Bachelet nega pressão da China para impedir relatório

Ela assegurou que o documento será publicado antes do término de seu mandato em agosto

qua, 20/07/2022 - 20:30
Cris BOURONCLE A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, fala com os jornalistas durante uma entrevista coletiva em Lima, ao término de sua visita oficial de três dias ao Peru Cris BOURONCLE

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, negou, nesta quarta-feira (20), pressões da China para não divulgar um relatório sobre o país e assegurou que o mesmo será publicado antes do término de seu mandato em agosto.

"Não existe uma carta das autoridades chinesas, a verdade é que há uma carta de países. Assim como há cartas de países que me pedem para publicá-lo, há cartas de países que me pedem para não o publicar. Isso é normal", disse Bachelet durante uma conferência de imprensa em Lima como parte de sua visita de trabalho ao Peru.

O relatório "será publicado antes que eu deixe o cargo" em agosto, afirmou.

"Posso dizer que seguimos trabalhando no escritório [do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos] para atualizar o relatório para compartilhá-lo com o país em questão, como se faz sempre antes de divulgar um relatório, para que faça os comentários factuais se houver erros, como se faz na prática habitual", detalhou a ex-presidente chilena.

Durante sua visita à China em maio, Bachelet instou as autoridades a evitar medidas "arbitrárias e indiscriminadas" em Xinjiang. Mas ressaltou que sua visita não era "uma investigação".

O governo chinês é acusado de manter uigures e outros indivíduos de minorias muçulmanas em centros de detenção em Xinjiang, de esterilizar as mulheres e obrigar essas pessoas a realizar trabalhos forçados. A China, por sua vez, nega todas as acusações.

Bachelet anunciou em 13 de junho que não concorreria a um segundo mandato para o cargo, pois pretende passar mais tempo com sua família e em seu país.

A ex-presidente chilena havia avisado sua decisão ao secretário-geral da ONU, António Guterres, dois meses antes, mas nenhuma informação vazou.

A funcionária foi duramente criticada nos últimos meses pelos Estados Unidos e importantes ONGs, que a acusam de falta de firmeza frente às violações de direitos humanos na China e de agir mais como "diplomata" do que defensora dos direitos humanos.

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