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A queda de quase 90% no número de turistas em Cuba nos primeiros cinco meses de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado, evidenciou a crise econômica vivida na ilha. O aumento do preço dos produtos, com uma inflação em alta de cerca de 500%, e a dificuldade em obter alimentos são provas de que Havana ainda tem uma economia muito dependente de importações e dificultada pelo embargo americano, que dura quase 60 anos. A insatisfação popular com a crise ficou levou aos protestos domingo em diferentes cidades da ilha.

Com medidas excepcionais e programas como o Plano de Soberania Alimentar e Educação Nutricional, conhecido como Plano PAN e em início de implementação, o governo tenta criar políticas públicas que diminuam a dependência das importações e melhorem a produção nacional para ter a economia menos impactada pelo embargo e, atualmente, pela pandemia da covid-19.

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"É uma estratégia limitada porque continua tendo o problema estrutural. Tem o embargo que prejudica muito no desenvolvimento de produção, pela falta de maquinário e peças, por exemplo, mas tem também a burocracia que ainda é grande", explica o coordenador de Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Moisés Marques.

Cuba realizou mudanças econômicas ao longo dos anos, mas ainda não conseguiu uma estrutura que permitisse a independência da ajuda de outros países. Até os anos 90, o país tinha como principal fonte de renda a exportação de açúcar, tabaco e rum. A União Soviética comprava a maior parte dessa produção e isso permitia ao país caribenho ter até um orçamento pré-determinado.

"Com a queda da URSS, Cuba passa a tentar outras alternativas. A ilha tem até minérios interessantes, como níquel, cobalto, mas sem uma boa indústria extrativista. Nesse caso, o embargo econômico cria problemas sérios porque eles não conseguem importar maquinário", explica Marques.

O maior impacto do embargo americano e das restrições impostas pelos EUA é ao sistema financeiro da ilha. "Isso ocorre porque as instituições financeiras e as empresas com operações ligadas aos EUA são cuidadosas para não chamar a atenção Departamento do Tesouro e do Departamento de Estado", diz o presidente do Conselho Econômico e Comercial EUA-Cuba, John Kavulich.

Esperança do turismo

Após os anos 90, com a dívida externa alta e os problemas econômicos internos, Cuba fez acordos com empresas internacionais, principalmente europeias, para desenvolver o turismo. Redes hoteleiras passam a explorar pontos turísticos e uma porcentagem do dinheiro ficava com o Estado, que também fornecia a mão de obra.

Marques explica que nesse momento criou-se a indústria do turismo em Cuba e, a partir de então, essa se torna a principal entrada de dinheiro no país. "Junto vem a criação de uma moeda paralela, o CUCl, que criou também uma economia paralela. Se você fosse turista ou tivesse acesso ao CUC, tinha chances de acesso a mais coisas, por exemplo. E começam a ser permitidos os primeiros pequenos negócios na ilha, como os paladares (restaurantes em casa) e as pessoas ficavam com parte da renda."

Mas foi justamente o turismo o mais foi afetado com a chegada da pandemia de covid-19 em Cuba. Com o fechamento das fronteiras, o setor que era responsável por levar cerca de US$ 3 bilhões por ano à ilha passou a levar apenas US$ 1 bilhão. "A pandemia de covid-19 foi devastadora para a economia cubana", afirma Kavulich.

Outra forma de o governo cubano conseguir arrecadar é com a exportação de mão de obra qualificada. Com um sistema que fornece educação de qualidade a todos os cidadãos, a maioria dos cubanos tem diploma universitário e fala mais de um idioma. Com isso, seus médicos e professores eram muito requisitados para atuar em outros países.

Na Venezuela, por exemplo, um dos grandes parceiros de Cuba, as missões alfabetizadoras usavam professores cubanos acostumados com as técnicas de alfabetização. No Brasil, o programa Mais Médicos chegou a trazer muitos cubanos para atuar no País.

Mas a mudança de governos em países como Brasil, Bolívia e Equador, além da crise econômica e política que a Venezuela atravessa, diminuíram a demanda por esses profissionais.

"A discussão do fato de o governo cubano ficar com parte do que esses profissionais recebiam e as mudanças ideológicas nos comandos dos países fez isso diminuir. Agora, você tem em Cuba uma população jovem altamente qualificada e sem perspectivas de futuro, isso é muito complicado", explica Marques.

O cubano Rafael Antonio Moreno é engenheiro eletrônico e conta ao Estadão que quer ver mudanças nas lideranças do país. "Há um descontentamento geral, as pessoas estão morrendo e passando dificuldades muito sérias. E o principal problema é que não há futuro aqui. Os dias passam, os meses, e tudo piora."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se posicionarem sobre os protestos em Cuba, o pré-candidato às eleições de 2022 e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) seguiu a linha de seu prováveis rivais no pleito do ano que vem e publicou um vídeo, nesta sexta-feira (16), se posicionando sobre a ilha caribenha. Ao fazer críticas ao regime cubano, Ciro diz que "é preciso coragem, equilíbrio e isenção" para Cuba lidar com "duas bombas relógio": o bloqueio econômico e a ditadura política".

"Nosso querido povo cubano está sofrendo", inicia o presidenciável. Segundo Ciro, além de uma "autodeterminação" da população local, o conflito merece "atenção e solidariedade internacionais". Em crítica ao governo Bolsonaro, o ex-governador diz que a política externa brasileira não pode ser "condescendente" com desrespeito à soberania de Cuba e ao direito internacional promovido pelos Estados Unidos.

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Com foco em atingir também Lula, Ciro diz que a política nacional também não deve seguir a atuação brasileira dos governos petistas. Conforme classifica, a política externa era marcada por "velhos hábitos latino-americanos".

"O Brasil deve reconhecer que a luta do povo cubano pela sua independência da Espanha, e depois pela sua afirmação nacional, sempre encontrou um enorme obstáculo: o poder imperial do seu vizinho, o gigante Estados Unidos". Segundo ele, "não resta a menor dúvida de que, nesta briga secular, o Brasil só pode estar do lado do nacionalismo cubano, contra o intervencionismo contumaz norte-americano".

Ciro ainda criticou o autoritarismo do regime político em Cuba. "As liberdades de seu povo, inclusive a de debater, estão suprimidos". "Ninguém pode saber ao certo se a ditadura conta, ou não, com o apoio da maioria", afirma.

A repercussão dos protestos em Cuba reativou uma disputa ideológica entre Bolsonaro e Lula e, agora, ganha outro personagem político. Na terça-feira (13), Bolsonaro e Lula se manifestaram sobre a ilha caribenha. O atual chefe do Executivo teceu críticas ao socialismo e cobrou direitos essenciais para a população cubana, enquanto Lula minimizou as repercussões e apontou que os problemas que ocorrem no país são devido às sanções econômicas que os Estados Unidos aplicaram à ilha.

Nesta semana, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra o governo cubano, impulsionadas pela grave crise sanitária, econômica e de abastecimento que Cuba vive, agravada pela pandemia de covid-19.

"Migalhas" para uns, "medidas muito boas" para outros. Os cubanos receberam com satisfação nesta quinta-feira (15) as primeiras concessões do governo após as históricas manifestações de 11 de julho, embora ainda as considerem insuficientes.

A principal medida tomada pelo governo comunista foi autorizar os cubanos a entrar no país com alimentos, produtos de higiene e medicamentos, sem limites de valor e sem pagamento de tarifas, até o final do ano.

