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O governo publicou em edição extra do Diário Oficial da União a Medida Provisória (MP) 584, que dispõe sobre medidas tributárias referentes à realização, no Brasil, dos Jogos Olímpicos de 2016 e dos Jogos Paraolímpicos de 2016. A MP concede desoneração de impostos nas importações de bens, mercadorias ou serviços para uso ou consumo exclusivo da atividades vinculadas à organização ou realização dos eventos relacionados, tais como troféus, medalhas, placas, bandeiras, material promocional, impressos, folhetos e outros bens não duráveis (aqueles cuja vida útil seja de até um ano).

Essa isenção abrange o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) vinculado à importação; Imposto de Importação; PIS/Pasep-Importação; Cofins-Importação; Taxa de Utilização do Sistema Integrado de Comércio Exterior; Taxa de Utilização do Sistema Eletrônico de Controle da Arrecadação do Adicional do Frete para Renovação da Marinha Mercante; Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante; Cide sobre importação de combustíveis e Contribuição para o Programa de Estímulo à Interação Universidade-Empresa para o Apoio à Inovação.

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A MP trata ainda das isenções a serem concedidas a pessoas jurídicas envolvidas na realização dos eventos, como Comitê Olímpico Internacional. Entre as isenções estão imposto de renda retido na fonte, IOF e contribuições sociais. O capítulo 1 do texto da MP define as entidades a serem consideradas para o benefício e os tipos de eventos e atividades relacionados aos jogos que serão observados para a isenção tributária.

Os incentivos à economia concedidos pelo governo federal sob a forma de desonerações tributárias dão fôlego ao consumo e à produção, mas afetam as contas de estados e municípios. A renúncia na arrecadação de tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis, inclusos nas transferências legais da União para as cidades e unidades da Federação, faz encolher o orçamento de governos estaduais e municipais.

O mais recente relatório bimestral de receitas e despesas do Ministério do Planejamento, divulgado em julho, diminuiu em R$ 4,9 bilhões a projeção de transferências legais e constitucionais da União para os estados e municípios em 2012, de R$ 181,2 bilhões para R$ 176,2 bilhões. O documento atribui a queda à “redução na previsão de arrecadação do Imposto de Renda, IPI e da Cide”.

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Além disso, embora o último resultado do Tesouro Nacional mostre que nos sete primeiros meses do ano os repasses para prefeituras e governos estaduais cresceram 6,8% em relação a igual período de 2011, na comparação entre julho de 2012 e o mesmo mês do ano passado houve queda de 14,7%.

O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, disse que diante de reestimativas dos repasses federais, as prefeituras têm tido que fazer um esforço para readequar seus orçamentos. “Anualmente, é informada a transferência do ano seguinte, para que o município possa fazer o seu orçamento. Só que vem sendo reestimado para baixo”, declarou. De acordo com Ziulkoski, os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que começaram o ano com previsão de R$ 77 bilhões, foram reestimados em menos de R$ 70 bilhões.

Ele citou ainda um estudo da CNM divulgado em junho, segundo o qual as desonerações causarão um impacto de R$ 500 milhões nos repasses às prefeituras. Segundo o presidente da CNM, muitos prefeitos terão dificuldades para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). [Os prefeitos] correm o risco de virar ficha suja. O maior impacto é na saúde e na educação”, disse.

A reportagem da Agência Brasil tentou contato com Manoel dos Anjos, secretário executivo do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), órgão colegiado de secretários estaduais de Fazenda, a fim de obter dados sobre o impacto das desonerações nos estados. Mas, até o fechamento desta matéria, ele não havia retornado as ligações.

Para o advogado tributarista Jacques Veloso, é “inevitável” que prefeituras e governos estaduais sofram algum impacto em função das desonerações. “Como a ideia é desonerar equipamentos, incentivar a produção na indústria, fatalmente o imposto escolhido é o IPI”, ressaltou.

Na avaliação dele, a tendência é que haja uma diminuição nos repasses a curto prazo, mas também uma recuperação mais à frente. “Já tivemos situação semelhante no passado, quando ocorreu a desoneração da linha branca e de automóveis em 2008. Após a queda inicial na arrecadação, houve um incremento muito forte nas vendas, que compensou. Eu reduzo a alíquota, mas elevo o volume da arrecadação tributária”, declarou.

