Pneumonia: vacina mais abrangente é testada em SP

Parceria entre pesquisadores do Instituto Butantan e do Boston Children’s Hospital (EUA) desenvolveu uma substância com capacidade de imunizar cerca de 90 agentes da doença

por Alex Dinarte sex, 14/02/2020 - 19:04
Wikimedia Nova vacina pode reduzir os custos de imunização de R$ 65 para R$ 8,50 no SUS Wikimedia

Um trabalho realizado em conjunto por cientistas brasileiros e estadunidenses traz boas notícias. A parceria entre pesquisadores do Instituto Butantan e do Boston Children’s Hospital, da Universidade Harvard (EUA), desenvolveu uma nova vacina contra a pneumonia. De acordo com os especialistas, a formulação é mais barata e abrangente do que aquela utilizada hoje em dia no Brasil. Recém-criada, a vacina já está sendo testada em humanos.

As estimativas mostram que, em todo o mundo, existem mais de 90 sorotipos da bactéria Streptococcus pneumoniae, causadora da pneumonia. As variações deste grupo de microrganismos podem causar outras enfermidades, como meningite, otite e sinusite.

Diferente das vacinas convencionais, que dependem da combinação de moléculas para determinar qual antígeno vai auxiliar na produção de anticorpos, a vacina desenvolvida no Instituto Butantan tem a capacidade de imunizar qualquer sorotipo bacteriano que possa originar as patologias relacionadas com os agentes da doença.

Segundo os especialistas, as vacinas pneumocócicas combatem entre 10 e 13 sorotipos da bactéria. Há uma versão que pode atingir até 23 agentes da doença, entretanto não é eficaz em crianças. Além de mais abrangente, a vacina celular desenvolvida no Butantan não sofre o problema de substituição sorotípica. O processo ocorre quando outras cepas são eliminadas, mas outras surgem fazendo com que a imunização perca a eficácia. Outro benefício está na questão econômica. O que hoje custa R$ 65 no Sistema Único de Saúde (SUS) pode vir a custar cerca de R$ 8,50 a partir da aprovação e produção do novo imunizante.

A primeira parte da pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Na etapa dos testes clínicos de fase 1 e 2, realizada na África, o incentivo veio por meio da Fundação Bill & Melinda Gates e do Program for Appropriate Technologies in Health (PATH), organização norte-americana sem fins lucrativos que estimula o desenvolvimento de inovações pró-saúde. Já a terceira fase dos testes clínicos ainda não tem previsão para começar. Os testes envolvem um número maior de pessoas e vai comprovar a eficácia da vacina ao comparar parte da população imunizada com outro grupo que recebeu apenas placebo.

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