Facilitar a importação gratuita de produtos de necessidade primária era uma das principais demandas da população cubana, diante de uma grave escassez de alimentos e medicamentos, agravada pela crise econômica que atinge o país, a pior em 30 anos.

Nas ruas de Havana, ainda sob forte presença policial e militar depois das mais violentas revoltas que a revolução enfrentou desde sua ascensão em 1959, os cubanos retornaram ao seu cotidiano e respiraram aliviados com a possibilidade de poderem comprar mantimentos fora da Ilha.

"Nesse momento, é preciso muito, tanto remédios quanto alimentos e artigos de higiene propriamente ditos, para poder amenizar essa situação em que nos encontramos (...) o que não é nada fácil", explica Darianna Guivert, de 32 anos, funcionária do setor de saúde.

O engenheiro de construção civil Agustín Salas, de 65 anos, reage da mesma forma: "estas medidas são muito boas", porque "beneficiam o povo". Porém "faltam algumas outras medidas. Ainda temos que continuar avançando nesse sentido", ressalta.

- "Não queremos migalhas" -

No domingo, milhares de cubanos saíram às ruas de 40 cidades de todo o país gritando "Temos fome", "Liberdade" e "Abaixo a ditadura".

"Não queremos migalhas, queremos liberdade e queremos jáaaaaaaaa", escreveu a jornalista cubana Yoani Sánchez, diretor do jornal digital de oposição 14yMedio, no Twitter na noite de quarta-feira. A mensagem foi compartilhada 3.000 vezes.

Em outro tuíte que publicou na manhã desta quinta-feira, ela insistiu que "a liberdade não cabe nem uma mala" de viagem.

Para o opositor Manuel Cuesta Morua, um dos organizadores da plataforma Cuba Plural, que exige a autorização de outros partidos políticos na ilha, os anúncios do governo são "uma reação sob pressão, tardia", mas "importante".

Cuesta ressalta que, de forma pacífica, muitos cubanos exigiram medidas nos últimos meses para amenizar as dificuldades diárias enfrentadas por eles.

E lamenta que para o governo ceder foi necessária uma revolta que deixou um morto, dezenas de feridos e cem detidos.

Além da isenção de impostos para a entrada de alimentos e medicamentos no país, as autoridades anunciaram que as empresas estatais poderão fixar o salário de seus empregados de acordo com seus lucros e habilitar temporariamente qualquer cubano a se instalar em outra província do país sem perder os benefícios do cartão de racionamento, o que até agora era impossível.

- "Infelicidade" -

"No entanto, a realidade profundamente política das demandas dos manifestantes de 11 de julho, que deveriam ser ouvidas pelo governo cubano, não deve ser mascarada", alerta Cuesta, preso durante os protestos de domingo e libertado na segunda-feira.

O adversário lembra que "o que basicamente todos os manifestantes exigiram, principalmente os jovens, foi liberdade, liberdade de expressão, mudança democrática e algo muito importante: eleições diretas do Presidente da República".

Para o economista Omar Everleny Pérez, as medidas anunciadas são "muito positivas" porque "dão um pequeno alívio à população", obrigada a ficar várias horas na fila para conseguir alimentos e remédios, e que diariamente sofre com cortes de eletricidade.

O economista chama a atenção para a composição heterogênea dos protestos: "tem gente que foi desesperadamente dizer ao governo por favor, olhe os apagões, olhe o que está acontecendo, e outros grupos que pediram por liberdade".

"Todas as pessoas que tiveram, de uma forma ou de outra, uma insatisfação e quiseram trazê-la à luz, se uniram ali", explica Pérez.

No plano econômico, ele recomenda pisar no acelerador, ampliando, por exemplo, a isenção de tarifas para importação comercial de trabalhadores privados ou aprovando pequenas e médias empresas de uma só vez, o que o governo pretende fazer até o final do mês.

"Devem ser esperadas novas medidas porque as que existem, embora muito positivas, são insuficientes para resolver o nível de descontentamento", conclui.

Ativistas cubanos denunciaram nessa quarta-feira (14) às Nações Unidas a prisão de 162 pessoas durante os protestos de domingo em Havana e em várias cidades de Cuba e pediram ajuda para obter sua libertação. No primeiro sinal de recuo, três dias após os maiores protestos desde 1994, desencadeados principalmente pela escassez de remédios e alimentos, o governo cubano anunciou que está autorizando "excepcionalmente e temporariamente", a importação por meio de passageiros que chegam ao país de alimentos, produtos de higiene e medicamentos sem limite de valor de importação e sem pagamento de tarifas.

Fontes na Casa Branca revelaram que o governo do presidente Joe Biden está revendo várias medidas adotadas durante o governo de Donald Trump para ajudar os cubanos que enfrentam problemas econômicos ampliados pela pandemia.

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Segundo as fontes, a revisão poderia levar à flexibilização das restrições às remessas que os cubano-americanos podem fazer para suas famílias em Cuba. Estima-se que essas remessas sejam de entre US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões ao ano, representando a terceira maior fonte de divisas em Cuba depois da indústria de serviços e turismo.

Biden também estaria estudando levantar a proibição de viagens entre os EUA e a ilha, assim como a retirada da designação de Cuba como um "Estado patrocinador do terrorismo", que Trump determinou dias antes de deixar o cargo, em janeiro.

O jornalista cubano Maurício Mendoza, que mora em Havana, disse ao Estadão que há um grande número de detidos no país, mas muitas pessoas de destaque já estão sendo soltas. "Enquanto eu estava acompanhando as manifestações, estava comigo o jornalista Maykel González Vivero. Ele foi detido, mas foi solto no dia seguinte. O governo está tendo certo cuidado com quem tem mais visibilidade, porque não é conveniente ter pessoas notórias presas. Mas pessoas com menos visibilidade seguem detidas. O medo é que, com essas pessoas, eles (o governo) queiram ensinar uma lição aos demais."

Segundo o jornalista, o clima é de medo. "O que incomoda agora é esse clima de incerteza. Quando você anda pela cidade escuta os comentários das pessoas, e o que posso dizer é que há um descontentamento popular com o sistema. Esse pedido do presidente para que os revolucionários ‘saiam a defender a revolução’… Olhe, não posso ser categórico, mas ninguém vai sair a defender…"

Mendoza diz que uma estratégia do governo é usar paramilitares, vestidos de civis e armados com paus, para dizer que são o povo fiel à revolução, e atacar os próprios cidadãos. "O que Díaz-Canel está incitando é a uma guerra civil entre cubanos. Está mandando uma parte da população reprimir a todos que não estejam de acordo com o socialismo", disse.

O engenheiro agroindustrial e ativista pelos direitos humanos, Gerardo Páez, disse que em sua cidade, Artemisa, as tropas especiais, ou boinas negras, estão patrulhando as ruas de dia e de noite, mostrando sua presença para amedrontar a população e provocar a sensação de pânico.

"O que começou como uma marcha pacífica foi gerando outro tipo de comportamento. A polícia foi a primeira a agredir, até mesmo usando meios baixos, como quando direcionaram a manifestação até a unidade de polícia intencionalmente. Lá houve uma grande confusão", disse Páez. "Um garoto teve as costelas quebradas, o que provocou uma perfuração no pulmão. Minha vizinha está internada pela quantidade de golpes desferidos por um boina negra."

"É quase um consenso entre a maioria dos cubanos não deixar as ruas, apesar da violenta repressão que sofremos, porque se deixarmos, o regime vai se sentir empoderado", disse o ativista.