Foi publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial da União (DOU) a Medida Provisória (MP) 582 que desonera alguns setores industriais e de serviços e permite a depreciação de bens de capital para a apuração do Imposto de Renda. Com relação à desoneração, a MP altera a incidência das contribuições previdenciárias devidas pelas empresas de novos setores, relacionados em uma tabela em anexo na medida editada nesta sexta-feira.

Quanto à depreciação de bens de capital para a apuração do Imposto de Renda, a MP permite que as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real tenham direito à depreciação acelerada, calculada pela aplicação adicional da taxa de depreciação usualmente admitida, sem prejuízo da depreciação contábil das máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia anunciado, na semana passada, que empresas que comprassem máquinas e equipamentos ainda este ano receberiam esse incentivo tributário que, na prática, permite reduzir o pagamento de impostos a curto prazo. A MP define que a depreciação acelerada aplica-se aos novos bens, adquiridos entre 16 de setembro e 31 de dezembro deste ano. A apuração da depreciação por esses novos critérios será feita a partir de 1º de janeiro de 2013.

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Fertilizantes

A MP ainda institui o Regime Especial de Incentivo ao Desenvolvimento da Infraestrutura da Indústria de Fertilizantes (REIF), com incentivos tributários para o setor, como a suspensão de pagamento de PIS/Pasep e Cofins; e do IPI vinculado à importação. Diz a MP que é beneficiária do REIF a pessoa jurídica que tenha projeto aprovado para implantação ou ampliação de infraestrutura para produção de fertilizantes e de seus insumos, para incorporação ao seu ativo imobilizado, e a pessoa jurídica coabilitada. A MP diz que os benefícios do regime podem ser usufruídos em até cinco anos, contados da publicação da MP.

A MP altera a incidência de PIS/Pasep e Cofins na comercialização da laranja e reduz o Imposto de Renda devido pelo prestador autônomo de transporte de carga. Altera ainda a lei que trata da abrangência do Regime Especial Tributário para a Indústria da Defesa.

O governo federal publicou nesta terça-feira no Diário Oficial da União decreto que cria grupo de trabalho para fazer uma nova proposta de desoneração da cesta básica. A redução da carga tributária desses produtos, prevista na Medida Provisória 563, foi vetada pela presidente Dilma Rousseff.

Dilma sancionou hoje a Lei 12.715, que é resultado dessa MP e que amplia os benefícios do Plano Brasil Maior, mas reprovou esse item, alegando que "a efetiva desoneração da cesta básica deve levar em conta tributos federais e também estaduais, assim como a geração de créditos tributários ao longo da cadeia produtiva", escreve a presidente em mensagem ao Senado publicada no DOU.

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O grupo de trabalho terá representantes da Casa Civil, dos ministérios da Fazenda, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Saúde, Ipea e IBGE. Estados também serão convidados a contribuir. O grupo terá até 31 de dezembro deste ano para concluir a proposta.

Outros decretos

O Diário Oficial também traz nesta terça-feira outros dois decretos presidenciais. O Decreto 7.806 regulamenta os critérios e procedimentos para a progressão dos servidores da carreira do Magistério do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, e dispõe sobre as Comissões Permanentes de Pessoal Docente das Instituições Federais de Ensino. O decreto 7.807 dispõe sobre a definição de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quinta-feira (13) que 25 setores da economia serão beneficiados com desoneração da folha de pagamento, além dos 20 para os quais o incentivo foi concedido este ano. O benefício levará a renúncia fiscal de R$ 60 bilhões na arrecadação nos próximos quatro anos. Para 2013, a previsão é R$ 12,83 bilhões.

No primeiro semestre de 2012, o governo concedeu igual desoneração a quatro setores. Em agosto, o benefício passou a valer para mais 15. Agora, empresários dos ramos da indústria, serviços e transportes conquistaram redução a partir de janeiro do próximo ano.

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Os setores contemplados deixam de pagar a contribuição de 20% ao INSS e arcam com um percentual sobre o faturamento, como forma de compensação. De acordo com o ministro Guido Mantega, os empresários beneficiados mantiveram diálogo com o governo e optaram por fazer a troca. “São setores de mão de obra intensiva, cuja folha de pagamento tem um peso maior no custo da empresa”, disse Mantega.

