Coronavac: reforço deve ser para imunossuprimidos e idosos
A Opas pediu, durante a coletiva, que ocorra um esforço para garantir que 40% das populações de todos os países da região sejam vacinadas até o fim deste ano
Diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa foi questionado durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (13) sobre os reforços em vacinas contra a Covid-19. Segundo ele, a posição da entidade foi adotada a partir do recomendado pelo Grupo Assessor Estratégico de Especialistas em Imunização (Sage, na sigla em inglês), que auxilia a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Barbosa disse, a partir de recomendação do Sage, que uma dose de reforço deve ser aplicada a pessoas imunossuprimidas, "moderadas ou graves". Além disso, citou que no caso das vacinas das chinesas Sinovac e Sinopharm, pesquisas apontaram que a eficácia entre as populações mais idosas é menor do que entre os mais jovens, por isso também nesse casos é recomendada a dose de reforço para os mais velhos. A Sinovac é a fabricante da Coronavac, uma das vacinas usadas no Brasil.
Barbosa disse que, preferencialmente, o reforço deve ser do mesmo fabricante. Caso esta não esteja disponível, porém, é possível usar uma vacina de outro produtor, com pesquisas apontando que não há problema quanto a isso, comentou.
Em outro momento da coletiva, a diretora da Opas, Carissa Etienne, lembrou que o primeiro pico da Covid-19 no Brasil "infelizmente, foi muito extenso", atingindo não apenas grandes cidades, mas também áreas mais remotas. Ela recordou também que, na segunda onda da doença, com a presença da variante gama, os serviços de saúde ficaram ainda mais pressionados. A diretora da Opas, porém, também citou aspectos positivos do quadro no País, como campanhas de vacinação nos fins de semana e a presença de "campeões de vacinas" para incentivar toda a população alvo a se imunizar.
A Opas também pediu, durante a coletiva, que ocorra um esforço para garantir que 40% das populações de todos os países da região sejam vacinadas até o fim deste ano. Etienne disse que a entidade registra um aumento de casos entre pessoas mais jovens, atribuído segundo ela em parte ao fato de que esse grupo adota menos medidas de proteção, mas também pois em vários países eles não foram vacinados, ou têm menos acesso aos imunizantes por ora.
Já o gerente de Incidentes da Opas, Sylvain Aldhigieri, mencionou em outro momento que as festas de fim de ano "são mais propícias" à disseminação da covid-19, ao ser questionado sobre o eventual risco de um aumento nos casos da doença no fim do ano no México. Em resposta a outra questão, Jarbas Barbosa disse que "é difícil" fazer uma previsão sobre a pandemia nas Américas em 2022. Em sua avaliação do quadro, ele notou que apenas nove países da região conseguiram vacinar mais de 50% de suas populações contra o vírus, enfatizando a necessidade de melhorar a cobertura pela região.
Etienne ainda citou alguns cenários possíveis da Opas para a pandemia, a depender dos avanços na imunização. Em um deles, com alta cobertura vacinal, mas sem medidas de proteção, os países continuariam expostos a surtos de casos da doença, advertiu. Ela afirmou que a covid-19 pode se tornar uma doença endêmica, o que segundo a autoridade é mais um motivo para se reforçar a distribuição de vacinas entre os países das Américas.