"Eu trabalho com uma organização chamada Civil Rights Defender, em parceria com uma organização cubana, e o que fazemos basicamente é monitorar e documentar os casos de violação aos direitos humanos no país. Quando começou a movimentação (no domingo), não passaram nem 30 minutos e a segurança do Estado já estava na esquina da minha casa, com a intenção de impedir que eu saísse e mobilizasse as pessoas que conheço. E ali ficaram até a manifestação ser sufocada. Isso aconteceu também com muitos opositores, não foi um caso isolado", disse ao Estadão o poeta Eduardo Clavel Rizo, morador de Santiago.

"Basicamente, o governo tem reprimido bastante. Há muitas pessoas detidas. Não sabíamos o que estava se passando, mas agora com a volta da internet nos demos conta de que faltam muitas pessoas, e não há informação sobre elas", disse Rizo.

"Os parentes têm ido às unidades de polícia perguntando por eles, e o que dizem é que não estão lá. Então o que se faz é reputá-los como desaparecidos, porque as pessoas sabem que eles estavam nas manifestações, têm testemunhos de que foram detidos pela polícia, e agora a polícia diz que não sabem onde eles estão."

Segundo Rizo, o termo desaparecido lá talvez não seja tão extremo como foi empregado em ditaduras como a brasileira, em que os desaparecidos nunca foram encontrados. "Aqui há um procedimento jurídico que, em casos em que alguém foi detido e não se sabe o paradeiro, apresenta-se um habeas corpus para identificar onde essas pessoas estão. Não chega a ser como as desaparições forçadas que havia nas ditaduras latino-americanas. (Com agências internacionais)

Nesta terça-feira (13), Juliana Paes liderou os trending topics do Twitter. O nome da atrás estampou a lista dos assuntos mais falados da rede social assim que fez um comentário sobre os protestos que estão acontecendo em Cuba. Em um perfil do Instagram, a atriz da Globo ironizou o silêncio de muitas pessoas que não opinaram sobre o regime político do país.

Na postagem da economista Renata Barreto, que questiona a democacria de Cuba, Juliana escreveu: "Mas hoje tá um silêncio naquele Twitter... (ou tô delirando?) #cubalibre". Assim que Juliana fez o comentário, muitas pessoas detonaram a postura dela.

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"Juliana Paes tá preocupada agora com a democracia em Cuba, porque a democracia no Brasil ela já ajudou a destruir", ironizou um dos internautas. "Esse tempo todo pra descobrir que a Juliana paes é uma Regina Duarte com menos talento e menos coragem de expor a forma como pensa", disparou outro. Em junho, Juliana Paes embarcou em uma polêmica que deu bastante o que falar.

A atriz gravou um vídeo para dizer que não era apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, logo após ter defendido a médica Nise Yamaguchi, que participou da CPI da Covid-19. Ju Paes disse: "Qualquer assunto é politizado. É um maniqueísmo. Eu não sou bolsominion, como adoram acredita. [...] Não quero contribuir para essa polarização doentia. Não nesse momento obscuro, onde o ódio reverbera mais. Ou você é isso ou é aquilo. Isso não existe. Somos múltiplos". Depois da declaração, Juliana recebeu críticas de seguidores anônimos e famosos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista, nesta terça-feira (13), para a Rádio Bandeirantes. A mediação alternou tópicos entre política nacional, internacional e políticas públicas. Na sua primeira fala sobre a crise política no Brasil e se evita o tópico corrupção por ter “teto de vidro” — devido aos escândalos de corrupção durante a sua administração —, Lula disse que não apenas fala do tema, como demonstrou estar de consciência limpa por ser um homem “livre” e já inocentado. Segundo o petista, seu interesse é, na verdade, provar que corruptos são aqueles que lhe chamaram de corruptos. Quanto ao pleito de 2022, se coloca como disponível, mas ainda não confirma a candidatura.

“[Eu sou] Aquele que foi acusado mentirosamente, que foi destratado pelos meios de comunicação durante cinco anos, que jogaram a ‘pecha’ da maior corrupção desse país, teriam que pedir desculpa pra mim, porque eu sou um homem que efetivamente, estou totalmente livre. Os que estão prestes a serem condenados são as pessoas que mentiram ao meu respeito. Eu não só falo de corrupção, como quero dizer que todos os instrumentos de combater a corrupção com a eficácia, elogiados por instituições da ONU, foram exatamente no meu governo e no governo de Dilma. Não só quero falar de corrupção, como eu quero provar que os corruptos foram aqueles que me chamaram de corrupto. Continuo dizendo que desafio qualquer pessoa a provar um ilícito meu. Desafio há cinco anos e estou provando, aos poucos, as mentiras”, se defendeu Lula ao radialista Marco Antônio Sabino.

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Ainda no tópico corrupção, resgatando comentários antigos sobre os crimes contra a administração pública durante o seu governo, Lula foi conduzido a uma pergunta sobre autocrítica e reflexões. O patrono do PT não se diz adepto à autocrítica, mas se vê pronto para debater erros e críticas.

“Faça você a crítica que você quer fazer, não fique pedindo para que eu me critique. Me critique você e eu vou responder. Nunca vi ninguém pedir isso para o Collor, para o Bolsonaro, para o FHC, Sarney, Getúlio. É só para o PT. Ser governo e ser oposição não tem sentido. Sei que nós cometemos erros, mas acho que o importante é que esses erros sejam apurados. Nunca, em nenhum momento do meu governo, houve tentativa de impedir denúncias e processos de fiscalização. Dizia quando eu era presidente: ‘a única possibilidade que se tem de evitar uma apuração enquanto denunciado, é ser honesto’. Custa barato ser honesto e fica mais fácil assim. Por isso tive coragem de enfrentar o Moro e provar que ele era mentiroso. De enfrentar a força tarefa que tinha um conluio com grande parte da imprensa brasileira”, continuou.

Lula também foi questionado sobre as principais bases de apoio do governo Bolsonaro, militares e evangélicos e como alcançará esses públicos, caso seja candidato.

“Nem militar nem evangélico tem que ser tratado como gado. Vamos fazer discurso pro cidadão. Trato evangélico com o mesmo respeito que trato católico e trato militar com respeito que trato o civil. Quem vai votar é o cidadão.”

Em relação à privatização da Petrobras, Lula afirmou que é um “total absurdo aumentar preço de gasolina, do gás” quando o Brasil é um país autossuficiente. “Importar gasolina dos EUA? Isso se chama submissão, complexo de vira-lata. A Petrobras não é dona do Brasil, é o Brasil que é dono da Petrobras.”

Cuba registrou, nesse domingo, 11, protestos de rua em várias cidades, no que vem sendo considerada a maior demonstração de insatisfação ao regime comunista, em território cubano, desde 1994.

As manifestações ocorrem em meio a um cenário de crise econômica e sanitária no país, agravada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o governo revolucionário, liderado pelo presidente Miguel Díaz-Canel, a crise no país é provocada pelos embargos econômicos dos Estados Unidos à ilha.

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Representantes da comunidade internacional se dividiram nas reações aos protestos. EUA, União Europeia e ONU pediram respeito ao direito de manifestação do povo cubano nesta segunda-feira, 12, após o governo reprimir os manifestantes e convocar apoiadores a "enfrentar" as provocações na noite de domingo. A Rússia pediu respeito à soberania cubana, enquanto o México ofereceu apoio ao governo cubano para enfrentar a atual crise.

O que está acontecendo em Cuba?

