Reprovou na OAB? Veja dicas para retomar os estudos

Confira dicas de professores de direito sobre como enfrentar o desânimo e encontrar melhores caminhos até a aprovação

por Thaynara Andrade qui, 19/05/2022 - 11:57
Freepik Professores destacam importância de encontrar aprendizados e motivação após o resultado negativo Freepik

O caminho para receber o diploma de bacharel em direito não é nada fácil. Desde o início do curso, os estudantes são expostos à realidade de que só poderão exercer a profissão após receberem a aprovação no Exame da Ordem dos Advogados (OAB). Motivo de alegria para muitos, a avaliação também causa bastante ansiedade e apreensão àqueles que não se saíram tão bem e acabaram sendo reprovados.

Assim, com o psicológico muitas vezes abalado pela sensação de que precisam corresponder às expectativas de familiares, amigos e professores em obter a aprovação de imediato no exame, além do próprio julgamento sobre o desempenho, muitos candidatos entram em um estado de autocrítica e desânimo que só tende a prejudicar ainda mais a preparação para as futuras tentativas.

Em conversa com professores de direito que possuem experiência prática na preparação tanto em relação ao conteúdo, como no preparo psicológico de alunos que pretendem prestar a prova da OAB, o LeiaJá reuniu algumas dicas importantes para que os candidatos encontrem mais resiliência e motivação após descobrirem sua reprovação.

Não desistir é o primeiro mandamento

Após uma frustração, principalmente depois de meses e até mesmo anos estudando, é muito compreensível que cresça dentro do estudante um sentimento de desistência, contudo, para quem sonha em advogar e se tornar um excelente profissional, essa não deve ser nem mesmo uma alternativa. Para o professor de direito civil Rafael Ribeiro, a melhor estratégia é se reerguer e usar os conhecimentos adquiridos para estar mais seguro na próxima tentativa.

“Para quem infelizmente não conseguiu a aprovação, não é hora de desanimar, lembre-se que você deu muito duro para essa prova e que todo conhecimento adquirido não está perdido. Se essa é a primeira tentativa, mas infelizmente não passou, concentre-se na repescagem, agora você terá mais tempo para treinar as peças e certamente conseguirá a aprovação. O importante agora é não desistir e continuar seus estudos que dessa forma certamente a aprovação virá”, aconselha Rafael Ribeiro.

Em entrevista ao LeiaJá, o docente de direito civil Felipe Torres explica que a reprovação não pode ser responsável por definir o estudante. “O primeiro passo é nunca desistir, a prova acontece três vezes ao ano, então isso aumenta exponencialmente a probabilidade de se alcançar a aprovação. É uma prova que tem um grau de dificuldade elevado, não é à toa que muitas pessoas reprovam, mas se o estudante se organizar, ter uma boa dinâmica e agenda de estudo, as chances de aprovação serão potencializadas", explica.

Encontre motivação

Se sentir motivado após uma frustração não é tarefa fácil, porém é essencial para quem precisa encontrar folego para retomar os estudos e pretende fazer diferente no próximo exame. Para o advogado e professor de direito tributário Diógenes Teófilo, o candidato deve enxergar o resultado negativo como mais um aprendizado que servirá para aprimorá-lo até a aprovação.

“Como diria Paulo Coelho, 'imagine uma nova história para sua vida e acredite nela'. Só que essa história começa agora. Contemplar a beleza do esforço e da dedicação, que marca o caminho, tem tanto valor quanto arquitetar as possibilidades futuras. A vida, no direito, importa em constante atualização, o que só é possível se o estudo for compreendido como uma cultura assumida. As respostas às grandes perguntas dos clientes e dos concursos estão sendo forjadas neste momento, em que somos convidados a construir uma personalidade profissional e uma base sólida de conhecimento. Em um país com tantas desigualdades, como é o Brasil, dispor dos recursos necessários para caminhar é revolucionário”, esclarece.

