O japonês que confessou ter assassinado 19 pessoas em um centro para portadores de deficiência mental sorriu para as câmeras da imprensa nesta quarta-feira (27), ao ser levado para um interrogatório.
A polícia revistou a casa do homem de 26 anos, que sempre defendeu a teoria de que "pessoas com problemas mentais deveriam desaparecer". Foi isso que o levou na terça-feira a assassinar os pacientes a facadas.
Com um casaco azul cobrindo sua cabeça, Satoshi Uematsu foi escoltado da delegacia de polícia até uma van, ante uma multidão de repórteres. Dentro do veículo, ele tirou o casaco e sorriu abertamente para a imprensa.
Durante a chacina, Uematsu amarrou os funcionários do centro e começou a atacar os deficientes com facas e, depois do massacre, se entregou à polícia, declarando que "todos os deficientes deveriam desaparecer".
As vítimas são nove homens e dez mulheres com idades entre 18 e 70 anos. Entre os 25 feridos, 20 sofreram "cortes profundos no pescoço", segundo um médico. As vítimas foram levadas a seis hospitais diferentes.
A polícia informou que há uma investigação em andamento "para determinar os detalhes" do incidente ocorrido em Sagamihara, cidade de 700 mil habitantes. O agressor, que chegou a trabalhar por um tempo no centro, teria quebrado as janelas para entrar no lugar, onde havia 160 internos.
O autor da matança já havia enviado em fevereiro passado uma carta ao presidente da Dieta, a câmara baixa do parlamento japonês, ameaçando matar 470 deficientes. Na carta, Satoshi Uematsu dizia que essas matanças seriam uma "revolução", que impediriam "a Terceira Guerra Mundial", segundo a imprensa japonesa. Depois disso, ele ficou hospitalizado durante dez dias.
Os japoneses se questionavam um dia após o pior massacre registrado no país por que foi permitido que ele deixasse o hospital sem uma avaliação mental mais profunda. A polícia da localidade de Tsukui não quis fazer comentários sobre a investigação, limitando-se a informar que o agressor foi levado para um tribunal para ser interrogado.
A imprensa local informou que Uematsu teria dito aos policiais que queria pedir desculpas às famílias das vítimas pela perda súbita de seus entes queridos, mas que não se arrependia do que tinha feito. "Eu salvei pessoas com muitas deficiências", teria comentado.
Este foi o ataque interno mais sangrento no Japão desde 1938, quando um homem munido com um sabre e um fuzil matou 30 pessoas antes de tirar a própria vida. Massacres deste tipo são muito raros no Japão, que tem uma legislação de controle de armas muito severa e uma taxa de criminalidade relativamente baixa.
Em junho de 2008, um homem de 28 anos armado com faca e dirigindo um caminhão semeou pânico no bairro de Akihabara, em Tóquio, atropelado pessoas e depois esfaqueando várias outras. Sete pessoas morreram e dez ficaram feridas. O agressor foi condenado à pena de morte.
Em junho de 2001, um homem entrou em uma escola primária de Ikeda, na cidade de Osaka, e matou oito crianças com uma faca.
Mas uma das ocorrências que mais abalou o país aconteceu em 20 de março de 1995, quando um ataque com gás sarin matou 13 pessoas no metrô de Tóquio, em uma ação praticada por membros da seita apocalíptica Aum Shinrikyo.
O gás altamente tóxico afetou ainda 6.300 pessoas, algumas de forma irreversível.