Ocupe Cine Olinda diz que governo quer forçar sua saída

Segundo os manifestantes, há dois meses ocupando o equipamento cultural, órgãos governamentais como Iphan, Fundarpe e a Prefeitura de Olinda estariam pressionando e ameaçando por exemplo o corte de energia do local para inviabilizar a ocupação

por Lara Tôrres sex, 16/12/2016 - 14:34
Brenda Alcântara/LeiaJá Imagens/Arquivo Integrantes da ocupação afirmam ter sofrido ameaças e também tentativas de corte do fornecimento de energia elétrica Brenda Alcântara/LeiaJá Imagens/Arquivo

Na última quinta-feira (16) as negociações entre a Prefeitura de Olinda, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e Ministério Público de Pernambuco com os ocupantes do Cine Olinda terminou com um impasse. O cinema, que está ocupado desde o dia 30 de setembro pela sociedade civil pedindo pela sua reforma e reativação, está fechado há 51 anos e deve passar a ser controlado pela Fundarpe.

O espaço está sob responsabilidade do IPHAN, mas pertence à Prefeitura de Olinda. Na reunião de negociação, a Fundarpe afirmou que tem verbas liberadas para assumir a gestão do cinema, realizar o pregão para processo de licitação e realizar a reforma, mas impôs a condição de que o cinema seja antes desocupado e vistoriado pela Defesa Civil. 

Os Ocupe Cine Olinda aceitou fazer uma desocupação parcial, parando de dormir no cinema, desde que fossem mantidas as reproduções de filmes durante o processo licitatório. Os manifestantes acusam os representantes dos órgãos governamentais de pressionar os ocupantes com ameaças de corte de energia elétrica do local. Um ocupante disse ao Portal LeiaJá que "O que eles querem é fechar o espaço, colocar tapume. Eles fizeram aparência de diálogo e só querem que a gente saia".

Segundo o Ocupe Cine Olinda, ao meio-dia desta sexta-feira (16), Claudia Rodrigues e outros funcionários da Prefeitura foram ao Cine Olinda para realizar a suspensão do fornecimento de eletricidade, mas até o fechamento dessa reportagem a informação ainda não havia sido confirmada pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Olinda.

Além disso, os ocupantes também afirmam que foram informados que haveria uma ordem de interdição do prédio do Cine Olinda por problemas estruturais, que teria sido expedido pelos Bombeiros e pela Defesa Civil de Olinda. A assessoria de imprensa dos Bombeiros nega a existência de qualquer interdição e a Secretaria de Cultura da Prefeitura de Olinda (Sepac), que responde pelo Cine Olinda, afirma que existe um relatório a respeito do local, mas até o fechamento dessa reportagem não havia respondido qual é o teor do documento. 

A Fundarpe, apesar de estar com verba liberada pare reformar o Cine Olinda, de estar se encaminhando para assumir a gestão do local e estar envolvida nas reuniões de deliberação sobre o andamento da ocupação do Cine Olinda, afirmou por meio de sua assessoria que não irá se pronunciar sobre o espaço porque ainda não é a responsável pelo cinema. Outra fonte ligada à Fundarpe, que pediu para não ser identificada, afirma que os ocupantes entraram em contradição, pois haviam aceitado desocupar completamente o prédio do cinema para que a vistoria que deve anteceder a licitação ocorresse, diferente do que afirmam os integrantes do movimento.

A Prefeitura de Olinda afirmou que responderia às perguntas da reportagem por e-mail, porém até o fechamento desta matéria, não havia enviado nenhum posicionamento a respeito da reunião, das acusações de ameaças, da suposta interdição do cinema e nem da tentativa de suspensão do fornecimento de eletricidade do Cine Olinda.

Nesta sexta-feira (16), a partir das 14h30, os ocupantes estarão reunidos com representantes da Prefeitura de Olinda, do IPHAN, da Fundarpe e da Promotoria de Olinda para novas negociações. Além disso, na próxima segunda-feira (19), haverá uma reunião de deliberação entre os Bombeiros, a Defesa Civil e outros órgãos da Prefeitura de Olinda.

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