de verba pública, charlatanismo e prevaricação na pandemia. Trata-se de crimes que, se somados, alcançam dois anos e três meses de prisão.

Cooperação

Por meio da advocacia do Senado, a cúpula da CPI da Covid rebateu os pedidos da PGR e afirmou que Lindôra minimiza as imputações feitas aos implicados no relatório da comissão "até mais do que as próprias defesas dos investigados". Os senadores solicitaram que as investigações fossem encaminhadas à PF.

Ao acolher o pedido da CPI, a presidente do STF justificou que, mesmo tendo o poder de definir os rumos das investigações, elas devem ser feitas em "cooperação" entre a autoridade policial, "que preside o inquérito", e "outros órgãos estatais excepcionalmente incumbidos do ofício investigativo" para "maior eficiência à atividade persecutória do Estado".

Há uma semana, a PF afirmou ao STF que fará as diligências necessárias para concluir a investigação e pediu a prorrogação dos prazos dos inquéritos. Em ofício à Corte, o delegado Elias Milhomens de Araújo disse que ainda não recebeu os dados da PGR e do Senado para dar andamento aos casos.

No mesmo dia, a Procuradoria-Geral da República enviou ao STF mais um pedido de arquivamento de inquérito contra Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, Osmar Terra, Bia Kicis e Carla Zambelli, todos indiciados pela CPI por incitação ao crime. Neste caso, o pedido tem o endosso da PF, que concluiu que o presidente, os ex-ministros e os parlamentares não praticaram crimes. A CPI sustentava que Bolsonaro cometeu delitos ao desencorajar o isolamento social e medidas preventivas na pandemia. O relator do caso é o ministro Luís Roberto Barroso, que ainda não decidiu se acolherá o pedido.

Live

O presidente é ainda alvo de três inquéritos sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Na apuração sobre fake news, Bolsonaro é investigado por causa de live em que atacou as urnas eletrônicas. Outro inquérito apura as circunstâncias em que o presidente divulgou dados sigilosos de um inquérito sobre suposta invasão hacker aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral.

Em ambos os casos, a PGR pediu o arquivamento das investigações, o que foi negado por Moraes. Na busca por referendar suas decisões, o ministro pôs o caso para votação no plenário virtual. O julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro André Mendonça.

A PGR também pediu ao Supremo o arquivamento da investigação sobre suposta interferência do governo na PF, aberta com base na denúncia do senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) quando ele deixou o Ministério da Justiça. A PF se manifestou pelo encerramento da investigação.

Após deixar o governo federal, o presidente voltará a responder por ações penais pelos crimes de injúria e incitação ao crime, referentes à queixa-crime movida pela ex-ministra Maria do Rosário. Quando deputado, Bolsonaro disse que a petista "não merece" ser estuprada porque é "feia". Estas ações foram abertas pelo STF, mas acabaram suspensas quando o presidente foi eleito, em razão da prerrogativa de não responder a processos anteriores ao exercício do cargo.

O presidente pode ainda ter um reencontro com investigações sobre supostos desvios de salários de gabinetes de seus filhos e de seu próprio gabinete à época em que era deputado.

A Advocacia-Geral da União defende Bolsonaro nestes inquéritos. Nos autos, o órgão afirma que não há "justa causa" para investigar o presidente. No caso dos pedidos da CPI atendidos pelo STF para prorrogar investigações e passar o caso para a PF, a AGU disse que deve ser mantido o entendimento pelo arquivamento sob pena de "admitir estranha intervenção processual em que determinado indivíduo pleiteia medidas em nome da entidade (MPF) que goza de legitimidade processual para, em nome próprio, falar em juízo, em espécie de tutela ou curatela não prevista em lei". Em relação aos inquéritos de Moraes, a AGU tem reiterado que "não há conteúdo ilícito em sua conduta que pudesse justificar" as investigações.

Procuradas neste domingo, 13, a AGU e a PGR não se manifestaram.

Alckmin deve continuar a responder ação por caixa 2

Eleito vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB) deverá continuar a responder pela ação em que é acusado de receber R$ 11 milhões da Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014 à eleição e à reeleição ao governo de São Paulo. O Ministério Público paulista acusa Alckmin, o ex-secretário e tesoureiro de campanha Marcos Monteiro e outros por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa 2.

Fontes ligadas ao caso afirmaram ao Estadão que o processo deve continuar porque o trecho da Constituição Federal que prevê a suspensão de todos os processos criminais iniciados antes do mandato atual se refere apenas ao presidente da República.

A investigação foi aberta com base na delação da Odebrecht. Foi abastecida por áudios do doleiro Álvaro Novis, que era contratado pela empreiteira para gerar dinheiro em espécie e realizar pagamentos a políticos e agentes públicos. Atualmente, o processo está em fase de instrução.

O advogado José Eduardo Alckmin, que defende o vice-presidente eleito, disse que decisões do Supremo Tribunal Federal mostram que "não basta haver delação premiada" nos processos para acusar e condenar réus. "É uma prova tênue.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo defendeu ao Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira (9), o arquivamento de três pedidos de investigação contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, por supostos crimes de incitação ao crime, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, violência política, racismo, peculato e prevaricação. Os pareceres foram enviados no final da tarde aos gabinetes dos ministros Dias Toffolli e Ricardo Lewandowski.

As manifestações se referem a condutas do chefe do Executivo em diferentes ocasiões: no Bicentenário da Independência, com suposto uso da "burocracia estatal" para praticar atividade político-partidária; por suposto estímulo a "práticas violentas, de ódio e intolerância, contra brasileiros que professam pensamentos e ideologias diferentes", após o assassinato do petista Marcelo Arruda por um bolsonarista; e por manifestações homofóbicas e transfóbicas proferidas em Imperatriz, no Maranhão, em julho.

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Com relação ao primeiro caso, Lindôra defendeu a rejeição do pedido de investigação feito por deputados da oposição sob o argumento de que não há "elementos informativos mínimos" que justifiquem a abertura de investigação contra Bolsonaro por causa de sua conduta no feriado de 7 de Setembro.

"A partir da análise da notícia-crime, não se constata a presença de indícios mínimos de apropriação ou desvio de recursos ou bens públicos, em proveito próprio ou alheio, por parte do Presidente da República no contexto de discursos proferidos em celebrações do bicentenário da independência do país", ponderou.

Com relação ao pedido de parlamentares de oposição, para que o presidente fosse investigado por declarações que incitariam a violência política, a vice-procuradora-geral da República argumentou que o pedido não reunia "condições necessárias para ensejar a instauração de Procedimento de Investigação Criminal". "Não há nenhum nexo causal entre a conduta de Jair Messias Bolsonaro e os crimes exemplificados. Da leitura da representação inicial, não é possível observar mínimo liame entre o Presidente da República e Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal denunciado como autor dos disparos que vitimaram Marcelo Arruda", registrou.

O último pedido de investigação partiu da deputada eleita Erika Hilton, após Bolsonaro afirmar: "O que nós queremos é que o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda. A Mariazinha seja Maria a vida toda, que constituam família, que seu caráter não seja deturpado em sala de aula como queria aquele decreto de 2009…".

Para Lindôra, as falas de Bolsonaro "são desprovidas da finalidade de repressão, dominação, supressão ou eliminação, inexistindo portanto conteúdo discriminatório apto a configurar o tipo penal".

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