Segundo o ministro, em lugar de pagar R$ 21,5 bilhões de INSS, o total de 45 setores beneficiados desembolsará R$ 8,74 bilhões sobre o faturamento. As empresas exportadoras que aderiram à medida não arcam com qualquer forma de encargo, uma vez que não têm faturamento aferido pela Receita Federal.

Parte das desonerações deve ser incluída por meio de emendas na Medida Provisória (MP) 563, que desonerou os 15 setores iniciais. O restante será objeto de nova MP, prevista para sair até o final desta semana. As medidas fazem parte do Plano Brasil Maior, que concede incentivos a diversos ramos da indústria.

Segundo Mantega, a medida aumentará a competitividade da indústria brasileira. “O mundo vive uma crise onde empresas lá fora estão reduzindo custo da mão de obra. Lá, estão diminuindo salários e benefícios dos trabalhadores. Aqui nada disso acontece”, afirmou. Ele prevê um aumento da formalização, face ao custo menor do trabalhador. “O impacto disso será a formalização. [As empresas] poderão estar contratando mão de obra, aumentando emprego”.

 

Longe de provocar o mesmo efeito verificado no mercado de automóveis zero quilômetro, a desoneração do Imposto Para Produtos Industrializados (IPI) dificultou a vida dos empresários que vendem carro de segunda mão. Os preços recuaram assim como ocorreu entre carros zero quilômetro, mas as vendas dos usados tiveram uma queda de 0,9% no bimestre de junho e julho em relação ao mesmo período de 2011, quando não havia o benefício tributário, enquanto os emplacamentos de automóveis zero quilômetro cresceram 26,4%. Os empresários do ramo também reclamam da restrição ao crédito para a compra do seminovo, situação que levou a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) a pedir ao governo federal linhas de financiamento especiais para a compra de carros usados.

A diretora da Marte Veículos, Cleide Cossi, há 32 anos no segmento de seminovos, diz que a incerteza do mercado e a falta de preparo de parte dos empresários já levou a um fechamento de um número considerável de empresas. "Há lojas de veículos seminovos encerrando as atividades num volume que nos parece bem significativo. Isso é preocupante", afirma.

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De acordo com ela, quando o IPI foi reduzido para o veículo zero quilômetro, os estoques das lojas de carros usados perderam valor. "Os veículos do estoque foram comprados a um valor acima do preço que foram vendidos. Foi uma queda semelhante ao que ocorreu em 2008 e 2009", diz. "Dois grandes baques em pouco tempo."

A prorrogação da validade do benefício pelo IPI de 31 de agosto para o final de outubro pode alongar o período de dificuldades para os carros usados. O economista da LCA Consultores Rodrigo Nishida explica que um benefício fiscal que alavanque as vendas de veículos zero quilômetro afeta diretamente o desempenho dos seminovos.

"No período de IPI reduzido, há um claro aumento das vendas para novos e queda para usados", diz. De acordo com ele, o recuo nos preços do automóvel 0 km posicionou o bem como uma opção de escolha daquele consumidor que só tinha condições para adquirir um seminovo. "E entre um e outro, a preferência é pelo carro novo", afirma.

Na comparação do resultado acumulado no bimestre de junho e julho sobre a mesma base de comparação de 2011, as vendas de veículos leves novos cresceram 20,4%, mas a negociação de usados avançou apenas 1,5%. Nishida lembra que a mesma situação ocorreu em 2009, quando, para estimular o consumo e tirar a indústria do buraco provocado pela crise financeira internacional, o governo cortou a alíquota de IPI para o comércio de veículos. Naquele ano, segundo o economista, o segmento de automóveis e comerciais leves teve um crescimento de 12,6% nos licenciamentos em comparação a 2008. Nesse mesmo período, as vendas de usados caíram 2,6%. "Isso ilustra como os períodos de IPI reduzido afetam os dois mercados", afirma.