Preparação psicológica 

Estudar e absorver o máximo de conhecimento possível é essencial para passar na OAB. Contudo, nem sempre é discutido o quanto o equilíbrio mental é, sem sombras de dúvidas, um fator determinante para o exame e que merece bastante atenção, principalmente no momento pós reprovação, no qual o aluno poderá estar ainda mais inseguro de suas capacidades.

Para o professor de direito processual penal Victor Pontes, esse é um grande problema dos alunos da OAB. “Os candidatos estão normalmente com um estado psicológico abalado pelo fato de realizarem o exame no fim do curso e terem que lidar com uma pressão muito grande de todos os lados: ser aprovado na OAB, concluir a monografia de conclusão de curso, ter que lidar com a rotina de estágio, entre outros compromissos", explica.

Como caminho para contornar essa situação, Pontes indica a busca por orientação profissional. “Portanto, se necessário, o importante é buscar ajuda profissional para lidar com a ansiedade que precede o exame, sobretudo nos momentos mais próximos à prova. O que também pode ajudar o aluno a lidar com a ansiedade na hora da prova é a realização de simulados e exames anteriores para praticar a gestão do tempo, o que lhe dará mais tranquilidade por já ter treinado a realização do exame naquele ambiente", indica o profissional.

Avalie seus erros

Ninguém gosta de errar, principalmente na realização de uma prova tão importante para a carreira profissional. Entretanto, por mais que o acerto sempre seja o objetivo dos estudantes, buscar tirar aprendizados dos próprios erros é uma estratégia transformadora para alcançar a aprovação na OAB. Assim, ao LeiaJá, o professor Victor Pontes, destaca a importância de parar para avaliar seus erros e assim aprimorar seu modelo de preparação.

“Um passo importante para quem não passou na OAB é realizar uma análise dos erros na preparação para o exame. Muitos alunos costumam subestimar o exame por acharem que se trata de uma prova fácil e acabam não realizando a preparação adequada. No entanto, o exame conta com questões específicas de diversas disciplinas e a cada ano vem exigindo conhecimento mais aprofundado do aluno, o que acaba culminando num elevado índice de reprovação. Portanto, analisar e identificar os erros é essencial para aquele que acaba de ser reprovado no exame da ordem” explica.

O advogado e professor de direito tributário Diógenes Teófilo também destacou o quanto é valioso aprender com os próprios erros: “A segunda etapa do processo é a continuidade. Não se volta à estaca zero, como se convenciona dizer, pois o conhecimento não retrocede, ele é acumulativo e prospectivo. A comparação entre o gabarito oficial e a prova do candidato informará os assuntos que necessitam serem revistos com mais cuidado. Os erros são oportunidades, sempre. No mais das vezes, eles apontam para outras realidades, como são a atenção, a disciplina e a crítica. Competências importantes e que devem ser desenvolvidas.

Busque um novo método de aprovação

Se não deu certo da primeira vez, então deve ser a hora de aprimorar ou mesmo encontrar outros métodos de ensino. “Um estudo que não seja direcionado especificamente para a OAB, compromete o resultado, de modo que se deve buscar métodos específicos para o exame, que também se adequem à maneira como o aluno absorve melhor os conteúdos. Os cursos preparatórios, para os que possuem condições de fazê-los, são importantes nesse processo, já que dão esse norte especial ao aluno” esclarece Victor Pontes.

Segundo o docente de direito civil Felipe Torres, uma estratégia inteligente é priorizar as matérias mais primordiais e que mais caem nas provas. Escolher o que e como estudar é muito importante para conquistar a aprovação: “O estudante deve focar no fato de que a prova é composta por 80 questões e que você precisa acertar tão somente 50%, então priorize aquelas matérias que você tenha um melhor conhecimento. Tem algumas matérias, por exemplo, constitucional, civil, processo civil e ética, que são matérias importantes, independente do estudante gostar ou não, levando em consideração a grande quantidade de questões que elas abrangem.”, explica.

Na segunda fase, o professor sugere que o aluno escolha uma área para realização da prova que ele tenha observado certa facilidade de compreensão durante seus cinco anos de faculdade. Além disso, Felipe reforça a importância de desenvolver a confiança através dos estudos e da busca de uma preparação assertiva para o exame.

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