Milhares de manifestantes saíram às ruas de cidades cubanas no domingo, 11, para protestar contra o governo em meio a uma grave crise econômica e sanitária no país. O protesto vem sendo considerado a maior demonstração de descontentamento do povo cubano contra o governo revolucionário desde a manifestação de 1994, em Havana, que ficou conhecida como "maleconazo".

Onde ocorreram e como estão sendo as manifestações?

O principal protesto foi registrado na cidade de San Antonio de los Baños, a 33 km da capital, Havana, mas também houve marchas nos municípios de Güira de Melena e Alquízar - ambos na Província de Artemisa -, Palma Soriano, Santiago de Cuba, em alguns bairros de Havana e no malecón.

Em San Antonio de los Baños, os manifestantes conseguiram transmitir parte do protesto ao vivo pelo Facebook, mas os vídeos foram retirados do ar. Gritando principalmente "Pátria e vida", título de uma canção polêmica, mas também "Abaixo a ditadura!" e "Não temos medo", os manifestantes, na maioria jovens, caminharam pelas ruas.

Pelas imagens compartilhadas nas redes sociais, a marcha seguia pacífica até ser interceptada por forças de segurança e partidários do governo, o que levou a violentos confrontos e prisões.

O movimento ganhou projeção com o engajamento de cantores, atores e influenciadores digitais, que compartilharam a hashtag #SOSCuba nas redes sociais. A cantora cubana Camila Cabello foi uma das que compartilhou a hashtag e comentou sobre os protestos, pedindo apoio.

Em Cardenas, a cerca de 145 km a leste de Havana, manifestantes viraram um carro da polícia. Outro vídeo mostrou pessoas saqueando uma loja administrada pelo governo cubano - conhecida por vender itens caros, em moedas que a maioria dos cubanos não possui.

Por que as pessoas estão se manifestando em Cuba?

Os protestos eclodiram em meio a uma grave crise econômica e de saúde em Cuba, onde a pandemia do novo coronavírus ganha força, ao mesmo tempo em que o país perde cruciais dólares vindos do setor do turismo.

Muitas pessoas não conseguem trabalhar porque restaurantes e outras empresas estão fechadas há meses. Além disso, desde o começo da pandemia, os cubanos são obrigados a esperar em longas filas para obter alimentos, uma situação que se somou a uma grave escassez de medicamentos, o que desencadeou um mal-estar social generalizado.

"As pessoas estão morrendo de fome!", gritava uma mulher durante um protesto filmado na província de Artemisa. "Nossos filhos estão morrendo de fome!"

Quanto à pandemia, o país registrou, no domingo, mais um recorde de infecções por covid-19 em 24 horas, com 6.923 novos casos e 47 mortos. A situação é especialmente tensa na província turística de Matanzas, localizada a 100 km de Havana, onde o alto número de infecções pode causar o colapso dos serviços de saúde.

O que o governo cubano diz sobre os protestos?

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, esteve em San Antonio de los Baños no domingo, e se reuniu com partidários em uma praça da cidade. Ele atribuiu ao embargo dos EUA a falta de alimentos e remédios na ilha.

No fim da tarde do domingo, Díaz-Canel falou à nação pela TV e acusou os Estados Unidos de serem responsáveis pelo protesto. Ele enviou as forças especiais às ruas da capital, pediu a seus apoiadores que enfrentassem as "provocações", e disse que seus partidários estão dispostos a defender o governo com suas vidas. "A ordem está dada. Às ruas, revolucionários", incentivou.

Nesta segunda-feira, 12, Díaz-Canel voltou a acusar Washington de impor "uma política de asfixia econômica para provocar revoltas sociais no país". Em transmissão ao vivo pela televisão e pelo rádio, o líder comunista, rodeado por vários de seus ministros, garantiu que seu governo está tentando "enfrentar e superar" as dificuldades diante das sanções dos Estados Unidos, reforçadas desde o mandato de Donald Trump.

"O que querem com essas situações? Provocar revoltas sociais, provocar mal-entendidos" entre os cubanos, mas também "a famosa mudança de regime", denunciou o presidente.

O que diz a oposição ao regime cubano?

Exilados cubanos manifestaram apoio aos protestos em Cuba e pediram aos Estados Unidos que liderem uma intervenção internacional para evitar que os manifestantes sejam vítimas de "um banho de sangue".

"Chegou o dia em que o povo cubano se levantou", disse Orlando Gutiérrez, da Assembleia de Resistência Cubana, uma plataforma de organizações opositoras de dentro e fora da ilha. Gutiérrez, que vive exilado em Miami e também preside o Diretório Democrático Cubano, destacou que, segundo suas fontes em Cuba, ocorreram protestos em mais de 15 cidades da ilha. "Está muito claro o que o povo de Cuba quer, que termine esse regime", afirmou.

Como a comunidade internacional reagiu aos protestos?

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu ao governo cubano que não use de violência contra os protestos de rua e declarou apoio aos manifestantes. "Fazemos um chamado ao governo de Cuba para que se abstenha de violência", disse a repórteres.

Antes, em um comunicado divulgado à imprensa, Biden já havia pedido que as autoridades cubanas "escutassem o seu povo"."Nós apoiamos o povo cubano em seu claro pedido por liberdade", disse o presidente. E completou: "Os Estados Unidos chamam o regime cubano a ouvir seu povo e servir seu interesse neste momento vital, em vez de enriquecer a si mesmo"

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse, nesta segunda-feira, que o líder cubano errou ao culpar os Estados Unidos pelos protestos. "Seria um grave erro do regime cubano interpretar o que está acontecendo em dezenas de vilas e cidades em toda a ilha como resultado ou produto de qualquer coisa que os Estados Unidos tenham feito."

A ONU se manifestou nesta segunda-feira e cobrou que as autoridades locais respeitem plenamente a liberdade de expressão e de manifestação da população. "Estamos, simplesmente, observando o que acontece e queremos que os direitos básicos das pessoas sejam respeitados", afirmou o porta-voz da agência, Farhan Haq, em entrevista coletiva.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, instou Cuba a permitir a realização de manifestações pacíficas e a "escutar" seus participantes. "Quero pedir ao governo que permita essas manifestações e que escute ao descontentamento dos manifestantes", disse.

A Rússia, um dos principais defensores do regime cubano desde os tempos soviéticos, alertou nesta segunda-feira contra qualquer "interferência externa" na crise.

"Consideramos inaceitável qualquer ingerência externa nos assuntos internos de um Estado soberano e qualquer ação destrutiva que favoreça a desestabilização da situação na ilha", disse Maria Zakharova, porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores.

Enquanto isso, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, rejeitou a política "intervencionista" da situação em Cuba e se ofereceu para enviar ajuda humanitária.

O México poderia "ajudar com remédios, vacinas (contra a covid-19), com o que for necessário e com alimentação, porque saúde e alimentação são direitos humanos fundamentais", disse o presidente. (Com agências internacionais)

O presidente americano Joe Biden pediu nesta segunda-feira (12) ao governo comunista de Cuba que não recorra à violência contra os protestos de rua e expressou o apoio dos Estados Unidos aos manifestantes.

"Fazemos um apelo ao governo de Cuba para que se abstenha da violência", disse Biden a jornalistas. Em nota divulgada horas antes, o presidente havia pedido às autoridades cubanas "que ouvissem seu povo".

“Estamos ao lado do povo cubano e seu claro apelo à liberdade e ao resgate das trágicas garras da pandemia e das décadas de repressão e sofrimento econômico a que foi submetido pelo regime autoritário de Cuba”, declarou Biden.

