Janguiê Diniz

Janguiê Diniz

O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

Os Blogs Parceiros e Colunistas do Portal LeiaJá.com são formados por autores convidados pelo domínio notável das mais diversas áreas de conhecimento. Todos as publicações são de inteira responsabilidade de seus autores, da mesma forma que os comentários feitos pelos internautas.

O desenvolvimento da região Norte de Pernambuco

Janguiê Diniz, | qua, 28/03/2012 - 14:47
Compartilhar:

Durante muitos anos o crescimento de Pernambuco esteve concentrado na região Sul do Estado. Os investimentos do governo Estadual e Federal eram direcionados para obras como a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro de Suape. Em meados de 2010, o governo Estadual oficializou a intenção de promover a aceleração do desenvolvimento da região Norte do Estado, e, desde então, o quadro começou a mudar rapidamente.

Em números, durante oito anos, de 1999 a 2008, o Litoral Sul de Pernambuco teve um crescimento de 86%, enquanto o Litoral Norte ficou com uma taxa menor que 23%. Com o plano de crescimento, a expectativa é que sejam aplicados um total de R$ 5,3 bilhões em obras que incluem a construção de uma rodovia, denominada Arco Metropolitano, com 98 quilômetros e que irá ligar os municípios de Itamaracá, na Região Metropolitana Norte, a Ipojuca, na Sul. Além de um complexo industrial logístico composto por porto e aeroporto.

Essas ações fazem parte da estratégia para absorver a demanda de empresas que querem se instalar em Pernambuco, mas que não encontram em Suape estrutura compatível com suas necessidades. A construção do porto, por exemplo, parte do aproveitamento de um antigo porto desativado e das características locais favoráveis quanto à profundidade do mar, disponibilidade de terrenos e proximidade com o mercado consumidor.

O fato é que com a chegada e implantação das fábricas da Fiat, da Hemobrás, Civ  e da Ambev, a região também vem melhorando sua infraestrutura, com intuito de receber não apenas os trabalhadores, mas, também, um novo público de moradores, o que, consequentemente, acarreta na valorização dos imóveis e dos terrenos da área, graças ao aumento da procura.

É preciso notar que graças a toda a infraestrutura que está sendo preparada no Estado, seja pelo incentivo da Copa do Mundo de 2014 ou não, a região Norte se desenvolverá muito mais rápido que o Litoral Sul. A título de curiosidade, registre-se que Suape demorou 30 anos para se desenvolver, em virtude de que o crescimento em Pernambuco ainda era embrionário. Se compararmos ao fenômeno que acontece no Litoral Norte, este será mais potencializado eis que   o conhecimento e a base já existem, bastam apenas que sejam direcionados de forma correta.

Para arrematar enfatizamos que o  mais importante é que com o projeto para o crescimento da região, inúmeras cidades pernambucanas serão beneficiadas, principalmente Goiana, Itapissuma, Itamaracá e Igarassu e em segundo plano, o Recife, Olinda, Paulista, Abreu e Lima, entre outras. E acima de tudo, todos esses investimentos fazem parte do desenvolvimento de Pernambuco. E nosso Estado precisa continuar crescendo cada vez mais.

A responsabilidade dos governantes

Janguiê Diniz, | sex, 23/03/2012 - 09:57
Compartilhar:

A convivência social no Estado de Direito só é possível  se houver colaboração dos indivíduos. Quando alguns indivíduos deixam de cooperar, infringindo a ordem pública e os bons costumes, o Estado,  com o poder coercitivo que a Constituição Federal lhe assegura  -  jus imperium -  tem que intervir para reestabelecer a ordem social. Com efeito, o Estado tem  o papel crucial na manutenção do Estado de Direito.

Entretanto, a garantia  da ordem social não constitui-se como única função do  Estado,  já que, além disso, tem que prover, dentro de sua verba orçamentária,  a sociedade, - e, por via de consequência, os  indivíduos que dela fazem parte -  de bens e serviços públicos essenciais, quais sejam: educação, saúde, segurança, saneamento, infraestrutura, etc.

