Flávio: conselheiros incitaram tensão entre governo e STF

Em entrevista recente, senador alegou que uma 'ruptura institucional' foi esperada por uma ala política e que houve conspiração para derrubar Bolsonaro

por Vitória Silva sex, 17/12/2021 - 09:54
Tania Rego/Agência Brasil O senador Flávio Bolsonaro, do Partido Liberal Tania Rego/Agência Brasil

Para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho zero um e braço direito do pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL), o governo atual foi alvo de conspirações contra a sua continuidade e que essa tensão foi propositalmente intensificada durante as preparações para o 7 de Setembro. De acordo com o parlamentar, esse foi o dia mais tenso do governo federal até o momento, e muitos congressistas e outros políticos, nos bastidores, estavam torcendo para que Bolsonaro levasse adiante a relação hostil com o Supremo Tribunal Federal (STF) e causasse uma ruptura institucional. As revelações foram feitas em entrevista à Veja, veiculada nesta sexta-feira (17). 

“O presidente estava se sentindo acuado e constrangido. Mas não chegou a pensar em fazer alguma coisa. Ele estava vendo que havia uma fritura, uma tentativa de encurralá-lo por parte de algumas pessoas. Aquele discurso em frente ao Congresso foi reativo. Havia uma conspiração em andamento para derrubar o governo”, continuou. 

Em uma outra resposta, falou que há ministros do STF que ampliaram a hostilidade já existente entre os dois Poderes, com decisões que fizeram o presidente se irritar com o Judiciário. “O Sete de Setembro [foi o dia mais tenso]. Bolsonaro já estava saturado com uma sequência de decisões do Judiciário que a gente entendia que eram absurdas, tomadas para provocar, desgastar. Há ministros ponderados no STF, que têm de fazer os outros entenderem que não dá para alguém se intitular o salvador da Pátria, como se estivesse defendendo o Brasil de um ditador chamado Bolsonaro”, disse Flávio 

Perguntado se a afirmação era sobre o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, disse que não citaria nomes, mas que deixaria que “vistam a carapuça”. O senador continuou no tópico e disse que haviam conselheiros dizendo ao presidente que ele não devia mais ceder ao Supremo, pois a Corte “havia ultrapassado o limite”. Segundo Flávio, Bolsonaro voltou atrás por “sabedoria” e “pelo bem do Brasil”. O Zero Um não identificou nenhum dos conselheiros, mas afirmou que, se o pai fosse seguir todos esses conselhos, seria um ditador. 

O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido) e o ex-juiz Sérgio Moro também foram mencionados e alvos de críticas e ofensas por parte de Flávio. Segundo o parlamentar, Maia trabalhou, nos bastidores, para derrubar o governo e tentou atrair ministros do Supremo para um suposto plano que levaria ao impeachment. A informação, segundo o filho de Bolsonaro, foi passada a ele diretamente por um dos ministros contactados pelo opositor. Sobre Moro, voltou a chamá-lo de traidor e questionou acusações antigas do ex-ministro do governo. 

“Moro, além de traidor, é mentiroso. Em relação à Polícia Federal, o que ela poderia interferir para me proteger? Nada. Se ele mostrasse quem era desde o início, se tivesse caráter, sequer aceitaria entrar no governo. Tenho grande desprezo por ele”. 

Por fim, afirmou que o Governo Federal está aberto ao diálogo com o Supremo e acredita que o desgaste na relação entre as duas forças não é uma total verdade. “As coisas melhoraram trazendo o presidente para perto dos onze ministros. A relação institucional, sob meu ponto de vista, está pacificada. Não há nenhuma possibilidade de meu pai fazer algo fora da Constituição”, concluiu. 

 

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