“Os Estados Unidos pedem ao regime cubano que, em vez de se enriquecer, ouça seu povo e atenda suas necessidades neste momento vital.”

O governo cubano acusa Washington de estar por trás dos protestos sem precedentes registrados na ilha no domingo.

O presidente Miguel Díaz-Canel disse nesta segunda-feira que as sanções econômicas dos EUA foram a causa da agitação social, chamando-as de "uma política de asfixia econômica para provocar surtos sociais no país".

A reação do governo Biden foi rápida: o secretário de Estado, Antony Blinken, classificou como um "grave erro" o líder cubano responsabilizar os Estados Unidos pelos protestos históricos.

"Seria um grave erro do regime cubano interpretar o que está acontecendo em dezenas de vilas e cidades em toda a ilha como resultado ou produto de qualquer coisa que os Estados Unidos tenham feito", afirmou Blinken a jornalistas.

Mais focado até então em assuntos internos, como o combate à covid-19 e a aprovação de leis de infraestrutura, e enquanto se retira do Afeganistão após 20 anos de guerra, o governo Biden havia praticamente ignorado a questão cubana até hoje.

Mas a ilha tem um peso cada vez maior na política americana. A forte presença de cubanos e cubano-americanos na Flórida, um dos estados-chave para ganhar a presidência, é bastante importante para as eleições.

No domingo, o assessor de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, alertou Cuba contra a repressão aos manifestantes.

“Os Estados Unidos apoiam a liberdade de expressão e reunião em Cuba e condenariam veementemente qualquer uso de violência contra manifestantes pacíficos que estão exercendo seus direitos universais”, postou no Twitter.

Também respondendo ao comunicado das autoridades cubanas, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse que os protestos eram "expressões espontâneas de pessoas esgotadas com o governo cubano".

Os manifestantes reagem “à dura realidade da vida cotidiana em Cuba, não a pessoas de outro país”.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou apoiar as manifestações em Cuba e a pedir o fim do que ele classifica de "ditadura crual" no país caribenho. Neste domingo, 11, houve protestos contra o governo local em meio ao período agudo da pandemia do novo coronavírus.

"Todo apoio e solidariedade ao povo cubano, que hoje corajosamente pede o fim de uma ditadura cruel que por décadas massacra a sua liberdade enquanto vende pro mundo a ilusão do paraíso socialista. Que a democracia floresça em Cuba e traga dias melhores ao seu povo!", escreveu em sua conta no Twitter.

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Pela manhã desta segunda, 12, em conversa com apoiadores, o presidente brasileiro criticou a resposta das autoridades de Cuba com "borrachada, pancada e prisão" aos protestos. Sem citar nomes, lembrou que seus adversários políticos já se reuniram com mandatários de países socialistas como Cuba e Venezuela. "Estão querendo viver como os cubanos e os venezuelanos", disse o presidente.

O primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba, Miguel Díaz-Canel, culpou os Estados Unidos pelos atos e insuflou clima de tensão ao convocar apoiadores do regime a saírem às ruas em resposta às manifestações. Ele também cortou o sinal de internet e responsabilizou o embargo econômico americano pela crescente crise, agravada a partir da redução do fluxo do turismo, principal fonte de renda da população.

O governo de Cuba informou que deve intensificar esforços de inteligência digital para conter a insurgência. "Se as pessoas ouvirem esses youtubers, estarão apoiando uma mudança de regime que trará um sistema que não terá essa preocupação com o bem-estar da população, como nós", disse Díaz-Canel.

O presidente norte-americano, Joe Biden, assim como Bolsonaro, se solidarizou aos manifestantes, hoje (12), em entrevista coletiva na Casa Branca. "Os Estados Unidos estão firmemente com o povo cubano na defesa de seus direitos universais, e pedimos ao governo que se abstenha de violência em suas tentativas de silenciar a voz do povo cubano", disse. O democrata, no entanto, esquivou-se de questões relativas às restrições de comércio com a Ilha.

Milhares de cubanos marcharam neste domingo (11) pelas ruas da pequena cidade de San Antonio de los Baños, a 33 km da capital, Havana, no primeiro protesto contra o governo desde a manifestação de 1994 em Havana, que ficou conhecida como "maleconazo".

A marcha pacífica, que ocorreu em meio a uma grave crise econômica e sanitária no país, foi interceptada pelas forças de segurança e partidários do governo, o que levou a violentos confrontos e prisões.

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Além de San Antonio de los Baños, um pequeno município rural de 50 mil habitantes, também foram registrados pequenos protestos nos municípios de Güira de Melena e Alquízar - todos na Província de Artemisa -, Palma Soriano, em Santiago de Cuba, e em alguns bairros de Havana.

Gritando principalmente "Pátria e vida", título de uma canção polêmica, mas também "Abaixo a ditadura!" e "Não temos medo", os manifestantes, na maioria jovens, caminharam pelas ruas da cidade para manifestar sua frustração por meses de crise, restrições por causa da pandemia e o que eles qualificam de negligência do governo.

"Ai, meu Deus!", ouve-se em um vídeo uma mulher dizer enquanto a passeata passa por ela aos gritos de "Queremos liberdade" e insultos ao presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.

O presidente cubano foi no domingo a San Antonio de los Baños e se reuniu com partidários em uma praça da cidade e atribuiu ao embargo dos EUA a falta de alimentos e remédios na ilha.

No fim da tarde, Díaz-Canel falou à nação pela TV e acusou os Estados Unidos de serem responsáveis pelo protesto. Ele enviou as forças especiais às ruas da capital, pediu a seus apoiadores que enfrentem as "provocações", e disse que seus partidários estão dispostos a defender o governo com suas vidas. "A ordem está dada. Às ruas, revolucionários", incentivou.

Também neste domingo, 11, os exilados cubanos manifestaram seu apoio aos protestos em Cuba e pediram aos Estados Unidos que liderem uma intervenção internacional para evitar que os manifestantes sejam vítimas de "um banho de sangue".

"Chegou o dia em que o povo cubano se levantou", disse Orlando Gutiérrez, da Assembleia de Resistência Cubana, uma plataforma de organizações opositoras de dentro e fora da ilha. Gutiérrez, que vive exilado em Miami e também preside o Diretório Democrático Cubano, destacou que, segundo suas fontes em Cuba, ocorreram protestos em mais de 15 cidades da ilha. "Está muito claro o que o povo de Cuba quer, que termine esse regime", afirmou.

A Assembleia de Resistência Cubana exortou o povo a permanecer nas ruas e pediu à polícia e às Forças Armadas que fiquem do lado do povo.

Desde o começo da pandemia do coronavírus, os cubanos são obrigados a esperar em longas filas para obter alimentos, uma situação que se somou a uma grave escassez de medicamentos, o que desencadeou um mal-estar social generalizado.

Cuba registrou no domingo mais um recorde de infecções por covid-19 em 24 horas, com 6.923 novos casos e 47 mortos. Desde o início da pandemia, o país registrou 238.491 infecções e 1.537 mortos, segundo números do governo.

"São números alarmantes, que aumentam a cada dia", disse o chefe de epidemiologia do Ministério de Saúde cubano, Francisco Durán.

A situação é especialmente tensa na província turística de Matanzas, localizada a 100 km de Havana, onde o alto número de infecções pode causar o colapso dos serviços de saúde.