A reportagem divulgada no jornal Folha de São Paulo em 19/03/2012 e assinada por Gustavo Patu  revela que, com o passar dos dias, diversos estados podem estar perdendo a sua capacidade de atender as demandas da sociedade em virtude de que o  gasto com  a folha de pagamento dos funcionários públicos extrapola os limites da verba orçamentária.  De acordo com a referida reportagem, quatro estados da federação já ultrapassaram o limite determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal – Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba, além do Distrito Federal - e para tentar resolver esse grave problema, estão reduzindo os cargos públicos e vetando aumento salarial para os seus servidores. O Paraná deve aumentar essa lista, mas o estado ainda não entregou ao Tesouro Nacional os dados finais de 2011.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – que não substitui nem revoga a Lei nº 4.320/64, que normatiza as finanças públicas no País há quase 40 anos - foi promulgada com o objetivo de limitar os gastos com os servidores públicos, haja vista que as responsabilidades dos Estados são múltiplas, além do custeio com os funcionários públicos. Quando o limite previsto na referida lei é ultrapassado, - o que está ocorrendo em diversos Estados da Federação -  comprova-se a má gestão de seus administradores.

Seria catastrófico imaginar que o Brasil do amanhã poderia se transformar numa Grécia - o País enfrenta uma dívida pública que representa 158% do PIB. Entrementes, os estados da federação brasileira, bem como a União, precisam ficar atentos a este grave problema de aumento de gasto com o funcionalismo público, sob pena de entrarem em bancarrota. Por outro lado, isso  não significa que os servidores não devem ter aumento. Ao contrário. Funcionários públicos precisam de bons salários. Mas governantes dos Estados precisam ser responsáveis e inteligentes com os gastos além do previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, pois o orçamento estatal precisa atender, principalmente,  as demandas sociais e manter, é claro, o Estado Democrático de Direito.

A copa do mundo no Brasil

Janguiê Diniz, | qui, 22/03/2012 - 08:30
Compartilhar:

Após 64 anos, em 2014 o Brasil irá sediar novamente uma Copa do Mundo de Futebol. Faltando pouco mais de dois anos para o início do evento, o que vemos é um país em obras, correndo contra o tempo para cumprir prazos e qualidade estipulados pela Federação Internacional de Futebol, FIFA.

Para sediar um evento desse porte, estima-se que o Brasil irá investir cerca de R$ 36,4 bilhões, sendo R$ 12,7 bilhões em transportes e mobilidade, R$ 7,2 bi em reformas e construção de novos estádios e R$5,3 bi em modernização dos aeroportos. Do mesmo modo, acredita-se que a Copa do Mundo de 2014 trará ao país um lucro de R$183 bilhões para a economia entre 2010 e 2019. Aliado a esses números, está a expectativa de geração de 700 mil empregos, permanentes e temporários, para os mais diversos setores - obras, turismo, hotelaria e comércio.

Observando apenas os valores de investimento e retorno, a realização de um evento como este só nos traz benefícios. Mas, o fato é que existem, no Brasil, inúmeros problemas de desenvolvimento em infraestrutura, educação, cultura, saúde, meio ambiente, entre outros, que ultrapassam a visão dos benefícios econômicos e que devem ser avaliados. Receber uma Copa do Mundo, ou os Jogos Olímpicos, é colocar os holofotes do planeta em nossa direção, mostrando nossa cultura e nosso desenvolvimento, mas também nos tornando vulneráveis as exibições dos nossos problemas, como a falta de segurança pública.

Uma parte da população diz ser contra a realização da Copa do Mundo no Brasil por acreditarem que o dinheiro gasto para a realização do evento poderia ser investido em vários setores do nosso país, já que muitos possuem um alto nível de precariedade. Além disso, o excesso dos gastos públicos pode repetir o episódio dos Jogos Pan-americanos de 2007, inicialmente orçados em 500 milhões de reais e estima-se que tenham consumido quatro bilhões de reais.

Poucos países são capazes de organizar uma Copa do Mundo sem ajuda dos cofres públicos. Os Estados Unidos conseguiram o feito porque toda a infraestrutura já estava pronta. No caso do Brasil, parte da verba virá dos cofres da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas os gastos com infraestrutura das cidades onde acontecerão os jogos serão por conta do estado, ou seja, serão bancados com dinheiro público que vem dos nossos impostos.

Ocupando a 84ª posição entre os 187 países avaliados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e com quase 10% da população analfabeta, o Brasil poderia usar os 36 bilhões de reais a ser investidos na Copa para solucionar demandas mais urgentes, como as áreas de educação e saúde pública. Para ilustrar, com esse valor, seria possível construir mais de 400 hospitais-escolas.

