Professores investem em 'lives' e conquistam alunos na web

Vídeos no Facebook permitem que os professores invistam em aulas focadas, principalmente, no Enem

por Nathan Santos sex, 07/04/2017 - 17:26
Brenda Alcântara/LeiaJáImagens Alunos aproveitam dicas pela web Brenda Alcântara/LeiaJáImagens

O quadrado da sala de aula não é mais o único lugar de aprendizado para os estudantes. Longe do tradicionalismo, professores e alunos passaram a trocar informações em outros ambientes, principalmente pelas redes sociais. A web, considerada um campo vasto de conhecimento, virou palco de diálogos. Mais do que isso, os docentes precisaram se adaptar a ferramentas que proporcionam interação e que agradam um público extenso.

Especificamente no Facebook, a ferramenta de 'ao vivo' atrai milhões de usuários. Conhecidos como "lives", os vídeos proporcionam interação em tempo real por meio de comentários e curtidas, além de apresentarem alcances que podem aumentar com impulsionamentos financeiros. Quando um professor não tem cronograma disponível para dar um conteúdo em sala de aula, ele pode aderir à live e complementar os assuntos nos vídeos.

Professor de química, Berg Figueiredo (foto abaixo) já fez, só neste ano, cerca de dez lives. Para ele, a grande vantagem da ferramenta é passar o conteúdo ao estudante por meio da educação a distância. "Você pode transmitir conhecimentos sem estar presente fisicamente. As explicações são diretas e como o vídeo é ao vivo, os alunos podem tirar dúvidas no momento exato da interação", explica o educador. A maioria das informações é voltada para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

De acordo com o professor de redação Diogo Xavier, que também é adepto do uso de ao vivos pelo Facebook, a aula se torna prática e não perde a qualidade. "O uso das tecnologias chama a atenção do estudante, torna mais práticos e dinâmicos os processos de aprendizagem, como, por exemplo, a discussão de um trabalho em grupo por uma conferência no Skype, a construção de mapas mentais em aplicativos no celular ou até mesmo a explicação do professor por áudio no WhatsApp. Ao mesmo tempo, gera certa empatia, já que aquela imagem do professor distante do aluno, quase uma entidade de outro mundo, cai por terra e dá lugar a um professor que fala a língua deles, que de certa forma os entende", comenta Xavier.

Diogo deve somar em breve 20 lives pelo Facebook. A tendência, segundo ele, é aumentar a intensidade das dicas pelas redes sociais. Durante os vídeos, ele não apenas explica os assuntos, como também faz questão de comentar questões. "Podemos trabalhar um assunto previamente combinado ou tratar dúvidas dos alunos, que eles podem enviar por comentários na hora, como palavras não indicadas para a redação, ou explicação de alguma regra da norma padrão. Às vezes, serve de aprofundamento para um conteúdo que não foi possível estender em sala, por exemplo", complementa o professor.

Há quem enxergue o uso das redes sociais não como uma tendência, mas sim como uma obrigação. Docente da área de linguagens, Polly Gonçalves acredita que o caminho tecnológico está sacramentado no mundo da educação. “Não é uma tendência, acredito que é uma obrigação. Se o professor fica na ilha, só na sala de aula, ele não vai alcançar o aluno. Quando a gente utiliza a rede social para falar de assuntos pedagógicos, muda o canal, aquilo que transmite a mensagem. O aluno se vê livre das quatro paredes da sala de aula. Às vezes, o estudante vai pra aula com aquela obrigação de aprender. Acontece uma interação e a gente se vê um pouco livre, enquanto professor, das amarras tradicionais da sala de aula. Você consegue falar a linguagem direta do aluno. O estudante clica e diz que consegue entender", opina a professora. Recentemente, ela criou um canal no YouTube para dar dicas de linguagens aos alunos. Confira no vídeo a seguir trechos de lives feitos por professores:

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Alunos conectados

Nas redes sociais, as informações correm soltas. É difícil manter a atenção em um único conteúdo. O jovem Filipe Carneiro, de 18 anos, confessa que quando as notificações das lives dos professores aparecem em sua timeline, ele se sente pressionado a assistir, por entender a importância de reforçar os estudos para alcançar o sonho de cursar geologia.

"É comum a gente vê as notificações dos professores. Quando fico sabendo dos vídeos, digo 'caramba, tenho que estudar'. É uma pressão, surge o interesse ainda mais forte para estudar", diz o estudante.

O estudante, no entanto, defende as aulas tradicionais, em sala, como insubstituíveis, mas reconhece os benefícios dos vídeos nas redes sociais. “Acho que as lives não podem substituir as lives, mas os vídeos são ferramentas que nos dão interesse. Podem servir como complemento”, opina.

Beatriz Bezerra, de 18 anos, sonha em cursar psicologia e também não abre mão de se preparar para os processos seletivos. Segundo a estudante, os ao vivos são estratégias interessantes de aprendizado. “Acredito que são conteúdos leves, fáceis de aprender. Os alunos estão sempre conectados e quando chega uma notificação, a gente para e assiste dicas”, diz a jovem.

Números – Segundo estudo realizado pela eMerketer, o Brasil tem o maior número de usuários de redes sociais da América Latina. O levantamento mostra que o País tem quase 80 milhões de usuários mensais ativos.  

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