Com hashtags como #SOSCuba, #SOSMatanzas e #SalvemosCuba, os pedidos de ajuda se multiplicam nas redes sociais, até mesmo por artistas e famosos. A população também pede ao governo que facilite o envio de doações do exterior.

No sábado, 10, um grupo de oposição pediu a criação de "um corredor humanitário", iniciativa rapidamente rejeitada pelo governo. "Conceitos ligados a corredor humanitário e ajuda humanitária estão associados a zonas de conflito e não se aplicam a Cuba", disse o diretor de Assuntos Consulares e Atenção aos Cubanos Residentes no Exterior, Ernesto Soberón, em entrevista coletiva.

Soberón também denunciou "uma campanha" que tem como objetivo "apresentar uma imagem de caos total em Cuba, que não corresponde à situação atual do país". No entanto, Soberón anunciou que o governo abrirá uma conta de e-mail para agilizar as doações do exterior. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em Cuba, o Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos (Cecmed) – o equivalente à Anvisa no Brasil – decidiu, nesta sexta-feira (9), conceder a autorização de uso emergencial à vacina Abdala. É a primeira vacina da América Latina, produzida e desenvolvida na região.

Segundo o site Cuba Debate, a aprovação acontece após a conclusão de um “rigoroso processo de avaliação do processo submetido ao Cecmed” e efetuadas as inspeções nas fábricas envolvidas no processo produtivo.

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Eficácia em três doses

Desenvolvida por Cuba para combater a Covid-19, a Abdala tem eficácia de 92% com a aplicação de três doses, segundo o BioCubaFarma, laboratório responsável pelo imunizante.

“A eficácia com três doses da Abdala será um sucesso que multiplicará o orgulho”, tuitou o presidente Miguel Díaz-Canel, no dia 21 de junho, quando foi anunciado o resultados dos estudos clínicos.

Outras vacinas e remédios cubanos

A Soberana 2, outra vacina candidata de Cuba, também concluiu as três fases de testes e atingiu uma eficácia de 62% com duas das três doses previstas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) exige uma eficácia de pelo menos 50% para que uma vacina seja aceita.

Sob embargo dos Estados Unidos desde 1962, Cuba começou a desenvolver seus próprios medicamentos na década de 1980. Das 13 vacinas em seu programa de imunização, oito são produzidas localmente.

Números da Covid em Cuba

Até essa quinta (8), a ilha registrou 224,8 mil casos de Covid-19, com 1.431 mortes pela doença. Cuba já realizou mais de 5 milhões de testes no território.

O governo venezuelano anunciou nesta quinta-feira (24) que assinou um "contrato de fornecimento" de 12 milhões de doses da Abdala, vacina cubana contra a covid-19, que, segundo o laboratório que a desenvolveu, tem eficácia de 92% e aguarda a aprovação da OMS.

"Queríamos agradecer que esta vacina seja incorporada ao processo de imunização e ao plano de vacinação da Venezuela e assinamos contrato para o fornecimento de 12 milhões de vacinas Abdala, que estaremos recebendo nos próximos meses", anunciou a vice-presidente, Delcy Rodríguez.

Delcy recebeu no aeroporto internacional de Maiquetía, que atende a Caracas, um primeiro lote de 30.000 doses, cobrindo uma população de 10.000 pessoas, sendo necessárias três aplicações.

“Esta é essencialmente uma doação que Cuba faz ao nosso país irmão”, disse Eulogio Pimentel, vice-presidente da BioCubaFarma, empresa farmacêutica estatal responsável pela Abdala, em coletiva de imprensa em Havana. Esse primeiro lote que chegou à Venezuela não faz parte dos 12 milhões de vacinas acordadas, esclareceu Pimentel.

Em 21 de junho, a farmacêutica BioCubaFarma anunciou que a vacina candidata fabricada por Cuba tem uma eficácia de mais de 92%, sendo o primeiro imunizante contra o novo coronavírus criado na América Latina.

Autoridades científicas da ilha informaram no fim de semana passado que a Soberana 2, sua outra candidata no combate à pandemia de covid-19, completou suas três fases de teste e alcançou uma eficácia de 62% com duas doses, das três existentes nos imunizantes desenvolvidos em Cuba.

Nem a Abdala, nem a Soberana 2, receberam ainda a aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS) ou da autoridade reguladora cubana, mas ambas estão sendo administradas à população da ilha.

A Venezuela, que espera vacinar 70% de sua população de 30 milhões de habitantes este ano, iniciou em fevereiro a aplicação das vacinas Sputnik V e Sinopharm. O governo também negocia a aquisição de vacinas por meio do sistema Covax, da OMS.

A vacina candidata Abdala, desenvolvida por Cuba para combater a Covid-19, tem eficácia de 92% com a aplicação de três doses, informou nesta segunda-feira (21) o BioCubaFarma, laboratório responsável pelo que está prestes a se tornar o primeiro imunizante criado na América Latina.

“A vacina candidata #Abdala da @CIGBCuba apresenta eficácia de 92,28% em seu esquema de 3 doses. #CubaEsCiencia (Cuba é ciência)”, afirmou o laboratório no Twitter.

O anúncio chega apenas dois dias depois de as autoridades científicas anunciarem que a Soberana 2, outra vacina candidata de Cuba, que também concluiu as três fases de testes, atingiu uma eficácia de 62% com duas das três doses previstas.

“A eficácia com três doses da Abdala será um sucesso que multiplicará o orgulho”, tuitou o presidente Miguel Díaz-Canel, pouco antes da divulgação da notícia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) exige uma eficácia de pelo menos 50% para que uma vacina seja aceita. Autoridades cubanas anunciaram que em algumas semanas esperam pedir à autoridade reguladora permissão para o uso emergencial de suas vacinas.

O anúncio acontece no momento em que a ilha passa por um forte surto da doença. Esta segunda-feira foi um dos seus piores dias em termos de infecções detectadas, com 1.561, enquanto, desde o início da pandemia, foram registrados 169.365 casos e 1.170 mortes.

Sob embargo dos Estados Unidos desde 1962, Cuba começou a desenvolver seus próprios medicamentos na década de 1980. Das 13 vacinas em seu programa de imunização, oito são produzidas localmente.

O presidente Miguel Díaz-Canel foi escolhido nesta segunda-feira (19) como novo líder do Partido Comunista de Cuba (PCC), substituindo Raúl Castro, que vai se retirar da vida pública.

Díaz-Canel, que completa 61 anos nesta terça (20), foi designado primeiro-secretário do comitê central do PCC no oitavo congresso da única legenda política autorizada em Cuba. Com isso, Raúl Castro, 89, deixa definitivamente o poder.

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O irmão de Fidel Castro (1926-2016) já havia abdicado da presidência em abril de 2018, mas permanecia na liderança do PCC. O cargo de primeiro-secretário estava nas mãos dos irmãos Castro desde a fundação da sigla, em outubro de 1965, mas o castrismo vigora desde a Revolução Cubana, em 1959.

Ao anunciar sua retirada do PCC, na última sexta-feira (16), Raúl disse que entregaria a direção do país a "um grupo de pessoas preparadas e comprometidas com a ética e os valores da nação". Segundo ele, sua saída é uma maneira de "atualizar o socialismo" para torná-lo "mais eficiente e sustentável".

Díaz-Canel promete manter uma linha de continuidade do regime castrista, mas agora o comando do país estará concentrado nas mãos de dirigentes que não viveram a Revolução de 1959, em um cenário de crescente pressão por abertura devido ao aumento do alcance da internet.

