Idosos com Covid-19 lotam hospital no centro da China

O vírus se espalha em Chongqing e por todo o país e o número de casos aumenta

qui, 22/12/2022 - 10:10
Noel Celis Pacientes com covid-19 descansam em leitos na sala de emergências de um hospital de Chongqing, no centro da China, em 22 de dezembro de 2022 Noel Celis

Conectado a um tubo respiratório debaixo de várias mantas, um homem infectado com Covid-19 geme em um leito no serviço de emergências de um hospital de Chongqing, no centro da China.

O vírus se espalha nesta cidade e por todo o país e o número de casos aumenta. As autoridades afirmam que é impossível monitorar os contágios após o abandono abrupto dos testes em massa, das restrições de viagens e dos confinamentos aplicados desde o início da pandemia.

Um paramédico do Primer Hospital Universitário Afiliado de Chongqing confirma que o idoso tem covid. Todos os dias, eles recebem uma dezena de pessoas, das quais 80%-90% estão infectadas com o coronavírus.

"A maioria são idosos", diz ele, durante seu turno nesta quinta-feira.

"Muitos dos funcionários do hospital também estão positivos, mas não temos outra opção a não ser continuar trabalhando", acrescenta.

O paciente mais velho esperou meia hora para ser atendido. Em uma sala contígua, a equipe da AFP viu outras seis pessoas doentes acamadas, cercadas por médicos e familiares preocupados.

Em sua maioria, também são pessoas de idade avançada e, segundo um médico, "basicamente" pacientes com covid. Cinco estão conectados a ventiladores e com claras dificuldades respiratórias.

Milhões de idosos na China ainda não completaram o esquema de vacinação, o que aumenta o medo de uma morte em massa desse grupo, devido ao vírus. Sob as novas instruções do governo, porém, muitos não serão contabilizados como vítimas da pandemia.

Antes, as pessoas que morriam enquanto infectadas eram registradas como óbitos por covid-19. Agora, serão contabilizados apenas quem morrer por insuficiência respiratória como consequência direta da infecção.

“As pessoas mais velhas têm outras patologias prévias. Apenas um número muito pequeno morre diretamente de insuficiência respiratória causada pela covid”, alegou uma autoridade de saúde esta semana.

Um médico ouvido pela AFP confirmou que parte significativa dos leitos está ocupada por pacientes com covid, mas evitou dar mais detalhes. A AFP não conseguiu acesso ao departamento de pacientes respiratórios críticos.

- Crematórios ocupados -

Em um enorme crematório na zona rural da cidade, uma longa fila de veículos esperava nesta quinta-feira para estacionar dentro do complexo funerário.

Dezenas de familiares se reuniam em grupos, alguns carregando urnas de madeira, em meio ao barulho dos gongos fúnebres e ao cheiro de incenso.

Quatro famílias disseram à AFP que seus parentes não morreram de covid, mas de doenças prévias. Um homem de meia-idade contou, no entanto, que um parente de idade avançada faleceu após testar positivo para o vírus.

"Tenho estado constantemente ocupado", diz um motorista funerário. "Trabalhamos mais de dez horas por dia com poucas pausas", acrescenta.

"Recentemente, o número de cremações tem sido muito alto", relata um funcionário de outro crematório da cidade.

"Não é possível colocar os corpos nas geladeiras, eles devem ser cremados no mesmo dia", completou.

Um motorista de táxi diz que muita gente já foi infectada, incluindo ele, toda sua família e a maioria de seus amigos.

"Não tivemos escolha a não ser nos tratarmos em casa", afirmou à AFP. Para ele, a China "deveria ter reaberto há muito tempo".

"A covid não é nada do outro mundo. A maioria das pessoas se contamina e segue em frente", minimizou.

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