São Paulo, 24 - O ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel fez nesta sexta-feira duras críticas à adoção e às prorrogações de medidas de desoneração fiscal pelo governo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos e produtos da linha branca. "A prorrogação de medidas de desoneração fiscal é inadministrável", disse Maciel à Agência Estado, após seminário em São Paulo. "Essa insegurança na alíquota do IPI afeta dramaticamente o mercado e produz uma insegurança enorme, em função estritamente de uma preocupação com as metas e com o PIB."

Na avaliação de Maciel, o governo precisa adotar uma política de medidas tributárias estáveis, mesmo que não haja a desoneração para incentivar o consumo. "Tem de ter regras mais estáveis para que haja ou não uma redução permanente. Regras instáveis só em circunstâncias especialíssimas", afirmou o ex-secretário da Receita Federal.

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Como exemplo de insegurança, Maciel citou o recente pacote de incentivos do governo federal ao setor automotivo, que contou com a redução do IPI e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O pacote, anunciado em maio, deve terminar daqui a uma semana, no dia 31 de agosto, mas pode ser prorrogado. "Você compraria um carro quando a alíquota do IPI subisse ou aguardaria que ela caísse?", indagou. "Ninguém sabe o que deve ser feito. Nem os quem têm (para vender) nem os que compram. O mercado de carros usados está parado", ressaltou.

Maciel salientou ainda que a renúncia fiscal do IPI não necessariamente significa uma queda na arrecadação do Tesouro. "Quando se fala em uma renúncia de IPI, nem sempre pode significar perda de receita porque pode aumentar a arrecadação, por exemplo, da Cofins. Por isso, não dá para fazer uma avaliação geral", afirmou o ex-secretário, que participou do seminário "Modelo Fiscal Brasileiro e seu Impacto Sobre as Iniciativas Empreendedoras".

Durante o evento, Maciel afirmou que a redução da carga tributária seria uma medida simples, mas que os impactos na receita e, consequentemente, nas despesas do governo impedem que ela seja adotada. Outro ponto sensível no sistema tributário é a guerra fiscal entre os Estados, que ocorre, na avaliação dele, em razão do modelo federativo do País.

Um entrave a uma reforma tributária, de acordo com Maciel, é a falta de consenso entre os tributaristas sobre a "qualidade" do próprio sistema. "Se colocarmos dez tributaristas discutindo, teremos 11 soluções para o tema. É uma guerra intelectual ferocíssima, cada um como uma visão", observou.

O ministro do Trabalho, Brizola Neto, disse nesta segunda-feira que a manutenção de empregos em setores favorecidos por desoneração tributária, como o automotivo, continua sendo uma preocupação do governo. Questionado sobre as ameaças de demissão na unidade da General Motors em São José dos Campos, o ministro afirmou que trata-se de um "caso específico". "O problema ali já vem de alguns anos e é anterior à crise iniciada em 2008", afirmou.

Segundo ele, o mais importante no momento é que o diálogo foi retomado com a empresa e com o sindicato, e que as demissões não foram anunciadas até o momento. Além disso, disse Brizola Neto, a empresa fala em demissões em algumas plantas e contratações em outras, o que significa, até o momento, que o saldo de empregos no setor ainda é positivo. "Estamos acompanhando de perto e há uma reunião marcada para sábado entre os dois lados (sindicato e empresa). O importante é o diálogo", salientou.

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Um grupo de senadores esteve reunido na quarta-feira no Ministério da Fazenda para pedir a inclusão do setor de transporte de passageiro urbano e rodoviário na lista de beneficiados pela desoneração da folha de pagamento. O encontro ocorreu com o secretário executivo da Pasta, Nelson Barbosa, que ficou de avaliar a questão, conforme depoimento do senador Acir Gurgacz (PDT-RO).

O senador é autor da emenda que beneficia esse setor e pede a adoção de uma alíquota de 2% sobre o faturamento para compensar parte da desoneração. É o mesmo porcentual adotado para o setor de hotéis. "O secretário irá ver se há condições de incluir o setor neste ano ou se ficará para 2013", disse o senador a jornalistas ao deixar o ministério.

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Gurgacz afirmou também que a desoneração terá um impacto positivo nas tarifas de transporte, pois a redução de custos implicará um reajuste anual menor dos preços das passagens.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse nesta segunda-feira que dificilmente a desoneração da folha de pagamento será estendida, neste ano, para mais setores, devido ao impacto fiscal da medida. "A inclusão de mais setores para 2012 ano é difícil, mas estamos abertos a discussões".