O país também está em crise econômica por causa do prolongamento do embargo dos EUA e dos efeitos da pandemia do novo coronavírus, que atingiu em cheio o setor de turismo, um dos pilares da ilha.

Da Ansa

"Não é a mesma coisa eu fazer com um paciente e fazerem em mim", comenta María Ruiz, 48, que está entre os 150 mil trabalhadores da saúde que receberam a vacina cubana contra o novo coronavírus. "Mas sempre que for para o meu bem e para o bem da sociedade, estarei aqui", acrescenta, orgulhosa, a enfermeira, que recebeu o antígeno em uma policlínica de Havana.

O objetivo desse estudo de intervenção, que teve início anteontem, é testar a vacina em larga escala em médicos, enfermeiros, técnicos e outros funcionários de centros de saúde. Diferentemente dos estudos clássicos, nesse "não é usado um placebo, aqui é vacina direta", explica Osiris Barbería, vice-diretor de Epidemiologia da clínica. E por que as equipes médicas? "Porque somos os que estão na linha de frente."

A busca por uma vacina própria contra o novo coronavírus começou em abril de 2020 e não demorou a se tornar um motivo de orgulho nacional em Cuba, ilha sob embargo americano, forçada a desenvolver seus próprios imunizantes desde a década de 1980. O país não tentou negociar a compra de vacinas contra a Covid-19 com os grandes laboratórios, tampouco se beneficiar do sistema Covax, que garante o envio de doses aos países pobres.

Cuba conta com quatro vacinas em diferentes etapas de testes clínicos, duas das quais - Soberana 2 (usada nesse estudo de intervenção) e Abdala - encontram-se na fase 3, ou reta final. Se alguma delas receber a autorização final, será a primeira vacina contra o novo coronavírus concebida e produzida na América Latina.

Barbería assinala que a participação no estudo de intervenção é voluntária. "Até agora, todo mundo quer, querem trazer até parentes, o que não permitimos, porque se trata de um estudo controlado."

Enfrentando a terceira onda da pandemia, Cuba foi pouco afetada, com 68.986 casos e 405 mortos. Autoridades querem vacinar toda a população este ano e, em seguida, oferecer seu imunizante "a países amigos". Este mês, foram enviadas 100.000 doses da Soberana 2 ao Irã para que sua eficácia seja comprovada, e em abril serão enviadas 30.000 doses da Soberana 2 e da Abdala à Venezuela.

Cuba começará a vacinar 48 mil voluntários na próxima segunda-feira com seu imunizante experimental anti-covid Abdala, o segundo da ilha a passar para a terceira fase dos ensaios clínicos, a última antes de sua aprovação, anunciaram nesta sexta-feira (19) os cientistas responsáveis.

"Pensar que desde ontem (quinta-feira) autorizamos nossa segunda candidata à fase três de desenvolvimento clínico é algo que realmente nos motiva e nos dá muita energia para seguir trabalhando", disse em coletiva de imprensa o vice-presidente do grupo estatal BioCubaFarma, Eulogio Pimentel.

Ele destacou que existem no mundo 22 vacinas candidatas contra o coronavírus que estão na fase três e "a número 23 seria a Abdala". "A capacidade inventiva dos nossos cientistas e tecnólogos fez com que 10% dessas candidatas (...) viessem de uma pequena ilha como a nossa", acrescentou.

Em 4 de março, a vacina experimental Soberana 2 entrou na fase final dos estudos clínicos em Havana, com 44 mil voluntários. Se alguma delas alcançar a autorização final, se tornará a primeira vacina contra a covid-19 concebida e produzida na América Latina.

A terceira fase dos ensaios clínicos da Abdala será realizada nas cidades de Santiago de Cuba, Guantánamo e Bayamo, com 48 mil voluntários com idades entre 19 e 80 anos.

Eles "receberão três imunizações separadas por duas semanas cada um", explicou a médica Marta Ayala, vice-diretora do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB), que desenvolveu a vacina.

Após as primeiras fases (um e dois), "todos os indivíduos tiveram uma resposta de anticorpos específicos" e "essa resposta foi quatro vezes maior" do que antes de serem vacinados, indicou Ayala.

- "Países amigos" -

Como no caso do Soberana 2, antes mesmo da conclusão da fase três, os resultados parciais do estudo poderiam permitir o "pedido de autorização de uso emergencial porque é o que abrirá também o caminho (...) para ampliar a vacinação a toda a população", apontou a vice-diretora.

Cuba, que estabeleceu a meta de vacinar toda a sua população ainda este ano, planeja concluir "no máximo até agosto" todas as doses de vacinas de que necessita, e depois continuará a produção para "fornecê-las a outros países amigos", anunciou na quarta-feira o presidente da BioCubaFarma, Eduardo Martínez.

Na semana passada, Cuba enviou 100 mil doses da Soberana 2 ao Irã para testar sua eficácia, e Havana também fez contatos com o México e o Vietnã.

"O CIGB no momento mantém relações ativas com China, México, Venezuela, República Dominicana e outros países, com os quais há anos de experiência comercializando nossos produtos e, em particular, nossas vacinas", disse Pimentel.

Sob embargo dos Estados Unidos desde 1962, Cuba começou a desenvolver suas próprias vacinas na década de 1980 e atualmente produz 80% dos imunizantes que inclui em seu programa de vacinação.

Com base nessa experiência, os cientistas estão trabalhando em quatro candidatas à vacinas contra o coronavírus: Soberana 1 (em fase dois), Soberana 2 (fase três), Abdala (fase três) e Mambisa (fase um). Uma quinta, a Soberana+, é uma reformulação da Soberana 1, destinada a pacientes com a doença.

Todas as vacinas cubanas contra a covid-19 são feitas de proteínas recombinantes, a mesma técnica utilizada pela empresa de biotecnologia americana Novavax.

Cuba, com 11,2 milhões de habitantes, foi pouco afetada pelo coronavírus, com 65.149 infecções e 387 mortes registradas.

A vacina contra a covid-19 Soberana 02, desenvolvida em Cuba, entrou nesta quinta-feira, 4, na fase 3 dos testes clínicos, a última antes da aprovação, anunciaram autoridades locais, festejando por se tratar da primeira vacina latina a chegar tão longe.

"É incrível que um país pequeno como Cuba, uma ilha pobre em recursos materiais, mas muito rica em recursos humanos, tenha avançado até esse ponto", declarou em entrevista coletiva o médico Vicente Vérez, diretor do Instituto Finlay de Vacinas (IFV). "Nossa Soberana, primeira vacina latino-americana em fase III!", escreveu no Twitter o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.

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O recrutamento dos 44 mil voluntários com idade entre 19 e 80 anos já começou, e o processo deve ter início na próxima semana, como indicou o instituto. A última fase terá "uma duração aproximada de três meses, após aplicada a última dose", informou o vice-diretor do instituto, Yury Valdés.

O vice-diretor especificou que o grupo de voluntários foi dividido em três para o estudo. Alguns receberão duas doses de Soberana 02 com 28 dias de intervalo, outros receberão duas doses mais uma adicional para aumentar a imunidade e o terceiro um placebo.

Uso emergencial

Mas, antes mesmo de terminar essa fase, "os resultados parciais desses testes podem ser usados para avançar em outras categorias, como a autorização do uso emergencial" da vacina, como já aconteceu com outras no mundo, acrescentou Valdés.

Se a Soberana 02 obtiver a autorização final, se tornará a primeira vacina contra a covid-19 concebida e produzida na América Latina.

