Autor de ataque em Paris reconhece que mentiu nome e idade
O suspeito inicialmente alegou se chamar Hassan Ali e ter nascido em 2002 no Paquistão, identidade sob a qual se beneficiou de ajuda social quando chegou à França em 2018
O suposto autor do ataque na última sexta-feira (25) em frente à antiga sede da revista Charlie Hebdo em Paris admitiu que seu nome é Zaheer Hassan Mahmoud e que nasceu no Paquistão em 1995, e não em 2002, anunciou nesta terça-feira (29) o procurador nacional de contraterrorismo.
O suspeito do ataque, que deixou dois feridos graves - um homem e uma mulher funcionários da agência de comunicação Premières Lignes -, inicialmente alegou se chamar Hassan Ali e ter nascido em 2002 no Paquistão, identidade sob a qual se beneficiou de ajuda social quando chegou à França em 2018.
Confrontado a um documento paquistanês encontrado em seu telefone, "ele finalmente admitiu que esta era sua verdadeira identidade e que tinha 25 anos", declarou em coletiva de imprensa Jean-François Ricard, que confirmou que o suspeito "era completamente desconhecido para todos os serviços de inteligência".
Este reconhecimento do que parece ser sua verdadeira identidade aconteceu ao final de suas 96 horas de custódia policial, iniciada na sexta-feira ao meio-dia após sua prisão na Place de la Bastille (no sudeste de Paris) e que termina esta tarde.
Zaheer Hassan Mahmoud deve ser apresentado ainda nesta terça-feira a um juiz de instrução com vista ao seu indiciamento por "tentativas de homicídio de caráter terrorista" e "associação terrorista criminosa".
A Procuradoria Nacional de Contraterrorismo solicitou sua prisão preventiva. Além de Zaheer Hassan Mahmoud, 10 pessoas foram presas na investigação. Cinco foram libertadas entre sexta e segunda-feira, e o procurador anunciou nesta terça-feira que as últimos cinco também foram libertadas.
Entre elas, um argelino de 33 anos apresentado como o "segundo suspeito" que foi levado sob custódia na sexta-feira à tarde, mas libertado na mesma noite. Ele demonstrou "grande coragem ao tentar pegar o réu para prendê-lo", observou o procurador.
Ricard confirmou nesta terça que o agressor disse que estava "irritado" depois de assistir "vídeos do Paquistão nos últimos dias" a respeito da recente republicação pela Charlie Hebdo dos cartuns do profeta Maomé.
O procurador também confirmou que o interessado havia premeditado o ato: várias visitas ao local nos dias anteriores ao crime, compra na mesma manhã da arma branca usada no ataque, mas também de um martelo e garrafas de álcool com o plano de atear fogo às antigas instalações do semanário satírico.
Ao observar duas pessoas diante da antiga sede, "ele pensou que trabalhavam para (Charlie Hebdo) e decidiu atacá-las", disse o procurador.
A equipe do Charlie Hebdo, que se mudou para um local secreto há quatro anos, está sob novas ameaças desde que o semanário satírico voltou a publicar caricaturas de Maomé em 2 de setembro, para marcar a abertura do julgamento dos cúmplices dos autores do atentado de 7 de janeiro de 2015, no qual 12 pessoas foram mortas.