O secretário disse ainda que o objetivo do governo é ampliar o benefício para todos os setores no futuro, mas que isso depende da evolução de receitas e despesas. Barbosa afirmou também que o governo definiu alíquotas de tributação sobre o faturamento muito abaixo do que seria necessário para compensar a desoneração da folha, o que gera o impacto fiscal.

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Disse ainda que são poucas as empresas de cada setor que estão pagando mais tributos e que algumas delas enfrentam esse problema por terem terceirizado a maior parte de sua produção. "Havia empresa que terceirizava e subcontratava. Com esse modelo que fizemos, esse incentivo a condições mais precárias de trabalho vai diminuir", disse.

O secretário participa de audiência Pública na Comissão Mista do Senado sobre as medidas provisórias do Plano Brasil Maior.

O governo pretende incluir mais setores no programa de desoneração da folha salarial, reiterou nesta terça-feira a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, durante audiência pública na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional que discute o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2013. Sem dar mais detalhes, ela afirmou que é desejo do governo expandir as experiências do Brasil Maior 1 e 2. A ministra disse também que mais investimentos, menos vulnerabilidade externa e alavancas internas para o crescimento tornaram o Brasil mais preparado para enfrentar a "recaída" da economia mundial.

Ela ressaltou que o investimento privado acompanhou o movimento do governo, que dobrou sua taxa de investimentos com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Assim, a taxa de investimento passou de 15,2% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2003 para 20,7% do PIB em 2011, com meta de chegar a 24% em 2014. O PAC, na sua opinião, é um dos motores do crescimento do País, ao lado do aumento da renda e da expansão do crédito.

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Por isso, o governo, ressaltou a ministra, quer garantir que o PAC e os investimentos das empresas estatais possam ser executados em 2013, mesmo que o Congresso Nacional não aprove, até dezembro, o projeto de lei do Orçamento. "Parece incoerente defender o aumento dos investimentos e, na hora em que o Orçamento não é votado, travar exatamente o investimento", disse ela aos parlamentares.

O projeto da LDO prevê que, caso a lei orçamentária não seja votada até dezembro, terão execução garantida os seguintes gastos: despesas obrigatórias, bolsas de estudo, ações de prevenção a desastres, financiamento ao estudante, formação do estoque estratégico. O projeto da LDO prevê ainda que o superávit primário do setor público consolidado em 2013 será de R$ 155,851 bilhões, sendo desses R$ 108,09 bilhões sob responsabilidade do governo federal.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou que as medidas de incentivo ao nível de atividade da produção brasileira podem ser ampliadas. Ele comentou que a desoneração da folha de pagamento, que foi concedida para 15 setores industriais, "pode ser estendida a outros setores". Mantega não mencionou, contudo, quais os segmentos que seriam beneficiados.

A desoneração foi anunciada no começo de abril, dentro do Programa Brasil Maior 2, que prevê estímulos financeiros oficiais de R$ 60,4 bilhões. O ministro participa nesta sexta-feira de um seminário em São Paulo, promovido pela revista "Brasileiros".

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De acordo com Mantega, a aprovação pelo Senado da Resolução 72, que busca dar fim à guerra de ICMS entre Estados para ingresso de importados, é outro fator positivo para incentivar a produção doméstica. "A resolução 72 é o primeiro passo da reforma tributária que queremos fazer." Mais uma vez, o ministro não citou os próximos passos que o Poder Executivo deve adotar para alterar a estrutura de impostos do País.

Ainda quanto à entrada de importados no País, Mantega comentou que o governo está atento na defesa comercial para que os produtos não ingressem de forma irregular no Brasil e concorram de maneira desleal com as mercadorias nacionais. "No desespero, vários países adotam estratagemas para exportar", disse. "Ações da Receita Federal impedem fraude na entrada de produtos no País", completou.