Copa é muito mais do que construir novos estádios. São essenciais melhorias urbanas como expansão de linhas de metrô, novos aeroportos e estradas, aumento e qualidade da rede hoteleira e das comunicações. Mas agora, exceto por algum fato excepcional, sediaremos a Copa do Mundo em 2014 e precisamos continuar correndo contra o tempo e torcer para que toda a estrutura criada para o evento se torne herança para o nosso país.

Quando o uso da tecnologia vira um vício

Janguiê Diniz, | qua, 21/03/2012 - 09:26
Compartilhar:

Agenda eletrônica, computador, internet, Ipad, celular, smartphone... Quem se lembra como era a vida antes de todos esses equipamentos tecnológicos? Provavelmente, apenas os maiores de 25 anos responderam “sim” a esta pergunta.

O avanço da tecnologia e a facilidade trazida por ela é incalculável. Na década de 90, não seria possível comprar um celular sem desembolsar, no mínimo, dois mil reais por aparelhos que tinham, apenas, a função de ligar e desligar. Hoje, não costumamos mais decorar números de telefone ou datas comemorativas, o celular e a agenda eletrônica são capazes de fazer isso por nós. Em poucos anos surgiram aparelhos com câmera e aplicativos simples, e logo depois surgiram os smartphones, que se conectam a internet e tem milhares de aplicativos.

O desenvolvimento das tecnologias significa novas invenções e melhorias nas já existentes. Vale ressaltar sua importância para os sistemas de irrigação, por exemplo, que facilitam o plantio e garantem produções durante todo o ano. Ou ainda podemos citar a velocidade na troca de informações, globalizando as ideias e integrando os povos.

Ao mesmo tempo, a velocidade com que essas tecnologias mudam é impressionante. Mais impressionante é que, algumas vezes, a vontade de não se manter “tecnologicamente atrasado”, pode acabar se tornando um vício semelhante às drogas.  Ansiedade, depressão ou pânico são alguns dos sintomas que os viciados em tecnologia sentem ao serem afastados dos seus aparelhos tecnológicos. E, neste caso, a maioria dos afetados são os jovens.

O que acontece de fato é que as tecnologias são tão viciantes quanto o álcool e as drogas, porém, o consumo excessivo das mesmas é considerado comum aos padrões da sociedade moderna e, por isso, o indivíduo não costuma ter consciência de seu problema. Como constatação desse fato, vários casos relatando a morte de jovens viciados em jogos de computador já foram noticiados na mídia. As tecnologias não tornam apenas a vida mais fácil, mas produzem mudanças nos costumes e nos hábitos sociais.

A tecnologia causa a dependência pelas facilidades que permite às vidas das pessoas. Mas como identificar o limite entre o vício e o uso saudável da tecnologia? Em relação aos jovens, deixar de passar tempo com a família ou os amigos para checar, excessivamente, o correio eletrônico ou usar a internet é o primeiro sinal que deve ser observado, já que o vício nunca é visto como prejudicial pra um viciado.

De fato, não há limites para a aplicação das novas tecnologias. O que se faz necessário entender é que se apropriar destas tecnologias como ferramenta de apoio nos estudos, no trabalho ou no lazer, transforma a visão de mundo num quadro ampliado e facilitado.

Ensino, emprego e desenvolvimento da educação

Janguiê Diniz, | ter, 20/03/2012 - 08:54
Compartilhar:

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou, recentemente, que no mês de fevereiro o número de vagas de empregos criadas caiu quase 57%. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram contratados 1.740.062 trabalhadores formais no segundo mês do ano, enquanto 1.589.462 foram desligados.

Setores como o comércio e a agricultura, que antes batiam recordes de contratações, demitiram mais do que contrataram. Já o setor de serviços foi responsável pela criação de 93.170 postos de trabalho em fevereiro. O Nordeste fechou 9.610 novas vagas, com destaque para Pernambuco (-3.844 postos) e Alagoas (-3.162).

Em contrapartida a esses dados, o setor de ensino teve destaque positivo com a criação de 41.062 vagas. Impulsionado pelo início do ano letivo, que acontece em fevereiro, esse número expressa o aumento do número de docentes e colaboradores na área da educação e, consequentemente, o crescimento desse setor.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 23%, o que representa mais de 1,5 milhão dos estudantes frequentam uma faculdade ou instituição pública de ensino superior, enquanto a grande maioria, 76% ou mais de 4,9 milhões de pessoas, estuda na rede particular. Esses números mostram a força e o desenvolvimento da educação privada no país, mas ainda assim não muda a incômoda 88ª posição em que o Brasil aparece no índice de desenvolvimento da Educação, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2011.

