Pessoas com sintomas de Covid-19 mais do que dobram em PE

Pernambuco saiu da última posição entre estados que testam para Covid-19 pela primeira vez, segundo o IBGE

qua, 23/12/2020 - 11:46
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Em novembro, 50 mil pessoas tiveram sintomas conjugados de Covid-19 no estado Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Em novembro, 50 mil pessoas (0,5% da população) tiveram sintomas conjugados de Covid-19 no estado. Em outubro, eram 23 mil (0,2% da população), ou seja, o percentual mais que dobrou em apenas um mês. Os sintomas conjugados considerados pelo IBGE são três: perda de cheiro ou sabor; febre, tosse e dificuldade de respirar; febre, tosse e dor no peito. Os dados são da PNAD Covid, pesquisa do IBGE que retratou as mudanças na saúde dos brasileiros e no mercado de trabalho durante a pandemia. O levantamento começou no dia 4 de maio e foi encerrado em 11 de dezembro.

Dessa parte da população local que teve sintomas conjugados, 42,8% procuraram estabelecimentos de saúde em novembro, enquanto, em outubro, foram 40,9%. O levantamento também constatou que a proporção de pernambucanos com plano de saúde no mês passado (18,4%) ficou praticamente estável com relação ao mês anterior. Em maio, mês inicial da PNAD Covid, pouco mais de 2 milhões de pernambucanos tinham acesso à saúde suplementar; em novembro, era 1,76 milhão.

Também em novembro, 317 mil pessoas (3,3% da população) apresentaram algum sintoma relacionado à síndrome gripal em Pernambuco, um aumento de 27,8% frente a outubro. Os sintomas gripais considerados nesta parte da pesquisa foram febre, tosse, dor de garganta, dificuldade de respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de cheiro ou de sabor, e dor muscular. Os sintomas foram informados pelo morador e não se pressupõe a existência de um diagnóstico médico.

De acordo com a pesquisa, a proporção de domicílios com ao menos um morador idoso que vive com uma ou mais pessoas com sintomas conjugados de Covid-19 diminuiu de 28,4%, em outubro, para 17,6% em novembro. Entre as pessoas que afirmaram ter alguma doença crônica, 45 mil, ou 2,7% do total, testaram positivo para Covid no mês passado. Em outubro, eram 2,2%.

Pernambuco sai da última posição entre estados que testam para Covid

Em Pernambuco, 892 mil pessoas, ou 9,3% da população, fizeram algum teste para detectar Covid-19 do início da pandemia até o mês de outubro, sendo o segundo estado que menos testou no país, atrás apenas do Acre. Esta foi a primeira vez que Pernambuco saiu do último lugar nacional na realização de testes desde o mês de julho, quando o levantamento começou a incluir esses dados. No Brasil, 13,5% das pessoas fizeram teste para detectar o vírus até o mês de novembro, contra 12,1% até o mês de outubro. No Nordeste, a proporção foi de 12,5%.

A PNAD Covid detectou que, em novembro, 139 mil pessoas a mais disseram ter realizado algum tipo de testagem relacionada ao novo coronavírus em comparação a outubro, quando o percentual de população testada no estado foi de 7,9%. A quantidade de pessoas testadas tem crescido desde julho.

O aumento no número de testes também se refletiu em uma elevação nos resultados positivos: aproximadamente 1,9% da população do estado disse ter testado positivo para o novo coronavírus em novembro, em comparação a 1,6% em outubro. No Brasil, o índice de positivados foi de 3,1% da população do país em novembro, frente a 2,7% no mês anterior.

Das 892 mil pessoas testadas, 374 mil realizaram o swab, ou seja, com cotonete na boca e no nariz, e 89 mil (23,8%) tiveram resultado positivo; 389 mil fizeram o teste rápido com coleta de sangue através de furo do dedo e 59 mil (15,2%) testaram positivo, percentual inferior ao do mês de outubro, quando a proporção foi de 16,5%; enquanto 248 mil fizeram o teste de sangue com Covid por meio de veia no braço, sendo 66 mil (26,5%) com Covid confirmada. Uma pessoa pode ter feito mais de um tipo de teste.