O Ministério da Fazenda divulgou nesta terça-feira, em sua página na internet, a cartilha "Desoneração da Folha de Pagamento - Perguntas e Respostas". No documento, o ministério explica o que é desoneração da folha de pagamento, qual a legislação que trata do assunto, se a desoneração atinge todas as contribuições sobre a folha, entre outras questões. A cartilha considera situações que já estarão sendo contempladas na Medida Provisória sobre o tema que deverá ser publicada na edição de amanhã do Diário Oficial da União (DOU). Essa MP, implantada dentro do cenário do plano Brasil Maior, tem o objetivo de aumentar a competitividade da indústria nacional.

O ministério explica que a desoneração da folha atende múltiplos objetivos. "Em primeiro lugar, amplia a competitividade da indústria nacional, por meio da redução dos custos laborais, e estimula as exportações, isentando-as da contribuição Previdenciária", destaca a cartilha. "Em segundo lugar, estimula ainda mais a formalização do mercado de trabalho, uma vez que a contribuição previdenciária dependerá da receita e não mais da folha de salários", cita o documento.

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Além disso, a Fazenda lembra que a desoneração da folha busca também reduzir as assimetrias na tributação entre o produto nacional e importado, pois este último terá um adicional de Cofins-Importação. A alíquota adicional será igual à que incide sobre a receita bruta que a produção nacional pagará para a Previdência, 1% ou 2%, dependendo do setor. Somente os produtos que entraram na lista da desoneração da folha terão seus similares importados tributados com esse adicional.

A Fazenda diz ainda que haverá uma comissão formada por governo, trabalhadores e empresários para avaliar os resultados econômicos e fiscais da medida.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, disse nesta quarta-feira que o governo estuda desonerar a folha de pagamento de fabricantes de 35 produtos utilizados nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A ideia é de que a tributação da folha seja substituída por uma alíquota de 1% sobre o faturamento das empresas.

A mudança se dará em todas as empresas que fabriquem qualquer um dos 35 produtos. O critério de escolha das empresas será a nomenclatura de classificação de cada produto - e não o setor do qual a companhia faz parte, como vinha sendo negociado até o momento com outros segmentos da indústria. A alteração é obrigatória: a empresa que fabrica um dos produtos terá de, automaticamente, adotar a alíquota de 1% sobre seu faturamento.

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Barbato citou ainda outras medidas em estudo no governo para a indústria como um todo, como desoneração da Cofins, sobretaxas sobre importações e desoneração integral da folha de pagamento e das receitas relativas a exportações. O executivo afirmou ainda que não foi exigida nenhuma contrapartida do setor que, no entanto, avalia ser possível reduzir o déficit em sua balança comercial já em 2012.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o governo poderá reduzir a alíquota incidente sobre faturamento das empresas para que mais setores aceitem participar do Plano Brasil Maior. No ano passado, somente três setores aderiram ao programa e a alíquota mais baixa sobre faturamento foi de 1,5% para calçados e confecções. "Estamos discutindo as alíquotas. Pode ser menor do que 1,5%", afirmou ao sair do ministério da Fazenda. Mantega conversou sobre o tema hoje com representantes de quatro setores: têxteis, móveis, autopeças e indústria aeroespacial.

O ministro disse que a desoneração do setor produtivo é muito bem-vinda neste momento. "Na disputa internacional outros países reduzem o custo do trabalho com menores salários e menores benefícios. Temos de reduzir, aqui, também, mais encargos", comentou.

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Segundo ele, a medida proporcionará maior competitividade para a indústria e para os exportadores brasileiros. A proposta do governo é acabar com a contribuição de 20% pago de INSS sobre a folha de pagamento e passar a cobrar uma alíquota menor sobre o faturamento das empresas.

No Plano Brasil Maior, anunciado no ano passado, as alíquotas acertadas com três setores foram de 1,5% (calçados e confecções) e 2% (informática). Na avaliação de Mantega, a medida também ajuda a desonerar o exportador. Esse ato do governo será compensado para a União, segundo Mantega, por meio da expansão da indústria, que contratará mais funcionários.

Em resumo, ele espera que a compensação venha por meio de pagamentos de outros tributos. Quando perguntado sobre se as medidas oferecidas pelo governo terão uma contrapartida da indústria, ele respondeu: "claro". Segundo o ministro, uma das contrapartidas é o compromisso de que não haverá demissões nas empresas que participarem do Plano. "O Brasil está quase em pleno emprego e, em 2012 o Brasil será um dos países a gerar vagas", afirmou.