Nesse contexto, vale ressaltar que estamos próximos a países menos desenvolvidos que o Brasil, como Honduras, que ocupa a 87ª; Equador na 81ª; e Bolívia com a 79ª; e bem distantes da nossa vizinha Argentina, que ocupa a 38ª posição.

Atingir qualidade de ensino não é uma tarefa fácil. Não se transforma a educação de um país de um dia para outro. Esse tipo de mudança requer tempo e ações integradas, que vão desde a formação de professores à infraestrutura, passando pela questão salarial à gestão escolar. Exige investimento  em uma quantidade bem maior que a atual. Não há país que tenha conseguido elevar seu índice sem seguir essas estratégias.

A título de exemplo citamos a Coreia do Sul, que para superar o efeito pós-guerra, transformou a educação em prioridade e investiu, durante 10 anos, 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em Educação. O resultado é que hoje, a Coreia do Sul tem um nível de excelência em educação com um modelo bem sucedido que coloca seus alunos entre os melhores do mundo.

Já dizia Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros”. Acima de tudo é preciso levar em consideração que não teremos um ensino de qualidade sem uma mudança de pensamento político. Educação como prioridade significa ampliar o investimento de forma contínua e a longo prazo.

Educação e esportes: poderosas ferramentas de integração

Janguiê Diniz , | sex, 16/03/2012 - 08:54
Compartilhar:

 
Vivemos hoje em uma sociedade onde, em várias áreas, os valores éticos e morais, de tradições e conceitos foram praticamente esquecidos. Sendo assim, o grande ídolo, já não é mais um escritor famoso ou um cientista, mas sim, um jogador de futebol, um cantor ou vencedor do Big Brother Brasil.

A prática de esportes não é apenas  um símbolo de cuidado com a saúde. Os esportes tem sido, cada vez mais, uma ferramenta de integração e inclusão social. Nos últimos anos é expressivo o aumento de alunos e de projetos esportivos destinados aos jovens das classes populares, financiados ou não por instituições governamentais e privadas. Durante a prática esportiva, crianças e jovens aprendem muito mais que as técnicas que envolvem o esporte. Aprende-se a ter  respeito pelas regras e pelos outros jogadores, agregam-se o entendimento, o convívio com o coletivo, a resoluções de conflitos, o esforço e responsabilidade.

Nesse contexto, vale ressaltar que o esporte, aliado à educação, é uma poderosa ferramenta da proteção social e resgate de crianças e jovens em situação de risco, pois, quando não estiverem na escola, estes se manterão ocupados com atividades prazerosas, diminuindo o ócio e evitando o risco de estarem nas ruas, convivendo e aprendendo “o que não devem”. Um grande exemplo desse tipo de ação social é o Instituto Ayrton Senna (IAS), que através do Programa Educação pelo Esporte já atendeu mais de 80 mil crianças e jovens de baixa renda no Brasil.

Entretanto, é preciso entender o esporte, acima de tudo, como um instrumento pedagógico capaz de agregar valor à educação, ao desenvolvimento das individualidades, a formação pessoal para a cidadania e a orientação para a prática social. Já a educação propriamente dita, através da escrita, da leitura, da sala de aula, tem a capacidade de formar o indivíduo para participar da vida política, econômica e social das cidades, estados e do país. Precisamos entender que o papel decisivo do esporte, junto à educação, é a busca por princípios e valores sociais, morais e éticos.

Caros leitores, ao aliarmos esporte e educação de qualidade é possível que nossas crianças e jovens se sintam participantes da sociedade. Nas instituições particulares, vemos aumentar a cada dia o número de alunos nas equipes esportivas que são bolsistas. Esta é uma forma de incentivo no setor privado. Cabe, também, ao poder público investir mais nesta área, criando e ao mesmo tempo melhorando a relação existente entre esporte e educação como elementos básicos para a melhoria da qualidade de vida da sociedade como um todo.

Arrematando, frisamos  que apenas e somente a educação básica de qualidade é capaz de garantir uma inclusão social completa e permanente. O acesso ao mercado de trabalho e as vagas de emprego bem remuneradas estão disponíveis para aqueles que buscam e possuem qualificação de mão de obra. Este é o grande desafio.