A ilha não adquiriu vacinas no mercado internacional, nem é um dos países que aderiram ao mecanismo Covax, criado sob a coordenação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para impulsionar o acesso equitativo à imunização para nações de baixa e média renda.

Cuba, que tem a meta de vacinar toda a sua população até o fim do ano, é um dos países da região menos afetados pela doença, com 53.308 infectados e 336 mortos em uma população de 11,2 milhões de habitantes.

"Estamos nos preparando para produzir entre 1 milhão e 2 milhões de doses por mês" em cada um dos dois centros de produção, "e isso deve nos permitir vacinar o país em aproximadamente seis meses", explicou Eduardo Ojito, diretor-geral do Centro de Engenharia Molecular.

Ojito afirmou que "o país está precisando de 30 milhões de doses", se finalmente decidir aplicar três injeções em cada cidadão, e está "tentando montar um sistema que fabrique de 5 a 10 milhões de doses por mês".

Sob embargo dos Estados Unidos desde 1962, Cuba começou a desenvolver suas próprias vacinas na década de 80, descobrindo em particular o primeiro antígeno contra o meningococo do tipo B. Atualmente, 80% das vacinas incluídas em seu programa de imunização são fabricadas na ilha.

Com base nessa experiência, cientistas do país desenvolvem quatro candidatas a vacina contra o novo coronavírus: Soberana 01 (atualmente na fase 2), Soberana 02, Abdala (aguarda autorização para avançar à fase 3) e Mambisa (fase 1).

As três primeiras são administradas por injeção, enquanto a quarta por spray nasal. Ao contrário de outros imunizantes lançados no mercado, nenhuma das quatro precisa ser armazenada em condições de frio extremo.

Especialistas da ilha também trabalham em uma quinta candidata, a Soberana +, baseada em uma reformulação da Soberana 01 e destinada a convalescentes da doença. Todas as vacinas cubanas são proteínas recombinantes, a mesma técnica usada pela empresa americana de biotecnologia Novavax.

O coronavírus possui protuberâncias (proteínas virais) em sua superfície para entrar em contato com as células e infectá-las. Essas proteínas podem ser replicadas e então apresentadas ao sistema imunológico para fazê-lo reagir e criar uma defesa ao invasor.

Vacina infantil

Ainda nesta quinta-feira, o IFV anunciou que seus pesquisadores esperam começar em abril os testes clínicos de uma candidata à vacina contra a covid-19 especificamente desenvolvida para a população infantil de 5 a 18 anos.

Dagmar García Rivero, diretora de Pesquisas do IFV, afirmou em entrevista coletiva que para obter uma alta cobertura de imunização para enfrentar a pandemia "é imprescindível vacinar as populações pediátricas", mas lembrou que "avançar para ensaios clínicos em crianças requer um rigor regulatório superior".

Nenhuma das vacinas contra a covid-19 já aprovadas em outros países foi concebida para utilização em crianças, mas algumas farmacêuticas multinacionais já trabalham nesse tipo de pesquisa. (Com agências internacionais).

A vacina contra a Covid-19 Soberana 2, desenvolvida em Cuba, entrou nesta quinta-feira na fase 3 dos testes clínicos, a última antes da aprovação, anunciaram autoridades locais, festejando por se tratar da primeira vacina latina a chegar tão longe.

"É incrível que um país pequeno como Cuba, uma ilha pobre em recursos materiais, mas muito rica em recursos humanos, tenha avançado até esse ponto", declarou em entrevista coletiva o médico Vicente Vérez, diretor do Instituto Finlay de Vacinas.

O recrutamento dos 44 mil voluntários com idade entre 19 e 80 anos já começou, e o processo deve ter início na próxima semana, indicou o instituto. A última fase terá "uma duração aproximada de três meses, após aplicada a última dose", informou o vice-diretor Yury Valdés. Se a Soberana 2 obtiver a autorização final, irá se tornar a primeira vacina contra a Covid-19 concebida e produzida na América Latina.

Cuba, cuja meta é vacinar toda a sua população até o fim do ano, é um dos países da região menos afetados pela doença, com 53.308 infectados e 336 mortos em uma população de 11,2 milhões de habitantes. Cientistas do país desenvolvem quatro candidatas a vacina contra o novo coronavírus: Soberana 1 (atualmente na fase 2), Soberana 2, Abdala (aguarda autorização para avançar à fase 3) e Mambisa (fase 1).

Especialistas da ilha também trabalham em uma quinta candidata, Soberana +, baseada em uma reformulação da Soberana 1 e destinada a convalescentes da doença.

Os serviços de internet de Cuba caíram nesta sexta-feira (12) por quase duas horas devido a "interrupções técnicas", informou a estatal ETECSA, que detém o monopólio das telecomunicações no país.

“Informamos aos nossos usuários que houve uma interrupção técnica nos serviços de voz, SMS e acesso à internet; eles já foram restabelecidos”, disse a companhia em sua conta no Twitter. “Pedimos desculpas pelo transtorno causado”, acrescentou.

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O acesso gratuito à internet chegou a Cuba apenas em 2015. Até então só era possível se conectar por meio de pontos de wi-fi pagos instalados em parques ou praças públicas.

A chegada em 2018 do serviço móvel de dados, primeiro com 3G e depois 4G, permite que cerca de 4,2 dos 11,2 milhões de habitantes da ilha se conectem com seus celulares. Quando a comunicação ainda estava interrompida nesta sexta-feira, o noticiário da noite divulgou uma breve nota da empresa informando que estava trabalhando "rapidamente em sua restauração".

O site especializado YucaByte publicou no Twitter que "o apagão da internet começou às 11h50, horário de Cuba. O acesso começou a ser restaurado às 13h45, horário de Cuba".

As falhas não afetaram apenas os dados móveis dos usuários em todo o país, houve também problemas em algumas instituições com o serviço de internet a cabo.

Nos últimos meses, muitos residentes relataram problemas estranhos que os impediram de se conectar ao Facebook, Twitter ou WhatsApp.

Em outubro, o Telegram estava inacessível. A ONG Access Now, junto com várias organizações, incluindo a Repórteres Sem Fronteiras, denunciou um possível bloqueio intencional.

Cuba detectou o primeiro caso da cepa sul-africana do corona vírus em um viajante que chegou à ilha,mas descartou relacionar uma eventual introdução dessa variante do vírus ao aumento de infecções por covid-19 que foram relatadas nas últimas semanas no país.

“A variante sul-africana foi detectada em um caso importado. Até agora não podemos dizer que foi comprovado, mas não podemos descartar”, disse o chefe do Centro de Pesquisa, Diagnóstico e Referência estadual do Instituto de Medicina Tropical IPK), María Guadalupe Guzmán.

O cientista sublinhou que a estirpe sul-africana, que tal como a britânica é muito mais contagiosa do que o vírus Sars-CoV-2 original, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), "foi detectada num viajante assintomático", mas não mais detalhes foram dados.

Guzmán descartou qualquer "associação" entre a cepa do coronavírus detectada e o aumento das infecções notificadas no país nas últimas semanas, que as autoridades atribuem principalmente ao aumento do fluxo de turistas e cubanos residentes no exterior, além do relaxamento das medidas de proteção.

Apesar do surto, Cuba, com 11,2 milhões de habitantes, é um dos países menos afetados na região pela pandemia, com 20.060 infecções, 188 mortes e 15.321 recuperadas.

Segundo a OMS, a variante britânica do coronavírus estava presente até a semana passada em 60 países, enquanto a sul-africana estava presente em 23.

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