Ansiedade: como o tratamento diminui os efeitos da doença?
Associação de psicoterapia, medicamentos e apoio familiar costuma ser um tratamento eficaz contra a doença
Nervosismo incontrolável em uma reunião importante do trabalho, coração acelerado durante uma avaliação da escola ou mãos suando em eventos importantes, são alguns dos sintomas da ansiedade, doença que afeta cerca de 10% da população brasileira, de acordo com dados de 2019 da Organização Mundial de Saúde (OMS). Porém, a resposta para controlar as crises pode estar em simples mudanças do dia a dia.
O transtorno que potencializa o que deveria ser um instinto de sobrevivência ao colocar o corpo em estado de alerta constante, é prejudicial tanto para a mente quanto para o corpo. A doença que é caracterizada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais, não tem cura, porém pode ter seus efeitos diminuídos através de um bom acompanhamento de especialistas.
Em entrevista ao LeiaJá, a psicóloga Thays Santos afirmou que o paciente com ansiedade precisa identificar o momento de procurar ajuda, o local onde pode encontrar essa ajuda e quais estratégias que deve adotar para controlar a doença.
"Quando a gente pensa em procurar ajuda, logo imaginamos onde devemos ir? Ultimamente, por ter muita divulgação sobre a doença nas mídias sociais, o assunto ficou bastante difundido, mas a gente não pode se prender a um autodiagnóstico, ou achar que tem a doença apenas por se identificar com alguns sintomas.
Então a primeira coisa que tem que se fazer é procurar um profissional. No caso, um psicólogo ou um psiquiatra. Porém, a combinação dos dois profissionais trará ainda melhores resultados para o paciente. Cada um vai ter seu papel nesse tratamento da ansiedade", afirmou a especialista.
Santos também destaca que o acompanhamento médico tem o papel importante de ajudar as pessoas a "identificarem os gatilhos" que causam as crises. Além disso, ela disse que "não existe uma receita pronta" seguida por todos os especialistas, pois o tratamento é desenvolvido através "da história de vida de cada pessoa", fazendo o paciente entender como a ansiedade pode afetar o seu cotidiano.
"Primeiramente, o papel do psicólogo vai ser sempre de acolher. A partir daí, o paciente se sentirá confortável no processo de psicoterapia e conseguirá entender os seus fatores ansiogênicos, qual o nível de ansiedade e quais são os métodos que pode adotar", disse.
Ainda de acordo com o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela OMS, o Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo.
Para se ter uma ideia, aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. Em seguida, aparece o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%) e Austrália (7%).
Índice elevado de desemprego, recorrentes mudanças no rumo da economia e falta de segurança pública são apontados como principais fatores para a alta prevalência de transtornos de ansiedade na população.
Ciente dos problemas sociais enfrentados pelo país que afetam a saúde mental dos brasileiros, a psicóloga Thays Santos acredita que o tratamento adequado, no qual é possível identificar o contexto que o paciente é inserido, pode diminuir os efeitos da doença.
"É um cuidado que vai além da psicoterapia e do tratamento com fármacos. A pessoa precisa fazer atividades físicas, olhar a questão da alimentação, do sono e da sua rede de apoio composta por pessoas que te cercam, porque muitas vezes o motivo dos sintomas pode estar no trabalho, faculdade, na rotina corrida. Sendo assim, o especialista vai procurar entender esses contextos, e saber como atuar a partir disso", pontuou.