Por onde andam os debates inteligentes?

Janguiê Diniz, | qua, 14/03/2012 - 15:20
Compartilhar:

Neste ano de 2012 ocorrerão eleições nacionais na França e nos Estados Unidos. No Brasil, disputas municipais ocorrerão também. Estes processos eleitorais representam o fortalecimento  da democracia, pois, torna-se  impossível pensar e falar em democracia sem levar em consideração os chamados estágios eleitorais.

Com efeito, apesar de não sermos  especialistas no assunto, ousamos afirmar com base em recente leitura que estágios eleitorais consistem no conjunto de instantes onde candidatos e eleitores interagem. Dentro desse processo, os aspirantes a cargos políticos  lutam para conquistar o eleitor, que por sua vez, dependendo do candidato, das circunstâncias e do tempo da eleição, se interessam, ou não, pelo concorrente e pela própria disputa eleitoral.

Ampliando o quadro de considerações, registramos que à luz do marketing político, os  candidatos podem,  por diversas formas,   conquistar eleitores, mas, conquistam, principalmente,  através da emoção, das promessas futuras e das informações que transmitem ao eleitor.

Nessa linha de raciocínio, a oferta de promessas futuras cria  expectativas junto ao eleitor no sentido de que  a sua vida  melhorará, e muito,  nos mais  variados aspectos, especialmente quando existe a promessa de mudança econômica.  Por outro lado, a utilização das emoções significa valer-se  de estratégias com o objetivo de sensibilizar emocionalmente  o eleitor.  A premissa básica  dos estrategistas que utilizam as emoções como instrumento de campanha  é a  de que elas representam atalhos rápidos e eficientes para a conquista do eleitorado.

Doutra parte, apesar da evolução e da profissionalização  das campanhas eleitorais,  através da contratação dos chamados  marketeiros políticos, hoje tão útil aos candidatos, em nada substitui o bom debate político em torno de ideias e  propostas concretas  e reais. Tomamos como real  paradigma os debates ocorridos, e tão comuns, nos disputados embates eleitorais da França e dos Estados Unidos da América.

Vejam atentos  leitores e leitoras,  nos Estados Unidos o presidente  Obama  optou pelo aprofundamento do  discurso econômico. Os grandes temas da campanha de Obama consistem na manutenção da supremacia econômica dos Estados Unidos e na manutenção do bem-estar social  da classe média.  Por outro lado, na França, Sarkozy coloca em pauta o debate em torno da descriminalização, sem descuidar do tema da recuperação econômica da França. Vejam que em ambos os países, o contraditório está presente através de Mitt Romney e François Hollande, respectivamente. 

Do lado de cá, considerando as recentes eleições presidenciais brasileiras e a disputa municipal do ano em curso, não conseguimos observar dos candidatos agendas e debates antagônicos que gerem contraditórios com a intenção de conquistar o eleitor.   Aqui, apesar das campanhas eleitorais serem  inteligentes e bem produzidas,  os debates quase inexistem, em razão de que a  maioria dos competidores  não possuírem agenda,  discursos e propostas concretas e reais. Quando as tem, são irreais e enganadoras ou  são semelhantes as dos rivais, remetendo  a disputa eleitoral  exclusivamente para o âmbito pessoal, através das  brigas e acusações.  Com isso, a democracia e os eleitores brasileiros só  perdem.

Cidades inteligentes

Janguiê Diniz, | ter, 13/03/2012 - 09:54
Compartilhar:

O tema mobilidade faz parte do nosso cotidiano. Órgãos de comunicação e redes sociais monitoram o trânsito através da participação das pessoas que circulam pela cidade. O tema mobilidade está na agenda pública e será tema central da disputa eleitoral do próximo ano.

As grandes cidades brasileiras carecem de infraestrutura que facilite a mobilidade. O Brasil cresceu economicamente. O mercado consumidor também. A população brasileira vive majoritariamente nas cidades. Os contextos socioeconômico e urbano se transformaram nestes últimos 20 anos. Entretanto, as cidades não realizaram intervenções satisfatórias para facilitar a mobilidade urbana.

Mais carros, mais trânsito. E mobilidade insatisfatória. Esta aparente formula matemática é contraditória. Pois a carência de transporte público presente na realidade brasileira seria superada por mais veículos privados. Esta hipótese é falsa, em razão de que a expansão da frota de veículos privados não foi acompanhada por um plano de mobilidade, o qual deveria abordar, prioritariamente, a construção de novas vias urbanas.

