Pedreiro vira artesão após demissão em massa

Depois da dificuldade, Valmir Araras descobriu o dom de ser artesão, transformando lixo em arte

por Roberta Patu qui, 14/07/2016 - 09:48

Após vários anos dedicados ao ramo da construção civil, na Refinaria Abreu e Lima, situada na Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco, o pedreiro Valmir da Silva acreditou que o trabalho iria perdurar por muito tempo. Entretanto, a sua realidade mudou, e o que era um sonho se tornou um pesadelo quando ele foi desligado da empresa e passou a integrar a relação dos mais de 40 mil trabalhadores que foram demitidos na região.

Depois do baque, a solução foi correr atrás de um novo emprego, mas não foi fácil e a crise econômica só atrapalhou. Foram meses a procura de oportunidade, sem sucesso. “Passei muito tempo entregando currículo, visitando as empresas, porém não tive nenhum resultado positivo. Sem vaga, sem solução, sem dinheiro”, falou Valmir. Desiludido, o pedreiro enxergou uma nova oportunidade de negócio, inusitadamente.

“Um certo dia, minha mulher viu na internet um pneu em formato de arara totalmente pintado e muito bonito. Foi quando eu falei que podia fazer igual e comecei a criar objetos de decoração e móveis”, falou Silva, que desde então, migrou para a área artística e há três anos é artesão no município de Jaboatão dos Guararapes - Região Metropolitana.

Foi a partir da dificuldade que Valmir Araras descobriu o dom reciclar objetos em desuso, como pneus e garrafas de plástico, e transformar em produtos para comercializar. “Passei por muitos problemas, triste e sem rumo, por muito tempo, só pude contar com os amigos e a família que divulgaram o meu trabalho”, contou o artesão.

Com o sucesso, Valmir foi convidado para participar da Feira Nacional de Negócios e Artesanato (Fenearte), após o primeiro ano de atuação, mas não estava preparado ainda. “Fui orientado pelo Sebrae, mas tinha uma quantidade de peças suficientes para colocar no estande. Foi aí que tive que recolher alguns objetos, já vendidos, para colocar como mostruário e conseguir receber encomendas”, lembrou o artista satisfeito.  

Participando da 17ª edição da Feira, Valmir Araras dispõe de diversas peças, são poltronas, cadeiras, arranjos e peças decorativas que podem ser adquiridas por valores que variam de R$ 50 a R$ 600. A Fenearte funciona durante a semana das 14 às 22h e aos sábados e domingos das 10h às 22h. Os ingressos custam R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia) de sexta a domingo e R$ 10 e R$ 5 de segunda a quinta-feira.

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