Assim como ocorreu desde que a PNAD Covid passou a incluir perguntas sobre testagem no questionário, em julho, as pessoas do sexo feminino foram mais testadas em novembro: 472 mil mulheres contra 420 mil homens. No entanto, a proporção de mulheres testadas cujo exame deu positivo aumentou, passando de 56,3% para 57,6%.

No recorte por cor ou raça, das pessoas que afirmaram ter feito o teste, 57,1%, ou seja, 533 mil pessoas, se identifica como preta ou parda. Eles também são quase seis em cada dez dos infectados, totalizando 105 mil pessoas. Os brancos, por sua vez, totalizam 346 mil testados e 76 mil com resultado positivo para Covid.

Na distribuição por idade, a maior quantidade de pernambucanos testados está em idade de trabalhar - 499 mil pessoas de 30 a 59 anos, seguidas por 149 mil habitantes do estado na faixa etária de 20 a 29 anos. Entre as pessoas de 60 anos ou mais, 128 mil também fizeram testes para detectar o coronavírus, e 19 mil tiveram resultado positivo.

500 mil pessoas a mais reduziram o contato social, mas continuaram saindo de casa entre outubro e novembro

De acordo com a PNAD Covid, houve uma queda no número de pernambucanos que não adotaram qualquer medida de restrição do contato social no mês passado. Em novembro, eram 432 mil pessoas (4,5% da população), contra 557 mil em outubro (5,8% da população). No entanto, a quantidade de pessoas que reduziram o contato social, mas continuaram saindo de casa aumentou, passando de 3,8 milhões (40,3% do total da população) em outubro para 4,3 milhões (45,1%) em novembro, ou seja, 500 mil pessoas a mais.

Com isso, caiu ainda mais o número de pessoas que ficaram em casa e só saíram em caso de necessidades básicas, de 3,6 milhões (38,5% da população) para 3,5 milhões (37,1%).

O mesmo ocorreu com quem ficou rigorosamente isolado: eram 1,4 milhão (14,9%) em outubro e, em novembro, o número diminuiu para 1,2 milhão (12,9%), uma diferença de 200 mil pessoas. De julho, quando os dados sobre comportamento da população começaram a ser investigados pela PNAD Covid, até novembro, 1,2 milhão de pernambucanos deixaram o isolamento rígido.

Entre os que não adotaram nenhuma medida de restrição, os homens ainda são maioria, com 4,6%, mas as mulheres estão em uma porcentagem próxima, com 4,4%. Com quem realiza o isolamento rígido, a proporção também não difere muito entre os sexos, com 12,5% dos homens e 13,3% das mulheres que adotaram medidas mais restritas de convívio por conta da pandemia.

A faixa etária que tem maior percentual de pessoas que não fizeram nenhuma restrição na convivência com outras pessoas em novembro foi a de jovens de 14 a 29 anos: 5,4% se encaixam nesse perfil. Entre os idosos, com 60 anos ou mais, o percentual diminuiu de 3,4% em outubro para 2,4% em novembro.

Entre os pouco mais de 3 milhões de domicílios em Pernambuco, em 19 mil (6,1%) algum morador solicitou empréstimo no mês de novembro, sendo que em 175 mil (5,7% do total) a solicitação foi atendida e, em 20 mil (0,6%), o empréstimo não foi concedido. Em outubro, 6% da população havia pedido dinheiro emprestado e destes, 5,4% conseguiram.

Domicílios onde a renda domiciliar per capita está entre meio salário mínimo e um salário mínimo foram responsáveis pela maioria dos empréstimos concedidos, com 32,3% do total. Na maior parte dos lares pernambucanos que receberam dinheiro emprestado, 81,5% deles conseguiram os valores com bancos ou financeiras e 17% com parentes ou amigos.

*Do IBGE.

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