Autopeças

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, no encontro com o ministro, fez vários pedidos ao governo, além da desoneração da folha de pagamento. Ele disse que o setor precisa de mais prazo para fazer recolhimento de tributos e mais facilidade de acesso a linhas de crédito e empréstimos de bancos estatais. "Estamos vendo o anúncio de linhas de crédito do Banco do Brasil e da Caixa, mas meus associados dizem que está difícil conseguir".

Butori afirmou também que a redução da alíquota de 1,5% sobre o faturamento, que substitui a contribuição patronal sobre a folha de pagamento, ajudará a beneficiar mais empresas. "Quanto menor o porcentual, mais empresas serão incluídas", afirmou. Ele disse esperar uma resposta do governo até o final do mês em relação à desoneração.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, disse hoje que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou com a possibilidade de estipular uma alíquota sobre a folha de pagamento inferior a de 1,5%, que já é adotada hoje para o segmento de confecções dentro do Plano Brasil Maior.

"A reunião com o ministro foi muito importante e notamos a possibilidade de haver essa diminuição", disse após encontro com Mantega no Ministério da Fazenda. No Plano Brasil Maior alguns setores foram desobrigados a pagar os 20% de INSS e passaram a adotar alíquotas específicas sobre a folha de pagamento. O setor de confecções aderiu à taxa de 1,5%, mas o setor têxtil como um todo avaliou que a alíquota não seria suficiente para desonerar o setor.

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Conforme Diniz Filho, o ministro demonstrou "preocupação clara" com os efeitos dos produtos importados sobre a economia brasileira, principalmente com o déficit comercial visto no segmento de manufaturados. A indústria têxtil defende uma alíquota de 0,8% ou até 1%. Segundo ele, o ministro se prontificou a analisar a possibilidade de criação de uma tarifa menor. A resposta deverá ser dada pelo ministério, segundo o executivo, em duas semanas. "Nas palavras do ministro será no mês de março", disse.

Segundo Diniz Filho, o custo da folha de pessoal representa praticamente 50% do custo total do segmento de confecções. Ele disse que uma redução das alíquotas seria importante para diminuir esse custo, mas não adiantou qual seria o impacto efetivo se for adotada alíquota menor, de até 1%. O presidente da Abit relatou que Mantega não adiantou se o Plano Brasil Maior será prorrogado. As medidas anunciadas no ano passado valem até 2014. O executivo também disse que Mantega não exigiu qualquer tipo de contrapartida do setor para essa desoneração.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje (9) que o governo vai desonerar a folha de pagamento da indústria, com a isenção da taxa de recolhimento ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que atinge 20% sobre o ganho do trabalhador. O ministro disse que novos segmentos, que não foram contemplados no Plano Brasil Maior poderão ter a isenção. A medida integra a iniciativa do governo de reduzir os custos trabalhistas da indústria para que o setor melhore seu desempenho no comércio internacional.

O incentivo deverá ser compensado com uma alíquota a ser cobrada sobre o faturamento, mas cujo percentual ainda está em estudo. Para o ministro, essa medida deverá elevar o nível de competitividade com os importados. Ele observou que após a crise financeira de 2008, houve uma intensificação da concorrência “muitas vezes desleal”.

“Todo o mundo está desesperado para exportar e o Brasil, como vai indo bem, tem um mercado forte e [por isto] é mais visado”, disse Mantega. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, em janeiro, a produção industrial teve queda de 2,1% ante dezembro e ao longo do ano passado, a atividade no setor cresceu 1,6%, abaixo da média do Produto Interno Bruto (PIB) do país que alcançou 2,7%.

Além de medidas de incentivos para estimular o setor manufatureiro, o ministro sinalizou que o governo poderá tomar medidas complementares às que já vem adotando para evitar o desequilíbrio cambial. Ele deu essas informações após reunir-se em um almoço oferecido pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) com 20 lideranças empresariais.