Salientamos, contudo, que o surgimento de novas vias não resolve o problema da mobilidade. Elas são instrumentos necessários, mas não suficientes. É imprescindível que seja ampliado a oferta de meios públicos de transportes. Novas linhas de metrô e de ônibus. E ambas devem ser ofertadas com qualidade para o consumidor.

Neste caso, o indivíduo terá a chance de optar entre a utilização do transporte público ou do transporte privado. Caso a qualidade exista, ele poderá por escolher o transporte público.

Recentemente, o governador Eduardo Campos anunciou o plano de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014. Ação meritória do governador. Serão investidos R$ 476 milhões em um Terminal Integrado e três corredores de transporte público. Estas intervenções estão no âmbito da infraestrurura, mas, certamente, atrairá investidores privados que atuam no segmento do transporte público.

A decisão sábia e oportuna do governador Eduardo Campos deve servir de exemplo para os prefeitos de Pernambuco. Em particular, daqueles que administram cidades medianas, as quais crescem incentivadas pelo desenvolvimento pujante da economia pernambucana.

Cidades inteligentes são aquelas em que a mobilidade de fato existe, e, por consequência, o desenvolvimento socioeconômico.

Muito além da banda larga

Janguiê Diniz, | seg, 12/03/2012 - 09:46
Compartilhar:

O Brasil quer se preparar para o grande número de turistas que estarão em solo verde-amarelo em 2014. No tocante ao acesso à web, estima-se que o volume de visitantes que terão interesse ao uso da internet seja grande. É preciso investir neste segmento. Esta semana, a presidente Dilma Rousseff anunciou que injetará pelo menos R$ 200 milhões em 12 cidades-sede voltados para a telefonia móvel. Boa iniciativa. Mas a conversa é antiga, pouco se avançou, e o Brasil tem pressa.

Com a realização da Copa do Mundo no país, é primordial que se perceba que muito ainda precisa ser feito onde ocorrerão os jogos mundiais. Seja na infraestrutura das cidades, com melhoramentos em portos, aeroportos e mobilidade urbana, seja na segurança, saúde ou educação. Mas estamos falando de um público o qual não conhecemos, mas que será, no mínimo exigente. Os turistas, de todo o mundo, que aportarão aqui, são bem informados e, antes mesmo das necessidades de locomoção, segurança ou lazer, estarão conectados à internet.

O anúncio feito pela presidente Dilma diz respeito a uma maior velocidade no acesso à web, para que brasileiros e turistas possam assistir aos jogos também via celular, com imagem de alta qualidade. O investimento é pertinente, mesmo porque o benefício ficará para os brasileiros após a Copa do Mundo. No entanto, o assunto é mais amplo. Estamos falando de um país que não possui um sistema para internet. Um país que sequer sabe o que significa verdadeiramente banda larga.

Há pouco, o presidente da Telebras, Rogério Santanna, admitiu que a meta do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) de levar conexão rápida à rede mundial de computadores a 800 municípios está longe de ser cumprida. À época da entrada em vigor do PNBL, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse que as empresas teriam condições de cumprir com as exigências do governo. No entanto, a Telebras garante que, dos R$ 226 milhões programados para a empresa em 2011, somente R$ 50 milhões  foram liberados pelo Governo Federal. Ou seja, a questão não é a competência das empresas, mas de simples falta de verba.

Pesquisas, como a recente divulgada pela agência de publicidade F/Nazca, mostram que o crescimento do acesso à internet foi medíocre nos últimos três anos. Enquanto em março de 2008, havia 47% de brasileiros conectados à rede mundial, em abril deste ano, o índice chegou a apenas 51%. Ainda somos 18,6 milhões de pessoas na web. Isso porque, em algumas grandes cidades, existe infraestrutura para o sistema funcionar. Mas na maioria das cidades brasileiras, não.

O Brasil está prestes a receber o maior volume de visitantes de sua história. São pessoas que buscarão aqui o que ainda não temos a oferecer. Ainda estamos engatinhando no quesito infraestrurura para melhor acomodar esses turistas. E o governo começa a falar em investir no acesso à internet. Preocupação válida. Mas é preciso ter os pés no chão. Não se pode querer chegar com internet a todos os municípios brasileiros, como garante a presidência, se sequer há luz em todos eles.