Perguntado por jornalistas sobre a possibilidade de o governo alterar a taxa de rendimento da caderneta de poupança, Mantega descartou a hipótese, ao dizer que a rentabilidade da taxa básica de juros (Selic) é maior. Na quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) fez um corte de 0,75 ponto percentual na Selic que passou a ser de 9,75% ao ano.

O governo conseguiu aprovar hoje, na Câmara, a medida provisória que desonera tributos para alguns setores da economia. A oposição tentou derrubar, mas acabou sendo derrotada e o governo conseguiu manter a autorização para que o Fundo de Investimento do FGTS possa financiar obras de infraestrutura ligadas à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016.

O texto que agora será votado pelo Senado cria uma experiência-piloto de desoneração da folha de pagamento dos setores de calçados, confecções, software, call centers, transporte coletivo urbano, couro, botões, ilhoses, colchetes e bolas infláveis. O experimento vai até 2014, dois anos a mais do que a proposta original do governo, e substitui a contribuição patronal sobre os salários por uma alíquota sobre o faturamento das empresas, que varia de 1,5% a 2,5%.

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Os setores têxtil e mobiliário foram excluídos da versão aprovada pelos deputados, a pedido de industriais das áreas. Na avaliação de entidades representativas, a ideia do governo resultaria em pagamento de mais imposto no fim das contas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel), apenas duas empresas do setor recolheriam R$ 5 milhões anuais a mais se o setor fosse incluído na experiência.

Representantes da indústria e parlamentares tentaram negociar com o governo, mas não houve acordo para reduzir as alíquotas sobre o faturamento. Algumas empresas reclamam que pagariam mais porque já não utilizam tanta mão de obra como no passado.

O governo não se manifestou. No lançamento da política industrial, batizada de Plano Brasil Maior, a equipe econômica afirmou que a proposta foi discutida com os setores e que todos os participantes estariam satisfeitos. O plano inicial era desonerar têxteis, confecções, calçados, móveis e software.

A presidente Dilma Rousseff assinou Medida provisória estabelecendo regras especiais para compra e contratação de produtos e sistemas de defesa do País, além de criar regime especial de tributação para empresas do setor, reduzindo delas impostos como IPI, PIS/Pasep e Cofins.

Para ter direito à desoneração dos tributos, as empresas estratégicas de defesa e as que participam da cadeia produtiva dos chamados produtos estratégicos de defesa terão de obter um registro no Ministério da Defesa. Segundo a Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército, 186 empresas estão capacitadas para se beneficiar do novo regime.

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O Palácio do Planalto informou que as isenções tributárias serão concedidas por cinco anos aos projetos submetidos e aprovados pelo Ministério da Defesa. As empresas deverão preencher requisitos previstos na norma, tais como terem sua sede ou unidade industrial no Brasil. Dentro de pelo menos 30 dias, será publicada ainda uma regulamentação para o credenciamento das empresas estratégicas se candidatarem ao benefício.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), Orlando José Ferreira Neto, disse que com o fortalecimento desta indústria, no prazo de pelo menos 12 anos, o Brasil poderá passar a exportar US$ 10 bilhões por ano. Hoje, a exportação do setor é da ordem de US$ 1 bilhão. A Abimde estima ainda que as novas regras poderão levar à geração de 23 mil empregos diretos e 90 mil indiretos.

Em cerimônia no Palácio do Planalto, após assinar a Medida Provisória, a presidente Dilma disse que essa proposta se tornará um "pilar" para a Estratégia Nacional de Defesa. "Sem esta política, o plano não fica de pé", afirmou Dilma, acrescentando que "não tem dúvida de que o poder de compra do Estado vai agir como elemento propulsor desta indústria". Segundo ela, "nas compras públicas, poderá ser dada preferência a bens e serviços nacionais", trazendo benefícios não só às Forças Armadas, mas para diversos outros setores como o Plano Nacional de Banda Larga.

Satélite

Em seu discurso, a presidente Dilma falou ainda da necessidade de o Brasil produzir os seus próprios satélites e anunciou que a ideia é lançar o primeiro satélite geoestacionário em 2014 e o segundo, em grau totalmente nacional, em 2019. "As Forças Armadas precisam ter seu próprio sistema de comunicações, para que não fique na dependência de outros países", observou a presidente, lembrando que esta nova política beneficiará também esta área.

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