A banda larga é uma grande carência em nosso país. E a presidente Dilma fala em propiciar acesso a 40 milhões de lares. Disse ser importante para o desenvolvimento do Brasil, uma vez que a internet está presente na economia, educação, compras, relações pessoais e serviços públicos. E de fato o é. O que nos resta é esperar que o governo saiba exatamente do que está falando.

O desafio da educação na era Dilma

Janguiê Diniz, | sex, 09/03/2012 - 08:25
Compartilhar:

Investir em educação é promover o desenvolvimento integral da sociedade. População escolarizada é população com mais saúde, menos violência, com mais oportunidades no mercado de trabalho. Quando se prioriza políticas públicas nessa área, estimula-se o crescimento econômico e social.

O Governo Lula triplicou os investimentos públicos na área de Educação. De acordo com dados do Ministério da Educação (MEC), o orçamento da pasta passou de cerca de R$ 20 bilhões, em 2003, para R$ 75 bilhões em 2011. 

Ademais, Lula deu continuidade a medidas iniciadas na gestão do seu antecessor Fernando Henrique Cardoso. Foram expandidas as avaliações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), derivado do Provão.

No Ensino Superior, o principal projeto do Governo Lula foi o Programa Universidade para Todos (Prouni), que oferece bolsas de estudos para alunos carentes em Instituições de Ensino Superior Particulares. Apesar de durante os oito anos de governo Lula terem sido criados 14 universidades federais, o número não seria suficiente para atender a demanda reprimida existente. As faculdades particulares oferecem vagas em troca de isenção fiscal, um custo menor do que se fosse criar vagas nas instituições públicas. 

A iniciativa dá fôlego para a meta do governo de aumentar o número de jovens em idade universitária (entre 18 e 24 anos) matriculados em um curso de graduação. Durante os dois mandatos de Lula, o percentual de jovens matriculados no Ensino Superior pulou de 9% para 14%. Entretanto, o índice ficou  aquém dos 30% estipulados pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para o período. O novo PNE para esta próxima década prevê elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos. Outro fator que alavancou o número de matriculas no Ensino Superior foi a ampliação do financiamento estudantil público através do FIES e também do privado.   

Por outro lado, dados de 2009 da Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que em torno de 9% da população com mais de 15 anos ainda é analfabeta. Já o analfabetismo funcional atinge índices ainda mais alarmantes. Um em cada cinco brasileiros acima de 15 anos aprendeu apenas a escrever o nome e a realizar tarefas simples.

No Ensino Básico, O Brasil ocupa uma vergonhosa 53ª posição no ranking mundial do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgado em dezembro de 2010 pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que avaliou 64 países. Para melhorar o ensino é preciso investir em qualificação continua e na melhoria da remuneração do professor, legando à docência o status merecido. 

Ainda que o balanço geral do Governo Lula aponte melhorias na educação, é preciso acelerar o passo durante o governo de sua sucessora Dilma Rousseff. Ampliar o acesso ao Ensino Superior é importante desde que sejam sanadas as deficiências no Ensino Básico, para que não repercutam no aprendizado durante a graduação. O aluno que não consegue acompanhar o ensino tende a desistir do curso, aumentando o índice de evasão.

Além da referida meta para inclusão de jovens no Ensino Superior, a presidenta Dilma tem pela frente muitos desafios. Sete em cada dez crianças até cinco anos ainda não estão na escola. A universalização do Ensino Infantil é a grande esperança para que nossas crianças sejam estimuladas a aprender desde a primeira infância. A garantia do atendimento em creche para 50% das crianças até três anos é outra meta a ser cumprida. Em 2010 o índice só atingiu os 20%.

Em relação ao Ensino Técnico, ao contrário do Governo Lula que investiu exclusivamente na rede federal de escolas técnicas, Dilma Rousseff iniciou seu governo apostando na educação profissional. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) prevê o financiamento de cursos profissionalizantes de nível médio para estudantes de famílias de baixa renda.

O programa inclui apoio às redes estaduais e oferta de bolsas de estudo para alunos de escolas públicas em cursos profissionalizantes em instituições privadas. Até 2014, estão previstas 8 milhões de oportunidades na educação profissional. A promessa gera expectativa no setor produtivo, já que a falta de mão de obra qualificada é um dos principais entraves para o desenvolvimento econômico brasileiro. 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

LeiaJá é um parceiro do Portal iG - Copyright. 2024. Todos os direitos reservados.

Carregando